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Ossos do Ofício

Certamente, para menina  bonita ser dançarina do Faustão  consitui-se  em interessantíssima alternativa profissional.

Fazer parte do divertido time de Repórteres e Apresentadores do Programa  CQC é, provavelmente,  o sonho de qualquer jovem jornalista.

Entretanato,  tem o reverso (deveria ser só verso, mas ambas as formas estão corretas) da medalha.

Zapeando antes do Jogo do Corinthians, parei um pouco no Faustão.

Parêntese 1 – Não sou daqueles que dizem que estavam passando em frente à TV e viram tal coisa.

Parêntese 2 – Menos ainda,  daqueles que jantam, almoçam, toma chopp e, quiçá ,…   com TV ligada.

Mas o fato é que assisti ao  Faustão perguntado para aquelas deliciosas mulheres o que achavam de fulano, beltrano e cicrano do Big Brother.

Se assistir ao Big Brother fizer parte do contrato das moças, a opção de trabalhar no Faustão deixa de ser essa tentação!!!

Cerveja Skol é uma das marcas patrocinadoras do CQC.  Se me convidasse para trabalhar lá e uma das cláusulas do  contrato fosse  não beber qualquer outra cerveja que não Skol, certamente eu não iria topar.  Imagine nunca mais na vida poder tomar  cerveja de verdade…  Não há fortuna ou prestígio que compensem.

Suportar Skol e BBB seria  mais do que simples ossos do ofício.   Seria o mesmo que  ter permanentemente lascas de ossos de frango (o mais fininho, quase letal)  entaladas na garganta.

Depois da Estampada Tempestade da Novela e dos Brothers, a Bonança com o Charme das Brasileiras!!!

Série As Brasileiras  começa bem.   A começar pelo horário em que começa.  Começa depois que termina a encheção de lingüiça da Novela; começa  depois do Nada Absoluto que é o Big Brother. Repetindo o verbo, começa COMEÇANDO!!!

Assim, dá para assistir ao Jornal Nacional, não que seja lá essas coisas,  jantar bem sossegado, enquanto milhões ficam hipnotizadas com melodramas, chavões ( tanto na Estampa quanto nos Brothers and Sisters)  e com  o tal do Nada Absoluto dos BBB

Melhor do que isso, só mesmo se os programas começassem nas horas marcadas.  Mas aí seria pedir consideração demais pelos telespectadores.  E eles acham que o povo não merece…  Não merece, né??? Mas quem paga os salários milionários deles todos???

Big Brother – Para Compensar Tem Dercy Gonçalves!!! UFA!!!

Felizmente, nem tudo é Big Brother e Mulheres Ricas  em janeiro  na TV Brasileira.  Ao que parece,   puseram a mão na consciência e atenuaram o sadismo de tuchar esses bagulhos nos telespectadores.   Na Globo,  estréia Dercy De Verdade, a partir de 3. Feira, dia 10. O texto é de Maria Adelaide Amaral, escrito a partir do Livro da própria atriz, Dercy de Cabo a Rabo.  Aliás, esse nome seria muito mais próprio para a série, já que é a tradução literal da nossa inesquecível humorista.   Como tudo que é bom dura pouco, são apenas quatro capítulos.  Talvez, depois dos tais quatro capítulos bálsamo,  o Big  Brother se esparrame também por esse horário. Será que o telespectador merece tão pouco do bom e tão muito do ruim???

Veja entrevista do ator Jorge Fernando no programa de Ana Maria Braga e também algumas cenas, devidamente censuradas, para fazer jus à fama da saudosa Dercy.  Clique

Janeiro – Férias de Crianças, Políticos e Neurônios dos Telespectadores da Globo e da Bandeirantes

Ao que parece,  os responsáveis pela programação das Emissoras de TV acham que em  janeiro crianças, deputados, senadores  entram em férias e os cérebros dos adultos também.   A Globo retira do ar seu formidável teleteatro para colocar Big Brother.  A TV Bandeirantes tira o CQC e escala um tal de Mulheres Ricas, que deve ser mais ou menos como A Revista Caras em Movimento.

O que é o Big Brother, esse nada absoluto, você já sabe.  Veja então o que o  espera na Band, reproduzindo site da própria emissora:

“A socialite Narcisa Tamborindeguy, a empresária Val Marchiori, a arquiteta Brunete Fraccaroli, a piloto Débora Rodrigues e a joalheira Lydia Sayeg expõem o dia-a-dia profissional e familiar. Elas são protagonistas de “Mulheres Ricas”, o novo programa da Band, produzido pela Eyeworks/Cuatro Cabezas.

Um reality show em formato documental traz para a TV o cotidiano de cinco mulheres poderosas e ricas do eixo São Paulo/Rio de Janeiro. Luxo, carros importados, joias caríssimas, viagens internacionais e muito, mas muito mesmo, champanhe. Acostumadas com tudo do bom e do melhor e, mesmo assim, ainda não estão satisfeitas.”

Nossa, como essas MULHERES RICAS são exigentes, com tudo isso e ainda estão insatisfeitas!!! OHHHHHHH!!!

Quando saiu  a Revista Caras,  o irreverente Ziraldo lançou a Revista BUNDAS, cujo slogan, era:

– Quem põe a Bunda na Caras, não põe a Cara na Bundas!!!

Colocar um dedinho do pé em um programa com essa auto-rotulação já exige uma falta de senso (senso de tudo)  ou então uma grana  pretíssima, coisa pouco provável, já que na tal auto-rotulação do programa  somos informados de  que são mulheres ricas e “poderosas” (chavão bobo; aliás, chavão bobo é pleonasmo).

O que as terá atraído???  Agora, mais intrigante  ainda  é saber o que leva um cidadão, com mais de dois neurônios,  a acompanhar um programa desses???

Se você é dos que vai assistir e está ansioso,  ou se você quer ver para crer (eu dei uma geral só na home do programa) se isso existe mesmo, deixo o site do Programa.  Aliás, é um pacotão, porque,  certamente, antes ou depois do Mulheres Ricas ainda tem Otávio Mesquita.

Mulheres Ricas, clique aqui

Otávio Mesquita, clique aqui

Clicou, ou pretende clicar,  em ambos???

Mas vá ser masoquista assim lá longe!!!

Televisão: Recomeça Fabuloso Teleteatro no Horário em que Reinava Big Brother

Até que enfim morreu e sepultaram (até janeiro pelo menos) o Big Brother,  certamente  a missa de sétimo dia  já foi rezada e, graças a Deus, o fabuloso teleteatro da Globo está de volta.

Conhecido meu, para acabar com aquele sentimento da noite de domingo, tinha uma fórmula eficiente: assistir a  um filminho leve no cinema e comer uma pizza depois.  Batendo Ponto , que vai ao ar aos Domingos por volta das 23,00 hs,  acho que vai cumprir bem a sua parte, pelo que se viu anteontem.  Basta a nós apenas inverter as ordem dos fatores: primeiro a pizza,  depois  o Batendo Ponto.

Tapas e Beijos, Terças às 22,15 e logo após, Divã – 22, 45; Volta da Fabulosa “A Grande Família, no horário tradicional das quintas, a partir das 22,30;  após,   Lara com Z, às 23:15 e   e Macho Man às sextas –   23,25 – acho que vão dar conta do recado e garantir a alegria de todos, até mesmo do público apaixonado  por novelas e bigbrohters da vida!!!  É a Democracia do Entretenimento que, infelizemente, leva mais de três meses inteiros para começar todos os anos na principal emissora do país!!!

Lá vão as sínteses dos programas e os links:

Batendo Ponto:  Ingrid Guimarães, protagonista da série no papel de Val, mãe solteira,  defende as secretárias. Diz ela:    

 “Estava na hora delas saírem do papel de coadjuvantes. Nas novelas, elas só atendem telefone e servem café. Finalmente, a gente vai falar dessas mulheres que merecem uma homenagem”,

Bom, muito bom.  Apenas um lembrete  para secretárias.  Na televisão, legal que saiam do papel de coadjuvantes, no dia a dia da vida verdadeira, entretanto,  muita eficiência e, principalmente, descrição. Secretárias devem ser  Tal qual juiz de futebol:  o bom é aquele que o torcedor nem percebe que está em campo.  Há profissionais ultra competentes em diversos ramos, cujas secretárias ficam fazendo showzinhos nas salas de espera.  E, convenhamos,  sala de espera é para esperar e relaxar em silêncio e sossego.

Batendo Ponto é uma série de Paulo Cursino, com direção geral de José Lavigne e direção de núcleo de Guel Arraes” .  Mais detalhes: http://batendoponto.globo.com/platb/2011/04/01/%e2%80%98chegou-a-hora-da-secretaria-ser-a-protagonista%e2%80%99/

Tapas e Beijos –  O nome é ótimo. Atrizes ótimas: Andréa Beltrão; Fernanda Torres (pela ordem alfabética). Sueli e Fátima, além de morarem juntas, trabalham juntas em uma loja para noivas no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro.  Trabalham com noivas e sonham com novos noivos só para si,  já que uma foi casada e a outra namora um casado.

http://tapasebeijos.globo.com/platb/category/o-programa/

Divã –  Começou com um livro, que virou filme, virou peça e agora chega à televisão. Como se pode supor pelo nome, trata de terapia.  Mercedes, vivida pela  mesma Lilia Cabral do cinema, “é  uma mulher de classe média, feliz, mãe de dois filhos e apaixonada pela arte”. Lá vai a sinópse: “Recém-separada e com os filhos já crescidos, ela se envolve com um homem casado, com quem parece viver um conto de fadas em Nova Iorque, encara o relacionamento do filho Bruno (Duda Nagle) com uma mulher mais velha, reencontra um antigo amor da época da escola. Além disso,  mostra seu lado solidário e decide se voluntariar em um asilo, descobre o verdadeiro poder de uma amizade e, para completar, percebe que a vida pode ser muito curta”

Ficha técnica: Adaptação  do livro de Martha Medeiros com texto de Marcelo Saback, direção de José Alvarenga Jr. e Fabrício Mamberti, direção geral de José Alvarenga Jr. e direção de núcleo de Jayme Monjardim

http://diva.globo.com/platb/

O fabuloso e tradicional programa A Grande Família dispensa qualquer comentário de tão bom que é.  Por mais elogios que se faça, é impossível retratar com justiça a qualidade da série.  Assim, limito-me deixar o link. Antes, colo a síntese de um dos episódios, só para dar água na Boca

O apresentador Luciano Huck gravou uma participação especial na temporada 2011 de A Grande Família. No episódio, Agostinho é escolhido para participar do Lata Velha e ganha a reforma de seu táxi. Bebel foi a responsável pelo feito: foi ela quem inscreveu o marido taxista no quadro do Caldeirão do Huck.

http://agrandefamilia.globo.com/platb/programa/

Lara com Z:

Suzana Vieira é Lara Romero, atriz que busca reconquistar seu prestígio de atriz  no teatro em que começou a carreira e que agora lhe pertence.  Tem facilidade para levantar fundos e  resolve mudar o destino do que fora arrecadado.

“Se dependesse apenas de sua dedicação, a noite de estreia seria perfeita. Mas a presença da crítica Sandra Heibert (Eliane Giardini) na plateia e a visita surpresa do fiscal do governo Leandro (Humberto Martins) para intimá-la prometem agitar o grande dia. De pé no terraço do seu teatro, Lara está disposta a colocar a sua vida em jogo para defender sua arte.”

“Lara com Z é um seriado de Aguinaldo Silva e Maria Elisa Berredo e com direção geral de Wolf Maya.

Finalmente, Macho Man.  Nélson, Zuzu, para os ítimos, cabeleireiro homossexual, resolve virar hétero, depois que o salto do sapato de uma drag queen o atinge na cabeça quando estavam em uma boate.   Embora os gestos delicados insistam em acompanhá-lo,  “tenta se acostumar com a idéia de ser  homem”.  A amiga Valéria (Marisa Orth) vai ajudá-lo na tarefa e para começar o leva para uma boate Hetero.

Macho Man é uma série escrita por Fernanda Young e Alexandre Machado, com direção geral de José Alvarenga Jr.

http://redeglobo.globo.com/novidades/series/noticia/2011/04/macho-man-nelson-sofre-acidente-que-mudara-sua-vida-na-sexta-dia-8.html

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PROVÉRBIOS PARA SINTETIZAR A COISA COM PERFEIÇÃO:

Big Brother termina – Primeira Parte do Provérbio: Não há mal que sempre dure.

Em janeiro, vota Big Brother – segunda parte do Provérbio  nem bem que nunca se acabe.

Teleteatro Fabuloso Só Para Cevar o Espectador???!!! NÃO CAIA NESSA!!!

O termo cevar é muito pouco usado nas cidades. 

Trata-se de “técnica” de pesca e caça.  Rotineiramente são colocados nos mesmos lugares alimentos para atrair peixes, aves e animais de porte maior.  A prática é repetida com freqüência.   Um dia, ao invés do alimento, estão  lá o pescador e uma rede ou o caçador e uma arma.

Nessa época de fim de ano, a Globo exibe o melhor do melhor do seu teleteatro e dos seus shows.  Hoje tem episódio especial da Grande Família; ontem,  dois programas espetaculares, cada um em seu gênero: Papai Noel Existe e Diversão. Com.  O primeiro,  com Regina Casé e Rodrigo Santoro, comovente fábula de Natal,  dirigido a toda família.  O segundo, para público mais  jovem e engajado, passava-se numa produtora com trama cativante.   Tenho ouvido ainda  chamadas  na emissora para o  show anual de  Roberto Carlos.

Depois disso, público bem cevado, Tome Big Brother, o Nada Absoluto na Televisão.

Cabe a mim e a você, que não somos peixes, aves ou caças,  estarmos a léguas da televisão nessa hora ou, na pior das hipóteses, sintonizar outro canal.

HOMOFOBIA/INVASÕES – NA PAULISTA…NO BRASIL… NA HISTÓRIA… NO MUNDO… Por Armando de Oliveira Neto*

Entre os últimos dias 4 e 9, dois ataques a jovens Homossexuais ocorreram na Avenida Paulista.   Mais uma vez, o psiquiatra Armando de Oliveira  Neto é convidado para nos ajudar a entender essas violências que, “muitíssimo” desgraçadamente,  vão se tornando corriqueiras.
Na verdade, Armando extrapola em muito os últimos acontecimentos e, de lambuja, ataca outros aspectos interessantes do que já aconteceu e acontece na História.  É “loooongo”,  é “óóótimo”!!!. Eu Leria.

Ataques a Homossexuais – Sintomas Curiosos

Frente aos acontecimentos ocorridos em nossa mais paulista de nossas avenidas – o ataque de jovens contra outros jovens homossexuais – apresento algumas considerações. 

Primeiro sobre o ataque;  segundo, sobre a defesa.

Numa leitura fenomenológica compreensível, talvez superficial pela empatia parcial, pois não conheço os protagonistas, entendo que os atacantes partiram de suas convicções homofóbicas e atacaram, aqui entendido por INVADIRAM, os outros jovens.
 

O conceito de INVASÃO baseia-se na conceituação de Jorge Rinavera, em seu trabalho “Núcleo Del Yo y conduta psicopática”:

A conduta psicopática é produto de uma carência de respostas adequadas em um indivíduo às normas sociais de seu grupo, provocando a reação do meio, que se expressa desde a repressão policial… . Alfredo Correia Soeiro complementa que a conduta psicopática é caracterizada pela invasão da Área Pessoa (o Outro), com suas convicções.
Importante esclarecer que Conduta Psicopática não é sinônimo de Personalidade Psicopática, embora possa estar presente nessa “variante da personalidade normal”, segundo Kurt Schneider.

Aqui, o “atacante” simplesmente desconhece, no sentido de ignorar, a certeza do Outro: como se o Outro, com sua história, seus conhecimentos, suas escolhas, seus anseios e sonhos não pertencessem àquele momento, sequer existissem. Os motivos ideológicos são simples pretextos para a ação, como descreveu Althusser.

Atacante está entre aspas, pois é no sentido amplo da palavra.

E O QUE FORAM A CATEQUIZAÇÃO DOS NOSSOS ÍNDIOS, AS CRUZADAS???

Esse enredo é conhecido de longa data e em todos os níveis de nossa sociedade, podendo ser facilmente identificado em situações variadas, impregnando nossa cultura independente do espectro socio-econômico.
As primeiras notícias desse comportamento invasivo data da época do descobrimento quando religiosos jesuítas “catequizaram” os nativos, em nome de um Deus único. Mas não é novidade e, em uma simples leitura dos Livros Sagrados, pode-se identificar como invasões ocorreram sistematicamente. Com as Cruzadas não foi diferente, partindo do discurso de um padre, Bernardo, que se tornou Santo por este motivo.

Desde então, não se parou mais, podendo ser identificado com facilidade nas chamadas guerras entre torcidas: se você, leitor, for palmeirense, por exemplo, não se atreveria a ficar sentado no meio da torcida do Corinthians e torcer pelo seu time… seria invadido, ou melhor, no mínimo massacrado!!!

Em termos de país, a Legislação vigente é outro exemplo de “invasão”: as regras tributárias dão sustentação legal a um verdadeiro assalto a nossos bolsos, para sustentar um Estado incompetente, perdulário e corrupto. Maílson da Nóbrega noticia – Veja em sua Edição 2195 – que uma empresa brasileira consome 2.600 horas para pagar tributos, contrastando com 320 na Rússia, 258 na Índia e 398 na China, respaldado pelas modificações impetradas pela Constituição de 1988.

Exemplos outros em qualquer nível da sociedade  não faltam e, o mais grave dessa situação horrorosa é que se forja no povo brasileiro A MORAL DA INVASÃO, desde a mais tenra idade.
1984, Admirável Mundo Novo, Fahrengeit 453 e Big Brother

Como psiquiatra infantil, impressiona-me pela simplicidade lorpa a noção que brinquedos de armas provocariam agressividade em crianças: absolutamente não… é o enredo que as nossas crianças assistem, e vivem, que modela o referencial da INVASÃO, construindo os Sentimentos Morais, às vezes chamados de Superego.

Embora possa ser constrangedor, entendo que uma mãe, ao presentear sua prole com um aparelho celular que tenha um sistema de GPS incluído, estará praticando uma Invasão de Privacidade. Mas não terá que se preocupar, ou se sentir culpada, pois as últimas gerações de crianças já estarão preparadas para aceitar qualquer Invasão,  pois foram  devidamente “catequizadas” pelos Orkut ou Facebook dos dias “modernos”.

A indignação, despertada pela leitura de “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Fahrenheit 453” e outros, perdeu-se nas últimas décadas pela substituição de “Big Brother Brasil” e outros representantes de uma cultura menor.

É lamentável, mas não posso ignorar que os tempos modernos são a escola da Moral Invasora.

Deixo de lado, para não me estender, as componentes econômicas/capitalistas, que também estão presentes nessa dinâmica perversa e que, pessimistamente, considero  sem volta.

ROUSSEAU ERROU???

Em segundo momento teço considerações sobre o Defender.

Rousseau achava que o homem nascia puro e a sociedade o corrompia. Como não devia entender de gente, e muito menos de Etologia, o que ocorre é justamente o contrário: são as regras do grupo que mantém o homem na linha. Aliás,  esta é a concepção sociológica, defendida por muitos, que se contrapõe ao conceito de Superego, da Psicanálise, que não é universalmente aceito, incluso o de Inconsciente. Recentemente apresentei aqui mesmo no “BOCA NO TROMBONE” tema denominado por “Em defesa de um certo Medo”, discorrendo sobre esse fenômeno social, no âmbito da educação infantil. Ver http://bocanotrombone.ig.com.br/2008/04/30/em-defesa-de-um-certo-medo/
Indignação ou Estagnação…

Assim, desde muito, as regras dos grupos humanos eram aceitas e respeitadas, havendo a transcrição no Código de Hamurabi, com a Lei de Talião, depois com os mandamentos de Moisés e mais tarde as codificações religiosas várias. Essas regras morais produziriam um certo grau de inibição ao comportamento invasor.
Por outro lado o invadido teria como se defender desse movimento, respaldado, hoje em dia, pela Declaração de Direitos Humanos, a Constituição da República, os Códigos vários, com suas Leis, Jurisprudência e Usos e Costumes.
Só que isso só funciona no papel, na teoria, como qualquer brasileiro sabe, ao viver no “país da impunidade”… e o invasor sabe disso. A Lei “Maria da Penha” está aí e as mulheres continuam sendo barbarizadas e mortas (invadidas), na sombra da Lei.
Políticos passam por cima delas, sejam as que normatizam os gastos públicos, sejam as eleitorais, sem nenhum constrangimento.
É por esta constatação que me faz descrente de mudanças em curto ou médio prazo. Ocorre-me  aqui lembrança do jornalista Mino Carta No programa Roda Viva, da TV Cultura, Mino  afirmava  que levaríamos 250 anos para atingir um grau satisfatório de moralidade.
A não ser que nos indignemos!!!

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*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama

BIG BROTHER E A QUESTÃO DO PRIVADO VERSUS O PÚBLICO

Acabou o Big Brother!!!

Suponho e torço para que voltem A Grande Família, Toma Lá, Da Cá e outros teleteatros que só a televisão brasileira sabe produzir.

Para comemorar o fim do Big Brother, publico artigo  do meu amigo Armando de Oliveira Neto, Médico Psiquiatra, que, didaticamente, explica o tema.

É longo.  É bom.  Vale a pena!!! Eu leria!!!

Lá vai:

Big Brother e a questão do privado versus o público

por Armando de Oliveira Neto

Um programa de televisão que tenho notícia, o BBB, que me nego assistir por questão de “religião” (a que não me permite ficar estúpido) lança de maneira magistral as pontes para a dessensibilização do espectador para qualquer questionamento sobre o tema, em permanente “lavagem cerebral” do mais incauto: a questão do privado versus o público.
 
Proponho aqui provocar uma reflexão: qual é limite entre, dentro da perspectiva apresentada, a vida pública/feliz, assim vendida ao grande público, e a privada/angustiante???
 
Vida pública vista sob o prisma da presença do Estado, que pode estar representado pelo(a) pai(mãe) zeloso(a), pelo patrão cuidadoso com a produção da fábrica, com a fábrica de biscoitos que se propõe a melhorar seus produtos, até o(a) marido(esposa) observador dos passos milimétricos de seu(sua) cônjuge, e assim por diante.
 
Vida privada vista pelo abandono e a solidão do existir INDEPENDENTE, diante da liberdade de nossas escolhas dos caminhos a tomar, com a inerente e indissolúvel responsabilidade das conseqüências dessas escolhas.

Há alguns meses o jornal “O Estado de São Paulo” publicou matéria que versava sobre a evolução das Ciências que permitiriam ter observação sobre os indivíduos desde antes do parto, pelo uso do Ultra Som Gestacional, até a morte.

Pode-se observar, nas mais diferentes situações das atividades humanas, que há uma disseminação de equipamentos e toda a parafernália que os acompanha, com o objetivo de “monitoração” do cidadão, apoiando-se nos mais variados argumentos, desde a segurança individual até a nacional, acompanhamento, maternagem, e por aí afora.

Se pudermos ampliar essa observação, desde os anos 50 procurava-se a separação de espermatozóides X dos Y, com objetivo de escolha do sexo do embrião a ser concebido, o que já é padrão na “sexagem” de sêmen bovino ou mesmo o humano na atualidade.

O estudo genético das células do líquido amniótico já revela patologias que poderão indicar a viabilidade do embrião/feto e, portanto, a continuidade ou não da gestação. A questão da seleção de embriões humanos “adequados” na gestação assistida já é um tema que habita a classe médica.

“Adequados” já não é o designativo de viável, mas de cor dos olhos, dos cabelos, estatura, inteligência (?) e outras características desejáveis pelos pais.

O mapeamento genético em breve substituirá a Carteira de Identidade, lembrando que o controle digital, aquele que se coloca a polpa do dedo para identificação, já está em uso para controle de funcionários, quer em serviço público quer privado.

Receitas médicas podem ser identificadas pela indústria farmacêutica em tempo real, com uso de programas de computadores.

As compras, em supermercados e outras lojas, são monitoradas da mesma forma, no momento da compra por meio de cartão do sistema bancário, informando-se as preferências do freguês alheio a esse procedimento.

Os atuais telefones celulares usam tecnologia GPS, podendo o cidadão ser localizado a qualquer momento na face da Terra. Assim os papais e mamães modernos poderão se sentir mais seguros e confiantes, uma vez que seus rebentos poderão estar sob suas tutelas permanentemente.

Um “chip” de identificação e localização já foi desenvolvido, para implantação na região da palma da mão, mas não foi ainda apresentado para comercialização, limitando-se a equipamentos de monitoração a condenados a prisão domiciliar.

Enfim, poderíamos dar outros detalhes sobre o desenvolvimento da tecnologia que temos nos dias de hoje e possíveis para os próximos anos (não décadas ou séculos), mas o que temos já é suficiente para uma reflexão que se segue.

Romances, na ocasião de suas publicações, chamados futuristas, já denunciavam essas evoluções, tais como “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Fahrenheit 451” e, mais recentemente os filmes “O Exterminador do Futuro” e “Matrix”, mostram o desenvolvimento da reação do ser humano a essa opressão controladora por uma instância que chamarei, para fins desse escrito e em respeito aos originais citados, de Estado.

Lembro-me, lido há 50 anos, a sensação de liberdade que o protagonista de “1984” vivenciou, no pequeno espaço do cone de sombra das câmaras de vigilância do Grande Irmão, e que desencadeou toda a trama do romance.

É assim, guardando as diferenças, que podemos encarar a questão do Controle do Estado e nossa indignação frente a ele.

Lembrando o Livro de Gênesis, o ser humano faz o mundo à sua semelhança e imagem. Rompemos com as leis divinas, ou se preferir com as leis da evolução das espécies, pois podemos criar seres humanos perfeitos geneticamente. Controlamos doenças que antes matavam milhões de pessoas. Trocamos partes do corpo humano e hoje até introduzimos micro-processadores no interior do cérebro para sanar certas deficiências.  Desconsideramos o Salmo que canta “que o pó volte a terra, de onde veio e que o espírito volte a Deus que o criou… Vaidade, vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade…”, pois alguns acham que já há tecnologia para se prolongar a vida para além dos cem anos, ou até mais, pelo congelamento, uma ressuscitação depois de algum tempo .

Todos esses elementos levam o ser humano a uma estupefata e perplexa admiração pela Ciência e os limites, a todo instante, superados.

Veríssimo, em crônica no jornal “O Estado de São Paulo”, datada de 31/12/2009, escreveu: “Com o aperfeiçoamento do GPS seríamos guiados por uma entidade superior que tudo vê e tudo sabe. Um satélite estacionário sem nenhuma dúvida sobre o que é certo e o que é errado e o que nos convêm. Bastaria levar o aparelho ao ouvido e escutar os seus conselhos. Na voz que escolheríamos.”.

A Psiquiatria encontrou seu caminho nesse processo ao achar a pílula da felicidade, assim chamado um anti-depressivo lançado em meio a um das melhores campanhas de propaganda, que prometia a supressão da dor d’alma em qualquer condição, jogando por terra qualquer concepção relacionada a condição do sofrimento humano, amplamente questionada por Fukuyama e outros.

A tecnologia a serviço do controle do Estado também procura provocar uma sedação às nossas angústias, oferecendo-nos uma apaziguante sensação de proteção frente as incertezas do viver.

Nos dias de hoje estamos construindo os alicerces de um Admirável Mundo Novo… e nós vamos conseguir!!!

E, lembrando uma expressão alemã, encontrar os dourados caminhos do meio torna-se uma tarefa hercúlea dentro de cada um: ser livre e independente contornando-se as perigosas seduções da tecnologia e da Medicina.

Essa é a minha escolha.

E a sua?
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Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama.