Como se não bastassem a poluição sonora durante a semana, o homem da pamonha, agora inventaram mais uma para infernizar também o domingo, dia em que deveriam dar sossego à população. Uma entidade de nome Unibes, União Brasileira Israelita do Bem Estar Social, usando caminhão, carro de som em alto volume, invadiu no meio da manhã de hoje as ruas próximas à Alameda Barros, em Higienópolis. O objetivo era arrecadar agasalhos.
Para tanto, valia tudo.
Leia Alguns dos gritos de guerra.
– Enquanto não doar a gente não vai embora (leia-se: não vamos parar de incomodar)
– Joga aquela jaquetinha de couro que você ganhou do namorado mala.
– Eu não tô vendo ninguém do Edifício X Doar Nada.
– Joga, joga, mira na cabeça de alguém e joga
– Manda aquela roupa que você não usa quando vai para a Europa.
Imagine que toda essa baboseira e agressividade eram gritadas em tom, ora de ironia, ora de tênue ameaça, por um sujeito sem a mínima graça e de uma arrogância atroz.
Quando ele tomava fôlego, uma menina que vinha a pé com o megafone levava a coisa no mesmo tom. Quando não era um nem outro, uma música infernizava e até mesmo uma sirente era acionada.
Perguntas:
- A lei permite que moradores de um bairro sejam incomodados dessa maneira?
- A lei permite que sirenes sejam usadas nesse tipo de manifestação???
Barulho, falta de respeito e piadinha sem graça, infelizmente, não provocam qualquer reação.
Agora, o que incomodava mesmo era a mensagem subliminar; hiper cristalina na manifestação:
– Vocês, brasileiros/paulistanos, não são capazes de fornecer agasalhos para seus semelhantes. É necessários que nós, israelitas, aqueçamos os pobres de vocês.
É demais, não é mesmo???