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Casualidades Malucas e Surpreendentes

Duas e meia da tarde de hoje, shopping da Zona Sul da Capital.  Supõe-se  que ninguém estivesse bêbado.

No banheiro masculino, entra uma mulher.  Dá de cara comigo.  Não teve dúvidas. Tirou a caixa de pó de arroz, arrumou os longos cabelos.  Não creio que fosse travesti. Ela viu a mim e outro sujeito, ambos, tampouco, sem qualquer traço de travesti.  Sem pressa, continuou arrumando o cabelo e retocando a maquiagem.

Ela sai, comento qualquer coisa  com o outro que estava lá.  O cara era mudo.

Depois disso, Espaguete ao Sugo no Spoleto do mesmo Shopping.  Molho tava bom/saboroso; massa no ponto perfeito de cozimento.  E o charme dos charmes.  No saquinho, além do garfo, uma colher.

Quanta casualidade estranha  em tão pouco espaço de tempo e espaço físico!!!

Para mim, comer talharini, “fetutine”, espaguete sem colher, além de inconcebível, é impossível.  Há quem ache deselegante usar colher.  Deselegante é sair da mesa  com a camisa  salpicada de molho, isso sim!!!

As Pessoas Se Chateiam em Dobro e Impõem Aborrecimento Extra A Quem Está por Perto

Grosso modo, metalinguagem é filme que conta a história de outro filme;  romance que narra a produção de outro romance e por aí vai.

E as pessoas, em geral, bobeou/bobearam, entram todos no que eu chamo de metachatice/metaaborrrecimento.

No trânsito engarrafado, por exemplo,  disparam a reclamar das cidades grandes.  Em filas,  não param de amaldiçoar   tudo: da presidente ao síndico do prédio.

Não satisfeitos  em estarem sendo submetidos a um determinado martírio, fazem questão de ficar tratando de outros assuntos estressantes e se chateiam em dobro.

Boa coisa é ter sempre um livro à mão.  Entrou na fila, abre o livro.  Primeira tentativa de conversa, seja direto:

– Sou um pouco surdo, esqueci-me  de colocar o aparelho; da próxima vez a gente conversa.

Caso a tagarelação esteja em muito alto e bom som, seria o caso de, na maior cara de pau, colocar um algodão no ouvido. Bem, mas aí pode causar encrenca, principalmente se você disser algo do gênero:

– Curioso, de uma hora para outra, passei a escutar e descobri que não me interessam nem um pouco esses lamentos intermináveis sobre os quais vocês resolveram debater bem agora, destruindo a minha tentativa  de  atenuar a chatice de esperar para ser atendido.  Boas tardes a todos!!!

Ah, se o Natal fosse em Dezembro…

Não seria muiiiito mais lindo  se os enfeites de Natal tivessem começando a ser instalados essa semana e o ritual terminasse na próxima segunda ou terça-feira???

Natal que começou em outubro, quando chega Dezembro, já saturou/embotou todos os nosso sentidos.

Uma judiação o que os comerciantes fazem.  Certamente  um pecado mesmo, na acepção do termo.

Só por esse absurdo, já acho que os comerciantes merecem mesmo a piadinha que tantas vezes já repeti aqui.

Lá vai.  Ria muito e vingue-se deles!!!

O presidente da Associação Comercial encomendou para um escultor temperamental uma grande obra que representasse o comércio. O artista aceitou desde que ninguém visse o trabalho antes que estivesse concluído.

No dia da inauguração, toda a cidade reunida, prefeito, governador, rádio, tvs… Quando se retira a imensa lona que cobria a escultura, espanto total.

– Oh!!! – exclamou a platéia.

A escultura era uma imensa fila de homens nus, um atrás do outro, o de trás se encaixando no da frente, se me entendem…

O presidente da Associação Comercial foi tomar satisfação com o artista que explicou.

– O senhor não queria um trabalho que retratasse o comércio??? O comércio é isso, um querendo estrepar o outro!!!

O presidente indignado disse que aquilo era um absurdo e garantiu que ele mesmo era sujeito muito honesto.

O artista explicou.

-Exatamente, o senhor, o senhor é o primeiro da Fila.

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Um primeiro da fila sem muita dor para todos os comerciantes, são os meus votos por banalizarem o Natal dessa maneira absurda!!!

Protesto contra São Pedro

Adoro Inverno.  Mas do que eu gosto mesmo é de estações definidas.  Inverno que termina no primeiro dia da primavera e assim por diante.

Pois bem, só ontem, passei as roupas de inverno para as prateleiras mais altas do armário e as do verão para baixo.

Falta do que escrever???

Não, não é.  Apenas um protesto.  Como dizem na rua, eu podia estar matando, eu podia estar roubando, mas estou apenas pedindo.  E eu poderia estar promovendo manifestações climáticas na Paulista, mas  estou apenas escrevendo.  Brincadeira, não vai aí crítica ou elogio às manifestações de rua, de maneira geral.

Fica, sim, meu protesto dirigido a São Pedro e à Moça do Tempo!!!

Omelete – Acompanhamento, Celular

Em famosa padaria de Cerqueira César, São Paulo,  bela e generosa omelete feita em “omeleteira” antiga (daquelas que fechavam, para que se pudesse levar ao fogo os dois lados), porém redonda.

A garçonete leva até a freguesa, ou cliente, se preferirem.  Pois não é que a mulher continuou falando ao celular durante todo o tempo em que comia.

O mundo virou isso!!!

Mas o pior sempre existe, já que a mulher poderia ter um outro smartphone (esperto??) e, enquanto falava e comia, podia jogar uns videogames!!!

Quiser ler sobre a obsessão por celular, clique

Quiser ler sobre omelete, de quebra com excelente receita, clique

Chuva Cacete??? Bota Cacete Nisso!!!

Logo mais, às nove,  apresentação de amiga minha que faz teatro amador, a uns quatro/cinco  quilômetros de casa.  Meu plano era ir a pé.  Com essa chuvinha, vou ser obrigado  pegar o  carro e escrever um pouco mais.

Aproveito e repito , mais uma vez, piada curta, como devem ser todas as piadas, e  oportuna para dias assim.

Chuvinha fina e insistente , senhor formal, de terno, colete,  chapéu e guarda-chuva, queixa-se para mulher na rua:

– Chuva cacete!!! (em tempo, cacete é como os velhos falam quando querem dizer chato) – Voltando, o senhor fala:

– Chuva cacete, hein!!!

A mulher:

– Chupo, sim senhor!!!

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Passei o dia praticamente  inteiro  no carro e não devo ter percorrido nem  15 quilômetros.  Pelo jeito, S. Pedro quer fazer barba e cabelo.  Já me tuchou horas a fio durante o dia no carro e não vai poupar meu começo de noite.  Se ele e o trânsito continuarem  de mau humor, são  capazes até de me fazerem  perder o espetáculo, que começa só daqui a uma hora e vinte minutos.

INFERNO!!!

Ordinarice e Imbecilidade Sem Limites

Teoria de domínio público diz que a natureza limitou a inteligência, mas não  a burrice.

Descobri há bastante tempo que, da mesma forma, existe limite para a educação/refinamento,  mas não para a barbárie.  Você pode imaginar pessoas educadas como os membros da realeza europeia.  Acima disso, é impossível.  A falta de educação, entretanto, é um poço sem fundo.

Na verdade,  em relação a praticamente tudo, o limite só há para qualidades positivas; para os defeitos, as “invirtudes”, não.

Conheço duas pessoas que provam essa teoria.

Uma delas é sujeito absolutamente idiota, em todos os aspectos; cada vez que o vejo, ele consegue se superar na idiotice que eu julgara ter alcançado o nível máximo.  E tenho certeza de que  conseguirá se suplantar sempre, até o fim de seus dias.

A outra, uma mulher.  A  cada nova atitude, novas palavras, novas posturas, a ordinarice (substantivo que deveria existir para designar a qualidade de ser ordinário) só faz se expandir para o infinito.

Para esses dois, não há limite de espécie alguma, nem para baixo, nem para os lados; coisa verdadeiramente impressionante.  Quem os conhece, talvez não tenha feito todas essas elucubrações,  mas, tenho certeza de que concorda comigo.

Como não sou obrigado a conviver com eles, sem problemas.  Azar dos parentes próximos e subordinados; já que não creio que esses tipos tenham amigos.   A não ser que o mau gosto de alguns,  ainda que muito poucos,  também seja incomensurável.  O mundo, com mais de sete bilhões de pessoas, a imensa maioria decente, e escolher esses tipos como amigos…

Palavras Lindas

Esquina da Itapicuru com Monte Alegre, Perdizes, São Paulo.

Na delicada placa com fundo rosa, letras brancas e sem frescura, o nome do estabelecimento:

OFICINA DAS MÃOS – ESMALTERIA

Não é lindo???

Esmalteria no meu Aurélio Eletrônico não existe.

Já no Google,  encontrei empresa, com slogan e tudo:

ESMALTERIA NACIONAL – Escolhida a Dedo.

Tudo muito precioso, poético e até divertido.  E se esmalteria não existiu até agora (aliás, a área de trabalho aqui do Boca também rejeita o termo), deveria passar a existir.  Guimarães Rosa e todos os que sabem lidar com o idioma podem inventar o que quiserem.

Esmalteria, seja bem-vinda ao Mundo das Palavras, aliás, ao mundo das palavras lindas!!!

Tantas palavras, tantas possibilidades de ser criativo  e os  acometidos pelo Complexo de Vira-Lata não conseguem escrever/falar sem usar  terminhos babacas em inglês.  Quiser ler sobre o Complexo de Vira-Lata, clique aqui. 

Vale a pena saber mais para escapar dele e fugir do bando que já se submeteu há muito.

Malandros e Ordinários

Fabuloso Jorge Benjor, com precisão, definiu na Música Caramba:

– Se malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem.

Concordo plenamente com meu ídolo, ser honesto é a melhor coisa que existe.  E mais, acho que o verdadeiro malandro, aquele sobre o qual Chico Buarque também já falou, pode muito bem chegar a essa conclusão, até mesmo para sobreviver.

Agora, nego/nega (porque existem mulheres também) ordinário(a) não tem jeito.  Neles/Nelas, tudo é ordinário desde  a qualidade  do raciocínio até a  conduta.  O levar vantagem do Gérson, era tênue, muito tênue, perto de um ordinário(a).  Acho que o ordinário é mais ou menos como o escorpião  da fábula de Esopo.

O escorpião pede para a rã levá-lo a outra margem do rio.  A rã disse que levaria, mas que ele não poderia  picar, pois os dois morreriam.  No meio da travessia, o escorpião crava o ferrão na rã.  A rã diz que ambos vão morrer e não entende a atitude do outro.  O escorpião:

– É a minha natureza!!!

Pois bem, a ordinarice é a natureza de muitas pessoas e eles são ordinários 24 horas por dia, desde muito jovens até a morte.  Azar delas e de quem é obrigado a conviver com elas.