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MEU QUERIDO E SAUDOSO PAI

Quando meu pai morreu, há quase cinco anos,  postei aqui no Trombone um texto em homenagem a ele e alguns outros em que ele era personagem central, além de suas frases dele.   A respeito das frases, na ocasião, uma leitora comentou: “agora já entendi, filho de peixe, peixinho é”.

Em homenagem ao dias dos pais, posto novamente.

Então, pra começar, as frases. Depois, duas crônicas minhas e, para terminar, belíssimo Poema da  querida Roberta Estrela D´Alva, que ela leu ontem na abertura do Zap e dedicou à memória do meu paizito.

As frases dele;   curioso, que bem a primeira é sobre velório.

  • O velório é a única solenidade em que o homenageado está impedido de se manifestar.
  • Minha mãe foi a última dona de casa que conheci.
  • “Nossos problemas acontecem porque nos levantamos da cama.”  Alguns,  porque nos deitamos na cama.
  • Com um ponto de apoio, Arquimedes seria capaz de levantar o mundo; com apoio moral, entretanto, não se levanta nem pensamento.
  • Se Deus fosse mesmo brasileiro, imagina  o que seria do Mundo!!!
  • O sujeito velho tem muita coisa pra contar e mais ainda para não contar.
  • O pior da festa é esperar por ela.
  • Quem canta seus males – Espanta!!! – É diferente do que já existe,  observe a pontuação.
  • Para Bolsa de Valores  despencar, basta um peido mais forte no pregão. (apesar de ele, tampouco eu, jamais termos aprovado o mau gosto, a frase é boa e verdadeira.)

As frases acabaram-se.

Agora os episódios que são o retrato escrito dele, pintado/digitado  por este escriba,  que tão bem o conhecia.

Episódio 1: Hiram, Édipo e Genoefa

Os amigos do meu pai dos tempos de São Francisco o definiam assim:

– O Hiram entra no restaurante e já vai logo pedindo, de uma só vez, filé bem passado com fritas, coca-cola, pudim de caramelo de sobremesa e troco para 10 mil Réis.

Quando eu ainda morava com ele, chego em casa e ele me diz:

– Paulo, o Mário ligou e disse que o pai do Fábio morreu.

Eu perguntei onde era o velório. Meu pai disse que o Mário não falou nada sobre velório. Ligo pro Mário e pergunto se ele estava a fim de me encher para deixar um recado que o pai do Fábio morreu e não informar onde era o velório.

O Mário reproduz para mim o diálogo com meu pai:

– Dr. Hiram, tudo bem? O Paulo está?
– Não, o Paulo não está!!!
– O senhor diz para ele que o Pai do Fábio morreu.
– Tá bom, eu digo!!!
– Mas dr. Hiram….
– Já entendi, o pai do Fábio Morreu
– Mas dr. Hiram…..
– Mário, eu não sou burro. O pai do Fábio morreu. Tchau!!!
E bateu o telefone (meu pai é muito educado; a aflição, entretanto, é infinitamente maior…)

Faz uns 25 anos que não moro mais com ele. Ou seja, isso se passou um quarto de século atrás. Imaginem, pois, como está o homem hoje, aos 86 para 87 anos de Idade!!!!

Esqueci de falar, talvez tenha ficado ansioso por osmose – o teclado por estar escrevendo sobre meu pai me passou ansiedade – meu pai é um sujeito brilhante, muito inteligente, lê bastante e usa o computador como um garoto de quinze anos.

Genoefa é a versão feminina e bem mais jovem do meu pai. Eu a conheci – há uns três anos – na entrada dos cines Belas Artes. Eu ia a um filme e ela, a outro. Trocamos meia dúzia de palavras. Na saída, eu devo tê-la impressionado muitississississimo mesmo porque ela estava me esperando. Genoefa e meu pai não são de esperar!!! Coisa alguma, pessoa alguma!!!!  A aflição os mata a ambos. São daquele tipo de pessoas que se jactam de fazer no mínimo três coisas ao mesmo tempo. Eu, ao contrário, fiz foi uma frase sobre isso:

Duas coisas fáceis ao mesmo tempo tornam-se difíceis e uma delas sai errado.
Outra coisa em comum – essa muito favoráveis aos dois, pois prova que são de muito bom gosto:

Eles têm uma “obsessão obsessiva” por mim!!!!

Parece divertido, né???? Mas queria ver qualquer outro no meu lugar !!!

Liás (sem aspas) Genoefa acabou de telefonar neste exato instante em que eu escrevia esse parágrafo – não tinha novidades, mas ficou 15 minutos falando!!!

Tivemos um namoro rápido e uma amizade colorida (essas coisas não terminam, né???).

O dia em que a Psiquiatria/Psicanálise descobrir meu pai, a Genoefa e eu, seremos colocados em uma espécie de carro forte de banco para que nada nos aconteça até que seja estudado exaustivamente o fenômeno que me acometeu:

Envolver-me – não com uma mulher que lembre minha mãe – mas com uma que é meu pai terminado.

Eu sou um Édipo Viado!!!!!!!!

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Episódio 2 – EDMUNDO

De 21.09.06

Segunda-feira, há alguns anos, por volta das 13 horas.

No Domingo, o Edmundo fora expulso com toda a pompa que seu nome requer. Muitas pernadas pra todo lado, um monte de polícia pra retirá-lo do campo, mais tentativas de pernadas nos policiais e assim por diante. Não tenho nada contra esportistas irreverentes, audaciosos e temperamentais. Pelo contrário, sou fã do John McEnroe, Nélson Piquet, entre outros. Também admiro esportistas bem comportados, é verdade. Aliás, faço restrição a poucas celebridades. Jogador de futebol, propriamente dito, só me lembro de um que realmente não agüento. Um dia posso escrever alguns episódios sobre ele.

Voltando ao Edmundo e àquela segunda-feira.

Estava com meu pai em um super-mercado de porte médio. Meu pai foi pagar as contas dele em um caixa e eu estava no caixa diametralmente Oposto. Meu pai é um homem de 85 anos, de ótima cabeça e das pessoas mais educadas do mundo. Fala muito alto, como todo velho, é verdade. Apesar de extremamente educado e tratar os humildes com imensa consideração (aliás, trata bem todo mundo), vira uma verdadeira fera se é alvo de qualquer arrogância e ou estupidez. E parece que arrogância e estupidez eram os grandes atributos do gerente que foi atendê-lo.

Pois bem, meu pai não deixou barato. Com toda a razão, começou a gritar e a esbravejar com o tal gerente.

A moça do Caixa que estava me atendendo falou rindo para todos à sua volta:

– Ih gente, olha lá o Pai do Edmundo!!!!!!

Peguei meu troco às gargalhadas com a definição da mulher. Sem dizer nada, evidentemente.

Meu pai se diverte até hoje contando essa história para todo mundo. Eu, por minha vez, ganhei um irmão famoso!!!!
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Para terminar,  o Deslumbrante Poema da Deslumbrante Roberta Estrela D´Alva que ela leu ontem no Zap  e dedicou ao meu Pai.

Dança da morte –
Roberta Estrela D’Alva

Boom , e acabou
ou começou
o que restou
o que ficou
dor que chegou
dor que findou
roda girou
vento levou

a vela apagou
a chama ascendeu
a voz se calou
o corpo desceu

a saudade no peito não para, não cala , não sara
insiste não quer parar.

mas já sabíamos desde o começo
que essa vida é curta e tem seu preço
e o que vem depois eu desconheço
embora soubesse o fim já  desde  o berço

que a cada minuto, a cada segundo,
a cada palavra, a cada oração
caminhamos direta e inexoravelmente  nessa direção
e são tantas histórias
e são tantas feridas
e são de saudade
as lágrimas quentes agora vertidas
injustiças, inverdades, cometidas e ditas
pela não compreensão
da eternidade, da imortalidade
pela falta de fé e  ilusão
pois o retorno é inevitável
são só dois lados do mesmo som
morte e vida , vida e morte
matérias primas de toda criação

a carne se desfaz mas o espírito não
o flow  da vida segue,  o beat não para, só coração

a carne se desfaz mas o espírito não
o flow da vida segue, o beat não para, nem o coração!

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Que ele esteja bem lá no Céu e descanse de tanta correria aqui na Terra!!!

Beijo, Paizito Querido.

Fique com Deus, com seus amigos,  nossa família, mas dá sossego pra todo mundo aí cima, viu???

Velório, Mais uma Boa Frase

Três ótimas frases abaixo sobre velório já foram postadas aqui. Agora apareceu mais uma, de Marina Fama.

Repetindo as já postadas,

A primeira, do meu amigo Mário Michel Cury; a segunda,  do grande mestre Samir Meserani, a terceira  do meu pai, Hiram Mayr Cerqueira.

  • “O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente.”
  • “O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente. Embora de corpo presente”
  • “O velório é a única solenidade em que o homenageado está impedido de se manifestar.”

Infelizmente, apenas o Mário e Marina Fama, cuja a frase vem seguir,  ainda não tiveram seus velórios.  Lá vai a frase da Marina:

  • Sorria, você está sendo velado.

Aniversário e Defunto Quente

Hoje é aniversário da minha irmã Ana.

Ela tinha definição precisa sobre como eu e meu pai levávamos a sério compromissos sociais,  e, principalmente, prestávamos solidariedade nos momentos difíceis. Lá vai:

– O   defunto ainda tá  quente  e o Paulo e o Hiram (nome do meu pai) já estão lá.

A esse respeito, episódio curioso (que já contei aqui):

Estava próximo ao Hospital Albert  Einstein há vários anos e me lembrei de que o pai da minha amiga, aliás eu era amigo da família toda,  lá  se internara.  Fui visitar.  Ao perguntar por ele, sou informado de que estava no necrotério do Hospital.  Não tive dúvidas, fui para o necrotério.  Perder a viagem é que eu não ia perder mesmo.  Estavam apenas a esposa e uma nora do falecido.  Disse para elas  que havia ido para uma visita, e soube do falecimento ao chegar.  Perguntei se precisavam de alguma coisa de ordem prática.  Naturalmente, mais tarde voltei para o velório.   Ao sair do necrotério, ria lembrando-se da minha irmã.  Dessa vez, literalmente, o defunto estava quente eu já tava lá.

Minha irmã  mora em um flat.  Liguei, não tinha ninguém no apartamento.  Deixei os parabéns na secretária eletrônica dela.  A secretária eletrônica  é daquelas em  que a mensagem é gravada por  mulheres com voz de estação/aeroporto.  Não tive dúvida.  Deixei também mensagem na Portaria do Flat.

Meu querido e saudoso pai teria feito exatamente o mesmo.

Aproveito e reitero, agora, pela terceira vez:

– Parabéns, Ana.

Chá Prejudicial!!! Velório

Ontem,  longa permanência em sala  espera – aprendi mais uma boa piada e acho que criei uma charada.

A piada é melhor,  fica para o fim.   Lá vai a minha charada:

– Qual é o único chá que faz mal para a bunda???

Resposta:

– É o Chá de Cadeira.

Não sei 1 –  avaliar charadas, tampouco se isso é charada.

Não sei 2 – Será que jamais alguém fez essa gracinha???

Lá vai a piada.

No velório, sujeito com o celular na mão pergunta qual era a senha do Wi-Fi do Velório.  O outro:

– Pô, respeita o morto!!!

O que perguntou:

– É tudo Junto???

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Mais velório???

Três frases boas a propósito do tema.  Dos três autores, só o Mário ainda não teve o seu.

“O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente.” (Mário Michel Cury)

“O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente. Embora de corpo presente. “ (Mário Michel Cury e Samir Meserani).

“O velório é a única solenidade em que o homenageado está impedido de se manifestar.” (Hiram Mayr Cerqueira a partir das duas anteriores.)

Boa Educação à Moda Clássica

Tenho um orgulho: de não dever qualquer agradecimento ou  telefonema a quem quer que seja.   Alguém me faz um favor, agradeço.  Sou convidado para algum lugar; se não puder ir, telefono, agradeço e   aviso que não vou.

Já vi e soube de muita gente que recebeu favor, presente e não agradeceu.  Aí, encontra na rua, ou em qualquer lugar  o que lhe fez o favor, deu o presente e diz:

– Foi bom mesmo encontrar você.  Eu queria agradecer o favor que você me fez…

Engraçado, para pedir, telefonou.  Para agradecer, precisou encontrar na rua!!!

Levo isso muito a sério.  Uma vez amigo do meu pai me recebeu muito gentilmente e proporcionou aproximação com outro conhecido seu com quem precisava conversar.  Agradeci.  Alguns anos depois, fui para Cuba.  Esse amigo do meu pai gostava de charutos.  Trouxe-lhe uma caixa.   Ele disse que eu era um sujeito encantador.  Na verdade, sou apenas uma pessoa grata.

E assim, vou tocando, sempre nessa toada.  Minha irmã até brinca com  minha disciplina e diz:

– O Defunto ainda está quente e o Paulo já tá lá.

Agora, convite pelo Facebook…  Se me interessar, vou.  Caso contrário, ignoro.

Retomando a observação da minha irmã.  Estava próximo ao Hospital Albert  Einstein há vários anos e me lembrei de que o pai da minha amiga, aliás eu era amigo da família toda,  lá  se internara.  Fui visitar.  Ao perguntar por ele, sou informado de que estava no necrotério do Hospital.  Não tive dúvidas, fui para o necrotério.  Perder a viagem é que eu não ia perder mesmo.  Estavam apenas a esposa e uma nora do falecido.  Disse para elas  que havia ido para uma visita, e soube do falecimento ao chegar.  Perguntei se precisavam de alguma coisa de ordem prática.  Naturalmente, mais tarde voltei para o velório.   Mas ao sair do necrotério, ria lembrando-se da minha irmã.  Dessa vez, literalmente, o defunto estava quente eu já tava lá.

Repito,  já convite pelo facebook….

 

Complexo de Vira-Lata Até Dentro do Caixão…

Local para receber velórios na Bela Vista, em S. Paulo, se chama Home.  Home, até onde eu sei, é lar.  Se o nome ainda fosse LAST  HOME, TEMPORARY (nem sei se existe) HOME…

Mas Home, tenha dó!!!

Como “diria/cantou Chico Buarque”, AFASTA DE MIM ESSE LAR…

É o Complexo de Vira-Lata que não dá Trégua até os 35 minutos da Prorrogação.

Portadores do Complexo de Vira-Lata, Go home, literalmente!!!

Quiser ouvir Chico e Milton Nascimento cantando Cálice, música em que o refrão é Pai, Afasta de Mim esse Cálice… / Reitero,  AFASTA DE MIM ESSE LAR…  Mas ouça Chico e Milton – Belíssima e Censurada Música  clique.

Para conhecer mais manifestações explícitas de Complexo de Vira-Lata, em todos os setores desse nosso Brasil, Clique

Finados – Sensível Texto sobre Cemitério Mineiro, Hilariantes Epitáfios e Frases

Começo de outubro do ano passado,  diverti-me bastante fazendo um pesquisa na Internet a respeito de Epitáfios (palavras, pensamentos,teorias escritas junto a túmulos).  Com muita facilidade e auxílio do Google, naturalmente, encontrei coisas fabulosas.  Transformei em dois textos.  Um com frases minhas e de amigos e outro com os epitáfios, propriamente ditos.

Fiz texto de abertura e publiquei aqui no Blog.  Pawlow,  que estava se tornando amigo internauta e leitor assíduo do Boca, ele mesmo autor de belo texto sério sobre cemitério tradicional em Minas,  escreveu dizendo que eu deveria ter deixado os Epitáfios para publicar às Vésperas do Finado.

Não há o que dizer o quanto Pawlow estava certo e o quanto eu  me precipitara em não ter guardado o texto para “amenizar” a semana de Finados.

Dessa vez acerto na data.   De quebra, coloco aqui o link para o sóbrio e reflexivo texto do, agora já amigo,  Pawlow.  Sugestão de ordem de leitura:  o sensível  ensaio  do  Pawlow, clique aqui. Abra,  Leia, emocione-se, mas não se esqueça de fechar o link e se divertir com texto breve contendo frases e o texto dos  Epitáfios.  De quebra, no final, link  para comentários de outro leitor assíduo do Boca, Sidney Barbosa.

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Título: MORTE, VELÓRIO, CEMITÉRIO – DÁ ATÉ PARA SE DIVERTIR COM ISSO -1 –

Morte e suas conseqüências em cascata (velório, caixão,cemitérios e epitáfios) são as únicas certezas que todos  temos.

Ao escrever  o que eu quero em meu muito distante  epitáfio, descobri que o assunto é vasto e, creiam, divertidíssimo  Há alguns sites de epitáfios verdadeiros –  já  em uso – e imaginários.   Como eles são a cereja do bolo, digo, túmulo,  obrigatoriamente, ganham um post próprio.

Para começar, três frases muito divertidas sobre velório.  A primeira, do meu amigo Mário Michel Cury; a segunda,  do grande mestre Samir Meserani que, infelizmente, já teve o seu velório.  A última é do meu pai, Hiram Mayr Cerqueira, que,  aos 92 anos,  anda um pouco doente,  mas, se Deus quiser,  vai continuar por muito tempo passando ao largo desse tão desagradável episódio que marca o início da vida eterna.   Que Deus ajude em sua recuperação e que meu pai fique por este planeta, com saúde,  até os 100.

“O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente.”
“O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente. Embora de corpo presente”
“O velório é a única solenidade em que o homenageado está impedido de se manifestar.”

Rita Cadillac, rainha do rebolado, teria declarado que queria ser velada de bruços para poder ser reconhecida.

Sobre cemitério, boa frase, dita por uma senhora ao meu lado em restaurante. Perguntei de quem era.  Ela não sabia.

A frase.

“O cemitério está lotado de pessoas imprescindíveis e insubstituíveis.”

Piadinha ótima.

Dois amigos  jogavam futebol muito bem, mas muito bem mesmo.  A preocupação deles era se havia futebol depois da morte.  Combinaram que o que morresse primeiro faria o possível e o impossível para avisar o outro.  Um morre muito jovem e cumpre a promessa.  Aparece para o outro e diz:

– Legal, meu; muito legal.  Lá em cima tem futebol, tem futebol.  E você  já está escalado para o jogo do mês que vem!!!

Como se sabe, em S. Paulo, só pessoas que já morreram podem dar nome às ruas, praças e avenidas.    Estávamos eu e meu pai de carro pelo  Morumbi.  Alguns dias antes, havia contado essa piada em casa.  Meu pai viu o nome de uma rua, repetiu alto e disse que aquele havia sido seu contemporâneo na Faculdade.  Mais uma rua e ele lembra  que esse segundo era Juiz no tempo em que começou a advogar. Ele falou o terceiro e eu disse:

-Pai, pára com isso.  Logo mais um desses seus conhecidos vai aparecer e dizer:  Hiram, já estamos polindo a placa da sua rua!!!

Meu tio Maurício Goulart, irmão da minha mãe,  escritor, usineiro,  deputado federal, fundador da cidade de Fronteira, entre S. Paulo e Minas, às margens do Rio Grande,  era das pessoas mais exóticas que já pisaram a terra.  Construiu no Pacaembu uma casa sob medida para ele e suas idiossincrasias.  Era uma casa grande mas com apenas  um ou dois quartos e uma suíte.  Nessa suíte, havia   imensa cama redonda de alvernaria (que ele dizia ser a primeira cama redonda do mundo).  A piscina tinha um desenho diferente, cheio de curvas e mil outras peculiaridades.

Lá pelas tantas, ele quis vender a casa.  Óbvio que nenhum comprador se interessou por coisa tão excêntrica.

Aparece um maestro argentino.  E todos os predicados malucos que ele via, exclamava entusiasmado:

– Oh, cama redonda, mui bueno  para mi chica.   Piscina Diferente, mui bueno para mi chica.

Meu tio, animadíssimo com a perspectiva de livrar-se do abacaxi.

Na saída, ao ver o muro alto e sem fim bem em frrente, o Maestro quis saber do que se tratava.  Meu tio disse que era o cemitério.  O maestro:

– Cemitério???!!!  Muy malo para mi chica!!!

E nunca mais apareceru!!!

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EPITÁFIOS – DÁ ATÉ PARA SE DIVERTIR (E MUITO) COM ISSO – 2-

Para continuar vendo aspectos curiosos/divertidos da morte,  lá vão os  Epitáfios, propriamente ditos –   as cerejas dos bolos   (túmulos). Alguns, infelizmente,  já imortalizados;   outros,  ainda à espera da partida de seus criadores e os terceiros, genéricos.

Dois   aguardando a híper distante (assim esperam seus autores)  inauguração: do amigo Vásqs, o bam bam bam das microcrônicas, e o meu:

Vasqs:

-Quem foi o filho da puta que pixou o meu túmulo?

(* vide observação ao Final)

Eu:

– Enfim, o silêncio.

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Epitáfios em uso, uma vez  que os autores, propriamente ditos , aqui na terra, pelo menos, já estão em desuso *

É uma honra para o gênero humano que tal homem tenha existido.”  – Na lápide de Isaac Newton, na Abadia de Westminster

“O tempo não pára…” Na lápide de Cazuza, no Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro, RJ

“Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino.”Epitáfio sugerido pelo próprio escritor mineiro (1923-2004)

“Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade sem esperar resposta.”Frase inscrita na lápide de Villa-Lobos, no cemitério de São joão Batista, no Rio de Janeiro

“Assassinado por imbecis de ambos os sexos.” Nelson Rodrigues, cronista brasileiro

“Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves.”Tancredo Neves, famoso político brasileiro que exprimiu seu desejo nesta inscrição mas sua família preferiu fazer outra em sua lápide

“Terra minha amada, tu terás os meus ossos o que será a última identificação do meu ser com este rincão abençoado.”Inscrição que foi realmente colocada na lápide de Tancredo Neves, político brasileiro

“Foi poeta, sonhou e amou na vida.”Álvares de Azevedo, escritor brasileiro
“De volta às cinzas.”Rubem Braga escritor brasileiro
Preferia estar vivo, nem que fosse na Filadélfia.”- W. C. Fields

Epitáfios Aguardando Inauguração – Espera-se que assim permaneçam por muitas décadas ainda.

Te espero lá!”  -Roger Moreira, músico brasileiro

“E agora, vão rir de quê?”- Chico Anysio, humorista brasileiro (ano passado, qaudno publiquei pela primeira vez, aguardava inauguração)

“Aqui, ó.”- Ivan Lessa

“Absolutamente contra a vontade.”- Luís Carlos Miéle

*”Desculpe a poeira”.Dorothy Parker

* “Enfim, magro.”Jô Soares

*”Já me fui mas aqui estou.”- Antônio Carlos

*”Morri de tanto viver.”José Luiz Maranhão , autor do livro ‘O que é morte’.

*”Eu disse a vocês que um dia estaria aqui. Estão vendo como eu tinha razão ?” Marcelo Mendes de Oliveira

Hipotéticos/Genéricos, de acordo com a profissão ou caractérística marcante – Escolha o seu 1 *

Do bêbado: Enfim sóbrio.
Do rico: Enfim duro.
Do invocado: Tá olhando o quê?
Do maldoso: Chega aí!
Do funcionário público: Dirija-se ao túmulo ao lado.
Do judeu: Alugo vagas.
Do crente: Fui! … Pro Céu!
Do espírita: Volto já!
Do policial: Circulando! Circulando!
Do prevenido: Abrir de hora em hora.
Do comerciante: Fechado pra balanço.
Do sambista: Sambei!
Do bailarino: Dancei!
Do viciado: Do pó ao pó.
Do folgado: Não perturbe!
Do político: Procurem meu advogado!
Do paquerador: Você vêm sempre aqui?
Do bombeiro: Apaguei!
Do açougueiro: Desencarnei!
Do arquiteto: Fiz a passagem!
Do sapateiro: Bati as botas!
Do terrorista: A morte é uma bomba.
Do humorista: Não achei graça!
Do piadista: E agora, vão rir de quê?
Do inadimplente: Amanhã eu pago!
Do gordo: Enfim magro.
Do naturista: Preferia estar vivo, nem que fosse em São Paulo!
Da bichinha: Virei purpurina!
Do mano: Rapei fora!
Do cagão: Morri de medo!
Do ignorante: Si matei-me!
Do torcedor: Flamengo até morrer.
Do confeiteiro: Acabou-se o que era doce!
Do ginasta: Consegui! Dei um salto mortal!
Do jóquei: Cruzei o disco final.
Do maluco: Tô só fingindo!
Do crítico: Não gostei!
Do Elvis Presley: Não morri.
Do juiz: Caso encerrado.
Do eletricista: Foi um choque!
Do obstetra: Parto sem dor.
Do mineiro: Trem ruim sô!
Do sindicalista: Greve por tempo indeterminado!
Do hipocondríaco: Não falei que eu tava doente?
Mais hipotéticos, também de acordo com profissão ou característica marcante – Escolha o seu 2*
ALCÓOLATRA – Enfim, sóbrio.Agora tem para tosdos os tipos:AGRÔNOMO – Favor regar o solo com Neguvon. Evita vermes.
ALCÓOLATRA – Enfim, sóbrio.
ARQUEÓLOGO – Enfim, fóssil.
ASSISTENTE SOCIAL – Alguém aí, me ajude!
BROTHER – Fui.
CARTUNISTA – Partiu sem deixar traços.
DELEGADO – Tá olhando o quê? Circulando, circulando…
ECOLOGISTA – Entrei em extinção.
ENÓLOGO – Cadáver envelhecido em caixão de carvalho, aroma formal e after tasting, que denota a presença de.microorganismos diversos.
ESPIRITUALISTA – Volto já.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO – É no túmulo ao lado.
GARANHÃO – Rígido, como sempre!
GAY – Virei purpurina.
HERÓI – Corri para o lado errado.
HIPOCONDRÍACO – Eu não disse que estava doente?
HUMORISTA – Isto não tem a menor graça.
JANGADEIRO DIABÉTICO – Foi doce morrer no mar.
JUDEU – O que vocês estão fazendo aqui? Quem está tomando conta do lojinha?
NINFOMANÍACA – Uau, esses vermes irão me comer todinha!
PESSIMISTA – Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
PSICANALISTA – A eternidade não passa de um complexo de inferioridade mal resolvido.
SANITARISTA – Sujou!
SEXY SYMBOL- Agora, só a terra vai me comer.
VICIADO – Enfim, pó.

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* Fontes – Sites na Internet (Todos que estão acima, exceto o do Vasqs e o meu, logo na abertura)

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Quem quiser mandar sugestões de Epitáfios para si próprio ou  para famosos/celebridades, só publicar nos comentários.  Quem sabe não dá novo post.
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* A propósito de morte,  não Morra antes de Navegar pelo Site do Vasqs Ostras ao Vento ou ler o seu livro de mesmo nome. Vasqs é amigo citado no início deste texto,    aquele  que já mostrou  indignação furiosa se lhe pixarem o túmulo  Clique aqui

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Mais uma coisa para fazer antes de morrer, leia aqui no Boca o texto do leitor amigo Sidney Barbosa, sobre temas correlatos.  Texto do Sidney, garantia de boas risadas, Clique aqui Em tempo, leia os outros comentários do Sidney que aparecem nesse último link.

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Para terminar, frase nova minha.  De certa forma, um consolo…

Tá pra nascer o nego que não vai morrer!!!