Campanhas acontecem na cidade de São Paulo para que o pedestre tenha sua integridade física garantida ao atravessar ruas e avenidas. Legal, muito correto e oportuno. Mas esse tipo de campanha pode ser interpretada até como luxo extremo, uma vez que o pedestre não é respeitado nem mesmo nas calçadas.
Exemplos não faltam.
Prédios, residências e comércio têm todo o direito de colocar seu lixo nessas cestas de ferro. Agora, ninguém tem o direito de construir essas cestas de ferro no meio da calçada ou junto ao meio fio, impedindo que passageiros e motoristas desçam dos carros estacionados. Quem quiser construir essas cestas que as construa do lado de dentro de suas propriedades e combine sistemas de abertura com o lixeiro na hora de recolher o lixo. Outra alternativa seriam cestas de ferro sobre rodinhas, com alguma corrente que as prendessem junto à grade do imóvel. Essas cestas seriam colocadas uma hora antes de o lixeiro passar e recolhidas uma hora após a retirada do lixo. Do jeito que está, atrapalhando 24 horas por dia o trânsito de pedestres, o embarque e desembarque de passageiros dos automóveis, é que não pode ficar.
E esses blocos de concreto gigantescos que ocupam grande parte das calçadas, sobretudo diante de Instituições Israelitas/ Judaícas. Em frente ao Consulado Americano, há algo semelhante. No Jardim América, existe também uma casa cuja calçada é tomada por blocos parecidos. Precisa explicar para Israelitas, americanos e o proprietário dessa tal casa que a cidade tem legislação e que o país tem leis. E quem quiser viver em S. Paulo, obrigatoriamente, tem que se submeter à legislação municipal e do País. Como se diz: Simples Assim.
Coisas mais sutis, entretando, igualmente agressivas e abusivas.
Aquelas tabuletinhas com luzes piscando colocadas na saída das garagens onde se lê – CUIDADO VEÍCULOS – são de UM ATREVIMENTO QUE NÃO TÊM TAMANHO.
Como dizia uma namorada minha – deixa eu entender – um carro vai sair de uma garagem e para alcançar a rua, necessariamente, tem que passar pela calçada. A calçada é para os pedestres se locomoverem. O carro, vindo do nada, tem que passar por uma área de pedestres – e quem tem que tomar cuidado é o pedestre??? É isso mesmo??? Talvez seja uma piada que já dura muito. O certo seria uma plaquinha dentro da propriedade lembrando o motorista de que ele vai passar pela calçada e precisa fazê-lo com todo o cuidado, uma vez que o pedestre é que está concedendo a ele uma licença para trafegar ali. Essa plaquinha não surtirá efeito algum. A solução é apelar para o bolso. Meio metro antes do início da calçada, dentro das garagens, precisariam ser construídos quebra-molas que obrigassem o motorista a colocar a frente do carro na garagem a velocidade próxima de zero quilômetros por hora.
Nesse setor, ainda há outro atrevimento que chega a ser uma gracinha. Alguns condomínios têm a petulância de colocar uma imitação de semáforo junto à calçada. Em geral fica na luz verde. Quando um carro começa a sair da garagem, acende uma luz vermelha. Ou seja, pedestres e veículos que estão trafegando pela calçada e pela rua precisam estancar imediatamente. Corrigindo, esse atrevimento não tem nada de gracinha, é Petulância Pura, da mais genuína e inacreditável.
Dez entre dez médicos recomendam uma caminhada pelo quarteirão após o jantar. Não bastassem todos os absurdos acima, mais uma violência ao cidadão impede essa prática saudável. O pedestre antes de ter caminhado quatro quarteirões vai ser acometido por dor de cabeça insuportável. Sobre o muro de cada casa ou condomínio, há um jato de luz, fortíssimo dirigido bem na direção dos olhos de quem caminha sobre a calçada nos dois sentidos. Essa luz fica apagada. Quando o pedestre se aproxima, um censor dispara esse colírio…
Está mais do que na hora de também proibirem isso. Quem quiser iluminar a frente de sua propriedade pode fazê-lo com lâmpadas de potência/intensidade determinadas por órgão competente, cujo foco/área de iluminação esteja absolutamente parelelo ao piso da calçada – permanentemente aceso. E, se possível, jamais utilizar as famigeradas lâmpadas do apagão. Vetar a lâmpa do apagão é Idiossincarasia minha??? Pode ser. Mas um pouco de generosidade e elegância não fazem mal a ninguém.
O porquê de termos chegado a esse estado de agressão e violência deve-se sobretudo a um dos dois fatores abaixo.
- As autoridades e respectivos assessores (aspones) que cuidam do assunto estão pouco se lixando para que o pdestre seja respeitado. Seria um caso de desprezo, puro e simples.
- As autoridades estão assaz preocupadas e são de sensibilidade tocante no que diz respeito ao bem estar da população. Entretanto não percebem coisa alguma por razões bem simples:
- Jamais andam a pé.
- Andam de carro, quando não de helicópteros, com aqueles vidros nigérrimos, muitas vezes com sirenes ligadas e batedores.
Dizem que um bom gerente é o gerente TBC. Tradução: gerente que tira a bunda da cadeira. Talvez, se pudesse fazer um apelo ao prefeito e secretários municipais, de uma forma mais respeitosa naturalmente, afinal são autoridades. Que tal essa redação para o apelo:
– Excelências, por favor, tirem suas digníssimas nádegas das poltronas e dos bancos de seus /(nossos) carros oficiais com vidros negros, caminhem pela cidade, sintam na pele as agressões que estão impondo aos seus munícipes, arregassem as mangas e comecem a por as coisas nos eixos.