Embora seja difícil falar da Lei Anti-fumo (certamente não tem mais hífen -virou um inferno escrever!!!) do Serra sem polemizar, lá vai.
Com alguma freqüência – “não tão freqüente ” para sorte dos meus amigos – também gosto de fazer umas metáforas à moda do Presidente Lula (espero que as minhas sejam menos óbvias e primárias – gosto do Presidente, mas das metáforas…) . Digo que não posso chegar em um bar/restaurante e reclamar porque o teto não é da cor que mais aprecio. Entretanto, é mais do que justo que tenha direito a comer e/ou tomar cerveja, chopp,vinho, água, guaraná, caipirinha, uísque livre de fumaça de cigarros, cachimbos e charutos.
Parece que esse direito meu e de inúmeros outros cidadãos paulistas (imensa maioria, aliás) vai virar lei (entrar em vigência). Não comemoro porque, como diria minha professora de francês, aqui umas leis pegam e outras não. Sem contar as exceções que ainda poderão ser criadas. Coisas do tipo: é proibido fumar, mas se o piso do estabelecimento for de madeira, aí tá liberado. Conheço os políticos, a ânsia de querer fazer média. Não comemoro por antecipação.
Até onde eu sei, imagino que não existam fumantes compulsivos que não possam permanecer sem fumar.
Suponho que muitos atravessem o Atlântico de avião sem acender um cigarro sequer nas 10/12 horas de vôo (não me lembro a duração da viagem).
Suponho também que nenhum profissional entre numa sala para vender o seu peixe e tenha a audácia de ignorar o pedido do cliente para não se fumar naquele lugar.
Resumindo, fumante que fala que não pode ficar sem fumar mente. Porque quando o bicho pega (expressão de que não gosto) eles sabem se mancar muito bem.
De qualquer forma, resta uma alternativa para o fumante compulsivo – que, como se viu, não existe.
Há cerca de vinte anos, havia diversas turmas que saíam à noite. Um desses grupos era composto pelos clubers, os que iam aos clubes noturnos para dançar a noite inteira. Com muito senso de humor, a Folha de S. Paulo descobriu um monte de gente que, não agüentando as pragas urbanas noturnas (lugares repletos, caros, atendimento abaixo da crítica, trombadões achacando para “cuidar” dos carros etc, etc) , se recusava sair à noite. Eles equipavam suas casas com o que havia de melhor em termos de som, bebidas, cozinha e lá ficavam a salvo da barbárie externa urbana. Os que saíam para dançar eram os clubers. A Folha batizou quem ficava em casa de HOUSERS .
Talvez passe até a ser chique o surgimento de “NEW HOUSERS”, agora protestando contra o direito do cidadão de respirar.
Tá muito levinho esse texto, então vou terminar com a argumentação pouco elegante, mas perfeita (todo mundo conhece) do apreciador de cerveja para o fumante.
O seu prazer é fumar e o sub-produto do seu prazer é a fumaça do seu cigarro. Meu prazer é tomar cerveja e o sub-produto do meu prazer é a urina. Você não quer que eu urine na sua perna, quer??? Então, vá fumar para lá!!!