Do meu amigo Fernando Vasqs:
Do meu amigo Fernando Vasqs:
A habilidade de Tancredo Neves com as palavras e na arte da política fariam Neymar parecer um principiante sofrível com a bola nos pés.
Um exemplo???
Desde que entrou na política, Maluf foi ladrilhando, por quase trinta anos, pedrinha por pedrinha o caminho que o levaria à Presidência da República via colégio eleitoral em 1985.
Pois bem, em pouquíssimo tempo de campanha junto ao Colégio eleitoral, Tancredo faz implodir o trabalho de décadas de Maluf, sendo ele o escolhido para Presidente. Não toma posse por motivos de saúde. Sarney, seu vice, assume.
Com esse grau de habilidade no atacado, imagine a fera no varejinho do dia-a-dia da política.
Lendas ou verdades, há três episódios formidáveis. Hoje, apenas um deles. Talvez seja o mais engraçado, mas os outros dois também são razoáveis.
Tancredo havia sido eleito para governador, ou outro cargo do executivo.
Chega para ele um político, com aquela conversinha típica de político e lhe diz, tentando jogar verde para colher maduro.
– Governador, ouvi dizer que o senhor está pensando em mim para a chefia da Casa Civil.
Tancredo não teve dúvidas.
– Exatamente, meu filho. Você diga que eu o convidei e que você não aceitou!!!
De 13.09.07
Diversos leitores que acessaram meu blog através da chamada que o Ig fez para o texto que republiquei ontem a propósito da pancadaria que antecedeu à sessão Renan no Senado garantiram que irão anular seus votos na próxima eleição (vejam suas mensagens no blog). Também já pensei em anular todos os meus votos desde o momento em que Paulo Maluf, depois de 30 e tantos anos de trâmites na Justiça, fora absolvido por ter dado Fuscas para os Jogadores Tri-Campeões do Mundo em 1970. A esse respeito escrevi o texto INFELIZMENTE SOU TEIMOSO, NÃO PERSISTENTE, já publicado no meu blog.
Não que esteja com preguiça de escrever coisa nova, mas como as decisões dos poderosos favorencendo podereosos só fazem se repetir, republico também esse Texto. Adaptando-se a teoria do José Simão de que o Brasil é o país da piada pronta, as maracutaias e inconcebíveis decisões de juízes e políticos também tornam o Brasil um país onde, infelizmente, textos jornalísticos parecem eternos. Lá vai:
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Infelizmente sou Teimoso, não Persistente – 2 –
Tenho boa memória e não sou tão novo.
Na Copa de 70, estava com 16 anos. Lembro-me bem de muita coisa a respeito. O time do Brasil chegou ao México desacreditado. Paulo Maluf era prefeito de S. Paulo (não vou repetir aqui, por não poder provar, a versão que explicava na época a escolha de seu nome para o cargo). Pois bem, ouvi e li nosso prefeito, então no início de sua famosa carreira política, afirmando que se o Brasil fosse campeão do mundo , ele daria um fusca para cada jogador e (salvo engano) membro da comissão técnica. Pois bem, o Brasil foi avançando, avançando e Maluf recuando, recuando. Já não era mais Paulo Maluf, na terceira pessoa como tanto gosta de dizer, mas sim a prefeitura de S. Paulo que daria os carros. Só pegar os jornais da época e ver.
O Brasil ganha a Copa, Maluf, com dinheiro da prefeitura, dá os carros, alguém entra na Justiça contra o prefeito que usara o dinheiro público.
Passam-se 35 anos e, com a rapidez que lhe é peculiar, a justiça Brasileira em última instância conclui que Maluf era inocente, uma vez que teve o aval da Câmara de Vereadores para fazer o que fez.
Deixa eu entender, como dizia uma ex-namorada: para descobrir que Maluf teve o aval da Câmara e que só esse fato era a prova e condição suficiente de sua inocência, a justiça (com j minúsculo mesmo) levou 35 anos???
Um parênteses desnecessário: os jogadores de então não eram milionários como hoje, mas em hipótese alguma se justificava tirar dinheiro da população com suas carências crônicas para premiar esportistas bem sucedidos.
Em conversas, desde essa época, relato o fato, digo que o cidadão não pode crer em mais nenhuma instituição do país . Logicamente, não saí pregando depredação de nada nem qualquer vandalismo. Entretanto, afirmava que uma forma de eu mostrar meu descontentamento e decepção com tudo, seria eu votar nulo até o fim de minha vida. Ainda dizia que, infelizmente, eu sou teimoso e não persistente. Embora meu dicionário eletrônico aponte que teimoso e persistente sejam quase a mesma coisa, na minha cabeça o persistente tem convicção da coisa e o teimoso apenas teima e a simples teima, além de parecer birra de criança, é muito mais fraca do que a convicção.
Pois bem, acho que sou apenas meio teimoso pois não pretendo anular todos os cinco votos, talvez apenas dois…. Ah, que inveja tenho dos persistentes!!!
Espero até antes da eleição expor ou, como dizem os analfabetos pretensiosos de hoje, “estar expondo” aqui minha opinião sobre o nosso glorioso (nem precisa por aspas, né???) poder legislativo (também em minúsculas, naturalmente!!!!)
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Em tempo, no país da piada pronta e do texto pronto, ao que parece, um dos únicos que recebeu meu voto estava em dúvida até a última hora se condenava ou absolvia o Renan. Desse jeito, vou ser obrigado a não mais ser apenas um meio teimoso e passar para o lado dos persistentes!!!