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Fumante se Ferra Sempre!!!

Conheço uma gorda fumante que parou de fumar.  Virou uma baleia ex-fumante, sem qualquer ofensa às baleias, animais belíssimos.  Mas baleias de duas pernas, com  bunda, barriga, diâmetro, enfim, que não acabam mais… é triste de se ver.

Lógico que não estou sugerindo que não se combata esse vício; aliás, um dos piores, já que atinge (antes da lei anti-fumo  atingia todo mundo) muitos à sua volta.

Lei Anti-Fumo – Quem é mesmo o Fascista???

Para começar  uma discussão honesta.

Fatos:

1. Sete brasileiros morrem todos os dias vítimas de doenças causadas por fumo passivo – de acordo com o Instituto Nacional de Câncer.

2. “O Fumo passivo é a terceira causa de mortes evitáveis no mundo, após o tabagismo ativo e o alcoolismo”. (Folha de São Paulo, 24/8/09 página C3).

Fumantes, donos de bares, indústria tabagista  dizem que a nova Legislação Anti-fumo é fascista.

Se alguém quiser discutir, lá vai:

O fascismo/autoritarismo parte dos  não fumantes que querem ver sua saúde preservada ou dos fumantes que querem ter o direito assegurado de continuar  poluindo  ambientes fechados e, em última instância, contribuir para a morte de sete pessoas todos os dias no Brasil???

Plaquinha popularesca, freqüentemente vista antes da lei anti-fumo (graças a Deus, tornaram-se obsoletas),  dirigida a fumantes era nada sutil, mas trazia argumento irrefutável.  Dizia ela mais ou menos o seguinte:

Meu prazer é tomar cerveja.  O sub-produto do meu prazer é a urina.  Seu prazer é o cigarro.  O sub-produto do seu prazer é a fumaça.  Você ficaria chateado se eu urinasse na sua perna???  Então, por favor, vá fumar e despejar fumaça bem longe daqui.!!!

A pergunta do título permanece:

Quem é mesmo fascista???

Fumantes e não fumantes podem se manifestar à vontade!!!

É Permitido Proibir

Marcelo Coelho, ótimo articulista da Folha de São Paulo, afirma na Ilustrada de Hoje que se “criou uma nova forma de legitimação política para os governantes.” De acordo com essa óptica,  “governante bom é aquele que proíbe  coisas”, diz ele. Aí, cita como exemplos a lei Cidade Limpa e a Lei Anti-fumo.

Não sei se a população de uma maneira geral aprova sempre o governante que proíbe coisas.

Eu, muitas vezes, sou a favor da proibição. Ao contrário do que pregava a libertária e fabulosa música do Caetano  Proibido Proibir,  acho, sim, que é preciso por limites.   Antes, talvez não houvesse essa necessidade pois as pessoas se pautavam pela teoria de que a liberdade de cada um ia até onde começava o direito do próximo.  Hoje,  a liberdade de que dispõem  os bárbaros (búfalos, como eu digo)   é ilimitada e os direitos do Cidadão que se explodam, cada vez mais confinados!!!

Cidade Limpa e  Lei Anti-fumo proíbem e são sucesso.  Proíbem a agressão – é lógico e por isso são sucesso!!!  Está mais do que claro  e é mais do que justo que o cidadão tenha  direito a uma paisagem limpa e também a não  chegar em casa fedendo a cigarro, como se fosse um cinzeiro.  Para não dizer respirar ar menos poluído  no trabalho e no descanso.

Como já escrevi, os mesmos lugares onde o fumo está proibido também deveria ser interditado para o uso de celulares.   Ninguém é obrigado a agüentar o vizinho de mesa, de sala de espera, de ônibus gritando  ao/no celular.  Muitas vezes, inclusive, coisas absolutamente íntimas e de muito mau gosto.  Ruy Castro escreveu em sua coluna que uma velha comentava em voz alta no celular que a neta não iria participar do campeonato de natação porque estava menstruada.  Médica anunciava para a colega – também no celular, também aos gritos – no meio de um restaurante lotado, que a paciente delas estava com Câncer. Esse problema  era delas duas e da paciente (que talvez a essa altura já esteja assistindo show ao vivo do Michael Jackson) e não de um monte de gente que estava ali para almoçar.
Amigo meu psiquiatra , Armando  de Oliveira Neto escreveu artigo fabuloso aqui no Boca no Trombone  intitulado – EM DEFESA DE UM CERTO MEDO http://bocanotrombone.ig.com.br/2008/04/30/em-defesa-de-um-certo-medo/.  Leiam, vale a pena.

Nesse texto ele mostra que atualmente ninguém teme mais coisa alguma.  Escreve Armando, antes de começar o artigo propriamente dito:  “Desenvolvo uma hipótese que a falência das estruturas sociais, aqui e lá fora também, é creditada ao desaparecimento do MEDO: não se tem mais medo de nada, as crianças do bicho papão, do homem do saco; o religioso não é mais um temente a Deus; as leis não punem e por aí caminham minhas reflexões.”

Resultado: búfalos nadando de braçadas e cidadãos acuados em seus direitos mais básicos.

Ouça a música PROIBIDO PROIBIR  do Caetano e sinta saudades do tempo em que era um  luxo necessário poder pregar isso
http://vagalume.uol.com.br/caetano-veloso/videos/proibido-proibir.html

Fumante Compulsivo – isso existe??? Eis a Solução!!!

Embora seja difícil falar  da Lei Anti-fumo (certamente não tem mais hífen -virou um inferno escrever!!!)  do Serra sem polemizar, lá vai.

Com alguma freqüência – “não tão freqüente ” para sorte dos meus amigos –   também gosto de fazer umas metáforas à moda do Presidente Lula (espero que as minhas sejam menos óbvias e primárias – gosto do Presidente, mas das metáforas…) .  Digo que não posso chegar em um bar/restaurante e reclamar porque o teto não é da cor que mais aprecio.  Entretanto, é mais do que justo que tenha direito a comer e/ou tomar cerveja, chopp,vinho, água, guaraná, caipirinha, uísque livre de fumaça de cigarros, cachimbos e charutos. 

Parece que esse direito meu e de inúmeros outros cidadãos paulistas (imensa maioria, aliás) vai virar lei (entrar em vigência).  Não comemoro porque, como diria minha professora de francês, aqui umas leis pegam e outras não.  Sem contar as exceções que ainda poderão  ser criadas.  Coisas do tipo:  é proibido fumar, mas se  o piso do estabelecimento for de madeira, aí tá liberado.  Conheço os políticos, a ânsia de querer fazer média. Não comemoro por antecipação.

Até onde eu sei, imagino que não existam  fumantes compulsivos que não possam permanecer sem fumar. 

Suponho que muitos atravessem o Atlântico de avião sem acender  um cigarro sequer nas 10/12 horas de vôo (não me lembro a duração da viagem).  

Suponho também que nenhum profissional entre numa sala para vender o seu peixe e tenha a audácia de ignorar o pedido do cliente para não se fumar naquele lugar. 

Resumindo, fumante que fala que não pode ficar sem fumar mente.  Porque quando o bicho pega (expressão de que não gosto) eles sabem se mancar muito bem. 

De qualquer forma, resta uma alternativa para o fumante compulsivo – que, como se viu, não existe. 

Há cerca de vinte anos,  havia diversas turmas que saíam à noite.  Um desses grupos  era composto pelos clubers, os que iam aos clubes noturnos para dançar a noite inteira.  Com muito senso de humor, a Folha de S. Paulo  descobriu um monte de gente que, não agüentando as pragas urbanas noturnas (lugares repletos, caros, atendimento abaixo da crítica, trombadões achacando para “cuidar” dos carros etc, etc) ,  se recusava sair à noite.  Eles equipavam suas casas com o que havia de melhor em termos de som, bebidas, cozinha e lá ficavam a salvo da barbárie externa urbana.  Os que saíam para dançar eram os clubers.  A Folha batizou  quem  ficava em casa de HOUSERS .

Talvez passe até a ser chique o surgimento de “NEW HOUSERS”, agora protestando contra o direito do cidadão de respirar. 

Tá muito levinho esse texto,  então vou terminar com a argumentação pouco elegante, mas perfeita  (todo mundo conhece)  do apreciador de cerveja  para o fumante.

O seu prazer é fumar e o sub-produto do seu prazer é a fumaça do seu cigarro.  Meu prazer é tomar cerveja e o sub-produto do meu prazer é a urina.  Você não quer que eu urine na sua perna, quer???  Então, vá fumar para lá!!!