Fim de tarde gelado. No farol da Groelândia, a menina descalça vem vender biju. “Um é dois e dois é quatro”, diz na janela do carro. Com lógica, e chatice inerente, argumento que se um custa dois, logo, dois custam quatro. E com carinho, apesar da lógica, peço dois e lhe entrego quatro cruzeiros. Ela me dá três saquinhos de biju. O sinal ainda vai demorar para mudar. Quero devolver um saquinho. Insisto. Ela abre um sorriso lindíssimo, diz que quer me dar um biju. Desaparece. Nunca mais a vi. Mas aquele momento de fascínio não sairá da minha mente nem do meu coração.