São setenta brigas de trânsito em S. Paulo que a Polícia separa todos os dias, “um registro de desentendimento a cada 20 minutos”, como noticia hoje a Folha nas páginas C1 e C3.
Há relatos de sujeitos que confessam se transformar em monstros ao tomar o volante de um carro. Um deles até admite que se esforça ao sair de casa, mas “viro a esquina e já estou xingando alguém”. Há um outro que instalou um buzina náutica no carro e carregava uma lanterna comprida que às vezes usava como cassetete.
Setenta ocorrência por dia mostram que é razoável a possibilidade de você se envolver em um desentendimento, com um tipo desses. Assim, vale a idéia dos rapazes de antigamente que frequentavam a Zona. Diziam eles: ” a gente pode brigar com pessoas como nós, na faculdade, no prédio em que se mora porque o máximo que pode acontecer é um dente quebrado, um olho roxo. Na zona, a chance do cara sacar uma navalha ou um revóver, é muito grande. Na zona não se briga… Até se leva desaforo para casa, mas não se briga.”
Se servia para a Zona, serve para o trânsito – uma Zona sem fim no meio da selva. O motorista fechou você e ainda xingou, vá em frente. Nem olhe para ele, o que vai irritar você é a cara dele, tenha o infeliz a cara que tiver. E isso não é campanha de trânsito mais gentil, não. É muito menos: trata-se apenas de estratégia de sobrevivência!!!
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