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Carta (não respondida) para Marta e Kassab

Mandei através de email a Carta abaixo para os dois candidatos a prefeito no 2. Turno da cidade de S. Paulo. Confirmei com os assessores de Imprensa de ambos o recebimento. O Assessor de Marta deixou recado na secretária dizendo que não conseguiu responder “por conta da grande demanda dos meios de comunicação”. A equipe de Kassab não deu qualquer satisfação. Vou votar em um dos candidatos. Agora, candidatos, cujas equipes não conseguem tempo, para responder uma carta, sei não…

Suponho que o eleitor e leitor do Boca no Trombone gostaria de ver respondidos/comentados as sugestões abaixo. Uma pena!!!

De qualquer forma, posso propor um exercício. Quem quiser, diga – através dos comentários – o que gostaria que o eleito faça a respeito do que foi aqui levantado.

É isso aí, bote a boca no Trombone, para isso que ele existe.

Boa eleição para nós todos.

São Paulo, Vésperas do 2. Turno

Prezados Candidatos Gilberto Kassab e Marta Suplicy:

Cordiais saudações.

Quando o dinheiro é curto – e isso é crônico no nosso carente país -, os bons administradores devem ser capazes de lançar mão de medidas inteligentes e simpáticas. Um bom exemplo foi dado pelo prefeito Mário Covas ao abolir a cobrança do bilhete de ônibus para idosos. O custo da medida para a prefeitura foi/é quase igual a zero, beneficiou/beneficia muito justamente milhares e milhares de paulistanos todos os dias e é imensamente simpática.

Além do Cidade Limpa, iniciativa da atual administração, que transformou a nossa cidade, há uma série de outras medidas que podem melhorar muito a qualidade de vida dos paulistanos, repetindo: melhorar muito.

Lá vão elas. Não se assustem. Não custam caro!!!

A poluição visual foi impiedosamente derrotada. Entretanto, muito mais nefasta do que a poluição visual é a poluição sonora, todo tipo de poluição sonora. O barulho do trânsito pesado de uma avenida, logicamente, incomoda. Mas o que incomoda mesmo é o barulho excessivo e irregular. E a irregularidade é cometida até mesmo pelas viaturas oficiais da polícia, corpo de bombeiros, carros de autoridades com sirenes absolutamente ensurdecedoras. Em relação a barulhos causados por veículos, ninguém deve escapar do controle/punição: o caminhão do gás, o vendedor de pamonha, o boyzinho de escapamento aberto, o carro de som que sai pelas ruas anunciando produtos do comércio local. Vale a pena lembrar que bares, boates e até mesmo shows oficiais promovidos nos Parques Públicos podem divertir/ entreter os freqüentadores, mas não podem tirar o sossego da vizinhança.

Após muitos anos fora do Brasil morando na Europa e, salvo engano, até no Oriente, famoso articulista da nossa imprensa disse que se preparou com empenho para que na sua volta à Pátria não sofresse em demasia como o choque cultural a que seria submetido. Já devidamente instalado, confessou que o suposto choque cultural não ocorrera. Entretanto que não estava suportando o “choque dos decibéis” (expressão dele). Mesmo a construção civil, segundo ele, nos países por onde passou, utiliza técnicas de modo a poupar os cidadãos do barulho excessivo. Estacas, naturalmente, têm que ser colocadas no local da obra. O barulho é grande, mas dura pouco Já as serras-elétricas, usadas durante toda a construção, deveriam ser proibidas em bairros residenciais e comerciais. As peças já chegariam no tamanho certo nas obras. Imagino que o articulista se referia a isso, entre outras normas/medidas tomadas no exterior.

Como dá para ver, tecnologia mais legislação bem feita mais ( e, principalmente,) fiscalização eficiente dão conta de resolver esse imenso e devastador transtorno a que o Paulistano é submetido permanentemente. Idéias para Fiscalização Eficiente, de uma maneira geral, serão dadas mais adiante.

Outra providência urgentíssima é reconquistar o Espaço Público para o Público/ para o cidadão. Mostrar que quem faz lei é o Poder Público. É isso mesmo. Aí o desrespeito é tanto que a coisa precisa ser tratada em sub itens.

Comerciantes fazem vitrines que avançam sobre as calçadas, além de muitas vezes exporem seus produtos fora dos limites de suas lojas. Esses mesmos comerciantes, certamente a pretexto de impedir que ambulantes se instalem diante de suas lojas, constroem floreiras de concreto sobre as calçadas. Constroem, edificam. O atrevimento é tanto, a certeza da impunidade é tal que eles deixam estateladas em concreto provas de suas irregularidades/arbitrariedades.

Os ambulantes, todo mundo sabe, estão irregularmente sobre as calçadas lutando para sobreviver. É compreensível e até louvável uma certa tolerância com eles. Agora, o direito de o cidadão, seja ele rico ou pobre, se locomover pelas calçadas é inalienável. Assim sendo, o ideal era haver empenho efetivo da prefeitura, associações de comércio e lideranças locais de arranjar áreas vagas para instalar ambulantes. Cá entre nós, não sou capaz de oferecer idéia alguma além dessa.

Ainda a respeito de comerciantes/comércio regularmente estabelecidos. É inconcebível que em ruas de comércio de trânsito intenso como a Teodoro Sampaio – em Pinheiros – (certamente isso acontece em diversas ruas comerciais da cidade) seja permitido o estacionamento com ou sem zona Azul. Se isso favorece o comércio local, prejudica imensamente toda a população. Não dá para entender uma rua de trânsito intenso onde haja uma pista exclusiva para ônibus, uma para automóveis e outra para estacionamento. Por mais que se esforce, uma pessoa de inteligência razoável, e bom senso idem, não vai conseguir entender. Isso sem contar que nas transversais dessas ruas – onde em geral o estacionamento é permitido com cartão de zona azul – sobram vagas o dia inteiro.

Já que o assunto é zona Azul, lá vai sugestão de medida quase tão simpática quanto a do prefeito Mário Covas isentando velhinhos de pagar condução. Trata-se de providência extremamente justa que irá, inclusive, propiciar um clima de cordialidade entre os paulistanos. Determinar que não haja mais necessidade de se colocar a placa do veículo no Cartão da Zona azul. Assim sendo, se eu estacionei por quinze minutos na Zona Azul e não vou mais estacionar o carro na próxima hora, eu posso ser cordial e oferecer o meu cartão para o proprietário do carro que está estacionando e que, muito provavelmente, também não usará mais do que quinze ou vinte minutos do tempo a que o mesmo cartão ainda dá direito.

Prezados candidatos, idéia tão simpática quanto a medida do prefeito Mário Covas de isentar velhinhos de pagar ônibus eu não consigo lhes oferecer. Entretanto, essa do cartão de zona Azul “reaproveitável” não é de se jogar fora, hein!!! Por falar em jogar fora, ainda há o aspecto ecológico da coisa: economia de papel, celulose, produtos químicos de impressão, diminuição de lixo. Vou lhes confessar uma coisa, caros candidatos. Essa idéia não é minha. Logo que surgiu a Zona Azul, o usuário não precisava colocar a placa do carro e os cartões eram reaproveitados. Nessa época, era comum se presenciar cenas de camaradagem entre os motoristas que estavam saindo e os que estavam chegando na Zona Azul.

Voltando ao Espaço Público para o Público do qual a Zona azul me afastou por uns pares de parágrafos. Determinar e dar prazo muito curto para que todos os condomínios/comerciantes retirem essas imensas cestas de ferro que instalaram junto ao meio fio para colocar lixo. Trata-se de verdadeira afronta, tanto ao pedestre que precisa ficar desviando quanto para o motorista que estaciona o carro e não consegue abrir a porta. Além de determinar a retirada, exigir que a calçada seja entregue exatamente como era antes de tal atrevimento. Quem quiser pode e até deve construir esses cestos. Entretanto, esses cestos precisam obrigatoriamente estar dentro do terreno do condomínio, talvez com um dente na grade frontal (dente para o lado de dentro, naturalmente. Os espertinhos imediatamente vão pensar em fazer um barrigão sobre a calçada, é lógico.!!!!!!) No meu prédio (é apenas uma coincidência pq não sou síndico) existe essa cesta colocada dentro do terreno do condomínio. Mas tenham a certeza de que se essa cesta estivesse sobre a calçada, na ata da primeira reunião de condôminos após o fato, já haveria registro de protesto de minha parte.

Ainda sobre calçadas para pedestres, acabar com esses balcões de Valets Parking (ridículo ter que escrever em Inglês). O restaurante pode oferecer esse serviço, mas não pode ocupar a calçada e, menos ainda, determinar a proibição de se estacionar em frente ao seu estabelecimento. Reiterando, cabe à prefeitura fazer leis e escolher onde se pode e onde não se pode estacionar.

Essa próxima idéia/medida visa até mesmo a segurança. Determinar e dar um prazo para que a numeração de todos os imóveis da cidade esteja uniformizada. Assim sendo, todas as casas, prédios, lojas no limite do lado direito (pode também ser o esquerdo) a uma determinada altura do chão – 1,50 metros acho que está de bom tamanho – tragam a numeração uniforme. Nos lugares de maior poder aquisitivo, esses números devem ser iluminados desde o fim da tarde até o início da manhã. Faça uma experiência e tente chegar a uma casa pela primeira vez durante a noite e mesmo durante o dia. É impressionante a criatividade de cada morador de esconder o número de sua casa, isto quando se dignam colocar o número. Nessa neurose obsessiva de medo que vivemos, muitos acham seguro simplesmente não exibir o número da casa. E o cidadão de dentro do carro vai guiando, caçando número, ao invés de olhar para frente. Chega a ser ridículo!!!

Por falar em neurose obsessiva de medo, que saudades dos tempos em que se encontrava um amigo no trânsito, acenava para ele e falava um pouco mais algo qualquer coisa. Com o insufilme (nem sei como se escreve e meu dicionário não traz a palavra), acabou tudo isso!!! Meu carro não tem insufilme. Espero que quando for comprar carro novo essa praga de insufilme não venha compulsoriamente grudada no vidro. Aliás, a lei permite esses vidros fúnebres nos carros???? Ou, como diria minha professora de francês, existe uma lei, mas não pegou??? Não é uma boa hora de fazer essa lei pegar, como diria o nosso ex-presidente, agora senador Collor de Melo: “Duela a quem duela”???

Finalmente, não seria justo que todo mundo tivesse o direito de fumar desde que não estivesse em ambiente fechado???? É aquela história: ao se permitirem e se estabelecerem áreas de fumantes e não fumantes, aos não fumantes – em todos os restaurantes de que me lembre (exceto no fabuloso Camelo) – couberam os piores lugares. Há algum tempo, ouvi uma jornalista da Rádio Band News observar exatamente isso: não fumantes sempre com a pior área nos restaurantes. Sem contar que não é uma mera plaquinha onde se lê fim da área de fumantes – que vai impedir a fumaça de passar para o outro lado. Só rindo mesmo!!! No Camelo há uma sala completamente isolada só para fumantes fumarem enquanto comem e tossirem a vontade. Olhar a nuvem de fumaça que se forma na famigerada sala dá pena

Agora, o calcanhar de Aquiles de tudo isso: a fiscalização. Minha sugestão é que a Prefeitura e Sub-prefeituras tenham um corpo de fiscais polivalentes com poderes para efetivamente multarem tudo o que estiver errado, determinar as providências, dar prazos e voltar a multar, sempre em progressão aritmética ou até mesmo geométrica, caso as providências não tenham sido tomadas.

Prezados candidatos, acho que vale a pena reforçar o quanto mais puder esse calcanhar de Aquiles da Fiscalização. Ao mesmo tempo vai ser necessário aprimorar a legislação. Cá entre nós, diante do benefício de que todos usufruiremos, o esforço até que não é tão grande assim.

Agradecendo todas as providências que serão tomadas por quem for eleito, mesmo aquelas que exijam forças por demais hercúleas, aguardo resposta.

Boa sorte nas Eleições e que vença o melhor para a Cidade!!!

Atenciosamente

Paulo Mayr
Cidadão paulistano desde 1954 – ano do 4. Centenário de S. Paulo

A Lei Seca “Pegou”

Ao comer ontem a melhor pizza do mundo, naturalmente no Camelo da Pamplona, fiz constatação da qual todos devemos nos orgulhar.

Pessimistas contumazes e até estrangeiros atrevidos babacas, que moram aqui certamente por não conseguirem sobreviver em seus países ou até para explorar nossas riquezas, adoram declamar a catilinária : no Brasil, umas leis pegam e outras não. Para a infelicidade desse grupo, ao contrário do que acontecia há três, quatro semanas, havia chopps e demais bebidas alcoólicas em pouquíssimas mesas. E mais, mesmo em mesas ocupadas por apenas duas pessoas, uma delas, provavelmente a que iria voltar guiando, tomava refrigerantes e sucos.

Ao que parece, não fiz qualquer outra pesquisa ou mesmo checagem intuitiva, a população está obedecendo à lei; afinal: dura lex sed lex (a lei é dura, mas é a lei). Ponto para todos nós.

A primeira batalha, contar com o apoio da população, parece, está vencida.

Agora, seria fundamental que fossem estabelecidos critérios mais justos. Proibir de dirigir uma pessoa que tenha consumido dois bombos recheados de licor, ou o equivalente, é absurdo inominável.

Dois ou três chopps acompanhando uma pizza, suponho, na minha visão suspeita e interessada de leigo, não são capazes de impedir que pessoa adulta saudável conduza com segurança o carro de volta para casa.

Legisladores deveriam estabelecer critérios mais justos para submeter todos aqueles suspeitos apanhados na direção. Fazer que o sujeito leia um trecho de um jornal ou escreva algumas palavras ditadas pela autoridade poderia ser uma alternativa inteligente e justa. Até mesmo, o velho teste de pedir para o suspeito fazer um quatro com as pernas. Fez o quatro, sem cair de quatro, prossegue. Não fez o quatro/ estatelou-se no chão, xadrez!!!

Falando sério, incriminar quem guia depois de ter comido dois bombons de licor isso sim é de matar!!!

Driblando Honestamente a Lei Seca no Trânsito

A nova lei de trânsito pune quem for flagrado dirigindo depois de ter consumido dois bombons recheados de licor, ou o equivalente. Multa: R$ 955,00. Punição: sete pontos na carteira de habilitação e suspensão do direito de dirigir por um ano.

Na Austrália, segundo conhecido meu que mora lá há muitos anos, a lei a esse respeito também é bastante rígida e a fiscalização idem. Os australianos descobriram solução inteligente que poderia ser adotada no Brasil.

Todo motorista que costuma beber, leva permanentemente consigo um bafômetro particular. Quando o bafômetro mostra que está impossibilitado de dirigir, ele dá um telefonema. Minutos depois, no endereço em que se encontra, aparece um rapaz em uma mini motocicleta dobrável, devidamente habilitado e, evidentemente, sóbrio. Mediante uma taxa, já acertada quando fez a chamada, o motociclista/motorista dobra sua moto, coloca no porta-malas do carro e conduz o alegre freguês até sua casa. Devolve o cliente, pega sua moto e volta para o seu posto.

Tá aí serviço que poderia ser oferecido por aqui, sempre a preços estabelecidos com bom senso. Aliás, seria interessante que proprietários de bares e restaurantes também estudassem maneiras de propiciar esse transporte de volta para seus clientes. Ao estudarem essas possibilidades, é fundamental que os únicos objetivos sejam o de zelar pela segurança e evitar que os clientes enfrentem problemas com a lei. Se os empresários quiserem transformar isso em um grande e rentável negócio, inviabiliza-se tudo, inclusive seus próprios estabelecimentos.

Termino esse texto concluindo que gastei tempo à toa.

Depender e acreditar na boa vontade e generosidade desses mesmos empresários que se revoltam cada vez que se fala em restringir o fumo em seus bares e restaurantes, é tão ingênuo quanto acreditar que eu possa jogar uma moeda para o alto e ela cair de pé.

Eu tentei!!!

Computador de 2 cm de espessura – bruxaria???

Leio na Internet que Steve Jobs, “fundador e guru da Apple, lançou hoje o Mac Book Air, computador de 4 mm de espessura na parte mais fina e menos de 2 cm na parte mais grossa. Feito em Alumínio, pesa 1,3 kg e vai custar US$ 1.800,00. A novidade foi apresentada na Mac World 2008, nos Estados Unidos. A máquina tem ainda um processador de 1,8 ghz Intel Core 2 Duo, 80 GB de Hd e 2 GB de memória Ram. Segundo a nota, Jobs tirou o laptop de um envelope comum de papel pardo.”

Não precisa entender muito de informática e nem ser um fã da modernidade para se dar conta de que se trata de coisa absolutamente fabulosa. Como diz um engenheiro competentíssimo e piloto de jato amigo meu, o estágio a que chegou tudo isso é inacreditável e não dá nem para entender. Com todo o seu ceticismo, ele resume bem a coisa:

– Parece bruxaria.

Tudo isso me faz lembrar episódio muito engraçado do primeiro Colegial no Santa Cruz. Zilda, professora de História, hoje dona do colégio Palmares, estava mostrando que na Antiguidade já havia razoável rede de esgoto, o Direito Romano estava bem estruturado, o sistema político funcionava com eficácia. Continuou enumerando coisas e fatos até hoje indispensáveis e mostrando que o homem já dispunha daquilo tudo havia mais de mil anos. De repente, ela pára a exposição e pergunta:

– João, você acha que o homem progrediu muito nesses dois mil anos de história???

Baseado na exposição que ela acabara de fazer, ele disse que não.

Foi o bastante para Zilda ficar fora de si:

– Hoje existe televisão, transplante de coração, telégrafo sem fio, avião a jato, submarinos e mais um monte de invenções fenomenais e você tem a coragem de dizer que a Humanidade evoluiu pouco.

E pensar que da antiguidade até 1971, quando ocorreu a cena, talvez tenha havido até menos progresso do que de 1971 até hoje. Termino lançando mão e dando mais abrangência ainda à explicação do meu amigo, o cético engenheiro.

– Parece bruxaria, não. É bruxaria!!!

PENSANDO SOBRE A NÃO GRAVATA DE EVO MORALES

Seja a recepção ou solenidade que for, o Presidente da Bolívia, Evo Morales, desde a sua posse, há quase três anos, está discretamente vestido – jamais usando Gravata. Há menos de uma semana, na posse de Cristina Kirchner, presidente da Argentina, lá estava Morales e lá não estava a gravata de Morales.

Todo mundo já parou e pensou que a exigência de terno e gravata chega ser uma afronta, principalmente em países quentes como o Brasil. O presidente Morales transformou em ação o pensamento.

Os homens podem estar perfeitamente bem vestidos com calças leves, camisas de mangas curtas com botões – abotoados até o último antes do pescoço. Se assim é, por que a estúpida exigência de terno e gravata???

Aliás, acho que até a elegância sairá ganhando muito se a moda pegar. Como simples calças e camisas são infinitamente mais baratas do que ternos, nossos olhos serão poupados daqueles políticos e diversas autoridades que insistem em usar o “paletozinho” (muitas vezes verdinho ou azul clarinho) de quando eles pesavam uns 20 quilos menos e fica, na linguagem de outro político, “infechável”, expondo aqueles vexatórios barrigões.

Apenas como curiosidade: sabem qual é a origem da gravata??? Segundo li, os homens medievais traziam enrolados nos pescoços grandes pedaços de pano que utilizavam para limpar as mãos durante os banquetes. Naquela época, ainda não havia talheres. Pedir para que imaginem o estado desses panos no pescoço não seria elegante de minha parte.

Cidadãos, uni -vos e lutai para que paletós e gravatas possam ser absolutamente opcionais em todos os lugares. Se bem que eu ainda ache que os paletós “infecháveis”, com barrigões à mostra, deveriam ser proibidos por lei.

MALHANDO O MALHAR!!!

Conhecida minha, bem gorducha, eufemismo para balofa, moradora do Jardim Paulistano, encontra-se comigo em Pinheiros. Perguntei se trabalhava na região. Orgulhosamente ela me informa que viera a pé de sua casa (distante no máximo uns 500 metros dali) e dá a razão.

– É para malhar!!!

Ora, tenha a paciência, andar cerca de um quilômetro é malhação???

Mas para mim não é esse o ponto. Grave é o modismo dos termos e a maneira como as pessoas vão, tal qual papagaios, repetindo besteira.

Em relação ao desinfeliz malhar, vocês vão ver que não se trata de idiossincrasia minha e que eu não poderia estar mais bem acompanhado.

Há alguns anos, em entrevista nas páginas amarelas da Revista Veja, Turíbio Leite de Barros Neto, um dos maiores especialistas em Medicina Esportiva do Brasil, respondendo sobre atitudes importantes a serem tomadas por quem deseja e precisa praticar atividades físicas, disse enfaticamente:

– Em primeiro lugar, o termo MALHAR, relacionado à atividade física, deveria ser banido do nosso vocabulário. Malhar pressupõe dor, sofrimento. Atividade esportiva deve ser algo prazeroso, jamais tortura. (Reproduzi livremente a resposta dele, de acordo com o que minha memória permitiu; mas o sentido era esse mesmo).

É isso aí!!! Enquanto minha conhecida considerar que andar 500 ou 1.000 metros é malhar, e carregar junto todo o sofrimento embutido no termo, ela vai continuar balofa e estressada.

A propósito de banir termos, que tal considerar a hipótese de aposentar para toda a eternidade algumas palavras, termos e até gestos???

1. Rolando, no sentido de acontecendo???

2. De repente e a nível de, – que , aliás, podem simplesmente ser cortados que não farão a menor falta na frase. Graças a Deus, estão um pouco esquecidos!!!

3. Válido, Idem Graças a Deus, também está bem esquecido. Mas na década de 70 era um inferno. Se você dissesse que estava pensando em tomar um sorvete, era imensa a probabilidade de o outro responder – pomposamente – como sempre são ditas as grandes imbecilidades:

– Muito válido!!!

4. Sobre colocar o dedão no ouvido e o minguinho na boca para dizer telefone para mim, provando que não é idiossincrasia/implicância minha, vou repetir o que disse uma conhecida ao ver famosa artista em propaganda na TV fazendo tal gesto:

– Deveriam cortar a mão de quem faz isso!!!

Idiossincrasias ou não, quem quiser fazer listinha de coisas insuportáveis para si pode deixar comentários para um fórum de debates no Boca no Trombone!!!
Quem sabe essa idéia agrade os leitores do Boca mais do que meu último post com as piadinhas do Leite, da mandioca no leite e da mandioca em si. Comentei com um amigo que diversos leitores escreveram metendo o pau e ele me deu parabéns porque o Blog estava causando polêmica. Em tempo, quem me contou a piada da Mandioca no Leite C foi o Vlado Lima, brilhante compositor, poeta e escritor do Caiubi.

Isto posto, quem quiser que bote a Boca no Trombone!!!

Poderosos favorecendo Poderosos – Isso Não tem Fim

De 13.09.07

Diversos leitores que acessaram meu blog através da chamada que o Ig fez para o texto que republiquei ontem a propósito da pancadaria que antecedeu à sessão Renan no Senado garantiram que irão anular seus votos na próxima eleição (vejam suas mensagens no blog). Também já pensei em anular todos os meus votos desde o momento em que Paulo Maluf, depois de 30 e tantos anos de trâmites na Justiça, fora absolvido por ter dado Fuscas para os Jogadores Tri-Campeões do Mundo em 1970. A esse respeito escrevi o texto INFELIZMENTE SOU TEIMOSO, NÃO PERSISTENTE, já publicado no meu blog.

Não que esteja com preguiça de escrever coisa nova, mas como as decisões dos poderosos favorencendo podereosos só fazem se repetir, republico também esse Texto. Adaptando-se a teoria do José Simão de que o Brasil é o país da piada pronta, as maracutaias e inconcebíveis decisões de juízes e políticos também tornam o Brasil um país onde, infelizmente, textos jornalísticos parecem eternos. Lá vai:

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Infelizmente sou Teimoso, não Persistente – 2 –

Tenho boa memória e não sou tão novo.

Na Copa de 70, estava com 16 anos. Lembro-me bem de muita coisa a respeito. O time do Brasil chegou ao México desacreditado. Paulo Maluf era prefeito de S. Paulo (não vou repetir aqui, por não poder provar, a versão que explicava na época a escolha de seu nome para o cargo). Pois bem, ouvi e li nosso prefeito, então no início de sua famosa carreira política, afirmando que se o Brasil fosse campeão do mundo , ele daria um fusca para cada jogador e (salvo engano) membro da comissão técnica. Pois bem, o Brasil foi avançando, avançando e Maluf recuando, recuando. Já não era mais Paulo Maluf, na terceira pessoa como tanto gosta de dizer, mas sim a prefeitura de S. Paulo que daria os carros. Só pegar os jornais da época e ver.

O Brasil ganha a Copa, Maluf, com dinheiro da prefeitura, dá os carros, alguém entra na Justiça contra o prefeito que usara o dinheiro público.

Passam-se 35 anos e, com a rapidez que lhe é peculiar, a justiça Brasileira em última instância conclui que Maluf era inocente, uma vez que teve o aval da Câmara de Vereadores para fazer o que fez.

Deixa eu entender, como dizia uma ex-namorada: para descobrir que Maluf teve o aval da Câmara e que só esse fato era a prova e condição suficiente de sua inocência, a justiça (com j minúsculo mesmo) levou 35 anos???

Um parênteses desnecessário: os jogadores de então não eram milionários como hoje, mas em hipótese alguma se justificava tirar dinheiro da população com suas carências crônicas para premiar esportistas bem sucedidos.

Em conversas, desde essa época, relato o fato, digo que o cidadão não pode crer em mais nenhuma instituição do país . Logicamente, não saí pregando depredação de nada nem qualquer vandalismo. Entretanto, afirmava que uma forma de eu mostrar meu descontentamento e decepção com tudo, seria eu votar nulo até o fim de minha vida. Ainda dizia que, infelizmente, eu sou teimoso e não persistente. Embora meu dicionário eletrônico aponte que teimoso e persistente sejam quase a mesma coisa, na minha cabeça o persistente tem convicção da coisa e o teimoso apenas teima e a simples teima, além de parecer birra de criança, é muito mais fraca do que a convicção.

Pois bem, acho que sou apenas meio teimoso pois não pretendo anular todos os cinco votos, talvez apenas dois…. Ah, que inveja tenho dos persistentes!!!

Espero até antes da eleição expor ou, como dizem os analfabetos pretensiosos de hoje, “estar expondo” aqui minha opinião sobre o nosso glorioso (nem precisa por aspas, né???) poder legislativo (também em minúsculas, naturalmente!!!!)

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Em tempo, no país da piada pronta e do texto pronto, ao que parece, um dos únicos que recebeu meu voto estava em dúvida até a última hora se condenava ou absolvia o Renan. Desse jeito, vou ser obrigado a não mais ser apenas um meio teimoso e passar para o lado dos persistentes!!!

RECREIO SEM FIM (2) NO CONGRESSO

De 12.09.07

Sem falsa modéstia, a confusão, com direito à troca de tapas, socos e pontapés, que ocorreu hoje na entrada do Senado, torna oportuna a leitura do Texto que já publiquei aqui às vésperas da última eleição sobre o Congresso. O Título do texto era RECREIO SEM FIM. Lã vai:
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Todos, absolutamente todos, os grupos de pessoas que se reúnem obedecem a certos critérios, sob pena de reuniões se tornarem caos. Todos, exceto um. Para esse único grupo, provavelmente quanto mais caos houver, mais seus participantes gostam, se divertem. Afinal eles estão ali, ao que parece, é para se divertir, brincar, como bem disse uma atriz que, coitada, teve que participar de encontro com eles no território deles.

Crianças, jovens, adultos e professores vivem sua rotina nas salas de aula em uma dessas situações. Em geral, o professor expõe um tema na frente, próximo ao quadro negro e os alunos -SENTADOS-ouvem. Alunos podem pedir a palavra e se manifestar. Nos seminários, um ou mais aluno(s) fica (m) na frente, expõe(m) uma idéia e todo mundo fica sentado ouvindo o colega. A outra situação é o intervalo/recreio, quando eles conversam, comem um sanduíche ou tomam um cafezinho/refrigerante.

Reuniões profissionais, em geral um ou mais visitante é atendido em uma sala de reuniões. Se houver uma cadeira que se destaca, quem recebe senta-se nessa cadeira e as visitas se sentam nas outras.

Até mesmo nos treinos de qualquer time de futebol, seja do milionário Barcelona do Ronaldíssimo Gaúcho ou dos Sem Chuteiras Fuebol Clube, há um bom senso para fazer a coisa render.

São mais ou menos quatro situações: os atletas, todos eles, fazendo exercícios físicos Os jogadores divididos em dois times, ensaiando jogadas, fazendo coletivo. Quando participam de um rachão ou joão-bobo é para descontrair, para relaxar a musculatura, não é para brincar, não. O João-bobo tem objetivo. Em todas essas atividades, o técnico e/ou preparador físico ditam as normas. Em todas essas situações, mesmo durante a descontração do João-bobo, há uma certa seriedade. Ninguém fica tomando refrigerante, ninguém fica batendo papo com o companheiro ao lado. E olha que os jogadores são adolescentes ou a jovens adultos, a grande maioria gente muito simples, em geral com pouca instrução e algumas vezes extremamente infantis.

Observe-se ainda que tanto o recreio/intervalo dos alunos quanto a brincadeira de João bobo dos jogadores de futebol têm um ponto final.

Já no Congresso Nacional…..

Ah, aí o recreio não tem fim. Suponho que além daquela mesona que existe naquele palcão lá em cima, haja uma belíssima cadeira e uma mesa para cada congressista se sentar e ouvir aquele que está lá em cima. Mas eles são garotos indisciplinados e não há um professor ali a quem eles devam obediência. Aí é uma festa!!!!!!!!!! Muitos ficam amontoados em cima daquele que está falando. Será que é para aparecer na televisão e mostrar pro eleitor de seus estados que eles têm participação decisiva nos rumos da nação??? Outros ficam aos gritos no celular, muitas vezes ao lado desse que está falando; falando no microfone, porque batendo papo estão todos. Há diversos grupinhos de dois congressistas, caminhando pra cá e pra lá, em geral um deles segurando no braço do outro. Curiosa essa mania que eles têm de segurar no cotovelo do cara com quem estão conversando. Experimente segurar o cotovelo de uma mulher de personalidade por mais do que três segundos. Ela puxará o braço com toda a força e não admite que isso se prolongue por mais um único segundo.

Tudo isso sem contar a tal história do quórum. É assim: determinada matéria será votada no Congresso na terça-feira. Se houver quorum, naturalmente. Se houver quorum é tão implícito e aceito como uma lei da física. Alguém já chegou a uma agência bancária, a um shopping, a uma escola ou a qualquer outro lugar da vida real e encontrou um funcionário que estava ali apenas para informar que permaneceriam com as portas fechadas por falta de quorum???

A atriz Denise Fraga, num dia em que deu quórum, há cerca de oito meses/um ano, foi ao Congresso Nacional tratar de assunto da classe artística e ficou estarrecida com o ambiente.

Com fabuloso poder de síntese, ao contrário do detalhamento desse texto, ela disse: Fiquei impressionada. Parecida um bando de garotos em volta de uma bola de futebol.

Calma lá Denise Fraga: não ofenda nossos garotos!!!!

De maneira alguma, tenho saudades da Ditadura. Mas não posso deixar de pensar em Aristóteles e principalmente no pessoal do Casseta e Planeta. Aristóteles disse: “o homem é um animal político”. Casseta e Planeta: “O Homem Político é um animal!!!
“Domingão tem eleição!!!
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A eleição já passou, alguns foram expulsos do colégio, entraram garotos e garotas novas, mas o Recreio Continua e, como dizem os jovens, ao que parece, A Balada não tem hora pra terminar. Daqui a quatro anos, há um rodízio, desculpa, nova eleição, mas o Recreio Vai Continuar!!!

O TERRORISMO É BARATO. JÁ O PREJUÍZO…

De 13.08.07

É automático. Parou o carro em um posto de gasolina onde não é freguês, e as jogadinhas para empurrar produtos começam. Eles fingem passar boa intenção ao advertir que a troca imediata de tal ou qual produto vai poupar você de imenso prejuízo em prazo curtíssimo. O pseudo bom conselho tem nome muito simples: terrorismo barato. O terrorismo é barato, mas a conta pode vir a ser bem cara!!!

Logicamente que o frentista não despeja todo o seu arsenal em cima um único cliente.

Lá vão alguns truquinhos primários usados. Não vou enumerar todos. Seria imensa pretensão minha julgar que conheço tudo. Além disso, a criatividade dos sujeitos não “pára de criar”.

A gentileza de limpar o seu pára-brisa pode preceder um:

– Madame/Doutor, as palhetas estão ressecadas. Desse jeito, elas vão riscar todo o vidro!!!

Ao pedir para abrir o capô do carro, muito mais do que prestar serviço, o sujeito quer mesmo é explorar um imenso mercado.

Lá vão alguns xavecos padrão nesse momento:

– O nível da água do radiador tá beleza, mas se não colocar um aditivo aqui, isso vai acabar enferujando todo o motor!!!

– Nossa, óleo de freio do jeito que está é um perigo!!!
(se for mesmo o caso de completar, seu mecânico fará isso sem cobrar nada).

No momento em que você juntou uma graninha extra e decidiu trocar dois ou até os quatro pneus de seu carro, a chance de o vendedor não lhe dar o fraternal conselho abaixo é a mesma de você jogar uma moeda pro alto e ela cair em pé:

– Se não trocar também os amortecedores, esses pneus novos vão ficar carecas em menos de três meses!!!

Voltando ao motor. O sujeito mostra imenso zelo ao tirar a vareta de óleo e limpá-la. Mas quando ele coloca novamente, ele não enfia até o fim. O resultado é óbvio. Por mais cheio que esteja o reservatório, a vareta indicará que está faltando pelo menos meio litro. Isto sem contar que no posto de gasolina o óleo custa muito mais do que se paga nos grandes supermercados. Com um probleminha extra que não tem tamanho, mas novamente tem custo muito alto. Para ganhar eventual comissão em cima de um ou meio litro de óleo, o frentista poderá causar um belo estrago no motor e uma conta considerável na oficina.

De uma maneira geral, a solução pode ser simples. Procure sempre abastecer em um mesmo posto e torne-se freguês. Quanto ao óleo, de manhã cedo, antes de ligar o carro, em terreno plano, examine você mesmo o óleo. Por mais desajeitado que você seja, como é o meu caso, não dá para fazer muita besteira. Além disso, como diz a propaganda:

– Ser poupado daquela ladainha primária no posto de gasolina NÃO TEM PREÇO.

Quando o nível estiver realmente um pouco baixo, tenha em casa um litro de óleo (comprado no supermercado, é lógico) e complete aos poucos você mesmo.

Finalmente, se o frentista disser que é inadiável mudar tal ou qual peça, consulte sempre o seu mecânico. Se o cara for terrorista dos bons e convencer você de que o carro vai explodir antes de você chegar à esquina, deixe o carro parado no meio do posto e diga a ele que está apavorada/o e vai pedir pro seu mecânico ir resolver a coisa. Certamente ele vai dizer que não é o caso. Além disso, esse negócio de carro explodir é mais coisa de Oriente médio, não é mesmo???

DEUS E O DIABO – PERSISTÊNCIA E RENÚNCIA

De 19.07.07

No maravilhoso filme MEDOS PRIVADOS EM LUGARES PÚBLICOS, do diretor Alain Resnais, recém-lançado em S. Paulo, densa personagem feminina, como densas são todas as personagens do filme, filosofa:

– O diabo quer que você desista. Deus quer que você persista.

É exatamente isso!!!

A persistência constrói sempre. A desistência frustra sempre. Principalmente na busca da Justiça. Usando a teoria da personagem, se você – injustiçado – desiste, o diabo venceu.

A persistência significará, na pior das hipóteses, que Deus quer, através de você, por paradoxal que pareça, infernizar a vida daquele que merece ser infernizado.

Uma Justiça mais eficiente e rápida faria que esses infernos fossem infinitamente abreviados. Abreviados para todos.

Mas, fazer o que???

Fazer qualquer coisa, exceto desistir. O diabo não pode vencer!!!