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É Permitido Proibir

Marcelo Coelho, ótimo articulista da Folha de São Paulo, afirma na Ilustrada de Hoje que se “criou uma nova forma de legitimação política para os governantes.” De acordo com essa óptica,  “governante bom é aquele que proíbe  coisas”, diz ele. Aí, cita como exemplos a lei Cidade Limpa e a Lei Anti-fumo.

Não sei se a população de uma maneira geral aprova sempre o governante que proíbe coisas.

Eu, muitas vezes, sou a favor da proibição. Ao contrário do que pregava a libertária e fabulosa música do Caetano  Proibido Proibir,  acho, sim, que é preciso por limites.   Antes, talvez não houvesse essa necessidade pois as pessoas se pautavam pela teoria de que a liberdade de cada um ia até onde começava o direito do próximo.  Hoje,  a liberdade de que dispõem  os bárbaros (búfalos, como eu digo)   é ilimitada e os direitos do Cidadão que se explodam, cada vez mais confinados!!!

Cidade Limpa e  Lei Anti-fumo proíbem e são sucesso.  Proíbem a agressão – é lógico e por isso são sucesso!!!  Está mais do que claro  e é mais do que justo que o cidadão tenha  direito a uma paisagem limpa e também a não  chegar em casa fedendo a cigarro, como se fosse um cinzeiro.  Para não dizer respirar ar menos poluído  no trabalho e no descanso.

Como já escrevi, os mesmos lugares onde o fumo está proibido também deveria ser interditado para o uso de celulares.   Ninguém é obrigado a agüentar o vizinho de mesa, de sala de espera, de ônibus gritando  ao/no celular.  Muitas vezes, inclusive, coisas absolutamente íntimas e de muito mau gosto.  Ruy Castro escreveu em sua coluna que uma velha comentava em voz alta no celular que a neta não iria participar do campeonato de natação porque estava menstruada.  Médica anunciava para a colega – também no celular, também aos gritos – no meio de um restaurante lotado, que a paciente delas estava com Câncer. Esse problema  era delas duas e da paciente (que talvez a essa altura já esteja assistindo show ao vivo do Michael Jackson) e não de um monte de gente que estava ali para almoçar.
Amigo meu psiquiatra , Armando  de Oliveira Neto escreveu artigo fabuloso aqui no Boca no Trombone  intitulado – EM DEFESA DE UM CERTO MEDO http://bocanotrombone.ig.com.br/2008/04/30/em-defesa-de-um-certo-medo/.  Leiam, vale a pena.

Nesse texto ele mostra que atualmente ninguém teme mais coisa alguma.  Escreve Armando, antes de começar o artigo propriamente dito:  “Desenvolvo uma hipótese que a falência das estruturas sociais, aqui e lá fora também, é creditada ao desaparecimento do MEDO: não se tem mais medo de nada, as crianças do bicho papão, do homem do saco; o religioso não é mais um temente a Deus; as leis não punem e por aí caminham minhas reflexões.”

Resultado: búfalos nadando de braçadas e cidadãos acuados em seus direitos mais básicos.

Ouça a música PROIBIDO PROIBIR  do Caetano e sinta saudades do tempo em que era um  luxo necessário poder pregar isso
http://vagalume.uol.com.br/caetano-veloso/videos/proibido-proibir.html

Lei de Brincadeira

A lei que proíbe o fumo onde ele já é proibido (agora com multa, tá certo) e que deixa de fora restaurantes, bares e outros lugares fechados, onde o cidadão passa mais tempo, me obriga a repetir velha gracinha: o homem já chegou à Lua e aqui em S. Paulo, principal estado do Brasil, não se consegue fazer/implantar uma lei que efetivamente proteja o não fumante.
Fazer humor/ironia com tanta palhaçada pipocando na área é até covardia!!! Ou será que os legisladores daqui fizeram uma leitura extremamente burra e parcial de antiga música do Caetano: Proibido proibir???
Outro título de música retrata a patética lei: O que dá pra rir, dá pra chorar (Billy Blanco).

Pensando bem, de nada iria adiantar fazer uma lei mais rígida/abrangente, pois como se costuma dizer, “no Brasil algumas leis pegam e outras não”.

Uma lei contrária a fortes interesses estaria fadada mesmo a não pegar.