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Só Sofisticação

  • Uma nova filial da Pizzaria Veridiana foi inaugurada no começo da Rua Turiassu.  Acredite se quiser, mas não tem televisão.  Há um piano, está certo.  Espera-se que o pianista esteja imbuído de que não é um concertista e que sua função é fazer suave fundo musical.   Caso contrário, barulho por barulho…
  • Todos os domingos tenho ido almoçar na casa da mulher do meu pai.  Ela já me disse que meu convite é permanente.  Mesmo assim, faço questão de avisar que vou, e quando não vou,  também telefono. Hoje à tarde, ela havia saído, disse para empregada que estaria lá no domingo, como de costume.  Há pouco liguei para confirmar.  A mesma empregada:    – Dona Rosana  disse que tem muito gosto que o senhor venha!!! Assim mesmo, com essa perfeição no uso do subjuntivo.
  • Sempre tive ojeriza por todo e qualquer tipo de desperdício, sobretudo d´água, mesmo em épocas de rios e reservatórios transbordando.  Desse modo, tenho  descartáveis em casa para  dar  aos moradores de rua da vizinhança a comida que está na geladeira e que, diante mão, sei que não será consumida.   Um deles, sempre ao receber o descartável , devidamente embalado, fecha a mão direita, coloca  no peito, lentamente afasta em minha direção e diz:  – De coração pra coração.

Não é uma graça tudo isso???  A mim, pelo menos, me encanta muito.

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É TUDO DESCARTÁVEL 2 – TRISTE MEDALHA!!!

Computador, automóvel e até mesmo amigos viraram produtos descartáveis, como já se viu, para meu desespero – sujeito romântico, ou clássico, conforme me rotulou um sobrinho quando tinha uns quatro, cinco anos e estava aprendendo adjetivos na escola.

O desperdício é tanto que um paradoxo, de proporções gigantescas, estatela-se diante de meus olhos e cérebro. Muito provavelmente eu esteja errado e a humanidade está certa, seria muita pretensão minha pensar o contrário.

Vivemos uma época da obsessão pelo politicamente correto, sobretudo pelo ecologicamente correto.

Meu querido e saudoso amigo Celso, velho fabuloso de 83 anos, que dominava computador igual um menino de 15, piloto de jato, recém-falecido, detestava as onças que atacavam rebanho de sua fazenda na região amazônica. Dizia ele, brincando naturalmente

– Se você matar uma onça e o fiscal do Ibama vir, mate-o também.

Falava isso porque, salvo engano meu ou falha de memória, crimes ecológicos são punidos com prisão em flagrante. Por assassinato, salvo engano, responde-se em liberdade.

Curioso paradoxo assola essa sociedade que venera ecologia a ponto de a vida de uma onça valer mais do que a de um ser humano.

Até alguns anos atrás, todo mundo tinha em casa garrafas de cerveja e refrigerantes vazias.

Hoje, joga-se tudo no lixo. Por mais que se diga que o vidro das garrafas será reciclado e voltará em forma de novas garrafas, logicamente há desperdício em se produzir o que já estava pronto e apto para uso depois de um simples processo esterilização. E o conteúdo se torna mais caro. E o consumidor paga a garrafa e joga no lixo. E o lixo só faz aumentar. E Isso só faz agravar a falta e a sobrecarga de aterros sanitários. E… . E… … E … Paradoxo, atrás de paradoxo…

Cerveja em lata, então, nem se fale. Para começar, como diria minha Tia Ciloca/Carioca, cerveja em lata devia ser proibida por lei, só por conta do quanto prejudica o sabor e, principalmente, a temperatura.

Faz algum sentido substituir a simpática e econômica garrafa grande das tradicionais confraternizações em bares, praias e restaurantes que servem três amigos ao mesmo tempo pelas individuais, dispendiosas e insossas latinhas???

Sem contar a…. adivinha??? Poluição!!!

Mas aí entra a fabulosa criatividade brasileira. Já que nem em futebol o Brasil consegue mais ser campeão, o país tornou-se imbatível na reciclagem de latinha de cerveja. Por isso, dia sim e outro também, a todo momento, crianças, jovens e velhos miseráveis de todas as idades estão a “explorar” (eufemismo para coisa tão degradante) latas de lixo.

Que triste medalha essa da reciclagem!!!