Arquivo da categoria: Crônicas

Se Eu Quero Ser Seu Amigo??? Sei lá, me chama para tomar um café e a gente vê.

Há muito anos estudei na  Aliança Francesa com uma menina, de uns 25 anos,  linda.  Detalhe paradoxal: ela era francesa.  Falava francês  perfeitamente bem.  Apesar de linda, era extremamente infantil e, talvez por algum problema mental,  não sabia escrever, não sabia ortografia.   Sabia ler, mas escrever, nada.  Cometia os erros mais bárbaros possíveis em francês  e  em português, como gato com j – é sério!!!  ou Maison (casa) assim mézon. 

Outra coisa curiosa,  era muiiiito carente e muito infantil, mas muiiito mesmo.   Ela se dava bem comigo e em todas as aulas ela me dizia mais ou menos assim:

– Paulo, conversei com uma menina no café e acho que ele quer ser minha amiga.

Parecia uma criancinha de três, quatro anos de idade.

Pois bem,  esses “convites”  que recebo a toda hora de pessoas para quem um dia enviei email dizendo que querem ser minhas amigas, no tal do  QUE PASSA, no FACEBOOK  e sei lá onde, me fazem lembrar dessa moça.

Talvez até pudesse ser criada uma nova expressão : conheça o meu Facebook e faça parte da minha turma, ou coisa próxima a isso, MAS QUER SER MEU AMIGO é infantilzinho demais pro meu gosto.

 Não me oponho, em princípio,  a  ser conhecido e até amigo  de quem quer que seja,  conhecido para tomar café, bater papo, contar piada,  mas ser amigo no éter da Internet, definitvamente, não é comigo.

A Morte nos Versos de Millôr e na Piada Popular

Mais uma vez (e vou repetir muito isso daqui pra frente), lanço mão da sabedoria e versatilidade do Millôr.

POESIA   MELANCÓLICA   OLHANDO  UM    LIVRINHO   DE   ENDEREÇOS – Millôr Fernandes

Caderninho preto

(Espécie de Anais)

Onde estão escritos

Todos os locais

Em que os amigos

Já não moram mais

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Naquela semana, alguns anos atrás, tinha contado para o meu pai piadinha muito boa.  Lá vai:

A maior preocupação de dois jovens que jogavam muito bem futebol era descobrir se havia futebol após a morte.  Assim, eles combinaram que o primeiro que morresse iria se empenhar para de alguma forma aparecer e avisar para o outro se havia ou não futebol.  Um deles morreu muito cedo e cumpriu a promessa.  Apareceu para o outro e contou:

– Legal, meu,  lá tem futebol.

O que ainda estava por aqui ficou eufórico.  O outro concluiu:

– E você já está escalado para o jogo do próximo  mês !!!

Pois bem, eu e meu pai  estávamos de carro  na região do Estádio do Morumby.  A cada rua que eu entrava, ele lia o nome e dizia:

– Esse aí era juiz quando eu comecei a advogar.     (como se sabe, só pessoas mortas podem dar nomes às ruas).

Virava um esquina, e meu pai:

– Esse formou-se no ano em que entrei na faculdade.

No terceira ou quarta rua batizada com colegas dele que já estavam no andar de cima, como o rapaz da piada, eu disse:

– Pai.  Pára com isso.  Daqui a pouco um deles vai aparecer e dizer assim:

– Hiram, já estamos polindo a placa da sua rua.

Contei para uma sobrinha e ela morreu de rir.

Intimidades no Café da Manhã – Na Padaria, Acredite!!!

Uma jovem com bebê conversava com duas quarentonas.  A  jovem começa  dizendo que a mãe ajuda muito a cuidar da neta.  Só não dá de mamar.  Acho que foi uma piada.   Até aí, tudo bem.

Aí começam a aprofundar o assunto.  Uma das mais velhas diz que enquanto amamenta não engravida.  Por via das dúvidas, fala  para a mais jovem “mandar”  o marido conversar com o Rabino. Certamente o Rabino domina tudo que diz respeito a esse setor da ciência, como todos os setores do saber humano.  A que amamenta diz que a criança aperta o bico do peito.  E por aí vai a conversa e por aí vão as três, em alto e bom som, no meio do padaria tratando de intimidades desse naipe.

Se sou obrigado a ouvir, também deveria ter o direito de,  igualmente em alto bom som, contar para o meu vizinho de balcão   que essa história me fez lembrar uma piada.

Sujeito   fica, pasmado,  olhando a mulher que amamentava no meio da rua. Conversa vai, conversa vem,  ela pergunta se ele não queria experimentar.  O sujeito aceita.  Fica ali se fartando e a mulher reclama:

– Não quer mais nada??

O cara:

Se a senhora tiver uma bolachinhas doces  para acompanhar…

Ingrato esse mundo que me expõe à falta de bom gosto que grassa por aí e me priva de compartilhar  piadinhas, infames ou não; entretanto,  nunca mais infames que a situação…

“Reflexões” (???) Sobre o Dia do Trabalho

Eu não entendo porque no dia do Trabalho  ninguém Trabalha.
(Nesse ano, cai num domingo.  Que pena!!!!)

O dia do Trabalho é o dia da vagabundagem.

É ÓTIMO.  MAS  É UM DIA SÓ!!! Que merda!!!

Precisa mudar tudo.

Precisa ser criado  O  DIA DA VAGABUNDAGEM E ABOLIDO O FERIADO DO  DIA  DO TRABALHO.


No dia da vagabundagem,  SÓ NO DIA DA VAGABUNDAGEM, todo mundo, mas todo mundo mesmo, …tra ba lha ria.  

Seria logo ali na 2. Semana de Janeiro.   Pra gente já ficar logo livre dele; DELE E DO TRABALHO!!!

Os outros dias, aí sim, se chamariam de Dias do Trabalho.  E seriam todos eles dedicados – dedicados ao que???

– À vagabundagem, NATURALMENTE…

E ali pelo finalzinho de dezembro, principalmente, na Bahia, A CHORADEIRA  seria uma só:

–   Que merda, o dia da vagabundagem tá chegando de novo e todo mundo vai ter que trabalhar.  Sorte que no ano que vem cai num domingão!!! 

E o Ponto Facultativo, então????   O que é isso??? 
Esse é que não dá  para entender mesmo!!!!
Algum engraçadinho da década de 70 lançava desafio forte:

– Vai explicar para um Inglês o que é Ponto Facultativo!!!

Se o ponto é FACULTATIVO, ALGUM FUNCIONÁRIO  PODE MUITO
BEM FACULTAR (querer, optar por) BATER O PONTO.
 

É  lógico, se é FACULTATIVO…

Agora, será que o funcionário responsável pelo Ponto também terá FACULTADO POR  BATER O PONTO???

Não creio!!!

Torcendo por um mundo melhor,  com  364 dias por ano de dia do Trabalho E SEM QUALQUER PONTO FACULTATIVO –  ISSO VAI  COMPLICAR DEMAIS A COISA E, PIOR, DAR TRABALHO!!!

O fim dessa hipotética confusão que o Ponto Facultativo pode causar é apenas uma das muitas vantagens  desse novo Calendário Trabalhista.   Nem Getúlio faria melhor!!!

O Primeiro Palácio do Rei Roberto Carlos

Meu amigo Richard Ouang, filho do arquiteto Max Ouang,  me contou a história.  Alguns dias depois,  enviei para o Richard o texto que eu tinha escrito a partir de suas informações e disse a ele que iria publicar aqui no meu blog.  Richard me alertou que o nosso ídolo poderia não gostar.  Entrei no site oficial  do Rei, mandei o texto  e disse que pretendia publicá-lo e pedi autorização para isso.  Não obtive resposta.

Já se passaram uns quatro, cinco  anos, que tentei a autorização.  Suponho que agora, após a vitória da Beija Flor  no Rio homenageando nosso Rei,  é um bom momento para relembrar o fato.  Já que não posso por uma Escola de Samba desfilando, alinhavo umas palavras para contar essa história bonita do ídolo de mais de três gerações de braileiros.

Lá vai.

Em meados da década de 60, o prestigiado arquiteto Max Ouang recebe telefonema de um desconhecido.  A pessoa  diz  representar  personalidade muito famosa que tinha interesse em  comprar a casa dele no, então sossegado,  Morumby .  O arquiteto explica  que havia construído a casa para ele próprio morar e que não tinha interesse na venda.

O outro insistiu muito e propôs    que ele estabelecesse um preço.   Oriental e ainda por cima do ramo da construção civil,  Ouang sabia exatamente  o valor de mercado   do bem.  Colocou em cima dessa quantia  uma porcentagem que ele achava justa (afinal, a casa não estava à venda, as dores de cabeça  de construir para si iria tê-las todas novamente…) e passou a cifra para o Interlocutor.  Com segurança e tranqüilidade,  o outro diz que falaria com  o chefe  e que, muito provavelmente,   o negócio seria fechado.

Alguns dias depois, Ouang recebe telefonema da mesma pessoa informando que o patrão concordava com o valor proposto.  Pedia apenas um tempo muito curto porque o  chefe estava fechando um contrato valioso e queria pagar tudo à vista.

Passado esse tempo, finalmente Ouang iria conhecer o misterioso comprador, acertar detalhes do contrato e receber o sinal até que a documentação toda estivesse pronta.

No horário marcado em seu escritório, ao abrir a porta, Ouang  depara-se com o Rei  Roberto Carlos em pessoa.   Em pouco tempo, nas reuniões seguintes para concretizar o negócio,  estabelece-se um clima de confiança mútua entre o dois

Roberto  explicou que pedira prazo para pagamento   pois estava fechando contrato com empresa cinematográfica.

Ouang quis saber por que Roberto escolhera a sua casa.

A explicação do Rei:

– Quando cheguei em S. Paulo, morava no apartamento de um primo em Santa Cecília.  Nos fins de semana, meu primo, eu e minha namorada  íamos passear no carro dele pelos bairros sossegados  Em um desses passeios, os dois não paravam de falar para eu desistir de ser cantor e que me tornasse vendedor, como o meu primo. Eu disse  seria vitorioso como cantor  e que ganharia muito dinheiro.  Nesse momento,  estávamos  passando em frente à sua casa, apontei para ela e garanti que um dia ainda iria comprá-la.

Roberto elogiou muito a casa, mas falou para o arquiteto que  faria obras de ampliação da Cozinha.  Ouang argumentou que a cozinha da casa era ótima. Roberto explicou que precisaria por uma mesa maior na cozinha para almoçar e jantar.

Ouang, carinhosamente e  definitivo:

– Roberto, você é o ídolo do Brasil.  Você não pode fazer refeições na cozinha!!!!!

E assim, o  Rei, que tem mais ou menos a mesma idade que Richard, meu amigo, filho de Ouang, comprou uma  casa e ganhou um  conselheiro querido.

O Livro de Receitas da Rita Lobo e Vontade de Devolver As Panelas para Metalúrgica

Cozinho bem legal.  Basta olhar meus textos na categoria gastronomia deste blog.  E não é só na teoria: duvido que alguém que tenha jantado/almoçado em casa seja capaz de fazer uma única ressalva. 

Bem, a verdade não é 100% essa.  Teve um dia catastrófico no jantar que costumava  produzir  um sábado antes do natal.  O prato forte daquele ano era vatapá, com todos os acomapnhamentos: creme de arroz, castanha de caju picada, amendoim picado, dendê e malagueta.  Sem contar boas entradas, caipirinhas, cervejas geladíssimas, vinhos e sobremesas deliciosas,

Resumo -não da ópera,   mas  da tragédia -, a receita do meu gurú Antônio Houaiss não falava em dessalgar o camarão seco.  Bom discípulo, segui à  risca o mestre.  Resultado???  O Vatapá era puro Sal, incomível, como diria o ministro Magri.  Havia cerca de 15 pessoas  em casa, alguns que estavam indo pela primeira vez.  Era um tal de telefonar para tia, amiga para tentar salvar, mas não houve jeito.  Um tacho de vatapá direto pro lixo.

O velho amigo Mário foi categórico:

– Esse jantar, sim, está ótimo, divertido.  Muito mais legal do que aqueles em que a comida está perfeita, a cerveja perfeita e tudo  muito organizado.

O convite era para vatapá, mas todo mundo teve que se contentá (pra rimá) com as entradas, pães, creme de arroz e sobremesas. Salvo engano, além da tradicional salada de frutas secas com conhaque e sorvete de iogurte, havia papos de anjo feitos em casa e o formidável e saudoso bolo de Natal da Paula Noschese.

Exceção que confirma a regra. 

Pois bem, todos os outros jantares para convidados –  e mesmo o trivial da minha casa –  foram e serão deliciosos.

Corte 

Fred Allen, comediante e pensador americano disse:

“Algumas pessoas escrevem tão bem que tenho vontade de devolver minha pena ao ganso”.

Certamente que já experimentei a mesma sensação dele ao ler grandes escritores.

Qualquer pessoa honesta e sincera   que cozinhe, ao  folhear os Livros de Gastronomia/Receitas  da ex top model e chef Rita Lobo, também colunista aqui do Ig (http://panelinha.ig.com.br/site_novo/meuBlog/rita) o último deles PANELINHA – RECEITAS  QUE FUNCIONAM,  pensa algo parecido com o que disse Allen sobre seus colegas escritores privilegiados:

–  Há pessoas que cozinham tão bem que sinto vontade de devolver minhas panelas e o  fogão para a metalúrgica!!!

Não dá para não comprar o Livro.

Alguns títulos: Camarão no Espeto à moda cajun. Saboreie o texto: “pela lista de engredientes, a receita pode parecer complicada. Pimenta-de-  caiena, tomilho seco, páprica picante.  Mas o preparo não poderia ser mais simples.  Tão fácil quanto pedir espetinho de camarão na praia, so que, nesse, dá pra confiar”.

A propósito do texto da Rita, transcrevo de memória a passagem  que ela teria tido com executivo da editora de obra anterior.  Ele disse que Rita  não se preocupasse  muito com a escrita  que eficiente redator daria um trato na coisa.  Rita  ponderou que fazia questão que o texto final fosse dela.  E assim ficou estabelecido.

Linda, perfeita na cozinha e escreve bem.   A natureza/genética foi/foram muito generosas com ela!!!

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Último Livro: Panelinha – Receitas que Funcionam. Autora Rita Lobo. Editora Senac São Paulo

Livros Anteriores: A Conversa Chegou À Cozinha – crônicas e receitas. Rita Lobo. Editora Ediouro.

Receitas Anti-TPM – Rita Lobo

Frases fabulosas de Fred Allen http://pensador.uol.com.br/autor/Fred_Allen/

Em Paraty, Postes com Lâmpadas Impróprias e Saudades de Takaoka

Quando Paraty foi tomabada não havia, graças a Deus, risco de apagão e, menos ainda, as famigeradas lâmpadas frias e assassinas de hoje. Querer tochas com labaredas iluminando praças, vielas, igrejas e monumentos seria idiossincrasia minha. Um mínimo de bom senso e respeito pela estética, entretanto, pedem que essas lâmpadas sejam retiradas imediatamente, sobretudo,. dos postes “públicos’.
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Onde hoje se instala a boa pizzaria da Cidade, em Paraty, havia antes simpático bar Abel, com boa comida e bebida (R. do Comércio, 40). Nas paredes, diversos desenhos dos famosos Cavalos do pintor Japonês Takaoka, cujo centenário de nascimento foi comemorado em 2009. Agora, apenas dois deles estão nas paredes, os outros, segundo me disseram os responsáveis pela pizzaria, não resistiram ao tempo.

Há algumas décadas, o mesmo Takaoka fez o retrato de minha irmã. Nessas sessões, sempre havia um intervalo para os dois descansarem. Tomávamos um café e meu pai sempre lhe dava uma garrafa de vinho (obviamente, apenas uma gentileza que não tinha qualquer relação com o pagament do artista).

Aí, ele contava sempre a mesma piada: o italano, produtor de vinho, já no fim da vida, reuniu toda a família e, em tom solene, disse:

– Meus filhos, nesse mundo tem de tudo. Imaginem vocês que até de uva se faz vinho!!!

Agora, a parte curiosa. Enquanto conversava, pegava umas folhas sobre a mesa, um lápis e ficava desenhando cavalos. Conscenscioso (estou sem diciocnário e não sei se escrevi certo), para mostrar que havia apenas se divertido com a coisa e que não colocara ali sua técnica, assinava: Takaoka Brincou.

Décadas mais tarde, conheço seu filho e conto-lhe tudo isso. Ele pergunta se ainda tinha esses desenhos . Disse-lhe que guardei alguns. Ele diz:

– Que ótimo!!! Cada desenho desses vale hoje mais de R$ 1.500,00.

Essa conversa também tem muito tempo e os desenhos devemn valer bem mais do que isso. Agora, uma confissão: uns poucos eu até enquadrei; os outros, várias mudanças depois (e três mudanças equivalem a uma guerra) desapareceram

Chega de Metáforas, por Amor e Respeito a Machado de Assis

Li, provavelmente no livro A Ilha, de Fernando Morais, sobre Cuba,  que os jovens de lá, nas décadas de 70/80,  não usavam barba.  Provavelmente para não parecer que queriam imitar Fidel e até por respeito a ele.

Proponho que do dia 1º de janeiro próximo até 1° de janeiro de 2021  ninguém mais use metáforas e nem mesmo exagere nas  comparações.  Dez  anos para desintoxicar passam rápido; corpo e mente agradecem.

Para o presidente Lula, podemos dizer que nunca jamais nesse país nascerá alguém com sua genialidade  para criar  metáforas/comparações; e por isso pessoa alguma  tem coragem de navegar por esses mares metaforísticos, como diria Odorico Paraguaçú.

Mas, cá entre nós, a verdade é que  ninguém agüenta mais…

Ontem, no rádio, a resepeito da qualidade dos futuros ministros, lascou:

– É lógico que todo técnico quer escalar 11 Pelés ou 11 Messis. 

Reitero – façamos o pacto: Cidadão comum só pode usar metáforas em 2021.  Até lá, apenas  o presidente Lula tá liberado, mesmo porque talvez ele morresse  se lhe fosse imposta tal restrição.

Machado de Assis, lá do céu, vai agradecer o descanso   das metáforas.  Quando o presidente  Lula, já na qualidade de mero mortal,  for dar entrevista ,  o escritor pode muito bem mudar a estação ou desligar o Rádio/TV.

Orestes Quércia

O Trabalho na Assessoria de Imprensa da Campanha Montoro Governador e também  no Palácio dos Bandeirantes me proporcionou algumas passagens com Orestes Quércia; todas elas,  agradáveis.

Certamente o sucesso que ele alcançou se devesse à sua natural simpatia e o prazer verdadeiro  que tinha em se relacionar com todos; muito diferente de diversos políticos que  são solícitos  apenas diante das câmeras, para quem sempre estão sorrindo.  Sorrindo  e nem olhando para o interlocutor. 

Bater papo era com ele mesmo.  Uma vez, ele, meu chefe Quartim de Moraes, e eu fomos para Presidente Prudente no avião do governo por conta de enchentes na região.  Ele foi conversando daqui até o avião aterrizar.  Uma de suas histórias:

– Na primeira vez que me candidatei, ao ler minha ficha, o funcionário do Cartório Eleitoral exclamou: Orestes Quércia, com esse nome você não vai longe, não!!!

Em um  aniversário do Quartim, ele, Vice-Governador,  chegou muito antes de mim e saiu muito depois.  Conversou o tempo todo com todo mundo.  E com prazer, não como alguém que tá de olho no votinho de cada um.

No dia 6 de junho de 1983, ao nos encontrarmos  no Shopping Iguatemi,  onde tinha ido para comprar um álbum do bebê para meu sobrinho que acabara de nascer, conto-lhe a novidade.  Ele deseja sucesso e felicidades. Quando chego na maternidade digo  para os pais e brinco para dar o nome de Orestes que eu garantia o resto.   Meu sobrinho se chama Felipe e os votos de Quércia deram resultado, ele está indo muito bem ao longo de todo esse tempo.  Ontem jantamos juntos, comemorando o Natal antecipado.

Há muitos anos, marquei encontro com meu pai em um restaurante no Itaim.  Milagrosamente cheguei antes dele.  Quércia e uns amigos estavam jantando.  Cumprimento todos e quando vou me afastar, ele me convida para sentar em sua mesa.  Digo que meu pai chegaria em seguida. Ele insiste e percebe-se que ele convite era mesmo para valer, que minha presença seria agradável para ele.  Argumenta:

– Enquanto seu pai não chega, faço questão que você tome  um uísque comigo!!!

O céu deve estar mais gentil e simpático  a partir de hoje!!!

Terrorismo Anti-Dilma e Reminiscências da Primeira Eleição Direta

Hoje é aniversário da Ana Aragão. 

Ela é uma visionária.

Na primeira eleição direta para governador de São Paulo, pós golpe militar, em 1982,  trabalhei na Assessoria de Imprensa do senador Franco Montoro  que concorria ao cargo,  e  acabou se elegendo.

A TV Globo  colocou nos comitês  de campanha  dos principais candidatos jornalistas de plantão.  Ana ficou no escritório do Montoro e tornou-se minha amiga.

Alguns anos mais tarde, foi a primeira pessoa a me apontar o nascimento de uma praga:  o gerundismo.  Ela me falou mais ou menos assim:

– Você já reparou que muita gente não diz mais eu vou telefonar para você amanhã, mas sim eu vou estar telefonando para você amanhã???

Não, não havia reparado.  Eu era feliz e não sabia.

Mais um aspecto visionário dela.  Outros anos mais tarde, no começo da massificação da Internet,  em tom sério e mostrando que a coisa era para valer, me diz (já contei isso aqui).

– Paulo, você é a quinta pessoa para quem vou dar meu email.  Se você quiser escrever para  dizer que me ama, vou adorar; se quiser escrever para me xingar por alguma razão, também pode.  Agora, se me repassar emails públicos com piadinhas, conselhos edificantes e outras besteiras, eu vou brigar com você.

Verdadeiramente uma visionária.

Como se não bastassem piadinhas, e emails edificantes, vésperas de eleições, a direita babona bombardeia sua caixa de entrada com todo tipo de lixo anti-Dilma/Anti-PT que consegue obter.  Recebi até email absurdo  falso, assinado com nome de um dos maiores e mais sérios jornalistas do país, ganhador de prêmios Esso, com o terrorismo mais baixo que se pode imaginar.

Colo trechos do infeliz e falso manifesto
Elite privilegiada (é o título)

Muitos se dizem aviltados com a corrupção e a baixeza de nossos políticos. Eu  não, eles são apenas o espelho do povo brasileiro: um povo preguiçoso, malandro, e que idolatra os safados. É o povo brasileiro que me avilta!

Com muitas exceções, os brasileiros se dividem em 2 grupos :

1) Os que roubam e se beneficiam do dinheiro público, e 2) Os que só estão esperando uma oportunidade de entrar para o grupo 1.

E por aí vai para terminar magistralmente no melhor estilo do movimento Cansei (lembram-se???)

 Sugiro que vocês comecem a defender sua ideologia e seu estilo de vida, senão, logo logo, teremos nosso patrimônio confiscado pela ‘Ditadura do Proletariado’

Estou de luto! O meu país morreu!

– EU DESISTI DO BRASIL!!!

(Quem quiser receber o documento com falsa assinatura  basta me mandar um email: paulomayr@uol.com.br – como já disse, sou um “ingrato”.  Tão bem recebido e bem tratado  aqui no IG e continuo usando email antigo)

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Para divertir um pouco e continuar com as ótimas  reminiscências da Campanha Montoro Governador. 

Naquela época havia uma série de  anúncios na televisão muito boa do cheque especial Banespa.  A idéia era mais ou menos a seguinte.  Aparecia uma pessoa muito grossa fazendo barbaridades.  Um outro personagem se aproximava e perguntava.

– Você não tem cheque especial Banespa, tem?

O Búfalo respondia:

– Não!!!

O primeiro, irônico, fulminava.

– Eu já sabia!!!

Pois bem, naquele grupo da campanha Montoro trabalhava uma mulher que era o supra sumo da grosseria, da barbárie.  Não preciso dizer que não nos dávamos nem um pouco bem.

Um dia meu chefe, jornalista famoso,  estava bravo comigo por conta de fofocas dessa mulher.  Expliquei para ele o desnecessário: ela era uma grossa e tinha sei lá que tipo de sentimento de inferioridade  em relação a mim.

Meu chefe continua.

– É  mas você bem que podia maneirar.  Só o apelido que você deu para ela!!!

Ao nosso lado, outro jornalista da Campanha, também bastante famoso, atualmente comentarista da TV Globo, pergunta.

– Qual o apelido que o Paulinho deu para ela.

Meu chefe:

– Sílvia Cheque Especial!!

O outro quase caiu da cadeira de tanto rir.

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Feliz Aniversário, Ana Aragão, Beijo para Você!!!