O Andar e o Falar

Executivo de conhecida Editora, de seu celular  (entenda-se ligação cheia de ruídos),  disse que a editora … iria ligar para mim.

Não entendi, por conta dos chiados  na ligação,   o que ele disse depois de Editora.  Meio frustrado, pergunto se a Editora em que ele trabalha não tinha se interessado.  Ele disse que tanto havia gostado que sua colega de empresa ,  a editora Márcia, (e aí eu entendi o nome dela) iria me procurar.

Corte

“O homem fala há muito pouco tempo e ainda não domina com eficiência/maestria essa faculdade”,  explicava-me  em uma sessão o saudoso psicanalista Dr. Breno Ribeiro.  Continuou ele: “ é por isso que a todo momento a gente presencia e até participa de mal entendidos.”.

Aí que entra a magia da psicanálise,  Eu, mero leigo no assunto, meio doidinho por estar em análise (risos),  com precisão absoluta,  completo o raciocínio com um exemplo perfeito (com falta de falsa modéstia):

– É isso mesmo.  Toda hora, a gente presencia mal entendidos.  Tanto aqueles que trazem poucos problemas entre amigos, parentes; quanto os mais sérios com efeitos fortes sobre as pessoas, entre líderes de nações e autoridades importantes. Por outro lado, você vê milhões de pessoas andando pela rua,  esportistas fazendo malabarismos. Passam-se décadas e você não vê uma pessoa caindo no chão; nem mesmo um corredor de 100 metros rasos que deve chegar a mais de 50 km por hora se desequilibra.

O homem caminha sobre duas pernas há milhões de anos  e fala há milhares. – especialistas, me corrijam se eu estiver errando nesses números tão gigantescos!!! –

O andar dominamos perfeitamente, já o falar…

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  1. O telefone realmente nos ajuda muito, encurtando as distâncias, poupando tempo e nos empurrando a falar coisas que pessoalmente não teríamos coragem de dizer. Mas há o problema de unir pessoas em diferentes situações e diferentes momentos emocionais. Muitas vezes ao falar um assunto de extrema importância ao telefone somos surpreendidos com uma negativa ou um insucesso devido à distância e a não percepção do momento do interlocutor. As vezes o sujeito está com três ou quatro pessoas à sua frente e está com pressa ou incomodado com algo quando surge nossa ligação. As chances de sucesso despencam. Assim a regra antiga de que para assuntos importantes o melhor é não arriscar e ter um contato pessoal, onde se possa perceber as reações e saber o momento exato de entrar com um determinado pedido ou não.

  2. Encantador… Reafirmo que a maneira como você escreve é cativante. Revela absurdos reais e contemporâneos de forma tão sutil… Aí me pego pensando na realidadr: as formandas de Pedagogia da faculdade onde trabalho foram ter comigo na Biblioteca, solicitando a confecção de carteirinha de usuário. Perguntei se eram alunas novas e elas disseram que não, que queriam livros para a monografia. Perguntei se defenderiam no final do ano, e a resposta foi que a defesa era no próximo mês. Disse à ela e sua companheira de monografia que um mês era pouco tempo para desenvolver uma pesquisa mais complexa. A resposta: – Nóis faiz, nóis é boa!. O mal entendido: achei que professores deveriam saber para depois ensinar.

  3. O telefone, tanto o fixo quanto o celular, tem como característica a INCOMPLETUDE da comunicação pois é perdida toda a linguagem não verbal, como as expressões, o gestual… até o cheiro(!!!) que desenvolvemos muito antes da comunicação verbal.
    Penso que, levando-se em consideração estas PERDAS, pode ser usado com restrições, dependendo da finalidade.

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