Nas últimas eleições, escrevi o texto abaixo, cuja leitura suponho ser oportuna nesse fim de período eleitoral. Assim sendo, publico novamente.
Li em algum lugar que a eleição é o único dia a cada dois anos em que, de fato, todos os brasileiros são absolutamente iguais na sua principal atividade. O voto de um milionário, de um cara com pós doutorado têm exatamente o mesmo valor que o de um miserável, um semi-alfabetizado. Não é o máximo isso??? Por incrível que pareça, há gente que seja contra essa paridade.
E você, jovem escalado para mesário, tem um papel fundamental nessas datas históricas.
Esqueça um pouco o domingo que será gasto atrás de uma mesa e pense se haveria outras alternativas. Que outras maneiras teriam os Tribunais eleitorais para escolher os mesários??? Contratar centenas de milhares de funcionários apenas para o dia da eleição seria impossível e fatalmente suscitaria infinitas dúvidas a respeito da conduta, da imparcialidade deles.
Portanto, caro jovem, não fique se lembrando do que poderia estar fazendo no domingo e exerça com orgulho o papel que lhe cabe. Além disso, o empregador tem a obrigação de dar um ou até dois (não me lembro ao certo) dias de folga para todos os que foram convocados nas eleições. A esse respeito, um mês e meio atrás, ouvi na CBN, no fabuloso programa FIM DE EXPEDIENTE, um perspicaz e gozador comentarista afirmando que o jovem que cogitasse de usufruir desse dia de folga por conta do serviço prestado nas eleições seria imediatamente demitido. Aí é aquela velha história, velha teoria do saudoso Severo Gomes, já citada aqui no Boca do Trombone mais de uma vez – dizia ele: “não é o povo brasileiro que não presta. O povo brasileiro é bom. Quem não presta é a elite. Nós é que não prestamos!!!”
Mesário, orgulhe-se de contribuir para a cidadania no domingo e usufrua com tudo o feriado a que terá direito
Caro Paulo Mayr!!!
Neste maravilhoso domingo (31/10/2010) programado para ter muita chuva,vamos às urnas escolher o nosso futuro Presidente da República.Gostaria que não fosse nem o Serra,nem a Dilma,mas como quem escolhe os candidatos antes das eleições não é o povo,fazer o que…
O circo esta armado para este domingo e vamos comparecer para votar e tentar melhorar o Brasil,com a nossa luta diária que,por sinal o “BOCANOTROMBONE” tanto tem lutado para melhorar as condições de vida e de trabalho do povo brasileiro.
Quando fui votar no primeiro turno e estava diante da urna eletrônica,desconfiei de um dos mesários,pois na hora do meu voto,encontrei uma cola de um dos candidatos num canto da urna e logo que votei,reclamei ao mesário,para que ele retirasse a cola de um dos candidatos e de má vontade ele foi em direção à urna para retirar.Neste domingo no segundo turno,espero que o fato não se repita,poderei tomar providências e reclamar como cidadão.
Boas eleições para todos nós brasileiros e que vença o que mais seja melhor para o Brasil.
É isso ai, Mayr, boa homenagem ao trabalhador da cidadania. Ao que presta serviço a comunidade gratuitamente (nem todos tem o abono da falta, em especial quem é autonomo ou empregador). É, mais do que parece, um cargo de responsabilidade. Horário rigoroso, vigilacia rigorosa, isenção partidaria, etc e tal, muitas vezes só com um lanchinho e alguns copos de água.
Vale a pena e a gente acaba por conhecer novas pessoas, conviver com estranhos que o auxiliam no trabalho, e até se divertir um pouco.
Fui mesário por mais de 30 anos e lembro de um momento interessante.
A gente que trabalha como mesário com o passar do tempo fica conhecendo o grupo e até os eleitores.
Tinha uma velha senhora, de origem árabe, que votava na minha seção. Ela era idosa, muito gente boa, mas tinha dificuldade pra votar. Dai que o filho entrava com ela na cabine pra auxiliar.
A gente, mesários da seção, já estavamos habituado com a situação e sabiamos que o filho (que era sua companhia constante), era seu apoio e a sua segurança.
Mas aconteceu uma eleição que apareceu um fiscal de um tal partido sei lá qual porque-não-me-lembro que encasquetou com a situação. Disse que a velha teria que ir sozinha pra cabine. A gente argumentou, mas ele bateu o pé e criou caso.
A mulher, como disse, repito, tinha origem árabe, falava mal o português. Com o filho ela dialogou no dialeto dela e não conseguia compreender a confusão.
O filho educadamente explicou que ela teria que ir sozinha pra cabine e votar.
Ela foi.
Ficou lá um bom tempo.
Fungou, resmungou, mexeu, remexeu, toda seção parou, formou fila imensa de eleitores esperando, e nada da velha votar.
Dai que ela colocou a cabeça pra fora da cabine e gritou o mais alto que pode:
____ Nagib… como é que eu voto no Maluf !!!!!!
Um abraço, bom domingo, e tenho no forno um cupim que cozinhei ontem, temperei com missô e especiarias, e ele me aguarda pra dar o toque final….