Morumby Seria Pequeno Caso Houvesse Pena de Morte

Menos de um mês atrás,  público  de uma série de palestras  sobre os grandes julgamentos da História ficou admirado ao saber que milhares e milhares  de pessoas  assistiram  de perto à  execução de Giordano Bruno em 17 de Fevereiro de 1600, numa pira erguida na Praça do Campo das Flores, em Roma.

O palestrante,  brilhante e ultra irônico  professor da Unicamp,  foi taxativo:

– Imaginem vocês que houvesse pena de morte no Brasil e o casal Nardoni fosse condenado.  O público faria filas em volta do Morumby  para assistir ao vivo à  execução.

Reportagem da Folha de S. Paulo de hoje  mostra  que   cerca de trezentas pessoas, maioria constiuida por famílias, inclusive crianças,  em frente ao fórum de Santana cantavam antes do anúncio da sentença de Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni, “ai, ai, ai tá chegando a hora.”

Antes disso, para aplacar a ansiedade,  um carro de som tocava forró.  Versinhos eram cantados ” Ô  Seu juiz, presta atenção, eu quero ver o Nardoni   na prisão.” “Sete a zero, sete a zero”, gritavam outros antecipando o resultado pretendido.   “Joga pela janela, joga pela janela”,  pediam os adptos da lei de Talião.

Quando saiu a sentença, o carro de som, imediatamente, passou a tocar o “Tema da Vitória”,  “como nas corridas vencidas por Ayrton Senna.”

Diante de tal espetáculo,  passo a achar que o Morumby seria muito pequeno para o público que quisesse assistir à hipotética  execução,  bem como seria dos maiores Ibopes da TV em todos os tempos.

Triste, muito triste.  Meta-tristeza, como costumo dizer.

4 pensou em “Morumby Seria Pequeno Caso Houvesse Pena de Morte

  1. Muito triste. O povo brasileiro acha que faz justica.
    Antes de qualquer coisa mesmo, falta a educacao.
    A cultura no pais eh tao rica mas tao pouco aproveitada.
    Mas antes de qualquer julgamento, eu quase entendo o que leva as pessoas a isso tudo. Enfim…

  2. As multidões têm um comportamento típico. De repente, uma pessoa corre na arquibancada do estádio lotado e outros ao lado também começam a correr por imaginar que algo grave está ocorrendo e logo outro grupo de pessoas também aderem à corrida e pronto: gente pisoteada e acidentes graves acontecendo. É o efeito manada.

  3. Brasileiro adora uma tragédia. É quase um culto.
    Já perceberam quando há um acidente de trânsito numa estrada? Muitas vezes até a pista de sentido oposto ao acidente fica congestionada porque o pessoal para os carros para dar uma olhada no acidente. Há alguns mais entusiasmados que dizem: olha ali um pedaço de orelha.

  4. Quem é pai como eu fica tentando arrumar outras versões ou fica conjecturando sobre o ocorrido na tentativa de fugir da possibilidade de aceitar que pai e madrata mataram a criança. Seria alguém que já estava no apartamento e que a menina o conhecia ou algum ladrão que fizera o buraco na tela para jogar pertences roubados ou algum pedófilo, sei lá.
    Mesmo com as falhas dos peritos de não preservar a cena do crime e fazer bater a versão policial para o crime, não há como não imaginar que a Jatobá emTPM e enciumada bateu na menina no carro e depois a esganou no apartamento e o pai pensando que a menina já estivesse morta a arremessou pela janela para encobrir o crime da parceira.

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