Meu Amigo Armando, que costuma escrever textos sérios e científicos, de fácil compreensão para todos, vem revelando, desde sua última aparição aqui, um lado mais divertido, relaxado de sua personalide. Sérias, divertidas/relaxadas, as reflexões dele sempre nos obrigam a pensar. Lá vai o artigo.
No último fim de semana*, estava no interior, e só tive acesso, pelo rádio, ao programa “A Hora do Brasil”, quando foi massacrado pelo designativo “presidenta”.
O que se segue é uma singela elaboração sobre a questão.
Faço aqui uma indagação aos juristas: é possível entrar com uma ação judicial contra o Estado Brasileiro por Assédio Cultural?
A fundamentação é a seguinte:
Entendo por Assédio o “ato de cercar determinado espaço territorial para exercer domínio”. Assim, a edição de uma ordem legal, emanada do Estado, no sentido de tornar obrigatório o uso da palavra “presidenta”, passa a ser entendida como um cerceamento, um cercar minha liberdade do uso do vernáculo pátrio.
Entendo por Cultural o espectro mais sinistro de tal famigerado ato: compreendo que toda língua está em constante mudança, Exemplo vivo, e atual, é a leitura de Camões ou Pero Vaz de Caminha, comparando-se à nossa escrita de hoje. Sem ir tão longe é só acessar os jornais do século retrasado, ou o termo “bocomoco”, do reclame de Guaraná, nos anos 60.
Há um trabalho de pesquisador americano que, por meio de comparação dos modelos linguísticos, concluiu que somente 15% do Novo Testamento tinham origem no período vivido pro Jesus de Nazareth. No entanto essa modificação se faz a partir da base para o ápice da pirâmide cultural: a língua é construída e reformada a partir de sua faceta coloquial e popular, de baixo para cima.
NUNCA DE CIMA PARA BAIXO!!!
É sob esse prisma que compreendo a ação de Assédio: um cerceamento do povo para a construção de novos caminhos de nossa língua, oriunda de uma infame e paupérrima expressão de propaganda do governo atual.
Pergunto novamente: há espaço para uma ação judicial???
Aguardo orientações de meus amigos e leitores…
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*(último fim de semana a que Armando se refere é 26/27 de maio), Ele me mandou esse texto nessa época. A correria a que me submete a internação do meu pai só me permitiu publicá-lo agora.
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Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama