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“Burros, Peçam a Deus que os Mate”

Achava muito curioso como meu pai gostava de usar a expressão:  quem é burro pede a Deus que o mate a ao Diabo que o carregue ( Domínio Público).

Curioso por meu pai ser um homem muito inteligente.   Pessoas inteligentes convivem com pessoas inteligentes e ele, de fato, conviveu  na Política, na Faculdade de Direito, inclusive colegas com quem estudava junto para as provas,  bem próximo de  Homens brilhantes. Mas, talvez por ser muito  generoso, era abrangente com amigos de todos os QIs.   Às vezes custava e custa a crer como ele não desejasse  “que deus matasse alguns de seus amigos(as) e o diabos os (as) carregassem”.  Mesmo após sua morte, percebo  com clareza essa sua benevolência com os burros.  Não vou ser eufêmicos e falar com os menos privilegiados; eram e são burros mesmo, na acepção do termo.

Homem aflito como meu pai  era, devia ser martírio essa convivência, dou-me conta agora que esse era mais um traço de grandeza do caráter dele.  Que lá no céu desfrute  todo o   tempo , batendo papo  com o Arrobas Martins,  Paulo Emílio, Prefeito Faria Lima, Tio Reynaldo Sodré, Tia Flora,  Jair Carvalho Monteiro e Maria Lúcia, Renato Véras, Roberto Sodré, Renato Amaral Sampaio Coelho, Quintanilha Ribeiro, Celso Galvão, Antônio Roberto Sampaio Dória, Thereza Christina Sampaio Dória, minha mãe, minhas tias, meu avô, minha avó, entre outros.

E nós aqui na Terra, como dizia Chico, vamô levando com aqueles que o dia a dia põe ao nosso lado para papinhos medíocres e, pior, que não dizem  nada, tampouco saem  do lugar.  A gente vai levando, a gente vai levando…

E os burros também , vão levando e. pior, junto com eles, vão esgotando nossa paciência e generosidade!!! E  o Diabo, esperto, simplesmente os ignora!!!

“Pamonha, Pamonha Fresquinha de Piracicaba!!!” Só Há Poluição Sonora Porque Você, ou Alguém, Compra

Ninguém deveria comprar.  Juro: se passasse um cara gritando em auto-falantes  que vende lagosta por um real,  eu não compraria.  Não compraria,  mesmo que me garantissem que se trata de produto fresquíssimo.

Aliás, dei prova disso.  Comerciante estava com caminhão estacionado vendendo mangas e anunciando aos gritos, também em auto-falantes, para o quarteirão inteiro.

Meu querido e saudoso pai (quarta feira,  completaram-se dois anos que ele faleceu):

– Pára aí, quero   comprar aquela manga que está linda.

Eu:

– Não paro porque  o cara está fazendo barulho, incomodando centenas de pessoas e a gente não pode comprar porque é endossar o que ele faz.

E não parei o carro.

Observação.  Não morava  por perto, tampouco trabalhava ou frequentava aquele bairro.

Onze Guarda-Chuvas e Saudades do Meu Pai

Imagem curiosa em frente a um prédio  na Rua Ministro Godoi, quase esquina da Itapicuru,  no chuvoso fim de tarde de quinta-feira: onze guarda-chuvas abandonados  abertos e em ótimo estado  junto ao meio fio.

Quando era garoto,  comentei com meu pai que a prancha de pegar jacaré na areia da praia havia sido esquecida.   Meu pai, cético como ele só:

– Paulo, é mais fácil achar uma criança sem dono.

Queria que ele estivesse aqui para explicar onze guarda-chuvas  já abertos em bom estado sem dono.  Bem, se meu pai estivesse aqui,  iria conversar muitas outras coisas com ele, mas não o pouparia desse pedido de explicação.