Em setembro de 1988, o iatista Lars Grael teve sua perna decepada por lancha que invadiu, em alta velocidade, área demarcada para regata, em Vitória, Espírito Santo. Segundo entendidos em vela e náutica, trata-se de irresponsabilidade tão grande como a de um motorista que invadisse calçadão, igualmente em alta velociadade. Laudos revelaram que o condutor da lancha estaria acoolizado.
Cerca de um mês depois, Pinochet é preso na Inglaterra pelos crimes cometidos durante a Ditadura no Chile.
O Brasil e a Humanidade perderam oportunidades raras e emblemáticas para que todos nós do planeta tivéssemos vida mais segura.
Tanto o condutor da lancha quanto Pinochet deveriam ter sido julgados com todo o rigor da lei, bem como sem qualquer cerceamento das duas defesas. Chegados aos veredictos e determinadas as penas de prisão, essa prisões deveriam ter sido cumpridas até o último minuto.
O argumento que se ouvia na época da prisão é que Pinochet já era idoso, tinha, salvo engano, 83 anos. Simples, muito simples. Se pegasse 20 anos de prisão, aos 103 estaria em liberdade. Se não vivesse mais 20 anos, naturalmente, morreria na cadeia. Simples assim, como dizem os jovens.
Ditadores do mundo inteiro e todos os irresponsáveis pensariam várias vezes antes de cometer atrocidades ou mesmo desatinos que possam causar vítimas.
Não se trata de crueldade minha, muito pelo contrário.
Agora, temos a morte de 236 jovens em incêndio na boate do Rio Grande do Sul. Ao que parece, houve uma série de irresponsabilidades que culminaram na tragédia.
Se o causador do desastre de Grael tivesse cumprido pena justa, isso não teria funcionado como um alerta para todos os envolvidos no incêndio do Rio Grande???
Os responsáveis pela tragédia de turno devem ter julgamento justo e cumprirem as penas a que forem condenados. Caso contrário, essas histórias não vão ter fim e ainda iremos chorar infinidades de vidas perdidas em conseqüência de irresponsabilidades impunes.