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TV Globo – Sofisticadas Produções e Português Massacrado – 7 e 8-

Hoje o Massacre do Português bateu récorde na Globo, bem em A Grande Família, meu programa favorito.  Em uma mesma seqüência, menos de um minuto, dois erros de português.

Paulão, personagem de Evandro Mesquita,  pergunta em alto e bom som:

– Que bons ventos  te trouxe???

Em seguida, Agostinho, vivido por Pedro Cardoso, diz para o mesmo Paulão e o cunhado, Lúcio Mauro Filho, também excelente autor de teatro:

– Entrem no carro e vá trabalhar.

Mas que talento de toda a equipe de produção e atores para massacrar o Português de forma tão impiedosa, dois golpes certeiros em tão pouco tempo.  Parece Mike Tyson nos bons tempos.

Se quiser continuar aprendendo como não se fala o Português ou, então, como se fala o Português na Globo, clique aqui

O Idioma Não é Big Mac 1, 2 ou 3. Graças a Deus!!!

Fátima Bernardes deixa a  apresentação do Jornal Nacional e ganha novo programa na TV Globo,  concebido por ela mesma.  Quase por unanimidade dos caciques do telejornalismo da  emissora, a escolhida para o lugar de Fátima foi Patrícia Poeta.  Esse consenso certamente prova que ela tem muito mais do que a inegável beleza.

Parênteses.  Provérbios e expressões consagradas do idioma são recursos maravilhosos de linguagem quando bem usados.

Já expressõezinhas da moda…

Surpreende-me  que a nova primeira dama do jornalismo do Pais, a bela Poeta,  ao falar sobre como reagiu ao novo desafio tenha escolhido a mais tola de todas as expressõesinhas da moda.  Lá pelas tanta, diz:

– Caiu a ficha

Português não é fast food – Big Mac1, Big Mac2 ou Big Mac3.  As palavras do nosso idioma nos foram dadas/concedidas para que cada um as agrupe como desejar e não para transformar tudo em Bigs Macs 1,2,3….. morfológicos.

Antes do caiu a ficha, (arrepia-me só de ter que escrever pela 2. vez ), aliás  até há pouco tempo, que saudades, quando se descobria alguma coisa nova, dizia-se que tinha se dado conta de alguma coisa, percebido tal coisa; os mais sofisticados falavam que realizaram tal coisa.

Patrícia, espero que a partir do momento em que você já estiver de fato no novo posto,  você ponha os chavões da língua todos para correr e construa com as palavras dos nossos bons dicionários todas as suas intervenções no Jornal Nacional.

Sucesso sem Chavão, é o que lhe Desejo!!!

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Se quiser ler outros textos a respeito de Chavões  no Boca e alguns  assuntos próximos, Clique aqui Há link para vídeo excelente de Peça do Lúcio Mauro Filho em que se expressa através de Clichês.

Desfile de Clichês Pra Ninguém Botar Defeito!!!

Clichê –  80 minutos de peça, tempo suficiente para o ator Lúcio Mauro Filho sapecar nada menos do que  600 clichês, frases feitas;  lugares comuns, em fim.  Trata-se de monólogo hilário.  Com todo o talento que Deus e a genética lhe deram, Lúcio Mauro Filho, o formidável Tuco da Grande Família,  não deixa a peteca cair (acho que peteca cair, ele não falou; eu não me lembro), nem mesmo que você pare um minuto sequer  de  rir.  O texto é de Marcelo Pedreira; direção, Rubens Camelo.

Provérbios contêm muita sabedoria; afinal são  o conhecimento do homem a respeito de algum assunto exposto de maneira sucinta.   O que irrita são pessoas que os recitam em voz grave e pausadamente.

Já o lugar comum, o clichê, na acepção do termo,   é um horror mesmo; não tem jeito.   Alguns exemplos da peça: desço o malho, eu passo o rodo, eu cutuco a onça com vara curta.

Entretanto, muito mais  pavorosos  do que  os lugares comuns, clichês  de acordo com a peça, são os terminhos da moda.  As palavras e expressões  rasinhas que todo mundo, de uma hora para outra,  está a repetir: ninguém merece,  de repente, a nível de e etc.

Publiquei texto aqui há cerca de um ano praticamente só usando essas palavras vazias, vazias até de vento.

Ao final do texto, informações (serviço) sobre a peça Clichê.  Não perca. Vale a pena.

Título do Texto:  RICO VOCABULÁRIO

No começo, não era o verbo.  No começo era o Válido.

Você deve se  lembrar.  Década de 70:  era só alguém dizer qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo – Que tal  um café???, por exemplo – e a possibilidade  de um pseudo-intelectual responder:  – Muito válida essa idéia!!!- era de mais de 90%.

Há cerca de quinze anos,  foram  as invasões do De Repente e do A nível de, expressões que não servem absolutamente para coisa alguma.  Ou seja, o “pseudo”  pode falar ou escrever quantos de repente e quantos a nível de ele quiser.  Se cortarem todos eles, não farão a menor falta; pelo contrário, será um alívio para o ouvido.

O válido era um ligeiro horror; o de repente e o a nível de,  horrores médios.  Mas, presta atenção, como diz um amigo, os chavões de hoje me fazem ter saudades deles!!!

Inventaram uma língua nova!!!

Não se diz mais que uma pessoa é legal, inteligente, bacana.  Reduziu-se tudo isso a:  PODEROSA.  Que POBREZA!!!

Mas ainda pode piorar.  Sujeitos  com os atributos (será que quem fala poderoso sabe o que é atributo???) acima também podem ser DIFERENCIADOS!!!

Os ditos diferenciados  não gostam de uma roupa, de um restaurante.  Para dizer que gostam, exclamam:

– Tal coisa é a minha cara!!!

Afe!!!

Também tem o Tudo de Bom que deve ser mais ou menos aquilo que é a minha Cara – cara deles, naturalmente – já que dentro dessa riqueza morfológica, tô fora!!!

Dá até para fazer um  diálogo:

Vamos combinar: com certeza,  vai bombar.

O outro apresenta alternativas, digo, eventos:

– A gente dá uma passada, vê o que tá rolando. Aí a gente  liga (faz o gesto pondo  o dedão no ouvido e o dedo mínimo na boca) pra Galera. Se der caixa postal,  a gente pede pra retornar a ligação.

Caiu a minha ficha!!! Quem sabe,   a gente já alavanca outra balada para amanhã.

Que saudades do Válido.  Vou me dar direito, não a um chavão, mas um verso:  Eu era feliz e não sabia!!!

Terminando com lamento modernoso:

NINGUÉM MERECE!!!

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Frase minha, não tão nova, uma mostra de que minha ojeriza pela coisa já é coisa antiga.

Tente até me passar um xaveco, mas não me repita um chavão!!!

Descanse um pouco desse massacre de lugares comuns, mas não perca a peça em hipótese alguma.  Assista a um trecho e, se capaz for, resista!!!

Lá vai a ficha técnica (convém conferir detalhes e horários  pelos telefones antes de sair de casa)

De 1º/7 a 28/8, sex. 21h30; sáb. 22h; dom. 20h. Teatro Folha: Shopping Pátio Higienópolis, Av. Higienópolis, 618, tel. 3823-2323. Gênero: monólogo cômico. Duração: 80 min. Classificação: 12 anos. Ingressos: R$ 40 e R$ 50. Cc: American Express/Mastercard/Vista. Cd: Mastercard Maestro/Redeshop/Visa Electorn. Onde comprar: no teatro (ter. a qui. 15h/21h; sex.13h/0h, sáb. 12h/0h; dom. 12h/20h); com taxa pelos tels. 3823-2737 e 4003-2330 ou pelo ingresso.com.br.