Arquivo da categoria: Crônicas

O Passar dos Anos – Para os Homens e Para as Mulheres

Amigo me mandou vídeo de 1973  de sensualíssima Gal Costa .

Respondi o email comentando que atualmente Gal e Betânia parecem mães de Gil e Caetano.

Escritor de humor, ele respondeu:

– Mães??? Parecem avós…

Talvez seja por isso que algum gaiato machista disse:

– O homem envelhece e a mulher apodrece!!!

Mulheres, xingamentos:  descubram quem fez a frase e mandem para ele.

Reclamações: encaminhar para mãe natureza!!!!

Em tempo:  ao escolher o tema e até mesmo ao começar a escrever, achei que ia ficar pior (mais acirrado/mais punk) do que ficou.  Como diz a garotada: até que mandei relativamente bem.

De qualquer forma, reitero:

Reclamações: encaminhar para mãe natureza!!!!

Quem quiser ver a Gal 73, Clique aqui

Adequações – O Talher de Peixe e o Ponto e Vírgula

Frase da minha amiga Alba Carvalho: Sou uma mulher que usa  ponto e vírgula*.

E eu, um sujeito que, mesmo sozinho em casa, usa os talheres de peixe para comer peixe.  Como eu digo1:  é o mesmo preço.  Como eu digo2: é nos detalhes que reside todo o charme.

O peixe fica mais gostoso e, no caso da Alba, os textos mais bem escritos.

Brilhante conferencista, conceituadíssimo professor da Unicamp, disse que talher de peixe é convenção boba, mera covenção.  Pode ser, mas acho indispensável; como também acho indispensável o ponto e vírgula ainda que eu viesse a saber que Machado de Assis era contra o seu uso.

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*Mais sobre o Ponto e vírgula (Aurélio Eletrônico):

Ponto e Vírgula (de acordo com a nova ortografia –  antes, era assim ponto-e-vírgula): Substantivo masculino. 1.Sinal de pontuação (;) que indica uma pausa mais forte que a da vírgula e menos que a do ponto final. [Pl.: ponto e vírgulas e pontos e vírgulas. Parece-nos preferível a 1a f. de pl., preconizada por Nélson Vaz.

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Daqui pra frente, junte-se a mim e  à  Alba: ponto e vírgula nos textos e talher de peixe para comer peixe.

Tempos Modernos

Casal, dois amigos, duas amigas vai/vão a bar, restaurante, padaria.

Um senta-se à frente do outro.

Um não conversa com o outro.

Um não olha para o outro.

Um olha através do outro (talvez falando ao celular).

Olha para a televisão que existe à sua frente – (à frente do outro, naturalmente, há outra televisão).

O mundo virou isso!!!

Deus e o Destino sabiam o que estavam fazendo ao levarem (muito cedo) meu querido irmão Beto,  antes que essa barbárie se instalasse!!!

Vasqs Lança Suas Ostras Ao Vento no Sopa de Letrinhas

Sopa de Letrinhas, tradicional sarau do Clube Caiubi, que  está às vésperas de comemorar o décimo aniversário, é programa imperdível toda última sexta-feira do mês.  O próximo, no dia 30, quando o Poeta Homenageado será  o bam-bam-bam das micro-crônicas e chargista Fernando Vasqs, é imperdível ao quadrado( leia no final o que José Simão da Folha de S. Paulo  escreve sobre o  Vasqs)

Vasqs vai lançar seu livro OSTRAS AO VENTO, HUMOR DISPOSTO A NADA. Amostra Grátis do refinado texto do Vasqs(com rima e tudo) clique aqui e veja seu blog

E o Sopa tem mais:  Pocket Show de Abertura com Pedro Sampaio e apresentação de Stand-up comedy com Marcial Cortêz.  A partir da meia-noite, é servida, por conta da casa,  uma Sopa de Letrinhas mesmo, na acepção do termo. E o mais importante, o tempero do Sopa de Letrinhas  fica por conta do Vlado Lima,  o chef da irreverência!!!

Data e Hora: Sexta-feira, 30 de Setembro, 21 hs. Rua Clelia, 2023 – Lapa – Vila Romana – Telefone: 23864915

Quem quiser saber um pouco mais sobre o Sopa, pode  ler texto antigo meu, Clique Aqui – Sopa de Letrinhas, Agito Tropicalista Imperdível

Como você vai ver, todo mundo está convidado  a  ler textos próprios e/ou do Poeta Homenageado.  As melhores leituras, escolhidas pelo público  por aclamação,  ganham prêmios. Lembre-se, o endereço que vale é o da Rua Clélia deste texto e não do texto no link.

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Leia o que o José Simão- Colunista da Folha de São Paulo – escreveu sobre Vasqs:

“Eu sempre tive grande admiração por chargistas.  Nas minhas colunas da Folha de São Paulo sempre cito chargistas, especialmente o Vasqs. Eu queria ser chargista mas como não sei desenhar, faço charges escritas.  Apelei para a Escrita! E o que eu sempre admirei nos chargistas: com quatro ou cinco riscos eles conseguem motrar a realidade brasileira! Com grande crítica social.  Uma charge vale mais que muitas teses acadêmicas! Reparou que nos blos dos  colunistas políticos, como Noblat e Josias de Souza, eles sempre colocam hcarges?  É a força da charge! Pra mudar, melhorar e amar mais o Brasil!  E agora o Vasqs nos brinda com frases hilárias e filosóficas.  Frases que são verdadeiras charges.  Frases-charges!”

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Para terminar,  piadinha e texto típico do Vasqs, ambos sobre o mesmo tema.  Como a crônica do Vasqs é bem melhor que a piada, fica para fechar.

Piada:

Sujeito teve os dedos decepados em acidente.  O reimplante foi feito no INPS e trocaram as posições dos dedos.  O médico afirma que precisa repetir a operação.  O sujeito protesta:

– Aqui OH!!!  E faz o sinal característico, mas juntando o polegar ao anular e não ao dedo indicador.

Já o texto do Vasqs não requer qualquer esclarecimento ( nessa piada, o gesto é fundamental, mas fazer o que???)

TALK SHOW

– Então o senhor é eunuco?

– Bom, era pra ser só uma vasectomia, mas sabe como anda a saúde pública por aí.

O Anjo para nos Ressarcir do Tempo Perdido no Trânsito Precisa Mesmo Existir

Paulistano perde um mês por ano parado no trânsito, de acordo com pesquisa divulgada hoje. Ele “ fica em média 2h49m parado no trânsito por dia – em 2010 eram 2h42m. Mais: do total de 805 pessoas entrevistadas entre os dias 17 e 22 de agosto, 19% afirmou passar mais de 4 horas diárias em congestionamentos.” O Estudo foi feito pelo Ibope para a Rede Nossa São Paulo.

Frase minha sobre o assunto, percebo agora, é muito melhor do que eu pensava.   Primeiro a frase, depois a descoberta.

“No Instante Final, um anjo deveria vir nos avisar de que seríamos ressarcidos de todo o tempo perdido no trânsito”.

A frase é melhor do que eu pensava porque o número é astronômico.  A partir dos cinco anos, já começa a luta – escola, aulas particulares e inúmeras atividades.  As pessoas têm vivido muito.  85 anos de vida média é um bom número.

Às contas, pois: 80 anos de trânsito correspondem a  80 meses de imobilidade cercado por todos os lados de ferro, aço e poluição.  80 meses são exatamente seis anos e meio.

Agora, imagine, a situação que aconteceria nesse mais do  que  justo sonho.

Você está dando seu derradeiro suspiro.  Um anjo aparece e diz que você vai ter um bônus de mais seis anos e meio por aqui.   Melhor do que isso, só se ele ainda acrescentasse que nunca mais você enfrentaria um mísero congestionamento sequer.

No caso de o anjo não existir ou não aparecer para você,  vá arranjando coisas interessantes para passar o tempo no carro.  Ouvir uma boa rádio de notícias é uma delas.  Música, outra boa opção e, parece, que há até cds para ensinar idiomas no carro.  Seis anos e meio escutando uma língua é tempo mais do que suficiente para você aprender uma nova língua, o que ampliará suas possibilidades de bate-papos quando for para o andar de cima ou, até mesmo, para o debaixo.

Rico Vocabulário 2!!!

Até há pouco tempo, que saudades, quando se descobria alguma coisa nova, dizia-se que tinha se dado conta de alguma coisa, percebido tal coisa; os mais sofisticados falavam que realizaram tal coisa.

Hoje, reduziu-se tudo isso para  CAIU A FICHA.

Como diz o simpático e preparado/culto apresentador de TV  Ronnie Von:

– Socorro!!!

E o Rolar, então,  que deve ter tomado o emprego de uns 950 verbos???!!!

Com cair a ficha,  rolar e mais um quarto de dúzia de expressões babacas, os pobres de vocabulário vão construindo seus sofisticados diálogos.  Dentro desses bate-papos, como se diz, por favor, mantenham-me fora!!!

Quem quiser mais do mesmo, pode ler  aqui outro texto .  Clique

Como disse, é mais do mesmo, mas diverte.  Quer dizer,  minha ambiciosa pretensão é divertir os que não usam e fazer chorar os que usam.  E a ambição ao quadrado seria  que aqueles que usam se dessem conta e parassem de usar.  Aí é sonhar demais…!!!

Considerações Sobre uma Noite de Não Inverno e de Pequenos Infernos!!!

Quinze de Julho.  Pleno inverno.  Saio à noite de manga curta.  Levo malha de linha.  Mas não preciso usar.   É só o mais mínimo absurdo de uma série que encarei.

Embaixo do minhocão,  para fazer batida, Polícia  fecha duas faixas de trânsito.  Congestionamento monstro.  Consigo escapar.  Ao passar a pé pelo bloqueio, poucos metros à frente,  vejo um carro Dodge Dart lindo, da década de 70.  Lindo mas com escapamento aberto.  Estava estacionado, acelerando, fazendo barulho ensurdecedor  e a Polícia nem aí!!!

A pé, chego ao bar/teatro na Pça Roosvelt  onde estava se realizando um sarau, para o qual recebera convite através de email.  Até onde eu sabia, iluminação era ítem fundamental para teatro.  Pois bem, ali só havia as famigeradas lâmpadas do apagão.  Não é frescura, não.  Eu não consigo ficar sob essas lâmpadas.  Aliás, não sei como alguém consegue.  Enfrentei bloqueio policial, congestionamento, andei vários quarteirões  a pé para chegar.  Chegar, e sair cinco minutos depois.

Na volta, sou brindado com um monumento ao mau gosto.  Na rua Araújo, um hotel, com nome em Inglês, naturalmente.  Trata-se de um prédio antigo, para não dizer velho.   Não sei se para esconder a velhice do prédio,  ou por julgar elemento arquitetônico  sofisticado, foram erguidos uns arcos na fachada.  Chega a ser engraçado. Se passar pela Rua Araújo, não perca a oportunidade de ver.

No rádio do carro, a única salvação da Noite: entrevista com Carlinhos Vergueiro na CBN.  Entre outras coisas, falou do Festival de MPB Abertura de 1975, da Globo,  que ele venceu com a belíssima, porém conservadora música, Como Um Ladrão.  Eu estava na Platéia.  Não posso dizer que concordei plenamente nem que discordei plenamente da escolha do Juri.  Letra belíssima, com música conservadora, se é que  existe música conservadora!!!

Ouça a música. Clique aqui Paulinho da Viola canta com o autor Carlinhos Vergueiro. Repetindo,  Belíssima Música!!!

Contar Piada

Todo mundo gosta de contar piada.  Pouca gente sabe contar piada.

Adoro criança; bebês com pouquíssimos meses nos carrinhos me seguem com os olhos o quanto podem, quase torcem o pescoço;  aliás,   adoro gente. Não gosto de bicho, bicho doméstico, principalmente cachorro.   Elefante, leão, girafa, avestruz, absolutamente me incomodam.  Já o cachorro e dono com aquelas coleiras elásticas que ocupam a calçada inteira… Sem comentários.

Voltando, adoro crianças, mas criança contando piada…   Elas esquecem,  recomeçam e quando terminam não mencionam o principal.

Muitos adultos também transformam piada em sofrimento;  quando terminam,  o outro  ri. Ri de alívio!!!  Os caras botam  a piada na forma indireta e  é um tal de :

– Aí ele disse; então o outro falou;  daí, ele disse de novo.

Não há quem aguente.

Conheço mais de mil piadas.  E sei contar.  Mas conto uma; no máximo duas por período e, sempre, com relação aos assuntos que estão em baila.

A piada tem que ser objetiva, direta e, principalment, curta.

Comece treinando com essa aqui.

O assunto é política ou corrupção.  Pergunte:

– Sabe qual é o prato predileto  do …..???  (aí você preenche com o político que você considera o mais corrupto;   eu escutei  e conto com o nome do maior corrupto que já houve na nossa política, quiçá no mundo, mas não vou dizer aqui).

O seu amigo vai falar que não.  Responda seco:

– Ro(u)bá-lo com furtos do mar.

É isso!!!  Sem o menor floreio.

E sem esquecer detalhes. Uma vez contei piada para um parente e ele morreu de rir.   A mulher dele ficou enlouquecida:

– Eu contei essa piada para você ontem e você não achou a mínima graça.

Lá vai a piada que eu contei.

Sujeito diz ao médico:

-Doutor, eu acho que estou com amnésia.

O médico não escuta e pergunta:

– O que?

O sujeito:

– O que o que???

Segundo meu parente, a mulher contou para ele.

O sujeito foi ao médico e disse que estava com amnésia e o médico perguntou:

– O que???

Meu parente jura que a mulher parou aí.

Por essas e  outras, uma frase minha e um verso do Grande Sambista do Caiubi,  Nando Távora.  Primeiro a minha frase e o verso do Nando para fechar com chave de ouro e de forma definitiva o assunto.

“Fazer samba não é contar piada” e contar piada não é fazer romance!!!

Verso do Nando:

“Piaba na ponta da linha é uma alegria só.  Piada mal contada é coisa de dar dó”.

Nando mata a pau o assunto.

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Essa música do Nando, especificamente, não encontrei no Youtube, mas veja/ouça outras músicas de Nando .  Ele presta algumas homenagens ao Grande Adoniran, como Barraco Apertadinho.  O cara é ótimo. É uma música melhor do que a outra.  Aliás, mais uma piadinha, para ser contada assim, rápido.

– Qual é o número que representa os Gays???

O cara vai dizer: 24.

Você responde:

– Não.  É o onze: um atrás do outro.

Itamar e Luiz Milanesi, Homens Públicos com H e P Maiúsculos!!!

O competente Clóvis Rossi, de Atenas,  em sua coluna de hoje da Página 2 na Folha de S. Paulo,  presta justa homenagem a Itamar Franco e mostra que, de certa forma, devemos a estabilidade da Moeda a ele. No mesmo artigo,  ressalta a discrição e elegância do nosso ex-presidente, que ele, Rossi, chamou de Respeito de Itamar pelo cargo que ocupou no Planalto. Conta um episódio.

“Durante uma cúpula qualquer,  em Santiago, no Chile, ele não quis participar do almoço tradicional. (…) Itamar, de fato, queria ir para um shopping centar, mas não queria que o seguíssemos, porque achava que não ficava bem um presidente ser visto – e, acima de tudo, fotografado – em um local comercial, como um turista qualquer.”

Conclui Rossi, “coisinha banal, eu sei, mas ilustrativa de uma  personalidade singela, presidente por acaso.”

Luíz Milanesi, Diretor da Escola  de Comunicações e Artes da USP (ECA), onde me formei, tinha postura muito semelhante. De origem simples e, extremamente correto,  Luis, vindo do interior,  também se formou na ECA e morou no Crusp, alojamento de Estudantes do Campus. Foi meu professor de Biblioteconomia e atualmente, ou até recentemente, era Diretor da ECA.  O automóvel com motorista que a Universidade coloca à sua disposição, não vai buscá-lo e nem levá-lo de volta para casa diariamente.  Ele chega à Cidade Universitária com seu carro particular e estaciona no Estacionamento Coletivo.  Quando tem compromisso fora do Campus, aí sim, ele faz uso do carro oficial.

Não se fazem mais homens públicos com essas virtudes.

Descanse em paz, Preditente Itamar!!!

Luíz, continue sendo exemplo de Homem Público  (com H e P maiúsculos)!!!

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Ainda na página 2 da Folha, agora para relaxar.  A charge de hoje (não consigo identifcar a assinatura) tem o título Hackers. Dois sujeitos, em um ambiente sombrio:  Um deles diz:

– Eu tenho os emails do Lula! Quer comprar?

O outro pergunta:

– O que dizem?

O primeiro:

– Não sei. Estão em Metáforas.

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Quem quiser ler o artigo do Clóvis Rossi

“Escondidinho Way of Life”, A Tendência Que Veio Para Ficar!!!

Atualmente todo mundo faz mais de cinco coisas ao mesmo tempo; eu sou exceção, faço só uma.   Mesmo assim, ao discar um número de telefone às vezes  eu me distraio e não tenho  certeza absoluta de  que liguei para o número certo.   E o que acontece??? Atende uma secretária/caixa postal, sei lá que nome tem.  Até aí, ótimo.  Mas quem está dizendo a mensagem são aquelas mulheres que emprestam a voz para auto-falantes de aeroportos e shoppings centers.  Pois é, eu deixo o recado, mas nunca tenho  a certeza de que liguei para o telefone certo.

Eu não agüento mais essa cultura – ou essas pessoas – adeptas ao “Escondidinho Way of Life”.  Como o próprio  nome – que eu inventei –  diz, são pessoas que se escondem o tempo todo, atrás do insulfilm no carro, dentro de condomínios de casas,atrás de muralhas com guaritas, que dispõe de  ínfimas janelinhas de vidros blindados, obviamente também com  insulfim.

A doideira é tanta que elas   se recusam a deixar uma saudação na secretária eletrônica/caixa postal para o amigo (ou seja lá quem for) que se deu ao trabalho de telefonar.

Eu tenho um parente que, desconfio, foi o precursor dessa neurose.  Há alguns anos, a coisa não estava tão obsessiva como hoje e ele já usava todas essas artimanhas para se esconder; eu me referia  a ele como o escondidinho no escurinho. Sol radiante no mundo.  Ele se trancava em uma sala, fechava as cortinas grossíssimas e acendinha um abatjourzinho com uma lampadinha de umas 20 velas, se tanto.  Quem sabe ele não registrou esse “escondinho Way of Life” e hoje vive só de royalties do estilo que lançou. Espero que sim, pois a coisa se alastrou de forma incontrolável.  Se tiver registrado, está milionário.