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Orestes Quércia

O Trabalho na Assessoria de Imprensa da Campanha Montoro Governador e também  no Palácio dos Bandeirantes me proporcionou algumas passagens com Orestes Quércia; todas elas,  agradáveis.

Certamente o sucesso que ele alcançou se devesse à sua natural simpatia e o prazer verdadeiro  que tinha em se relacionar com todos; muito diferente de diversos políticos que  são solícitos  apenas diante das câmeras, para quem sempre estão sorrindo.  Sorrindo  e nem olhando para o interlocutor. 

Bater papo era com ele mesmo.  Uma vez, ele, meu chefe Quartim de Moraes, e eu fomos para Presidente Prudente no avião do governo por conta de enchentes na região.  Ele foi conversando daqui até o avião aterrizar.  Uma de suas histórias:

– Na primeira vez que me candidatei, ao ler minha ficha, o funcionário do Cartório Eleitoral exclamou: Orestes Quércia, com esse nome você não vai longe, não!!!

Em um  aniversário do Quartim, ele, Vice-Governador,  chegou muito antes de mim e saiu muito depois.  Conversou o tempo todo com todo mundo.  E com prazer, não como alguém que tá de olho no votinho de cada um.

No dia 6 de junho de 1983, ao nos encontrarmos  no Shopping Iguatemi,  onde tinha ido para comprar um álbum do bebê para meu sobrinho que acabara de nascer, conto-lhe a novidade.  Ele deseja sucesso e felicidades. Quando chego na maternidade digo  para os pais e brinco para dar o nome de Orestes que eu garantia o resto.   Meu sobrinho se chama Felipe e os votos de Quércia deram resultado, ele está indo muito bem ao longo de todo esse tempo.  Ontem jantamos juntos, comemorando o Natal antecipado.

Há muitos anos, marquei encontro com meu pai em um restaurante no Itaim.  Milagrosamente cheguei antes dele.  Quércia e uns amigos estavam jantando.  Cumprimento todos e quando vou me afastar, ele me convida para sentar em sua mesa.  Digo que meu pai chegaria em seguida. Ele insiste e percebe-se que ele convite era mesmo para valer, que minha presença seria agradável para ele.  Argumenta:

– Enquanto seu pai não chega, faço questão que você tome  um uísque comigo!!!

O céu deve estar mais gentil e simpático  a partir de hoje!!!

Terrorismo Anti-Dilma e Reminiscências da Primeira Eleição Direta

Hoje é aniversário da Ana Aragão. 

Ela é uma visionária.

Na primeira eleição direta para governador de São Paulo, pós golpe militar, em 1982,  trabalhei na Assessoria de Imprensa do senador Franco Montoro  que concorria ao cargo,  e  acabou se elegendo.

A TV Globo  colocou nos comitês  de campanha  dos principais candidatos jornalistas de plantão.  Ana ficou no escritório do Montoro e tornou-se minha amiga.

Alguns anos mais tarde, foi a primeira pessoa a me apontar o nascimento de uma praga:  o gerundismo.  Ela me falou mais ou menos assim:

– Você já reparou que muita gente não diz mais eu vou telefonar para você amanhã, mas sim eu vou estar telefonando para você amanhã???

Não, não havia reparado.  Eu era feliz e não sabia.

Mais um aspecto visionário dela.  Outros anos mais tarde, no começo da massificação da Internet,  em tom sério e mostrando que a coisa era para valer, me diz (já contei isso aqui).

– Paulo, você é a quinta pessoa para quem vou dar meu email.  Se você quiser escrever para  dizer que me ama, vou adorar; se quiser escrever para me xingar por alguma razão, também pode.  Agora, se me repassar emails públicos com piadinhas, conselhos edificantes e outras besteiras, eu vou brigar com você.

Verdadeiramente uma visionária.

Como se não bastassem piadinhas, e emails edificantes, vésperas de eleições, a direita babona bombardeia sua caixa de entrada com todo tipo de lixo anti-Dilma/Anti-PT que consegue obter.  Recebi até email absurdo  falso, assinado com nome de um dos maiores e mais sérios jornalistas do país, ganhador de prêmios Esso, com o terrorismo mais baixo que se pode imaginar.

Colo trechos do infeliz e falso manifesto
Elite privilegiada (é o título)

Muitos se dizem aviltados com a corrupção e a baixeza de nossos políticos. Eu  não, eles são apenas o espelho do povo brasileiro: um povo preguiçoso, malandro, e que idolatra os safados. É o povo brasileiro que me avilta!

Com muitas exceções, os brasileiros se dividem em 2 grupos :

1) Os que roubam e se beneficiam do dinheiro público, e 2) Os que só estão esperando uma oportunidade de entrar para o grupo 1.

E por aí vai para terminar magistralmente no melhor estilo do movimento Cansei (lembram-se???)

 Sugiro que vocês comecem a defender sua ideologia e seu estilo de vida, senão, logo logo, teremos nosso patrimônio confiscado pela ‘Ditadura do Proletariado’

Estou de luto! O meu país morreu!

– EU DESISTI DO BRASIL!!!

(Quem quiser receber o documento com falsa assinatura  basta me mandar um email: paulomayr@uol.com.br – como já disse, sou um “ingrato”.  Tão bem recebido e bem tratado  aqui no IG e continuo usando email antigo)

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Para divertir um pouco e continuar com as ótimas  reminiscências da Campanha Montoro Governador. 

Naquela época havia uma série de  anúncios na televisão muito boa do cheque especial Banespa.  A idéia era mais ou menos a seguinte.  Aparecia uma pessoa muito grossa fazendo barbaridades.  Um outro personagem se aproximava e perguntava.

– Você não tem cheque especial Banespa, tem?

O Búfalo respondia:

– Não!!!

O primeiro, irônico, fulminava.

– Eu já sabia!!!

Pois bem, naquele grupo da campanha Montoro trabalhava uma mulher que era o supra sumo da grosseria, da barbárie.  Não preciso dizer que não nos dávamos nem um pouco bem.

Um dia meu chefe, jornalista famoso,  estava bravo comigo por conta de fofocas dessa mulher.  Expliquei para ele o desnecessário: ela era uma grossa e tinha sei lá que tipo de sentimento de inferioridade  em relação a mim.

Meu chefe continua.

– É  mas você bem que podia maneirar.  Só o apelido que você deu para ela!!!

Ao nosso lado, outro jornalista da Campanha, também bastante famoso, atualmente comentarista da TV Globo, pergunta.

– Qual o apelido que o Paulinho deu para ela.

Meu chefe:

– Sílvia Cheque Especial!!

O outro quase caiu da cadeira de tanto rir.

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Feliz Aniversário, Ana Aragão, Beijo para Você!!!

Israel Dias Novaes, irônico e arrojado – Custasse o Que Custasse!!!

Inteligência, ironia e arrojo  eram características marcantes do político, jornalista, escritor – da Academia Paulista de Letras – , advogado Israel Dias Novaes, recém-falecido.  Estive com ele algumas vezes em 1981/82, quando trabalhei no Escritório de Campanha do Governador Franco Montoro.  Candidato a Deputado  na época, ele sempre dava uma passadinha por lá. Sua vivacidade, ironia e arrojo, de fato, encantavam todo mundo que o conhecia.  Ironia e, principalmente, arrojo que já haviam lhe custado caro, mas que ele jamais  abandonara.

Em 1944, durante a  Ditadura Vargas, Integralistas, também conhecidos com Galinhas Verdes, estavam promovendo festa no Teatro Municipal de São Paulo, em comemoração de data importante para o Partido.

Nessa época, todas as noites, intelectuais e advogados recém-saídos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco batiam ponto no Bar  Ruthl (certamente, escrevi errado), no Centro, onde tinham mesa cativa.  À essa mesa sentavam-se, entre outros,  Paulo Zingg, Febus Gikovate, Mario Pedrosa (sempre que estava em S. Paulo), Cláudio Abramo e Antonio Costa Correa.  Foi nesse bar, – quando estava havendo a comemoração no Municipal –  que Israel, casualmente, encontrou-se com Celso Galvão, Renato Amaral Sampaio Coelho e Hiram Mayr Cerqueira (meu pai).  Os quatro decidiram ir para a o Municipal com o objetivo de estragar a festa dos Integralistas.   Das galerias, puseram-se a gritar:

– Morte ao Integralismo!!!  Morte aos Galinhas Verdes!!!

Acabaram em cana.

Na delegacia, o delegado os recebeu em sua sala e havia clima de cordialidade.  

Israel diz para o delegado que precisava avisar o jornal  Correio Paulistano, do qual era  Secretário de Redação, que não poderia participar do fechamento naquela noite.

O delegado concorda desde que ele não contasse onde estava.

Quando o colega de jornal, do outro lado da linha, pergunta onde ele estava que não poderia ir trabalhar, Israel responde:

– Eu não posso dizer onde eu estou porque o delegado aqui ao lado não quer que eu diga.

Resultado óbvio: eles, que estavam detidos na sala do Delegado, foram todos para o Xadrez.

Ficaram algumas horas presos, até que Antônio Mendonça, líder político da UDN , foi á Delegacia para libertá-los.

Pelo pouco contato que tive com ele e pelas Histórias que me contam, Israel era assim mesmo. 

Com sua chegada, todos no Céu  vão precisar ficar mais espertos!!!