Ministério da Justiça quer endurecer Lei Seca porque muitos motoristas insistem em beber e dirigir.
O teste do bafômetro deveria ser apenas mais prova a que seria submetido o causador de acidente. Veja bem, eu disse causador.
Amigo meu escreveu em um comentário aqui no Boca que sua avó, verdadeira vanguardista na luta pela emancipação feminina, que trabalhou como corretora de imóveis, foi uma das primeiras mulheres a tirar carteira de motorista, na década de 10, e dirigiu até os oitenta, quando já não enxergava tão bem, sobretudo a partir do entardecer. Em uma noite, atropelou uma pessoa, não percebeu e foi em frente. No dia seguinte, o policial vai à sua casa. Reproduzo o texto do meu amigo:
– A senhora estava dirigindo um Opala branco, chapa tal, ontem na Rua da Consolação ás 10 horas da noite?
– Sim, ela respondeu.
– Então a senhora está sendo acusada de ter atropelado uma pessoa neste horário e ter abandonado o local sem prestar socorro à vítima.
Ela, com a tranquilidade de sempre, explica:
– Bem que eu ouvi um barulhinho…
A história é muito boa.
Retomando, resumindo e concluindo.
O teste do bafômetro só deveria ser aplicado ao causador de desastres ou mesmo pequenas raspadinhas.
Supondo-se que um adulto tivesse tomado duas caipirinhas antes do jantar e se envolvesse em qualquer tipo de acidente com essa simpática velhinha. Seria justo tomar todas as medidas contra o homem que bebeu e isentar de cara a velhinha???
Quem será que oferece mais risco à população? Um homem responsável que toma duas caipirinhas antes do jantar e volta para casa guiando ou a simpática velhinha que mal enxerga???
Ministro Cardozo, pense um pouco, devolva aos técnicos do seu Ministério essa lei e peça que eles a tornem menos maniqueísta, mais sábia, e, consequentemente, mais justa.