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Conheça a História do Prêmio Nobel de Medicina Que Nasceu no Brasil

Fiz uma crõnica rápida aqui partindo do senso comum de que o Brasil jamais ganhara um prêmio Nobel.   Pois bem, esse senso mais do que comum está errado.  Em 1960,  o Nobel de Medicina e Fisiologia foi conquistado por Peter Brian Medawar, conforme me informnou a leitora  Isabela Lisboa. Diz ela em seu comentário: 

Peter Brian Medawar, Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1960, era brasileiro, nascido no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, onde viveu até os 14 anos de idade ao lado de seus pais, que permaneceram na cidade por 40 anos, sempre morando na rua João Caetano, no bairro do Caxambu.

Um pouco da História de Peter.

Os Medawar deixaram o Libano em 1900 para viver no Brasil. ” Nami Medawar, no entanto, o pai de Peter, foi para a Inglaterra, onde tornou-se cidadão inglês e proprietário de uma indústria de material ótico e dentário. Em 1913, ainda solteiro, Nami resolveu fechar sua firma em Londres e vir para o Brasil para viver com seus parentes. No Rio de Janeiro, abriu a Ótica Inglesa, que funciona até hoje na rua Sete de Setembro, logo atrás da Igreja de São Francisco. Pouco depois, Nami conheceu Edith Darling, uma inglesa, com quem se casou, indo morar em Petrópolis. Na cidade da serra fluminense, o casal teve três filhos: Philip, Pámela e Peter, que nasceu em 28 de fevereiro de 1915.”

Nami, encantado com o desempenho de Peter na Escola, mandou o filho de 14 anos para estudar na Inglaterra.  Alguns anos depois, Peter entra na Universidade de Oxford e em 1932 torna-se Bacharel em Zoologia pelo Magdalen College, centro científico de mais de 500 anos de existência.  Na Instituição, interessa-se por biologia relacionada a medicina.

“Nos anos seguintes, apresentou trabalhos científicos desenvolvendo uma técnica de ligadura de terminais nervosos que lhe permitiu prestar exames e se tornar um pesquisador do Magdalen College”

“Poucos anos depois, Peter ingressava na Universidade de Oxford, onde se bacharelou em zoologia no ano de 1932 pelo Magdalen College, um renomado centro científico com cinco séculos de existência. Em sua permanência na instituição, trabalhando a convite, Peter interessou-se por biologia relacionada à medicina. Nos anos seguintes, apresentou trabalhos científicos desenvolvendo uma técnica de ligadura de terminais nervosos que lhe permitiu prestar exames e se tornar um pesquisador do Magdalen College. Era então o mais jovem em sua categoria em Cambridge, segundo seu primo Gerdal Medawar, empresário no Rio de Janeiro.”

A Velha Burocracia de Sempre.

A fim de não interromper seus estudos na Inglaterra, o pai de Peter, Nami,  apela para Salgado Filho para que o filho obtivesse isenção do Serviço Militar. Negado o pedido, só restou ao jovem cientista tornar-se cidadão Inglês.

A carreira decola e Peter passa por todos os centros de pesquisas importantes na Inglaterra, ocupando inclusive cargo administrativo de Diretor do Instituto Britânico de Pesquisas Médicas,  apesar de não ser clínico nem médico.

Trabalhando  Frank Burnet, 16 anos mais velho que Medawar, considerado pela eidtora The Times como um dos Mil Homens que Fizeram o Século 20″, conquista o Prêmio Nobel:

A coisa é muito técnica. Colo o texto abaixo:

” O Prêmio Nobel veio em 1960, em parceria com sir Frank Burnet, 16 anos mais velho que Medawar – e considerado pela editora The Times um dos “Mil Homens que Fizeram o Século 20” por suas pesquisas em diversas áreas. Burnet iniciou uma pesquisa com anticorpos, formulando conclusões que depois seriam comprovadas por Medawar. O cientista petropolitano também pesquisava transplante de tecidos vivos entre indivíduos, já tendo concluído que em certas circunstâncias surgia uma força biológica que inibia a rejeição do organismo hospedeiro, mesmo não reconhecendo os antígenos estranhos. Muitos pesquisadores rejeitaram essa conclusão, mas Burnet propôs que continuassem juntos a pesquisa.
   A questão básica era saber como se fabricavam os anticorpos – altamente específicos – para então lidar com cada um deles. Até 1955, achava-se que a substância transplantada produzia esses anticorpos de alguma forma. Foi então enunciada a Teoria da Seleção Clonal, que dizia que esses anticorpos estavam presentes nos linfócitos do sangue. Percebeu-se então que, quando um antígeno estranho se unia ao anticorpo de um linfócito, a célula iniciava sua multiplicação, produzindo grandes quantidades desse anticorpo. Esses foram os primeiros passos para que os transplantes se tornassem possíveis 30 anos depois. A teoria ficou conhecida como Tolerância Imunológica Adquirida, trabalho que levou o “jovem petropolitano e fisiologista inglês”  Medawar a receber o reconhecimento oficial da Rainha Elizabeth, que o nomeou cavaleiro do Reino Unido em 1965 com o título de sir Peter Brian Medawar. O cientista chegou a retornar ao Brasil em 1962 para visitar parentes, ocasião em que participou de encontros científicos e palestras. A Fiocruz, no Rio, mantém um registro de sua presença e atividade na entidade.

Medawar morreu em 1987

PORQUE O BRASIL NÃO TEM UM PRÊMIO NOBEL

Era uma tarde maravilhosa, como a que – espero – se anuncia para hoje,  em um lugar bonito e tranqüilo aqui em S. Paulo  (é, eles existem!!!), Marco e eu  caminhávamos.  “Muitississimo” provavelmente, naquele momento, não devia ter ninguém quietinho em casa. Todo mundo estava passeando, curtindo o clima ou tomando cerveja pelos bares.   Do nada, ele  pergunta:

– Por que nunca um brasileiro ganhou o Prêmio Nobel???

Ele mesmo responde:

– Você vai dizer que aqui é um país pobre, jovem,  sem tradição em ciências… Tudo isso contibui, é lógico, mas a principal  razão não é essa.

Faz mais uma pergunta, na verdade, a resposta definitiva.

– Quem é que vai ficar em um laboratório olhando tubinho de ensaio ou trancado em biblioteca, com um tempo maravilhoso desses???

Se você  parar para pensar um pouco, muito provavelmente,  vai concordar com a descoberta dele.   Descoberta que, lógico,  não merece um Prêmio Nobel, mas que explica muito bem o fato.