Hoje é o dia Mundial sem carro.
Imensíssimo luxo: ter um carro na garagem e poder dar conta das tarefas do dia-a-dia a pé e também de metrô. Sempre digo que o carro me proporciona duas sensações opostas:
• Extrema liberdade/mobilidade. Se quero ir comer aquela pizza gostosa (o Camelo que não fique com ciúmes) lá no Bom Retiro à noite, ótimo ir guiando, batendo um papo ou, caso esteja sozinho, ouvindo a CBN.
• Extrema prisão/imobilidade. Durante o dia, quando chego a uns 2 km do lugar onde vou, já quero estacionar logo, me livrar do trambolho, digo carro, e chegar a pé.
Tenho ido com freqüência ao Centro, centrão mesmo, arredores da Praça da Sé. Não tenho a mais mínima idéia como sair de carro da minha casa, Higienópolis, e chegar nas redondezas. Vou sempre de Metrô. Chuva??? Não me faz mudar de idéia. Mudo de sapatos. Ponho uma bota de borracha de lavador de garagem, um guarda-chuva e, feliz, vou pisando em tudo quanto é poça d´água, tal qual uma criança.
Vou falar o óbvio: o problema é que nosso metrô tem uma abrangência muito ínfima. Se nossos prefeitos/governantes (principalmente aquele senhor caricato de voz metálica), ao invés das imensas avenidas, tivessem construído metrô, todos teríamos mais facilidade de nos locomover. E a população- refém do caos – não desperdiçaria tanto tempo no trânsito, a poluição seria menos impiedosa e até a economia colheria frutos. Automóvel é ultrapassado. Metrô é moderno/contemporâneo/adequado .
Mas o que temos??? Imensas avenidas rasgando a cidade e por onde sequer, salvo engano meu (que não sou especialista no assunto), nem ônibus circulam. Quem não tem carro, que faça como a Angélica, em antiga música, que vá de táxi!!!
Vi numa das inúmeras viagens que o Metrô está selecionando depoimentos de usuários para Ilustrar alguma Campanha. Frasista e falante, fiz uma frase que já enviei, mais ou menos assim:
Se tiver Metrô e você me oferecer um carro de luxo com motorista, eu vou de Metrô.
Outra frase minha para expressar meu “amor” e identificação: “O bilhete múltiplo do metrô, que trago permanentemente comigo, é o meu passaporte de cidadão paulistano”.
O Metrô substituiu o passe do bilhete múltiplo por um cartão eletrônico, batizado de Bilhete Único que, naturalmente, já está na minha carteira.
BICICLETA – NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA
Acreditar em bicicleta para se locomover no dia a dia nesta cidade, infelizmente, é tão estranho quanto acreditar em Papai Noel e Cegonha.
Mês de fevereiro último em S. Paulo. Movimento de carros nas ruas, infinitamente menor. Jardim Paulistano, um dos bairros de ruas menos movimentadas de S. Paulo. Fui andar de bicicleta com minha namorada, em tarde de uma quarta-feira. O risco de ser atropelado, a preocupação de a nomorada ser atropelada, a impossibilidade abolutamente absoluta de os dois andarem lado a lado para conversar, tornam um mero passeiozinho pelo Jardim Paulistano muito mais estressante do que se eu tivesse conduzindo uma jamanta.
Bom dia Mundial Sem Carro para todos nós!!! Esperando que daqui a alguns anos, esse desejo não possa ser entendido como uma imensa ironia.
Em tempo: hoje – Dia Mundial Sem Carro – (mesmo chovendo) já usei o metrô e, infelizmente, o carro!!!