É impressionante como a todo momento nos deparamos com o Complexo de Vira-lata do qual falava Nélson Rodrigues para explicar a “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima.”
Particularmente discordo dele em relação à ultima frase. Acho o Brasil, o brasileiro, nossa cultura fabulosos. Mas sou exceção.
Publicidade de um tal de Haras Larissa na primeira página do caderno Cotidiano da Folha de ontem deixa bem claro o Complexo de Pangaré, já que o produto é um haras.
Em cima da propaganda que ocupa praticamente toda a página está escrito: Glossário do Haras Larissa.
A seguir, sete fotos e os terminhos em inglês: Stable, club house, landscape, country Home, cottage, manor house e charm.
Quer dizer, o freguês precisa de um dicionário para decifrar tanta babaquice. Aliás, dicionário inédito, já que não há plavras, apenas fotos.
Anos atrás, havia um restaurante hiper/ultra caro, que era o templo do novoriquismo e breguice. Elegante parente bem próximo meu definiu bem a coisa e roubo sua idéia. Disse ele: “não bastaria você me pagar um jantar nesse lugar, precisaria também me fornecer um disfarce, porque teria vergonha de ser visto.”
Roubando a idéia, se por qualquer razão eu comprasse uma coisa babaca dessas, teria vergonha que ficasse em meu nome e até de ser visto no club house, landscpape, cottage…