No meio desta semana, pedi para o dono de uma casa se podia estacionar em frente à sua garagem. Adivinhem qual foi a resposta dele. Lá vai:
– Obrigado por avisar.
Pois é, o mundo se transformou nisso, pessoas bloqueiam garagens alheias sem a menor cerimônia e, o mais grave, sem se incomodar com o imenso transtorno que podem vir a causar.
Quando fui pegar meu carro de volta, naturalmente, toquei a campainha e, mais uma vez, agradeci a gentileza dele.
Muitos anos atrás, consegui com a assessoria de imprensa da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo par de ingressos para assistir a uma partida exibição do tenista Bjorn Borg, no Ginásio do Ibirapuera.
No dia seguinte, ligo para a Assessoria para agradecer.
A secretária não entende e pergunta se o meu ingresso não foi entregue. Explico que estava ligando para agradecer. Ela continua não entendendo e quer saber se houve algum problema. Esclareço mais uma vez que tudo havia corrido bem e que estava apenas agradecendo. Veja a razão do estranhamento dela:
– Paulo, a Secretaria de Esportes já forneceu inúmeros convites para as mais diversas atrações. Jamais alguém ligou para agradecer, por isso que não entendi o seu telefonema.
Eu e meu pai sempre seguíamos à risca esses preceitos de educação.
Minha irmã do meio dizia:
– O defunto ainda está quente e o Paulo e Hiram (meu pai era padrasto dela) já estão lá.
Pois é, se não estão obedecendo as leis, as regras não escritas, como educação, então, nem pensar… Meu sobrinho mora no Japão há uns 20 anos. Há pouco sofreu um acidente de trânsito (coisa rara por lá). Um japonês saiu do estacionamento sem prestar atenção e bateu no carro dele. Danos materiais e escoriações. O japonês estava errado. Houve audiência em que ele (o japonês) levou um sermão demorado do juiz. Meu sobrinho entendeu que o japonês foi condenado a pagar todas as despesas. O que ele fez de imediato. Porém, uns seis meses depois, um oficial de justiça foi procurar meu sobrinho e perguntou a ele “se o japonês causador do acidente lhe fez uma visita e pediu desculpas”. Desculpas? Não, o japonês nunca mais apareceu, nem pediu desculpas. O oficial de justiça disse-lhe que o japonês tinha sido condenado a comparecer em juízo por certo tempo e “deveria visitar e pedir desculpas”. E explicou mais, que ele, oficial, informaria o juíz e o japonês pagaria uma multa e aumentaria o prazo de comparecer em juízo para obrigatoriamente para justificar comportamento. Pois é… um abraço Mayr
Clérson:
Se o nosso Judiciário funcionasse a contento, o país melhoraria muito, mas muito mesmo.
Quanto ao quesito educação, eu gosto muito desse texto meu, sem falsa modéstia. Talvez vc também goste.
Antes do link do texto, é aquilo que sempre falo: seu pai lhe ensinou e vc ensinou para seus filhos:
– Meu filho sua liberdade vai até onde começa o direito do próximo.
Isso foi completamente subvertido: a liberdade dos sem-educação (búfalos, como dizia amigo meu) é irrestrita e o cidadão vai ficando cada vez mais contido em seus direitos rudimentares. Vc vê isso toda hora.
Bem, lá vai o link do texto. Clique aqui. Quero saber sua opinião sobre esse texto.
Grande abraço
Paulo Mayr