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MEIA-ENTRADA – FALTA BOM SENSO; SAUDADES DO PREFEITO FARIA LIMA

De 15.07.07

Donos de cinemas, teatros e casas de espetáculos travam batalha com a população a propósito do direito à meia entada.

Segundo ouvi dizer, até há alguns anos (não sei se ainda acontece), nos Estados Unidos, nos finais de semana, companhias aéreas faziam inteligente promoção. Havendo assentos disponíveis até determinado tempo antes da partida do vôo, eles eram vendidos por preços absolutamente irrisórios.

O raciocínio das empresas era simples. Assento de avião é o produto mais perecível que existe – a porta fechou, perdeu-se. Se for colocado preço – muitíssimo – promocional, a empresa tá no lucro. Cada pessoa a mais no vôo implica numa parcela “infinitamente ínfima” no consumo de combustível e até mesmo no serviço de bordo. De qualquer maneira, compensa.

No caso do cinema, a coisa é ainda muito mais óbvia. Em dias de semana, quando as salas jamais lotam, seria muito mais vantajoso para os empresários que houvesse x pessoas a mais – ainda que pagando meia – do que ter x pessoas a menos.

É hiper óbvio, mas e a GANÂNCIA !!! Vale a pena lembrar que, diferentemente do avião que terá acréscimo mínimo no consumo de combustível, mais pares de olhos assistindo à sessão não implicam em mais gastos. A não ser que os proprietários aleguem que sentar desgaste poltrona!!!

O prefeito Faria Lima determinava que alguns minutos antes de o espetáculo começar no Teatro Municipal se permitisse a entrada gratuíta de espectadores para que nenhuma cadeira fosse desperdiçada. Certamente era por esse tipo de atitude, entre outras inúmeras qualidades, que a população tinha por Faria Lima o mesmo carinho que dedica aos ídolos do esporte e da cultura de massa. Ao entrar em lugares públicos, inclusive restaurantes, os presentes faziam questão de se levantar e o aplaudiam demoradamente.

A propósito, excetuando-se o Suplicy, sempre visto caminhando nas proximidades do Shopping Iguatemi, você custuma encontrar algum político de hoje passeando ou fazendo compra entre meros mortais????

Molho Inglês e a Faxineira; Severo Gomes, nossa elite e o Escultor Temperamental

De 12.07.07

Com todo o carinho, você preparou para seu namorado ovos quentes, – comidinha para depois do amor, dizia o poeta Vinicius. Aquelas bonitas xícaras, devidamente escaldadas, com um pouquinho de manteiga e sal, prontas para receber os ovos. Mesa posta, torradinhas ao lado, tudo perfeito. O toque saboroso fica por conta do molho inglês. Sentados à mesa, seu namorado gentil , ao inclinar o vidro para as quatro ou cinco gotinhas que realçam o sabor do quitute, derrama um monte de molho e assim se implode todo o romantismo.

Não é o seu namorado que é estabanado. É um absurdo inconcebível, provavelmente feito de propósito para se vender mais molho inglês. Isso acontecia com a marca mais famosa de todas. Revoltado e bom consumidor que sou, troquei de marca. A mesma coisa se repete.

Comentei com o importador da tal marca mais famosa e ele me disse que era assim mesmo. Mas eu duvido que nos Estados Unidos a embalagem dessa marca apresente esse problema. Aliás, desconfio de que não seja problema algum; por incrível que pareça, tenho quase certeza que é de propósito.

Conta muito antiga lenda da comunicação que um bando de marqueteiros estavam reunidos, fazendo mil conjeturas para vender mais determinado óleo de cozinha. A faxineira que estava limpando os vidros da sala deu um palpite:

– Por que vocês não fazem um furo grandão na garrafa???

E foi isso que ficou decidido!!!

Era famoso o open house que a Ziza promovia no almoço próximo ao Natal para comemorar seu aniversário.

Meu pai é homem preparado e inteligente, mas às vezes insiste em algumas generalizações absurdas. Ele adorava dizer que o povo brasileiro não prestava. Toda vez que ele dizia, eu explicava que o nosso povo era maravilhoso, trabalhador, bom. Argumentava:

– Bota um inglês ou um francês para trabalhar oito horas por dia e ainda ficar quatro horas no ônibus para ver o que acontece!!!

Pois bem, na casa da Ziza, meu pai se entusiasma e recita sua “definição definitiva”.

Vira-se para ele o Severo Gomes, contemporâneo dele de Faculdade, e diz:

-Hiram, não é o povo brasileiro que não presta. É a elite que não presta. Nós é que não prestamos!!!

Rindo ao seu lado, lhe disse.

-Cansei de falar isso pra você, lembra-se???????????

Comerciantes também são caso a parte e a piadinha do escultor é ótima.

O presidente da Associação Comercial encomendou para um escultor temperamental uma grande obra que representasse o comércio. O artista aceitou desde que ninguém visse o trabalho antes que estivesse concluído.

No dia da inauguração, toda a cidade reunida, prefeito, governador, rádio, tvs… Quando se retira a imensa lona que cobria a escultura, espanto total.

– Oh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – exclamou a platéia.

A escultura era uma imensa fila de homens nus, um atrás do outro, o de trás se encaixando no da frente.

O presidente da Associação Comercial foi tomar satisfação com o artista que explicou.

– O senhor não queria um trabalho que retratasse o comércio??? O comércio é isso, um querendo estrepar o outro!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O presidente indignado disse que aquilo era um absurdo e garantiu que ele mesmo era sujeito muito honesto.

O artista explicou.

-Exatamente, o senhor, o senhor é o primeiro da Fila.

O importador do molho inglês que ainda usa a sofisticada técnica da faxineira do buraco grandão para vender mais deveria ficar alternando o primeiro lugar na fila com o Presidente da Associação Comercial.

PROIBIDO POR LEI

De 23.02.07

Minha tia Ciloca – carioca -, jogadora inveterada, era categórica:

– Baralho de plástico deveria ser proibido por lei!!!!!!!!!!!!!!

Se é idiossincrasia dela, não sei. Afinal, faço poucas coisas na vida pior do que jogar cartas. Agora, que inúmeros comportamentos e atitudes deveriam ser proibidas por lei, ah deveriam ser mesmo.!!!!!!!!!!!!!!

É lembrar daquela velha máxima “a liberdade de cada um vai até onde começa o direito do próximo” e perceber que o mundo atual (Brasil, nem se fale!!!!!!!!!!) virou barbárie. A coisa tá de tal modo dissipada que nem lei, propriamente dita, dá jeito. Afinal, como bem disse minha professora francesa, “no Brasil, algumas leis pegam e outras não”. Uma francesa que se mudou para o Brasil, provavelmente por não conseguir sobreviver na sua terra, dizer isso me revoltava, mas sou obrigado a concordar com ela.

Parece que existe mesmo há muitos e muitos anos uma lei que proíbe fumar em restaurantes. Proíbe e ponto. Eu exigir que os fregueses dos restaurantes que freqüento usem camisas vermelhas seria idiossincrasia minha. Querer comer sem inalar fumaça de cigarro não ser direito de cidadão algum é verdadeira afronta.

E afrontas são o que não faltam.

O celular, então, é o instrumento predileto dos búfalos afrontadores. Estava em um restaurante japonês despretensioso na hora do almoço e uma médica começa a gritar:

– Então quer dizer que a Maria tá mesmo com câncer!!!!!!!!!!!!!

Ora, esse problema e esse estresse são dela e da Maria (eram, porque talvez a Maria nem exista mais) . Ninguém têm o direito de ficar gritando que alguém está com câncer no meio do almoço de dezenas de pessoas. No mundo do celular, gritar coisas íntimas e impróprias virou a norma. Segundo me contou o diretor de um clube da elite paulistana, um associado desse clube estava em um clube também sofisticado na Argentina e pôs-se a bradar no celular. Imediatamente, um funcionário veio comunicar que ali havia cabines para usuários de celulares.

Aí, pode ser idiossincrasia mesmo, mas não é só minha. Basta falar, ou até mesmo falar mais alto:

– Telefona pra mim.
Pode até repetir, mais alto ainda.
-Telefona pra mim.
Agora, colocar o dedinho na boca e o dedão no ouvido para significar exatamente Telefone para mim, ah isso devia ser mesmo proibido por Lei. Estava assistindo televisão com uma conhecida minha, no intervalo, durante a propaganda, o ator fez o tal gesto. Minha conhecida:

-Deviam cortar a mão de quem faz isso!!!!!!!!!!!!!!!!!

Os búfalos lights devem se achar educadíssimos porque o celular deles não toca Pour Elise no Cinema: limita-se a emitir jatos de luz no olho do vizinho. Ora, tenha a paciência!!!!!!!!!!!! E que carência afetiva é essa que não permite a pessoa ficar duas horas quieta sem se preocupar se está ou não sendo de alguma forma desejada.?????
Os lugares públicos foram transformados em permanentes recreios de crianças do maternal (búfalos é mais delicado???)l!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Aliás, na rede Cinemark de cinema, antes de o filme começar havia o seguinte aviso:

– EVITE FALAR ALTO

Como dizia uma ex-namorada, deixa eu entender: quer dizer que pode conversar a vontade e, se for possível, solicita-se aos búfalos que não gritem?????????? E o que mais as pessoas fazem no cinema é exatamente conversar e fazer barulho com o papel de pipoca. Certamente elas acham que quando os personagens estão em silêncio, a senha tá dada para uma troca de idéias, como se estivessem vendo um DVD em casa!!!!!!!!!!!!!! Desejar silêncio na sala de cinema virou idiossincrasia; conversar, direito de todo e qualquer búfalo.

No banheiro, na hora de enxugar as mãos, além de não ter a opção de escolher entre a tradicional toalha de papel e o famigerado secador elétrico, o cidadão ainda tem que agüentar lição de moral ecológica. Uma plaquinha na máquina explica:

– Ao usar esse aparelho, você está economizando árvores!!!!!!!!!!

Ora, se for assim, o coerente é proibir sapatos de couro. Suponho que a cada 15 segundos o atrito de solas de sapato com o solo, quer de cimento, ou de barro, consome de três a quatro bois em couro. Até você ler o final desta gracinha, pelo menos dois bois já terão sido consumidos, só para esse fim- solas de sapato -. Vamos exigir um pouco de coerência, pelo menos do desinfeliz que decidiu colocar a plaquinha ecológica no enxugador de mãos. Mas sou obrigado a lembrar ao autor das plaquinha que tênis também consome borracha. Olhem que cena grotesca: aquelas árvores imensas atrozmente sendo golpeadas por perversos seringueiros que lhes sugam o látex!!!!!!!!!!!!!!!

Almoçar, jantar sossegado tendo direito a conversar com um amigo ou mesmo ao silêncio também virou idiossincrasia. A televisão tá ligada o tempo todo em praticamente todos os restaurantes. Como digo sempre, vejo o Jornal Nacional e janto todas as noites, mas faço uma coisa de cada vez. Impingir ao cliente que jante assistindo aos detalhes do crime do dia, definitivamente, deveria ser proibido por lei!!!!!!!!!!! Falo sério: lei mesmo!!!!!!!!!!!!! Televisão ligada em bares e restaurantes deveria ser permitida em uma única ocasião. Jogo de futebol do Brasil em Copa do Mundo. Aliás, sugiro aos críticos de restaurantes que façam uma campanha para que sejam retiradas toda e qualquer televisão de Restaurantes, mesmo as que exibem vídeo- clips. Televisão durante o jantar, todo e qualquer búfalo tem o direito de ter, mas somente em sua casa ou na casa de colegas búfalos. Não posso exigir restaurante com teto lilás, mas… Ponto final nesse assunto!!!!!!!!!!!!

E o som ambiente que, como eu digo, só faz infernizar o ambiente!!!!!!!!! Onde quer que se entre, a música tá no último furo. Já passei em frente a lojas chiquíssimas do shopping Iguatemi em que as balconistas estavam se divertindo com programas popularescos, certamente produzidos – como diz o próprio nome – para atender às camadas populares (dando uma pseudo e pretensiosa sofisticação ao artigo e, concomitantemente, não sendo politicamente incorreto).

Politicamente correto, sob todos os aspectos, principalmente do ponto de vista da higiene, seria proibir que os pães fossem colocados sem qualquer proteção no balcão entre o funcionário e o público. Ou seja, todos esses produtos ficam recebendo saliva – democraticamente – tanto do consumidor quanto do funcionário. É óbvio que todo e qualquer produto desembrulhado pra venda deve ser colocado atrás do funcionário. Essa falta de higiene acontece em praticamente todas as padarias. Há grandes padarias onde, inclusive, panetones, bolos devidamente desembrulhados estão pelo meio do corredor. Mandei email a esse respeito para o órgão competente. O burocrata de plantão me mandou uma resposta que eu não consegui entender. Mandei de volta email dizendo que era jornalista formado e que mesmo assim não consegui entender coisa alguma do que ele escrevera. Providências mesmo, nenhuma!!!!!!!!!!!!

Ainda questões de higiene. Nos supermercados da, provavelmente, maior rede do país, azeitonas, picles, frutas secas estão colocados pelos corredores. O público mesmo é quem se serve. Quem quiser, passa, abre ali, pega uma azeitona. Muitas vezes aquela colher cujo cabo foi manuseado por todo mundo ad infinitum cai dentro do produto. Pedir providências do órgão responsável pela higiene é idiossincrasia???? Eu não compro em hipótese alguma pães expostos à saliva coletiva (até rimou, hein!!!!!!!!), tampouco esses produtos sem embalagens espalhados pelos corredores!!!!!!!!!!!! Mais uma coisinha só a esse respeito. O sindicado de bares, restaurantes, padarias, etc deveria passar orientação ensinando funcionários e até mesmo proprietários que não se pode por o dedo na língua antes de pegar o guardanapo que vai ser usado para servir o freguês que pediu um salgado.

Aliás, seria interessante também que a Produção e Direção de um dos mais conhecidos artistas da TV Brasileira ensinassem-lhe que não é nem um pouco agradável para milhões de telespectadores assistirem a ele esfregando a língua em três ou quatro dedos (ou será o contrário???) toda vez que vai mudar a página de algum livro ou documento. Se esse artista, que freqüentemente jacta-se de ter sido educado na Europa, é capaz disso, fica difícil/impossível supor que uma única linha deste texto terá qualquer serventia. Permitam Deus, Marcelino de Carvalho e Cláudia Matarazzo que eu esteja sendo pessimista demais.

Há muitas outras coisas ainda a serem comentadas, mas, frasista, termino com uma frase minha:
O problema grave é que o bê-a-bá do óbvio mais ululante é um imenso bicho de setecentas cabeças para a imensa maioria.

RECREIO SEM FIM

De 27.09.06

Todos, absolutamente todos, os grupos de pessoas que se reúnem obedecem a certos critérios, sob pena de reuniões se tornarem caos. Todos, exceto um. Para esse único grupo, provavelmente quanto mais caos houver, mais seus participantes gostam, se divertem. Afinal eles estão ali, ao que parece, é para se divertir, brincar, como bem disse uma atriz que, coitada, teve que participar de encontro com eles no território deles.

Crianças, jovens, adultos e professores vivem sua rotina nas salas de aula em uma dessas situações. Em geral, o professor expõe um tema na frente, próximo ao quadro negro e os alunos -SENTADOS-ouvem. Alunos podem pedir a palavra e se manifestar. Nos seminários, um ou mais aluno(s) fica (m) na frente, expõe(m) uma idéia e todo mundo fica sentado ouvindo o colega. A outra situação é o intervalo/recreio, quando eles conversam, comem um sanduíche ou tomam um cafezinho/refrigerante.

Reuniões profissionais, em geral um ou mais visitante é atendido em uma sala de reuniões. Se houver uma cadeira que se destaca, quem recebe senta-se nessa cadeira e as visitas se sentam nas outras.

Até mesmo nos treinos de qualquer time de futebol, seja do milionário Barcelona do Ronaldíssimo Gaúcho ou dos Sem Chuteiras Fuebol Clube, há um bom senso para fazer a coisa render.

São mais ou menos quatro situações: os atletas, todos eles, fazendo exercícios físicos Os jogadores divididos em dois times, ensaiando jogadas, fazendo coletivo. Quando participam de um rachão ou joão-bobo é para descontrair, para relaxar a musculatura, não é para brincar, não. O João-bobo tem objetivo. Em todas essas atividades, o técnico e/ou preparador físico ditam as normas. Em todas essas situações, mesmo durante a descontração do João-bobo, há uma certa seriedade. Ninguém fica tomando refrigerante, ninguém fica batendo papo com o companheiro ao lado. E olha que os jogadores são adolescentes ou a jovens adultos, a grande maioria gente muito simples, em geral com pouca instrução e algumas vezes extremamente infantis.

Observe-se ainda que tanto o recreio/intervalo dos alunos quanto a brincadeira de João bobo dos jogadores de futebol têm um ponto final.

Já no Congresso Nacional…..

Ah, aí o recreio não tem fim. Suponho que além daquela mesona que existe naquele palcão lá em cima, haja uma belíssima cadeira e uma mesa para cada congressista se sentar e ouvir aquele que está lá em cima. Mas eles são garotos indisciplinados e não há um professor ali a quem eles devam obediência. Aí é uma festa!!!!!!!!!! Muitos ficam amontoados em cima daquele que está falando. Será que é para aparecer na televisão e mostrar pro eleitor de seus estados que eles têm participação decisiva nos rumos da nação??? Outros ficam aos gritos no celular, muitas vezes ao lado desse que está falando; falando no microfone, porque batendo papo estão todos. Há diversos grupinhos de dois congressistas, caminhando pra cá e pra lá, em geral um deles segurando no braço do outro. Curiosa essa mania que eles têm de segurar no cotovelo do cara com quem estão conversando. Experimente segurar o cotovelo de uma mulher de personalidade por mais do que três segundos. Ela puxará o braço com toda a força e não admite que isso se prolongue por mais um único segundo.

Tudo isso sem contar a tal história do quórum. É assim: determinada matéria será votada no Congresso na terça-feira. Se houver quorum, naturalmente. Se houver quorum é tão implícito e aceito como uma lei da física. Alguém já chegou a uma agência bancária, a um shopping, a uma escola ou a qualquer outro lugar da vida real e encontrou um funcionário que estava ali apenas para informar que permaneceriam com as portas fechadas por falta de quorum??????????????

A atriz Denise Fraga, num dia em que deu quórum, há cerca de oito meses/um ano, foi ao Congresso Nacional tratar de assunto da classe artística e ficou estarrecida com o ambiente.

Com fabuloso poder de síntese, ao contrário do detalhamento desse texto, ela disse: Fiquei impressionada. Parecida um bando de garotos em volta de uma bola de futebol.

Calma lá Denise Fraga: não ofenda nossos garotos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

De maneira alguma, tenho saudades da Ditadura. Mas não posso deixar de pensar em Aristóteles e principalmente no pessoal do Casseta e Planeta. Aristóteles disse: “o homem é um animal político”. Casseta e Planeta: “O Homem Político é um animal!!!!!!!!!!!!!!!”

Domingão tem eleição!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

INFELIZMENTE SOU TEIMOSO, NÃO PERSISTENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

De 26.09.06

Tenho boa memória e não sou tão novo.

Na Copa de 70, estava com 16 anos. Lembro-me bem de muita coisa a respeito. O time do Brasil chegou ao México desacreditado. Paulo Maluf era prefeito de S. Paulo (não vou repetir aqui, por não poder provar, a versão que explicava na época a escolha de seu nome para o cargo). Pois bem, ouvi e li nosso prefeito, então no início de sua famosa carreira política, afirmando que se o Brasil fosse campeão do mundo , ele daria um fusca para cada jogador e (salvo engano) membro da comissão técnica. Pois bem, o Brasil foi avançando, avançando e Maluf recuando, recuando. Já não era mais Paulo Maluf, na terceira pessoa como tanto gosta de dizer, mas sim a prefeitura de S. Paulo que daria os carros. Só pegar os jornais da época e ver.

O Brasil ganha a Copa, Maluf, com dinheiro da prefeitura, dá os carros, alguém entra na Justiça contra o prefeito que usara o dinheiro público.

Passam-se 35 anos e, com a rapidez que lhe é peculiar, a justiça Brasileira em última instância conclui que Maluf era inocente, uma vez que teve o aval da Câmara de Vereadores para fazer o que fez.

Deixa eu entender, como dizia uma ex-namorada: para descobrir que Maluf teve o aval da Câmara e que só esse fato era a prova e condição suficiente de sua inocência, a justiça (com j minúsculo mesmo) levou 35 anos?????????

Um parênteses desnecessário: os jogadores de então não eram milionários como hoje, mas em hipótese alguma se justificava tirar dinheiro da população com suas carências crônicas para premiar esportistas bem sucedidos.

Em conversas, desde essa época, relato o fato, digo que o cidadão não pode crer em mais nenhuma instituição do país . Logicamente, não saí pregando depredação de nada nem qualquer vandalismo. Entretanto, afirmava que uma forma de eu mostrar meu descontentamento e decepção com tudo, seria eu votar nulo até o fim de minha vida. Ainda dizia que, infelizmente, eu sou teimoso e não persistente. Embora meu dicionário eletrônico aponte que teimoso e persistente sejam quase a mesma coisa, na minha cabeça o persistente tem convicção da coisa e o teimoso apenas teima e a simples teima, além de parecer birra de criança, é muito mais fraca do que a convicção.

Pois bem, acho que sou apenas meio teimoso pois não pretendo anular todos os cinco votos, talvez apenas dois…. Ah, que inveja tenho dos persistentes!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Espero até antes da eleição expor ou, como dizem os analfabetos pretensiosos de hoje, “estar expondo” aqui minha opinião sobre o nosso glorioso (nem precisa por aspas, né??????????) poder legislativo (também em minúsculas, naturalmente!!!!!!!!!!!!!!!!)

Educação Formal x Educação Informal

De 20.09.06

Celulares e seus donos disparam em todo lugar a qualquer hora do dia e da noite; cachorros metem o focinho em sua canela nas ruas/parques/lojas/shoppings/padarias; você tem que, literalmente, fugir de carros que invadem calçadas em velocidade para entrar ou sair de garagens, quando não para estacionar nas próprias calçadas. Essas situações, entre inúmeras outras a que somos submetidos diariamente, mostram que Pedro Nava não exagerou quando disse não se lembrar de um único dia de sua vida em que tivesse saído de casa sem ser agredido. Aliás, como costumo dizer, desde sua morte (suicídio), alcançamos imenso progresso: hoje, o caminhão de gás, o alarme, que também dispara e não pára, e o cachorro do vizinho (ah, mais uma vez o cachorro!!!) nos poupam o trabalho de sair de casa e até mesmo de levantar da cama. Você é invadido em seu sono, sua mais profunda intimidade, que deveria ser, até mesmo por lei, preservado.

A tese de mestrado de um conhecido meu, em cuja casa me hospedei, mostrava, entre outras coisas, que há dois tipos de educação – a formal e a informal. Provavelmente ele abordava outros assuntos mais inéditos, dos quais não me lembro, mesmo porque esse dois tipos de educação já foram estudados na pedagogia.

A formal a criança “aprende” na escola – ler, escrever, quatro operações, história, geografia e etc.

A informal, adquire-se em casa, no convívio com os pais, irmãos, tios, vizinhos, amigos, pais de amigos…

É a educação informal que dá conta de fazer com que a criança aprenda manusear talheres, tratar com consideração os mais velhos, não interromper quem está falando. Aliás, aqui cabe um lamento: pais de todos os níveis sociais, de todas as culturas, levaram anos ensinando isso. Se imaginarmos que cada pai já falou pelo menos uma vez a respeito do assunto para seu filho e multiplicarmos por bilhões de habitantes, chegaremos a números espantosos. Pois bem, o celular atirou, precipício abaixo, infinitas horas de dedicação de civilizações inteiras. Hoje, duas pessoas estão conversando. O celular de uma delas toca. Sem o mais tênue constrangimento, ela atende, conversa a vontade, e deixa o outro com cara de idiota esperando. Aliás, celular e cachorro constituem capítulos especiais.

Apropriando-se da “tese” do meu conhecido, percebe-se que o grande problema, paradoxalmente, é a precariedade daquilo que ele chamou de educação informal. É aí que se encontra a causa da imensa maioria das pragas que assolam nosso dia a dia. Porque uma relativa educação formal todos possuem: o serralheiro sabe (relativamente) lidar com ferro, sabe fazer contas; a faxineira sabe (relativamente) fazer faxina e entende o eventual bilhete que a patroa deixa e assim por diante.

Parece até ironia, mas esse meu conhecido/anfitrião era o exemplo mais perfeito de que ele e sua tese haviam acertado na mosca.

Estava na casa de um sujeito de refinada educação formal – possuidor de título de mestre. Pois bem, quanto à educação informal, não vou definir. Limito-me a relatar dois fatos sem fazer qualquer comentário:

1) Os vinhos, razoavelmente bons que levei para ele, foram servidos em copos de massa de tomate.

2) O banheiro que tinha espelho não tinha água na pia e vice-versa. De certa forma era prático, pois o simples barbear já me deixava com a consciência tranqüila de que podia dispensar o Cooper diário.

Parece engraçado mas, como diziam os versos de Billy Blanco, cantados por Elis Regina , “o que dá pra rir /dá pra chorar/problema só de hora/ e lugar”. E na maioria das vezes é de chorar mesmo.

Outro dia fui obrigado a mudar de lugar em um restaurante pois era impossível suportar o perfume de duas peruas que se sentaram à mesa ao lado.

Frescura minha????????????? Um caso a parte???????????? Pois bem, seguem-se outros. Poderia relatar dezenas em diversas situações. Vou me restringir a dois ou três.

Durante 25 anos, fui vizinho de político de imenso prestígio e muito bem conceituado em nossa República. Naquele tempo, não havia 0,00001% do pavor de seqüestro/assalto que “assaltou” o país nos últimos tempos. Pois bem, sua mulher, bacharel em Direito do Largo São Francisco, duas quadras antes de chegar em casa, metia a mão na possante buzina de seu carro do ano importado e só largava depois que o empregado abria-lhe o portão. Aliás, o empregado, embora tenha trabalhado nessa família por algumas décadas, permanecia analfabeto.

Infelizmente, vou ter que baixar bem o nível.

Um ótimo técnico em computação e o segundo homem mais importante no Brasil de uma das maiores multinacionais do planeta, com quem já tive a desventura de jogar tênis, têm em comum duas coisas: a sólida educação formal que lhes permite dominar ciências altamente complexas em seus ofícios e a renitente recusa em usar lenço, embora ambos tenham renitente renite alérgica. É isso mesmo – os dois assoam o nariz com a mão. Aliás, André Agassi, um dos dois únicos tenistas vivos a terem conquistado os quatro torneios do Grand Slam, além de também não ser adepto do lenço, faz questão de expulsar impurezas do nariz na direção da câmera de televisão (leia-se bilhões de telespectadores) que o está focalizando em primeiríssimo plano.

Saudoso Pedro Nava, acho que começo a entender porque você não agüentou a barra!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!