Inteligência, ironia e arrojo eram características marcantes do político, jornalista, escritor – da Academia Paulista de Letras – , advogado Israel Dias Novaes, recém-falecido. Estive com ele algumas vezes em 1981/82, quando trabalhei no Escritório de Campanha do Governador Franco Montoro. Candidato a Deputado na época, ele sempre dava uma passadinha por lá. Sua vivacidade, ironia e arrojo, de fato, encantavam todo mundo que o conhecia. Ironia e, principalmente, arrojo que já haviam lhe custado caro, mas que ele jamais abandonara.
Em 1944, durante a Ditadura Vargas, Integralistas, também conhecidos com Galinhas Verdes, estavam promovendo festa no Teatro Municipal de São Paulo, em comemoração de data importante para o Partido.
Nessa época, todas as noites, intelectuais e advogados recém-saídos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco batiam ponto no Bar Ruthl (certamente, escrevi errado), no Centro, onde tinham mesa cativa. À essa mesa sentavam-se, entre outros, Paulo Zingg, Febus Gikovate, Mario Pedrosa (sempre que estava em S. Paulo), Cláudio Abramo e Antonio Costa Correa. Foi nesse bar, – quando estava havendo a comemoração no Municipal – que Israel, casualmente, encontrou-se com Celso Galvão, Renato Amaral Sampaio Coelho e Hiram Mayr Cerqueira (meu pai). Os quatro decidiram ir para a o Municipal com o objetivo de estragar a festa dos Integralistas. Das galerias, puseram-se a gritar:
– Morte ao Integralismo!!! Morte aos Galinhas Verdes!!!
Acabaram em cana.
Na delegacia, o delegado os recebeu em sua sala e havia clima de cordialidade.
Israel diz para o delegado que precisava avisar o jornal Correio Paulistano, do qual era Secretário de Redação, que não poderia participar do fechamento naquela noite.
O delegado concorda desde que ele não contasse onde estava.
Quando o colega de jornal, do outro lado da linha, pergunta onde ele estava que não poderia ir trabalhar, Israel responde:
– Eu não posso dizer onde eu estou porque o delegado aqui ao lado não quer que eu diga.
Resultado óbvio: eles, que estavam detidos na sala do Delegado, foram todos para o Xadrez.
Ficaram algumas horas presos, até que Antônio Mendonça, líder político da UDN , foi á Delegacia para libertá-los.
Pelo pouco contato que tive com ele e pelas Histórias que me contam, Israel era assim mesmo.
Com sua chegada, todos no Céu vão precisar ficar mais espertos!!!