Grosso modo, metalinguagem é filme que conta a história de outro filme; romance que narra a produção de outro romance e por aí vai.
E as pessoas, em geral, bobeou/bobearam, entram todos no que eu chamo de metachatice/metaaborrrecimento.
No trânsito engarrafado, por exemplo, disparam a reclamar das cidades grandes. Em filas, não param de amaldiçoar tudo: da presidente ao síndico do prédio.
Não satisfeitos em estarem sendo submetidos a um determinado martírio, fazem questão de ficar tratando de outros assuntos estressantes e se chateiam em dobro.
Boa coisa é ter sempre um livro à mão. Entrou na fila, abre o livro. Primeira tentativa de conversa, seja direto:
– Sou um pouco surdo, esqueci-me de colocar o aparelho; da próxima vez a gente conversa.
Caso a tagarelação esteja em muito alto e bom som, seria o caso de, na maior cara de pau, colocar um algodão no ouvido. Bem, mas aí pode causar encrenca, principalmente se você disser algo do gênero:
– Curioso, de uma hora para outra, passei a escutar e descobri que não me interessam nem um pouco esses lamentos intermináveis sobre os quais vocês resolveram debater bem agora, destruindo a minha tentativa de atenuar a chatice de esperar para ser atendido. Boas tardes a todos!!!