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“Bullying” – Considerações de Um Psiquiatra

Armando de Oliveira Neto, médico psiquiatra, mais uma vez,  colabora com o Boca na tentativa de eluciadar acontecimentos importantes recentes.  Dessa vez, o tema é o “Bullying” que vem sendo considerado a causa do assassinato de 12 alunos em Escola do Rio de Janeiro, há menos de um mês.

O tema é doloroso, complexo e a compreensão do texto não é coisa fácil.  Mas vale a pena a leitura. 

“Considerações a respeito do “Bullying” – Por Armando de Oliveira Neto

Recentes acontecimentos estão sendo relacionados a um comportamento denominado “bullying”, sendo que o mais marcante foi à chacina ocorrida em escola no Realengo, Rio de Janeiro, o que motivou algumas reflexões.

Em nossa língua, pode-se traduzir o termo por bulinação que, em rápida consulta a dicionários, se entende como sendo o ato de provocação com segundas intenções ou mexer em alguma coisa, geralmente associado à temática sexual.

O jovem assassino atribuiu sua hedionda atitude ao fato de ter sido “bulinado” por colegas daquela escola, mas por análises feitas por vários colegas psiquiatras, citando, como exemplo, a do Dr. Guido Palomba, especialista em Medicina Forense, possivelmente tratava-se de resultado de produção psicótica crônica, de provável natureza esquizofrênica. Esta doença mental, quando acomete em tenra idade, produz graves mudanças de comportamento que chamam a atenção pelas bizarrices;  esse qualificativo é  uma marcante característica nesses pacientes, em função da interpretação pessoal e errônea da realidade, sendo a base do sintoma autismo, um dos pilares sintomatológicos psicopatológicos, como conceituou Bleuler.
Com esse colorido de comportamento,  jovens acabam chamando a atenção sobre si, sendo alvos de escárnio, ridicularização, rejeição e agressões morais e até mesmo físicas.

Em continuidade a esse raciocínio não se pode atribuir a causa desse comportamento execrável à bulinação, mas essa associação só tem como objetivo o desvio da atenção de uma análise mais profunda para fatores periféricos e distantes de uma realidade clínica.

A ação dos meios de comunicação, assim como alguns comentários menos embasados, correlacionando os assassinatos à bulinação acaba trazendo desinformação e incremento a posições preconceituosas sobre o tema.
Mas a bulinação também é associada a outras situações que levam a sofrimento psíquico, sendo a versão para crianças e adolescentes do chamado assédio moral.

Pode-se observar que, como é apresentado pelos meios de comunicação, esse foco também apresenta um viés parcial e incompleto, pois se evidencia os efeitos maléficos do indivíduo alvo dessa atitude, com direcionamento à vitimização, como se isso encerrasse a questão.

O “tratamento” seria função do Estado, responsabilizado pelas ações protetoras e evitatória de tal comportamento, o que muito interessa às políticas totalitárias de um certo modelo de atuação de governo, como denunciado por Orwell.

Há outro fator que, a meu ver, é tão ou mais importante para uma mais ampla análise do tema: o bulinado.
Em todos os mamíferos, que produzem vários filhotes e vivem em grupos, suas crias brincam de brigar, cuja finalidade é múltipla: desenvolver a musculatura, o equilíbrio e determinar o posicionamento hierárquico sob o ponto de vista de força e capacidade de luta, principalmente entre os jovens machos.
Nossos filhotes também assim o fazem, o que pode ser facilmente observado e registrado em vários estudos comportamentais, pelo acompanhamento das atividades lúdicas de crianças. Nossa cultura aperfeiçoou esses comportamentos, transformando-os em jogos competitivos, por exemplo.
Infelizmente, por vários fatores que fugiriam dos objetivos da presente peça, alguns jovens não conseguem apreender e aprender comportamentos de ataque e de defesa, tão necessários à adaptação social, com repercussões graves em termos de sofrimento.
Esse pólo, essa faceta, é um dos aspectos fundamentais para o “tratamento” desses jovens: o desenvolvimento de estruturas psicológicas egóicas, com a melhoria da competência dos comportamentos de luta/fuga, por meio de procedimentos técnicos psicoterapêuticos e para isso há a necessidade de reformulação do conceito exclusivo de vitimização, com o reposicionamento do jovem no sentido de inclusão de outro paradigma, isto é, a conscientização de que são também co-autores dessa situação, assinalando-se que não se excluiria as ações anteriormente apontadas nesse escrito.

Outro equívoco que se observa na imprensa leiga é a ideia que os indivíduos que sofreram bulinação desenvolvem doenças mentais, mas, para se chegar a esta conclusão, seria necessário um estudo da personalidade pré-mórbida, ou seja, jovens com indicativos de transtornos mentais, como personalidades que se desenvolvem com insegurança, imaturidade, dependência emocional, retraimento, medo, etc., teriam na bulinação um fator desencadeante e não causal.

Armando de Oliveira Neto
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*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama

Vlado Lima, o Rei da Irreverência por Léo Nogueira. Leia e ouça as músicas

Quem quiser ler um bom texto do amigo, professor, letrista,  Léo Nogueira, sobre Vlado Lima, outro amigo meu e do Léo, igualmente compositor, o rei da Irreverência, leia http://oxdopoema.blogspot.com/2010/08/ninguem-me-conhece-4-vlado-lima-86-mau.html.

Ou leia abaixo.  Não deixe também de ouvir as músicas do Vlado.  Aliás, hoje é aniversário da Fera.  Já falei com ele, mas reitero:

Parabéns, Vlado Lima. Continue oferecendo a todos essa irreverência ilimitidada e indispensável para tornar a vida mais divertida, embora bem mais ácida!!! 

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Ninguém Me Conhece:  Vlado Lima, 86% Mau.- Por Léo Nogueira

“A verve ferve nervosa no verbo perverso (frente e verso) de Vlado Lima. E na prosa. E na rima. Anárquico, sarcástico, circense, cigano, nonsense. De humor mordaz, sem mordaça, desbocado, manguaça, vindo lá das bocadas. Lotado. Mora longe e é folgado. Não o convide pra jantar! Ele aceita (e ainda pede a receita). Não lhe ofereça a maçã. Não lhe apresente a irmã! Ele aceita. Não lhe apresente o seu pai! Vai que ele vai… Vlado é uma trombada de Chacrinha com Jece Valadão na banguela (na janelinha), na contramão, a 300 km por hora em noite de lua cheia, com multa, juros e mora (“pronto pra trair seu coração depois da última ceia”). Contam que Zé do Caixão, quando o viu na carreira numa sexta-feira da Paixão (13)… amarelou! E Vlado sussurrou: “Reze”. Vlado é o rebento resultado do cruzamento de Mano Brown com Aldir Blanc… Num baile funk. É uma tabelinha de Felipe Melo com Kaká. Tango, bolero, chachachá. John Wayne. John Fante. Inferno de Dante. É perifa, é pife, PF, é rifa, é blefe. É geral, é Juventus x Portuguesa, é neandertal, maluco beleza, agitador cultural. É marginal. E é poeta. Penetra. Pirata. Viralata. Cama de gato. E tá na febre do rato! Vlado não é de etiqueta, é de estampa. Pimenta malagueta. Panela sem a tampa. Seu Madruga. Che Guevara. Uga uga! Sem Odara. Churrasco na chácara, carrasco (sem máscara) do bom-gostismo vigente. Palita os dentes e arrota Freud ouvindo a dupla Pink & Floyd. É um cara mau. 86% mau! Comeu o lobo e disse “miau”! É pau. É pedra. É o fim do caminho… Um homem na estrada. Um torto sozinho. Quando “a solidão uiva como um cão sem dono” atrapalhando, dos justos, o sono, Vlado gargalha, com aquela ruiva (ou seria morena?), no gogó uma metralha, na mão esquerda, um goró. É canalha (e não manda fulô). Vade retro, coisa ruim! “Naquele dia o sol ardia e acho que só chovia em mim”. O puteiro das universitárias é seu parque. Aonde vai só pra encontrar Joana, a dark, tomar umas brejas, dar uns beijos (e uns bocejos), falar de política, filosofia e outros micos. Cê sabe, essas coisas, Sócrates, Platão e Zico. Sambista roquenrol, Adoniran de guitarra, ray ban em noite de sol, coça o saco e escarra, peida em elevador (na maior classe), come pizza, toma passe, adora cair na night. Literalmente! Ri da high society, inventa mas não mente. Orgulho nacional, três vezes vice-campeão do torneio internacional de futebol de botão. No palitinho, então… Vixe! Nossa! Saída pela esquerda, mon cheri. Caminho da roça. Corta as unhas dos pés com alicate. O mano do açougue é seu alfaiate. Dizem que tá gravando um CD (pirata) e pra lançamento já tem data: até o próximo Natal estará à venda em casas de má fama, tendas de tarô, na mão da cigana, com o flanelinha, seu dotô!, enfim, em todos os camelódromos de responsa do Brasil. Zil zil. Ótimo presente pra dar pro amigo (da onça) ou de amigo secreto pra aquela mina do RH (mó tesão) que só ouve Araketu, Vercilo e Charlie Brown (jr.). Adora cozinhar, Kurosawa, Mazzaropi, mangá, Ultraman, Tom (Waits) & Jerry (Lewis), filmes do Tarzan. É DJ de festinhas retrô à lá anos 70. Recita (no original) Bashô (ou tenta). Pôs pra correr “o cara” e tomou o ponto, lá onde Judas vendeu as botas e Zorro, o Tonto. Contrabandeia versos proibidos e fanta uva vencida. Com recibo. Vlado Lima não fuma nem trafica (ipsis litteris); só come, não fica (ficar é pros ultrapassados). Vlado Lima se multiplica. Capaz das maiores proezas, escova os dentes com mostarda, falha mas não tarda, come buchada de bode sem camisinha e, de sobremesa, paçoquinha, passa fermento nos chifres e pimenta nas feridas (pra sentir a dor de um bolero), chuta o balde e volta pra estaca zero, vaca holandesa, vinho (suave) de mesa. Toma até gemada com kriptonita! Mas se vê um metrossexual… vomita! Se vê um mendigo comendo um pão amanhecido, pede um teco. E um tico. Um sujo numa noite perdida. Vê faroeste e torce pro cavalo do bandido. Lê Dostoiévski em quadrinhos (bem alto, pra irritar os vizinhos), compra Playboy pra ler a entrevista, (e pendura na maçaneta do banheiro: ocupado, não insista!). Com seus três superacordes faz canções de que até Ricardo Soares duvida. Prazeres da vida, diários de bordes. Quando dorme, o duende é que o vê. Dá entrevistas na língua do P. Na maior larica, comeu farofa em encruzilhada (ou terá sido feijoada?). Fortemente influenciado por Rimbaud, Rambo, Batman e Robin (Hood). E, se espirrar, f… saúde! Vlado Lima não é flor que se cheire. Quem me contou foram Rafinha, Rogéria, Rosemeire. Em tempos de politicamente correto, manda pra casa do reto o eufemismo (tá aí talvez o porquê de ter tido dificuldade com a faculdade de jornalismo). Ex-coroinha, ex-cantor de inferninhos, excomungado por fazer paródia com a Ladainha… Organizador do Sopa. De Letrinhas. Pau. Pedra. Fim do caminho… Um homem na estrada. Um torto sozinho. Naquele dia o sol ardia e acho que só chovia nele. Mas ele é mau. Não tem medo nem do IML. Homem que é homem não chora. Essa coisa salgada que salta pelos poros e anda pela pele é agonia destilada, segundo ele. Vlado Lima é mau. 86% mau. Não queira conhecer os outros 14%! Mas Vlado Lima é um mau necessário. A nos acordar de um bem sonolento. Porrada no pâncreas dos otários. E olha que nem é violento! Cara feia pra ele é feiúra mesmo. Tá com tudo e não tá pra torresmo. Vem da Vila Ré (de ré) (de pijama) na contramão. Pobre de marré, marrento, sem um tostão. O Chapolin das músicas perdidas e das almas encardidas. O Sílvio Santos dos descrentes. O Elvis Presley dos malas. Se você nunca ouviu, tire as crianças da sala! E os doentes. O cara é mau! E manhoso. O cara é foda. E odeia Caetano Veloso. João Gilberto, então… Nem se fala! Tirem as crianças da sala! Não veio pra salvar porra nenhuma. Mas também aceita entrar numas. Prepare o seu coração. E o cotonete. Ele curte brincadeiras de mão. E (não) sabe onde (se) mete. Tá vendendo um violão. Já namorou uma chacrete. Já leu até o Tinhorão. Ainda vê videocassete. Montou um bar no Taboão. Ou lá na casa do cacete. Gosta de vodca com limão. De vez em quando picha o 7. Mas manja de fazer canção. Paro pra não jogar confete. Cartas de recomendação: favor tratar com a Suzethe. “

 
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Ouça algumas das malvadezas de Vlado Lima aqui.Vlado também está no Caiubi 

Leia as letras aqui

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SEM DIÁLOGO E MUIIIITOS DIÁLOGOS!!!

Quem quiser  história interessante sobre casamento/teimosia, marido que fala demais, mulher que fala demais, pode ler o caso narrado em  belo texto do meu amigo, psicólogo, Manoel Antunes http://manoel-psicogrupos.blogspot.com/2011/03/o-casal-silencioso-ou-o-silencio-dos.html

Depois de ilustrar-se, uma piada maravilhosa que me contou a saudosa tia Flora sobre o quanto falam as mulheres ou o quanto elas não podem parar de falar.

Duas amigas muito íntimas cometeram um crime hediondo ainda jovens.  Foram condenadas à prisão perpétua.  Como eram muito amigas, ficaram apenas as duas na mesma cela.  Nada de banho de sol, nada de contato com as outras presas. Eram só as duas 24 horas por dia.

Dez anos depois, o governo concede  indulto geral e elas são libertadas.

Ao se afastarem junto com suas famílias, uma delas diz:

– A noite eu ligo para você pra gente  bater um papinho!!!

“Alunos Expulsos de Passeio Por Fumar Maconha” Considerações de Médico-Psiquiatra

Mais uma vez, Armando de Oliveira Neto* ,  médico-psiquiatra, comenta notícia publicada na imprensa. Desta vez sobre protesto de pais contra escola que repreendeu os filhos por fumarem maconha durante um passeio a Pouso Alto.   Primeiro ele apresenta o fato; em seguida, faz uma bela ironia para então expor seu pensamento.

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“A FAMÍLIA EDUCA  A ESCOLA ENSINA E A IGREJA CONFIRMA E MANTÉM”

Armando de Oliveira Neto

No dia de Natal,  o Brasil foi presenteado com a notícia que pode caracterizar o pensamento de uma parcela significativa, e em crescimento, da população brasileira.
 

O jornal “O Estado de São Paulo, no Caderno Vida, Página  A 14, em reportagem com o título “Alunos são expulsos por fumar maconha”, em resumo, noticia que a Escola Britânica expulsou de um passeio à cidade de Pouso Alto, sul de Minas Gerais, três jovens de 16 anos, por fumarem maconha.  Os professores  mandaram de taxi os jovens de volta para o Rio.
 Na mesma reportagem, o jornalista Felipe Oda apresentou as considerações de:
1. um dos pais, que não se identificou: “meu filho foi tratado como um criminoso. Ele não é e não vou admitir que façam isso com ele”.
2. de um advogado criminalista, Sr. Nélio Machado: “A escola desrespeitou a dignidade dos alunos. Foi uma afronta aos direitos fundamentais dos menores. Os algozes (professores e diretor) foram insensíveis, desumanos, arbitrários e vão pagar por isso”.
3. uma educadora da Faculdade de Educação da USP, Sra. Silvia Colelo: “a postura da escola representa “o fracasso do diálogo”. A escola é um espaço de formação. Tem de se comprometer em educar os alunos também sobre valores, saúde e prevenção de drogas. É um espaço de preparação para a vida”.
4. outra educadora da PUC-SP, Sra. Madalena Peixoto: “repressão não serve de exemplo nem educa os alunos”.

 A seguir minhas reflexões sobre o tema: os quatro personagens, pai, advogado e educadoras,  deveriam ser condecorados, pela sociedade, enaltecidos e que deveriam servir de exemplo de como apoiar nossos pobres jovens oprimidos por professores carrascos.
 Assim essa situação poderia ser usada como modelo magnífico para ser seguidos por todos os pais de jovens nessa idade tão perigosa… e que assim seja!!!

 Mas preciso confessar minhas segundas intenções nas conclusões acima postuladas: é que sou psiquiatra e preciso ganhar a vida, dinheiro, dim-dim, para pagar minhas contas, principalmente os impostos que são tão bem aplicados em nosso país.
 

Esses pai, advogado e educadoras, com suas considerações tão bem fundamentadas, terão como  resultado lógico o apoio irrestrito e inconsequente ao uso de drogas, o que aumentará o potencial de uma população de jovens a usar e abusar, podendo-se tornar futuros drogaditos, portanto potenciais pacientes, de preferência em meu consultório, com resultado direto em minha conta bancária.
 O fomento às drogas poderá ser o resultado da maneira “moderna” de se encarar esse problema.
 A eles minha eterna gratidão financeira!!!

 Bem, sarcasmo a parte, aproveito para externar algumas opiniões a respeito de tão polêmico tema:

1. Quanto à paternagem: informo a estes pais que a função de educar é de original competência e responsabilidade da família, dos pais, e não de outras instituições. L. Althusser, em “Os aparelhos ideológicos de Estado”, escreveu que a Família educa, a Escola ensina e a Igreja confirma e mantém.  Pagar matrícula de R$ 20 mil e mensalidade de R$ 3,5 mil pode ser necessário mas absolutamente insuficiente para o exercício de uma paternagem que ensina RESPONSABILIDADE E CONSEQÜÊNCIA.
Na escalada – se é que esse termo seria apropriado – das espécies, quanto mais nos distanciamos da base, os comportamentos diminuem em suas raízes genéticas e adotam a modelagem comportamental, dado pelas relações sociais, fato ricamente documentado  pela Etologia (Lorenz, Bally e outros) e apresentada pelos estudos do Desenvolvimento dos Papéis (Moreno, Bermudez e outros).
O ensino do que é “certo/errado”, “justo/injusto”, “divino/profano”, enfim do “bem/mal” é dado pelo exemplo, o que nossa geração não está conseguindo fazer, como pode ser observado no dia a dia. Parafraseando o filósofo Mário Cortela (PUC-SP), não conheço nenhuma outra civilização tão desprovida de compromisso com a moral, aqui entendida dentro da concepção psiquiátrica de Sentimentos Morais, como a nossa – essa aí que está no poder, quer da política quer das universidades ou mesmo as famílias, tema deste escrito.

A ausência do pai-modelo está dando origem a uma geração de crianças, hoje jovens, amanhã adultos, na construção de enredos sem a noção de “mocinho/bandido”. Aproveitando, um recado aos ingênuos (respeitando-se a etimologia deste vocábulo): brincar com armas não vai produzir adultos violentos, mas sim os enredos das brincadeiras. Quando criança ao entrar nas tardes de domingo no clube, para assistir seriados, identificava o mocinho e o bandido pelos trajes (chapéu branco ou chapéu preto) mas principalmente pelo comportamento ilibado ou não.
É esse modelo pernicioso que pude constatar nesses pais menores e que me deixa preocupado e desesperançoso quanto ao nosso futuro.

2. Quanto ao advogado: entendo perfeitamente que essa maneira de se interpretar nossa legislação tenha como objetivo defender, com unhas e dentes, não só o seu cliente mas principalmente uma clientela futura e as consequentes incrementações em conta bancária e, com suas observações, certamente angariará simpatia, e adesão, de outros pais em circunstâncias semelhantes.
Dúvida: será que as mudanças em nossa legislação não estão, camufladas pelo ar de seriedade, exatamente a serviço do aumento da clientela dos advogados?  Lembrar que outras profissões, como a Psiquiatria por exemplo, também mudou conceitos a serviço desse mesmo oportunismo econômico.

O apoio à dignidade dos jovens que teriam usado maconha em excursão familiar parece-me muito próxima daquela dignidade de um assassino (de um chefe de família, ou de um funcionário de segurança de banco) ou de um traficante, o enaltecido direito civil do criminoso, ou de um jovem que, em racha, atropela e mata outro em túnel que deveria estar bloqueado.

Por falar em traficante,  a atual legislação traz à lembrança uma fala do Dr. Ângelo Gaiarça, conhecido e polêmico psiquiatra recém-falecido: a moral atual,e incluo a legislação, ocidental, burguesa, capitalista, de origem judaico-cristão, é basicamente hipócrita e mentirosa.
Entendo que o traficante existe pela simples existência do usuário.

Os acontecimentos policialescos da tomada de favelas nos morros do Rio de Janeiro, pela polícia e forças armadas, é consequência direta do consumo das drogas pelos “meninos do Rio” e “garotas de Ipanema” e seus pais coniventes e coniventes.
Mas o álcool, que traz malefícios físicos, psicológicos, sociais e familiares de peso incalculável, é legal em toda sua cadeia de produção e consumo, sendo que o motivo desta distinção, não se configurando objeto deste escrito, poderá ser desenvolvido em outra oportunidade.

Senhor advogado, é meu direito brandar que considero tanto o traficante como o usuário, no caso em tela, possivelmente os jovens em questão, criminosos, sim senhor!!!

A não ser que ocorra a liberação das drogas, o que não deverá acontecer pelos graves problemas econômicos decorrentes: como viveriam todos aqueles que tiram o seu ganha-pão da cadeia produção, distribuição e consumo??? – ou seja, o traficante, ou o “aviãozinho”, que leva dinheiro para casa (antes era o menino das laranjas, como dito na canção), ou o policial que “não vê o que acontece”, ou o advogado que os representa na luta da dignidade ameaçada, ou os médicos que tratam as consequências físicas e psiquiátricas, ou… –

Considero uma situação sem saída enquanto perdurar essa estrutura jurídica com seus paradigmas obscenamente contraditórios.

3. Quanto à  Educação: considero o termo Educação impróprio optando pelo Ensino pelo singelo motivo que educação é de responsabilidade da família.
Ao Ensino cabe ensinar… é minha opinião.

Em casa,  deve-se aprender o que é certo/ errado, e suas variáveis já citadas, o que é/era exemplificado no dito popular: “educação vem do berço”. Nesse sentido, cabe aos professores cobrarem dos alunos um mínimo de educação, condição básica para uma convivência social.

Sou de uma outra época: fui levado à diretoria de minha escola quando necessário (aprontava) literalmente pendurado pela orelha, ou tomava umas reguadas, de madeira e imensamente larga, em outras circunstâncias e, quando meus pais ficavam sabendo, quando chegava em casa, o que tinha feito “a porca torcia o rabo”…
Isso me fez mal, deixou-me traumatizado, sofrendo, marcado para o resto de minha vida, sendo motivo de análise por décadas…???  Não.  E ensinou-me os limites do outro, o respeito e a obediência às regras de convívio social.

Como estudioso da Etologia (Estudo Comparado do Comportamento Animal) sabe-se que qualquer desrespeito às regras hierárquicas, essencial à sobrevivência de uma determinada espécie, pode custar caro ao desobediente e mesmo ao grupo, podendo culminar com sua expulsão definitiva, o que poria em risco a vida do incauto. Isso acontece com elefantes, lobos, leões… e humanos.

Mas os professores perderam esses norteamentos.

Notei quando começaram a ser chamados de “tios ou tias”: era o início da horizontalização da relação professor-aluno. A perda da mais elementar regra social: o de classes diferenciadas, com seus respectivos direitos e deveres, citado na expressão “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
E não estou me reportando aos tempos de “Oliver Twist”.

Infelizmente o resultado dessa transformação pode ser exemplificado em cena que já pertence ao anedotário acadêmico: o argumento de um jovem estudante numa certa escola particular de São Paulo contra a repreensão do professor é que “o pai é que pagava o salário dele” e, pasmem, a “tese” foi aceita pela diretoria, certamente pelo mesmo motivo… e aí foi tudo pro brejo!!!

Concluindo: que professor ensine e COBRE, sem medo de ser feliz.

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*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama

Cordel Desanca Big Brother

 Antonio Barreto,  cordelista baiano,  mostra que de bobo não tem nada e também desce o pau no Big Brother, no Bial e “nos Global”.

Tentei achar  áudio ou vídeo do texto, mas não consegui. 

Suponho que tudo o que ele diga seja verdadeiro, porque, nem que eu me force, consigo assistir. O máximo que agüentei foi engolir cinco minutos finais de BBB para não perder o começo do último capítulo do Bem Amado, conforme já escrevi http://bocanotrombone.ig.com.br/2011/01/22/duvida-atroz/

 Lá vai o texto.

BIG BROTHER BRASIL, UM PROGRAMA IMBECIL

Autor: Antonio Barreto

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…

FIM

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Olha, o homem do Cordel  taxou os telespectadores de Big Brother de Animal.  Seu eu tivesse entre eles, pensaria muito antes de ligar a televisão para assistir ao  BBB – repetindo: Babaquice Bem Babaca

Apresento Ricardo Soares. Satisfação Garantida Para Qualquer Leitor e Ouvinte!!!

Meu amigo e mestre Léo Nogueira no seu Blog O X do Poema tem uma simpática seção – Ninguém me Conhece – em que traça perfis de excelentes e não tão famosos artistas. Dessa vez, fala de outro amigo comum (meu e dele) Ricardo Soares, fabuloso compositor/cantor  que ganhou o Festival da Globo de 2.000.

http://www.oxdopoema.blogspot.com/ – adicione a seus favoritos – vale a pena.

Colo o texto abaixo com direito a links para músicas e páginas do Caiubi e do Ricardo.
 

A FORTALEZA DE RICARDO SOARES – Por Léo Nogueira


Eu estava no Credicard Hall naquela noite e, admito, fiz coro com a multidão que vaiava o moço que, tímido e aturdido, tentava entoar os belos versos de sua ieieiística Tudo Bem Meu Bem. No meu caso, as vaias eram por motivos tendenciosos, que nada tinham a ver com a questionada qualidade da campeã. Eu vaiava porque torcia pra Xi – De Pirituba a Santo André, dos amigos e parceiros Rafael Alterio e Kléber Albuquerque, que tinha ainda na banda de apoio, entre outros, meu brou Élio Camalle. Mas o moço não estava nem aí. Com garra (e certo ar blasé) defendia sua canção e seu direito aos muitos reais que o primeiro lugar lhe conferia. Ah, refiro-me ao pomposo Festival da Música Brasileira, realizado pela Rede Globo em 2000. O nome do moço: Ricardo Soares.

O tempo passou, e um dia fiquei sabendo que Ricardo Soares (RS, como seu Estado) entrara na RSMB (leia texto sobre Adolar Marin). Tempos depois o conheceria pessoalmente num show coletivo dessa rede e poderia rever meus (pre)conceitos a respeito do moço. Naquela ocasião ele apresentou, se não me engano, três canções. Confessara-me pouco antes que passara dias ensaiando pra não fazer feio ali no palco do falecido Crowne Plaza (repararam como todas as boas casas de Sampa estão fechando?). Afinal, eram rocks compostos pra apresentação com banda, e no Crowne ele tinha a companhia apenas de sua pobre (mas honesta) guitarra. As melodias me pareceram, à primeira audição, passáveis; o intérprete tinha um quê de canastrão; mas a qualidade das letras era inegável. Eu via ali em ação um compositor em formação (desculpem o eco).

No regulamento do festival da Globo constava que o compositor da canção vencedora, além do prêmio em dinheiro, teria direito à gravação de um disco a ser lançado pela Som Livre. O disco nunca saiu, os motivos nunca vieram a público. A Globo deu a impressão de ter dado um tiro no próprio pé ao não abrir espaço em sua programação aos artistas ali revelados (revelados?). Já nosso herói, impedido de ter suas outras canções descobertas pela massa, encontrou no palco (muito menor, mas muito mais caloroso) do Caiubi o que procurara no do Credicard Hall: público! E foi lá que nos reencontramos. Pois RS deixara a RSMB e eu acabara perdendo contato com ele. Quando o revi no Caiubi, o cara era outro. Seguro de si, com canções maduras, letras cada vez melhores e uma presença de palco de encher os olhos. O tempo transformara a pedra bruta em pérola. Eu mal podia crer que se tratava da mesma pessoa. Pensei com meus botões que, se por um lado a não-gravação de seu disco foi uma injustiça, por outro deu-lhe tempo pra, longe dos holofotes, crescer enquanto, digo, como artista. No mais, não sei realmente se o possível contato dele, ainda verde, com o enfurecido público do Credicard Hall, multiplicado por milhões Brasil afora, não lhe iria ser menos benéfico que maléfico. Viu morrer a chance de se tornar um pop star, em compensação teve tempo, paz e tranquilidade pra depurar sua arte.

De lá pra cá já assisti a alguns de seus shows e posso afirmar que RS é um daqueles (raros) artistas a quem pouco importa se tem pela frente dez pessoas na plateia ou dez mil. Cada apresentação sua é feita com o gás de quem disputa uma final de Copa do Mundo. Diria mesmo que, quando ele fecha os olhos e ouve o público cantar a plenos pulmões “todas as minhas lágrimas correm pro mar/ por isso que o mar é salgado, meu amor/ de tanto eu chorar”, seu espírito se eleva e ele se sente como se estivesse no Rock’n’Rio. Seu sorriso feliz e maroto deixa quase transparecer esse segredo, pois ali, o palquinho de 3×4 m toma outras dimensões.

RS vem da escola de outro RS – Raul Seixas. E de Leonard Cohen. E de Dylan. E, por que não?, de Adoniran. É um cantador de histórias. Vale-se da melodia como ferramenta de seus cantos/contos. Por isso, não acredita em muitos acordes. Repete os mesmos de sempre, com poucas variações, e alcança resultados inacreditáveis. Pensando a respeito do que acabo de afirmar, posso acrescentar ao time acima escalado o Rei, Roberto Carlos, a quem ele até já citara em sua consa(n)grada Tudo Bem Meu Bem: “Eu era um Rei sem Erasmos/ eu era o marasmo de um jogo sem gols/ você me trouxe o tango, o bebop, o mambo, o rock’n’roll”. Convenhamos: bom gosto não falta nesses versos.

Sou parceiro de RS em duas canções, o que pra mim já é uma vitória, pois o moço se garante com suas próprias letras. Zé Rodrix, seu grande admirador (e divulgador) teve que praticamente lhe assaltar uma letra pra virar seu parceiro. E (glória maior) chegou mesmo a cantar uma canção dele, RS, no show que fez que viraria DVD e não chegou a sair. E ter o Rodrix como admirador conta muitos pontos em favor de qualquer artista. O que lhe tira pontos, em minha opinião, claro, é essa cabeça dura canceriana que não o deixa fazer mais as vezes de letrista mesmo e explorar sua poesia em melodias alheias. Eu adoraria ouvir o resultado de tais experimentos. Um exemplo disso é o fato de que alguns de seus maiores sucessos são parcerias com outro hitmaker: Sonekka. Mas cada artista tem seus motivos e barreiras. Deixemos que o tempo, que o tem tratado bem, cuide do assunto. Por ora, basta a nós outros, poucos privilegiados, poder vê-lo de perto em seu Rock’n’Rio particular, o Caiubi (por ora residindo no Bagaça). Tomara que não lhe baste!

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Ouça algumas das fortalezas de RS aqui. 

http://clubecaiubi.ning.com/profile/OXdoPoema

Leia as letras aqui.

http://clubecaiubi.ning.com/profiles/blogs/ricardo-soares

RS também está no Caiubi

http://clubecaiubi.ning.com/profile/RicardoSoares

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Ouça as músicas e responda: 

E aí, tenho ou não razão quando uso o adjetivo formidável para Definir o Ricardo???  Certamente sim.  Se errei, errei junto com o Juri do Festival da Globo que deu o primeiro prêmio em 2.000 para ele.  

Antes, todas as segundas-feiras,  o Ricardo batia ponto nas Segundas Autorais do Caiubi, era fácil encontrá-lo.  Atualmente não sei se está se apresentado regularmente.  Quem quiser saber, pode me escrever que eu descubro.

HOMOFOBIA/INVASÕES – NA PAULISTA…NO BRASIL… NA HISTÓRIA… NO MUNDO… Por Armando de Oliveira Neto*

Entre os últimos dias 4 e 9, dois ataques a jovens Homossexuais ocorreram na Avenida Paulista.   Mais uma vez, o psiquiatra Armando de Oliveira  Neto é convidado para nos ajudar a entender essas violências que, “muitíssimo” desgraçadamente,  vão se tornando corriqueiras.
Na verdade, Armando extrapola em muito os últimos acontecimentos e, de lambuja, ataca outros aspectos interessantes do que já aconteceu e acontece na História.  É “loooongo”,  é “óóótimo”!!!. Eu Leria.

Ataques a Homossexuais – Sintomas Curiosos

Frente aos acontecimentos ocorridos em nossa mais paulista de nossas avenidas – o ataque de jovens contra outros jovens homossexuais – apresento algumas considerações. 

Primeiro sobre o ataque;  segundo, sobre a defesa.

Numa leitura fenomenológica compreensível, talvez superficial pela empatia parcial, pois não conheço os protagonistas, entendo que os atacantes partiram de suas convicções homofóbicas e atacaram, aqui entendido por INVADIRAM, os outros jovens.
 

O conceito de INVASÃO baseia-se na conceituação de Jorge Rinavera, em seu trabalho “Núcleo Del Yo y conduta psicopática”:

A conduta psicopática é produto de uma carência de respostas adequadas em um indivíduo às normas sociais de seu grupo, provocando a reação do meio, que se expressa desde a repressão policial… . Alfredo Correia Soeiro complementa que a conduta psicopática é caracterizada pela invasão da Área Pessoa (o Outro), com suas convicções.
Importante esclarecer que Conduta Psicopática não é sinônimo de Personalidade Psicopática, embora possa estar presente nessa “variante da personalidade normal”, segundo Kurt Schneider.

Aqui, o “atacante” simplesmente desconhece, no sentido de ignorar, a certeza do Outro: como se o Outro, com sua história, seus conhecimentos, suas escolhas, seus anseios e sonhos não pertencessem àquele momento, sequer existissem. Os motivos ideológicos são simples pretextos para a ação, como descreveu Althusser.

Atacante está entre aspas, pois é no sentido amplo da palavra.

E O QUE FORAM A CATEQUIZAÇÃO DOS NOSSOS ÍNDIOS, AS CRUZADAS???

Esse enredo é conhecido de longa data e em todos os níveis de nossa sociedade, podendo ser facilmente identificado em situações variadas, impregnando nossa cultura independente do espectro socio-econômico.
As primeiras notícias desse comportamento invasivo data da época do descobrimento quando religiosos jesuítas “catequizaram” os nativos, em nome de um Deus único. Mas não é novidade e, em uma simples leitura dos Livros Sagrados, pode-se identificar como invasões ocorreram sistematicamente. Com as Cruzadas não foi diferente, partindo do discurso de um padre, Bernardo, que se tornou Santo por este motivo.

Desde então, não se parou mais, podendo ser identificado com facilidade nas chamadas guerras entre torcidas: se você, leitor, for palmeirense, por exemplo, não se atreveria a ficar sentado no meio da torcida do Corinthians e torcer pelo seu time… seria invadido, ou melhor, no mínimo massacrado!!!

Em termos de país, a Legislação vigente é outro exemplo de “invasão”: as regras tributárias dão sustentação legal a um verdadeiro assalto a nossos bolsos, para sustentar um Estado incompetente, perdulário e corrupto. Maílson da Nóbrega noticia – Veja em sua Edição 2195 – que uma empresa brasileira consome 2.600 horas para pagar tributos, contrastando com 320 na Rússia, 258 na Índia e 398 na China, respaldado pelas modificações impetradas pela Constituição de 1988.

Exemplos outros em qualquer nível da sociedade  não faltam e, o mais grave dessa situação horrorosa é que se forja no povo brasileiro A MORAL DA INVASÃO, desde a mais tenra idade.
1984, Admirável Mundo Novo, Fahrengeit 453 e Big Brother

Como psiquiatra infantil, impressiona-me pela simplicidade lorpa a noção que brinquedos de armas provocariam agressividade em crianças: absolutamente não… é o enredo que as nossas crianças assistem, e vivem, que modela o referencial da INVASÃO, construindo os Sentimentos Morais, às vezes chamados de Superego.

Embora possa ser constrangedor, entendo que uma mãe, ao presentear sua prole com um aparelho celular que tenha um sistema de GPS incluído, estará praticando uma Invasão de Privacidade. Mas não terá que se preocupar, ou se sentir culpada, pois as últimas gerações de crianças já estarão preparadas para aceitar qualquer Invasão,  pois foram  devidamente “catequizadas” pelos Orkut ou Facebook dos dias “modernos”.

A indignação, despertada pela leitura de “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Fahrenheit 453” e outros, perdeu-se nas últimas décadas pela substituição de “Big Brother Brasil” e outros representantes de uma cultura menor.

É lamentável, mas não posso ignorar que os tempos modernos são a escola da Moral Invasora.

Deixo de lado, para não me estender, as componentes econômicas/capitalistas, que também estão presentes nessa dinâmica perversa e que, pessimistamente, considero  sem volta.

ROUSSEAU ERROU???

Em segundo momento teço considerações sobre o Defender.

Rousseau achava que o homem nascia puro e a sociedade o corrompia. Como não devia entender de gente, e muito menos de Etologia, o que ocorre é justamente o contrário: são as regras do grupo que mantém o homem na linha. Aliás,  esta é a concepção sociológica, defendida por muitos, que se contrapõe ao conceito de Superego, da Psicanálise, que não é universalmente aceito, incluso o de Inconsciente. Recentemente apresentei aqui mesmo no “BOCA NO TROMBONE” tema denominado por “Em defesa de um certo Medo”, discorrendo sobre esse fenômeno social, no âmbito da educação infantil. Ver http://bocanotrombone.ig.com.br/2008/04/30/em-defesa-de-um-certo-medo/
Indignação ou Estagnação…

Assim, desde muito, as regras dos grupos humanos eram aceitas e respeitadas, havendo a transcrição no Código de Hamurabi, com a Lei de Talião, depois com os mandamentos de Moisés e mais tarde as codificações religiosas várias. Essas regras morais produziriam um certo grau de inibição ao comportamento invasor.
Por outro lado o invadido teria como se defender desse movimento, respaldado, hoje em dia, pela Declaração de Direitos Humanos, a Constituição da República, os Códigos vários, com suas Leis, Jurisprudência e Usos e Costumes.
Só que isso só funciona no papel, na teoria, como qualquer brasileiro sabe, ao viver no “país da impunidade”… e o invasor sabe disso. A Lei “Maria da Penha” está aí e as mulheres continuam sendo barbarizadas e mortas (invadidas), na sombra da Lei.
Políticos passam por cima delas, sejam as que normatizam os gastos públicos, sejam as eleitorais, sem nenhum constrangimento.
É por esta constatação que me faz descrente de mudanças em curto ou médio prazo. Ocorre-me  aqui lembrança do jornalista Mino Carta No programa Roda Viva, da TV Cultura, Mino  afirmava  que levaríamos 250 anos para atingir um grau satisfatório de moralidade.
A não ser que nos indignemos!!!

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*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama

Abaixo a Imprensa livre – Por Armando de Oliveira

Meu amigo Armando não podia deixar passar esse momento político sem  comentários. Diferentemente de todos seus artigos anteriores com fundo científico, o de hoje é   ironia pura.  Leiam e discordem  dele se forem capazes.

Abaixo a Imprensa Livre é um pensamento que cultuo, em concordância com alguns setores do atual governo federal… mas por motivação bem diferente.

Explicando: na  minha juventude, colecionava revistas  como “O Cruzeiro” e “Manchete”;  mais tarde,  assinante da “Veja”, depois da “Isto É” e novamente “Veja”,  continuei – orgulhosamente –  separando   reportagens sobre escândalos de corrupção envolvendo personagens do governo e seus cúmplices do mundo empresarial.
Como eram relativamente raros e pouco freqüentes,  a melhor forma de acompanhar o “enredo”, com os caminhos escabrosos e seus personagens tenebrosos, foi a montagem de um arquivo onde colocava as folhas que continham as repostagens, com o cuidado de organizar as seqüências lógicas das “histórias”.

Porém  o mundo mudou e também o Brasil.   Mas não no que tange aos diversos orgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário; eles  se mantêm incrivelmente “alheios” ao que se passa no mundo da corrupção.   A Imprensa Livre  se especializou, com uma rede de informantes fidedignos e repórteres dedicados, argutos, especializados e competentes e  produz  matérias detalhadas com todos elementos que configuram os mais diversos crimes.  Crimes, aliás,  cometidos por aqueles que deveriam administrar e proteger a “rés-publica”.

Então essa tal de Imprensa Livre destruiu meu arquivo sobre corrupção e isso é inaceitável… por isso estou lançando a campanha ABAIXO A IMPRENSA LIVRE!!!

Não concorda???

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Bordão do Boca, roubado do Billy Blanco,  o que dá pra rir, dá pra chorar.  É só o que dá pra comentar ( e rimar)!!!

Pesquisas Eleitorais: Nortear ou Influenciar? Por José Giordano

Meu amigo e comentarista assíduo do Boca José Giordano mais uma vez comparece para seus perspicazes comentários.   Dessa vez, o alvo são os Institutos de Pesquisas. Esse artigo também está sendo publicado hoje no Jornal- O VALE – da Região do Vale do Paraíba Leia, é interessante. Entretanto, faço uma ressalva, conforme escrevi a ele: voto útil que me lembre e confirmei no Wikipedia é “eleitor votar num candidato de que não gosta com o objetivo de impedir a vitória daquele que detesta.” De qualquer forma, reiterando, o artigo é elucidativo. Lá vai:

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Nos últimos dois meses, os institutos de pesquisas divulgavam uma vitória de Dilma Rousseff ainda no primeiro turno.  Durante a campanha, os Institutos abusaram em analisar as tendências, num exercício de futurologia, que não se confirmaram.

A credibilidade está em baixa e eles precisam rever sua metodologia e seus conceitos éticos na direção de um resgate da confiança do eleitor.

A julgar pelo resultado, mais parece que a candidata governista conseguiu a vantagem de catorze pontos sobre o tucano em função das pesquisas que lhe eram favoráveis, senão tal diferença poderia ter sido menor.

 O Vox Populi, através de seu Diretor Marcos Coimbra, até escreveu no dia das eleições  artigo em jornal de grande circulação anunciando a liquidação da fatura no primeiro turno.

O Ibope na sua pesquisa de boca-de-urna declarava a petista vencedora e o Datafolha, na pesquisa de véspera, apresentou números que ficaram fora da margem de erro.

O que nos chamou mais atenção foi na eleição para o Senado em São Paulo onde Aloísio Nunes que estava em terceiro e se elegeu em primeiro lugar com larga vantagem de votos.

Nesse caso,  os institutos não foram capazes de detectar a tendência dos eleitores de  Alkimin a votarem em Aloísio, por ser do mesmo Partido e porque a “colinha” preconizada pelo TSE, incluía sempre seu nome para todos os candidatos a deputados pelo PSDB, diferente da pesquisa que foi preparada sem esse atrelamento.

As pesquisas eleitorais influenciam na arrecadação de fundos de campanhas dos candidatos, como também influenciam o eleitor a decidir seu voto. Na nossa cultura, onde muitos querem levar vantagem em tudo, uma significativa parte do eleitorado, que está indecisa e se resolve, ou muda seu voto em função das pesquisas, para votar em quem vai ganhar, para não perder o voto, como dizem. É o chamado “voto útil”.

Vários fatores que podem ter influenciado e terem induzido os Institutos ao erro.  Começando pela ultrapassada metodologia por Amostragem ao invés da metodologia Aleatória, passando pelo grande número de pesquisas, pelo vício ao permanecer com as mesmas cidades da pesquisa anterior ao invés de sortear ou até mesmo escolher cidades onde há um reduto eleitoral conhecido e desejado. Some-se o fato de que o número de cidades pesquisadas foi insuficiente, além da formulação de um quesito inicial sobre a satisfação com a situação atual, o que o induz o entrevistado a declarar a intenção de votar na candidata do governo.

Há de se estranhar, que em todas as pesquisas eleitorais, não importando o instituto, época da campanha, a cinco meses da eleição ou de boca-de-urna, a margem de erro divulgada foi sempre 2%. Com essa padronização parece que os institutos estavam afinados e passavam uma precisão que as pesquisas não tinham.

Os Institutos de pesquisas, a exceção do Datafolha, prestam também serviços aos partidos, configurando um conflito de interesses. O Vox Populi presta serviços de pesquisas diárias ao PT e coincidentemente todas as suas pesquisas apresentaram resultados mais favoráveis à candidata do PT que os demais institutos, aparentando o intuito de influenciar o eleitor para agradar o cliente.

A solução passa pela proibição da divulgação de pesquisas eleitorais antes das eleições, digamos três meses, e estas só seriam usadas para nortear os partidos na campanha ou pela criação de uma agência reguladora para disciplinar o setor, com a participação dos partidos e nos moldes da ANATEL ou ANVISA.

Por enquanto é matar a curiosidade com as pesquisas, comemorando somente após das urnas.

Futebol e Patriotismo

Tão logo o Brasil saiu da Copa, meu amigo Armando de Oliveira Neto, médico-psiquiatra, enviou-me breve artigo a respeito de Futebol e Patriotismo.  Durante a competição, publiquei muito aqui sobre o tema.  Terminado o torneio, é bom momento para conhecer suas idéias; principalmente se considerarmos que a Copa de 2014 – no Brasil – já “começou”.   Publico sem editar nada; nem mesmo atualizo o texto.  As opiniões são dele, concordo com algumas idéias; discordo de outras.

Futebol e Patriotismo – Por Armando de Oliveira Neto

 Finda, para nós, a Copa, aproveito para refletir sobre a relação entre futebol e patriotismo.

 Hoje, no dia seguinte ao desastre da seleção canarinha, já se observa mostruários das lojas sendo modificados, com os lixos repletos de bandeiras, bandeirolas, flâmulas e outros objetos verde-amarelos.
 Acabou o patriotismo?
 Não, uma vez que ele será reeditado no próximo carnaval ou na próxima copa mundial de futebol.

Mas uma dúvida, ou certeza, incomoda meu coração: futebol é patriotismo?

Para uma parcela significativa de nossa população a resposta será SIM.
Entretanto,  há controvérsias, uma vez que depende da concepção que se tem desse sentimento.
Entendo que patriotismo vai muito além de torcer pela seleção, ou time local, ou rebolar no carnaval.

Em minha infância, o que nos era ensinado como patriotismo, em nossos lares e nos bancos escolares, coincidia com o que o dicionário traz que é amar o país que nascemos.

Vi brasileiros patriotas lutando e morrendo nas fronteiras do país, nos quartéis, nas escolas, no Brasil.

E esse amor era demonstrado pelo respeito aos símbolos nacionais, às normas – Constituição, Leis, Códigos, normas e usos e costumes de nosso povo.
Exemplo claro, para quem viveu durante o regime militar, era o manuseio da Bandeira Nacional, que não poderia ser fora de certas normas protocolares.
Em contrapartida,  assinalo exemplos de anti-patriotismo como ao ver a sujeira pelas ruas, a desobediência às sinalizações de trânsito, as depredações nos meios de transporte ou de comunicação e por aí afora.
A mais explícita demonstração desta funesta postura é dada pelo presidente (aqui grafado em letra minúscula, significativamente) da República: embora haja uma Legislação Eleitoral, que qualquer Presidente deveria ser não só o maior respeitador mas o seu maior guardião, nosso presidente é seu desrespeitador, visto suas condenações recentes.
Como a “lei… ora a lei” é a regra anti-patriota, certamente nada acontecerá no país da impunidade, do anti-patriotismo.
E você, caro leitor, assim como eu, poderemos nos perguntar que patriotas somos? O que aconteceu?
Talvez tenhamos algumas respostas…

SP 03/07/2010 2010

Armando de Oliveira Neto- Médico-Psiquiatra  da Reserva da Força Aérea Brasileira
(com orgulho de se considerar um patriota)