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Sopa de Letrinhas, O Mais Tradicional Sarau de São Paulo; Não Tão Bem Comportado!!!

Dos saraus contemporâneos de S. Paulo, o Sopa de Letrinhas, do Clube Caiubi, talvez seja o mais tradicional.  Mais tradicional  não quer dizer o mais bem comportado, muito pelo contrário.

É irreverência pura, a começar pelo seu criador e Apresentador Vlado Lima (das Músicas Eu Odeio Caetano Veloso, Maconheiro, o Puteiro das Universitárias,  Gago Apaixonado e dos Poemas A Arte de Comer Alguém – Volume 1 e Visões de um profeta  Baitola sobre o Fim do Mundo, que fazem parte do seu Livro Pop Para-choque) – Editora Patuá

Como se não bastasse de irreverência, o pocket Show será do Grupo Moral e Bons Costumes (ao Final, links de algumas músicas,  trecho de  poema  do Vlado,do Moral e Bons Costumes e de outros convidados).

E tem mais sacanagem.  Claire Feliz Regina,  octogenária poeta, conhecida pelo seu erotismo, lança seus dois livros: “O meu jeito de falar” e “O meu Jeito de Falar Poemas Eróticos”.

Será também a estreia do Projeto CAIUBI DE Bolsa,  com performances dos compositores Álvaro Cueva, Mário Policastro e Rica Soares.

Não perco um Sopa de Letrinhas por Nada.  No seu lugar, iria conferir.  Sábado, 7 de março, a partir das 20 hs, no Julinho Clube.  Rua Morato Coelho, 585, Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo.

Lá vão os prometidos links e trecho início de um  poema do Vlado:

A Arte de Comer Alguém – Vlado Lima

Dúzia de dálias

Avenidas de margaridas

e um bando de pandas Loionella

vinho

vela

(aquele) versinho do Vinícius

e a voz de Billie na

vitrola

(…)

em último caso

caso

(.)

E o poema continua, e aí a coisa fica Punk.

Veja e Ouça Vlado Lima no YouTube, Clique Aqui

Moral e Bons Costumes – Música Maricon

A poeta Octogenária Claire Feliz Regina – Clique

Diminuindo um pouco o nível de Irreverência.

Ricardo Soares – Tudo Bem, Meu Bem – Música que Ganhou o Festival da TV Globo de 2.000 – Clique

Caminhando para o Lirismo,

Márcio Policastro – Clique

Lirismo Total – Álvaro Cueva – Clique

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Viu, ouviu tudo???  Vai resistir???  Eu não.  Aliás, há anos não perco um Sopa de Letrinhas, como já escrevi poucas linhas acima!!!

Roney Giah, Compositor e Tudo Mais – Por Léo Nogueira

O amigo Léo Nogueira é letrista.  Conhece o poder da síntese, mas não o exerce.  Seus textos  no blog O X do Poema são longuíssimos, sempre.  Roney Giah, também amigo do Caiubi,  é músico renomado, com alguns prêmios internacionais.  Veja o Perfil que Léo fez do Roney em  na concorrida seção do X do Poema –  Ninguém me Conhece.

Colar e copiar textos, às vezes, implicam em pequenos problemas aqui no Blog.  Um trecho abaixo vai sair mal diagramado, visual feio e, pior, letra pequena.  Não há o que se possa fazer.   Mas vale o sacrifício.

Divirtam-se:

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Roney Giah, Compositor e Tudo Mais – Por Léo Nogueira.

Quando comecei a frequentar o Clube Caiubi, uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a quase ingênua atmosfera de rebeldia, própria da juventude dos compositores e de suas canções, cheias de frescor e originalidade. Contudo, notava-se certo amadorismo. Por vezes o compositor não passava segurança na hora de interpretar sua própria canção e terminava por estragá-la. Mas isso também pertencia ao pacote “espírito rebelde”. Os erros eram aplaudidos e, de tão condescendente que era a plateia, o mesmo compositor, na terceira ou quarta tentativa, já mostrava melhor desenvoltura.

A juventude tem a seu favor o aspecto tempo (os mais velhos chamam a esse aspecto “espectro”), pode se dar o luxo de errar e aprender. E o Caiubi era um movimento jovem. Mesmo os não tão jovens assim que lá chegavam aprendiam logo a ostentar essa bandeira juvenil, ainda que em espírito. Foi nessa época que apareceu por lá Zé Rodrix. Veio. Viu. Gostou. Voltou. E ficou. E trouxe com ele a bagagem da experiência adquirida em tantas décadas de estrada. Ele olhava no olho do erro e sabia cegá-lo.

E com Zé RodrixCaiubi começou a dar os primeiros passos rumo ao profissionalismo. Sim, havia muito o que fazer, vários dos compositores que ali se apresentavam e mostravam belas canções nunca tinham subido num palco antes. É preciso frisar que, como a principal bandeira do Caiubi era (é) a música autoral, sobravam compositores e faltavam intérpretes, o que fazia que os próprios compositores se fizessem intérpretes.

Mas todos sabemos que a melhor propaganda é a que faz o público satisfeito, o chamado boca a boca. E, quando menos se esperava, o público aumentou e, com ele, vieram outros artistas. E quer uma coisa melhor pro artista que tocar onde o público está? Assim foram chegando outros nomes, uns se sentindo em casa, como o grupo Rossa Nova, a dupla Carol Pereyr e Márcio Pazin; outros sondando o espaço, como Ito Moreno e Adolar Marin; alguns no meio termo, como Élio Camalle; sem falar nos que vinham de fora, como Clarisse Grova e Alexandre Lemos… Cada um acrescentando sua experiência de estrada ao Clube (a bem da verdade, o Rossa Nova vem dos tempos das vacas magras).

E foi aí que, numa daquelas noites, meio como quem não sabe exatamente onde está pisando, penetrou pela velha rua Caiubi 420 um tipo alto, loiro, de olhos claros, como que recém-chegado da Finlândia ou da Dinamarca… Ah, trazia um violão (não entrava tão desavisadamente assim…). Sentou-se e passou a escutar atentamente os que se apresentavam. Até que chegou sua vez. A humildade dele não subiu ao palco. O que se viu (e se ouviu) naquele momento foi um camarada personalíssimo, tranquilo, seguro, prender a plateia com suas belas canções de inusitadas letras, violão bem tocado e uma voz que, se fechássemos os olhos, nos remeteria ao canto negro dos irmãos americanos da metade superior do globo. Só que em português.
O nome do moço: Roney Giah. E eu errei o país, seus genes tinham mais a ver con una bella pastasciutta. Na segunda segunda lá estava ele de novo. E na terceira. E na quarta. Logo ele era tão de casa, que a primeira noite foi se tornando cada vez mais longínqua. Mas Roney, apesar de certo ar principesco, não pensava duas vezes em arregaçar as mangas e ajudar com o que fosse possível, desde tocar um violão sobressalente na canção de um colega até manusear a mesa de som. Acho mesmo que se preciso fosse ele faria as vezes do garçom.
Roney, raciocínio rápido, entendeu na hora o espírito da coletividade caiubista. Diria até que o melhorou, pois não trazia em si nenhum tipo de ostentação. Dominava com segurança seu ofício e isso lhe bastava. Trocamos CDs e (observação: sempre quando falo que troquei CDs, de minha parte me refiro a algum CD da Kana, pois, pra felicidade geral da nação, não possuo um pra chamar de meu – por enquanto! – será uma ameaça?) pude ouvir, maravilhado, sua competência muito bem amparada pela qualidade sonora e musical de Mais Dias Na Terra, CD com boa quantidade de possíveis hits radiofônicos valorizado ainda mais pelo brinde de belas letras.

Certa vez ameaçamos uma parceria, mas ficou só na ameaça. Roney chegou a vir em casa, onde labutamos bastante em prol do desenlace de duas canções, que nos venceram pelo cansaço e continuaram no limbo, na qualidade de duas meias canções. Com o tempo, percebi que no quesito parceria o espírito coletivo de Roney enfraquece um pouco, talvez porque tudo o que queira expressar em suas canções o faça por meio de suas próprias palavras.

E chegou o grande dia do lançamento do Mais Dias Na Terra no MIS (Museu da Imagem e do Som). E, mais uma vez, Roney mostrou todo o seu profissionalismo num show afiado, empolgante, cheio de climas, com ensaiada banda e seu protagonista efervescido, apoteótico como se estivesse num Rock in Rio, a exemplo dos shows de seu colega Ricardo Soares. Aliás, talvez o grande defeito do show (pra que não falemos só de flores) tenha sido sua larga duração, pois, como a plateia estava gostando, Roney preferiu satisfazê-la a deixá-la com o gostinho de quero mais.

Mas a trajetória de Roney vai além do MIS e do Caiubi. Ele esteve nos States estudando música com feras e lhes apre(e)ndendo também a tecnologia. Emplacou pequenos sucessos e conseguiu até contrato com uma gravadora (inglesa). Mas antes disso sua música já tinha passeado pelo Prêmio Visa, batido na trave no Prêmio Tim e no Grammy Latino, sua guitarra já esteve a serviço da banda do etc. etc. Dá até preguiça copiar aqui tantos feitos. Façamos assim, abaixo vou postar o link pra seu site e vocês poderão notar como o moço é “rodado”.

Contudo, Roney também tem defeitos. E nós, os baixinhos, adoramos procurar defeitos em figuras como ele. Foi assim que, com muito custo, percebi que ele vez em quando pisa na jaca com a “flor do Lácio”, mandando um “ter” em vez do “tiver”, respirando no meio de um “pá… ssaro” y otras cositas, digo, other things. Mas ele não quer nem saber. Pode alegar (com razão) que não passa de inveja de quem está impedido (não pelo juiz) de fazer gol de cabeça, e continua no ataque, Queimando A Moleira, Co’as Goela E Tudo, preparando dois ou três novos CDs simultaneamente, acreditando que é só dessa forma que pode justificar seu pedido diário de renovação de passaporte terreno, pra passar Mais Dias Na Terra.

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Ouça algo mais de Roney aqui.

Leia as letras aqui.

Roney também está no Caiubi.

Visite  site do Roney

Apresento Ricardo Soares. Satisfação Garantida Para Qualquer Leitor e Ouvinte!!!

Meu amigo e mestre Léo Nogueira no seu Blog O X do Poema tem uma simpática seção – Ninguém me Conhece – em que traça perfis de excelentes e não tão famosos artistas. Dessa vez, fala de outro amigo comum (meu e dele) Ricardo Soares, fabuloso compositor/cantor  que ganhou o Festival da Globo de 2.000.

http://www.oxdopoema.blogspot.com/ – adicione a seus favoritos – vale a pena.

Colo o texto abaixo com direito a links para músicas e páginas do Caiubi e do Ricardo.
 

A FORTALEZA DE RICARDO SOARES – Por Léo Nogueira


Eu estava no Credicard Hall naquela noite e, admito, fiz coro com a multidão que vaiava o moço que, tímido e aturdido, tentava entoar os belos versos de sua ieieiística Tudo Bem Meu Bem. No meu caso, as vaias eram por motivos tendenciosos, que nada tinham a ver com a questionada qualidade da campeã. Eu vaiava porque torcia pra Xi – De Pirituba a Santo André, dos amigos e parceiros Rafael Alterio e Kléber Albuquerque, que tinha ainda na banda de apoio, entre outros, meu brou Élio Camalle. Mas o moço não estava nem aí. Com garra (e certo ar blasé) defendia sua canção e seu direito aos muitos reais que o primeiro lugar lhe conferia. Ah, refiro-me ao pomposo Festival da Música Brasileira, realizado pela Rede Globo em 2000. O nome do moço: Ricardo Soares.

O tempo passou, e um dia fiquei sabendo que Ricardo Soares (RS, como seu Estado) entrara na RSMB (leia texto sobre Adolar Marin). Tempos depois o conheceria pessoalmente num show coletivo dessa rede e poderia rever meus (pre)conceitos a respeito do moço. Naquela ocasião ele apresentou, se não me engano, três canções. Confessara-me pouco antes que passara dias ensaiando pra não fazer feio ali no palco do falecido Crowne Plaza (repararam como todas as boas casas de Sampa estão fechando?). Afinal, eram rocks compostos pra apresentação com banda, e no Crowne ele tinha a companhia apenas de sua pobre (mas honesta) guitarra. As melodias me pareceram, à primeira audição, passáveis; o intérprete tinha um quê de canastrão; mas a qualidade das letras era inegável. Eu via ali em ação um compositor em formação (desculpem o eco).

No regulamento do festival da Globo constava que o compositor da canção vencedora, além do prêmio em dinheiro, teria direito à gravação de um disco a ser lançado pela Som Livre. O disco nunca saiu, os motivos nunca vieram a público. A Globo deu a impressão de ter dado um tiro no próprio pé ao não abrir espaço em sua programação aos artistas ali revelados (revelados?). Já nosso herói, impedido de ter suas outras canções descobertas pela massa, encontrou no palco (muito menor, mas muito mais caloroso) do Caiubi o que procurara no do Credicard Hall: público! E foi lá que nos reencontramos. Pois RS deixara a RSMB e eu acabara perdendo contato com ele. Quando o revi no Caiubi, o cara era outro. Seguro de si, com canções maduras, letras cada vez melhores e uma presença de palco de encher os olhos. O tempo transformara a pedra bruta em pérola. Eu mal podia crer que se tratava da mesma pessoa. Pensei com meus botões que, se por um lado a não-gravação de seu disco foi uma injustiça, por outro deu-lhe tempo pra, longe dos holofotes, crescer enquanto, digo, como artista. No mais, não sei realmente se o possível contato dele, ainda verde, com o enfurecido público do Credicard Hall, multiplicado por milhões Brasil afora, não lhe iria ser menos benéfico que maléfico. Viu morrer a chance de se tornar um pop star, em compensação teve tempo, paz e tranquilidade pra depurar sua arte.

De lá pra cá já assisti a alguns de seus shows e posso afirmar que RS é um daqueles (raros) artistas a quem pouco importa se tem pela frente dez pessoas na plateia ou dez mil. Cada apresentação sua é feita com o gás de quem disputa uma final de Copa do Mundo. Diria mesmo que, quando ele fecha os olhos e ouve o público cantar a plenos pulmões “todas as minhas lágrimas correm pro mar/ por isso que o mar é salgado, meu amor/ de tanto eu chorar”, seu espírito se eleva e ele se sente como se estivesse no Rock’n’Rio. Seu sorriso feliz e maroto deixa quase transparecer esse segredo, pois ali, o palquinho de 3×4 m toma outras dimensões.

RS vem da escola de outro RS – Raul Seixas. E de Leonard Cohen. E de Dylan. E, por que não?, de Adoniran. É um cantador de histórias. Vale-se da melodia como ferramenta de seus cantos/contos. Por isso, não acredita em muitos acordes. Repete os mesmos de sempre, com poucas variações, e alcança resultados inacreditáveis. Pensando a respeito do que acabo de afirmar, posso acrescentar ao time acima escalado o Rei, Roberto Carlos, a quem ele até já citara em sua consa(n)grada Tudo Bem Meu Bem: “Eu era um Rei sem Erasmos/ eu era o marasmo de um jogo sem gols/ você me trouxe o tango, o bebop, o mambo, o rock’n’roll”. Convenhamos: bom gosto não falta nesses versos.

Sou parceiro de RS em duas canções, o que pra mim já é uma vitória, pois o moço se garante com suas próprias letras. Zé Rodrix, seu grande admirador (e divulgador) teve que praticamente lhe assaltar uma letra pra virar seu parceiro. E (glória maior) chegou mesmo a cantar uma canção dele, RS, no show que fez que viraria DVD e não chegou a sair. E ter o Rodrix como admirador conta muitos pontos em favor de qualquer artista. O que lhe tira pontos, em minha opinião, claro, é essa cabeça dura canceriana que não o deixa fazer mais as vezes de letrista mesmo e explorar sua poesia em melodias alheias. Eu adoraria ouvir o resultado de tais experimentos. Um exemplo disso é o fato de que alguns de seus maiores sucessos são parcerias com outro hitmaker: Sonekka. Mas cada artista tem seus motivos e barreiras. Deixemos que o tempo, que o tem tratado bem, cuide do assunto. Por ora, basta a nós outros, poucos privilegiados, poder vê-lo de perto em seu Rock’n’Rio particular, o Caiubi (por ora residindo no Bagaça). Tomara que não lhe baste!

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Ouça algumas das fortalezas de RS aqui. 

http://clubecaiubi.ning.com/profile/OXdoPoema

Leia as letras aqui.

http://clubecaiubi.ning.com/profiles/blogs/ricardo-soares

RS também está no Caiubi

http://clubecaiubi.ning.com/profile/RicardoSoares

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Ouça as músicas e responda: 

E aí, tenho ou não razão quando uso o adjetivo formidável para Definir o Ricardo???  Certamente sim.  Se errei, errei junto com o Juri do Festival da Globo que deu o primeiro prêmio em 2.000 para ele.  

Antes, todas as segundas-feiras,  o Ricardo batia ponto nas Segundas Autorais do Caiubi, era fácil encontrá-lo.  Atualmente não sei se está se apresentado regularmente.  Quem quiser saber, pode me escrever que eu descubro.