Meu amigo e comentarista assíduo do Boca José Giordano mais uma vez comparece para seus perspicazes comentários. Dessa vez, o alvo são os Institutos de Pesquisas. Esse artigo também está sendo publicado hoje no Jornal- O VALE – da Região do Vale do Paraíba Leia, é interessante. Entretanto, faço uma ressalva, conforme escrevi a ele: voto útil que me lembre e confirmei no Wikipedia é “eleitor votar num candidato de que não gosta com o objetivo de impedir a vitória daquele que detesta.” De qualquer forma, reiterando, o artigo é elucidativo. Lá vai:
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Nos últimos dois meses, os institutos de pesquisas divulgavam uma vitória de Dilma Rousseff ainda no primeiro turno. Durante a campanha, os Institutos abusaram em analisar as tendências, num exercício de futurologia, que não se confirmaram.
A credibilidade está em baixa e eles precisam rever sua metodologia e seus conceitos éticos na direção de um resgate da confiança do eleitor.
A julgar pelo resultado, mais parece que a candidata governista conseguiu a vantagem de catorze pontos sobre o tucano em função das pesquisas que lhe eram favoráveis, senão tal diferença poderia ter sido menor.
O Vox Populi, através de seu Diretor Marcos Coimbra, até escreveu no dia das eleições artigo em jornal de grande circulação anunciando a liquidação da fatura no primeiro turno.
O Ibope na sua pesquisa de boca-de-urna declarava a petista vencedora e o Datafolha, na pesquisa de véspera, apresentou números que ficaram fora da margem de erro.
O que nos chamou mais atenção foi na eleição para o Senado em São Paulo onde Aloísio Nunes que estava em terceiro e se elegeu em primeiro lugar com larga vantagem de votos.
Nesse caso, os institutos não foram capazes de detectar a tendência dos eleitores de Alkimin a votarem em Aloísio, por ser do mesmo Partido e porque a “colinha” preconizada pelo TSE, incluía sempre seu nome para todos os candidatos a deputados pelo PSDB, diferente da pesquisa que foi preparada sem esse atrelamento.
As pesquisas eleitorais influenciam na arrecadação de fundos de campanhas dos candidatos, como também influenciam o eleitor a decidir seu voto. Na nossa cultura, onde muitos querem levar vantagem em tudo, uma significativa parte do eleitorado, que está indecisa e se resolve, ou muda seu voto em função das pesquisas, para votar em quem vai ganhar, para não perder o voto, como dizem. É o chamado “voto útil”.
Vários fatores que podem ter influenciado e terem induzido os Institutos ao erro. Começando pela ultrapassada metodologia por Amostragem ao invés da metodologia Aleatória, passando pelo grande número de pesquisas, pelo vício ao permanecer com as mesmas cidades da pesquisa anterior ao invés de sortear ou até mesmo escolher cidades onde há um reduto eleitoral conhecido e desejado. Some-se o fato de que o número de cidades pesquisadas foi insuficiente, além da formulação de um quesito inicial sobre a satisfação com a situação atual, o que o induz o entrevistado a declarar a intenção de votar na candidata do governo.
Há de se estranhar, que em todas as pesquisas eleitorais, não importando o instituto, época da campanha, a cinco meses da eleição ou de boca-de-urna, a margem de erro divulgada foi sempre 2%. Com essa padronização parece que os institutos estavam afinados e passavam uma precisão que as pesquisas não tinham.
Os Institutos de pesquisas, a exceção do Datafolha, prestam também serviços aos partidos, configurando um conflito de interesses. O Vox Populi presta serviços de pesquisas diárias ao PT e coincidentemente todas as suas pesquisas apresentaram resultados mais favoráveis à candidata do PT que os demais institutos, aparentando o intuito de influenciar o eleitor para agradar o cliente.
A solução passa pela proibição da divulgação de pesquisas eleitorais antes das eleições, digamos três meses, e estas só seriam usadas para nortear os partidos na campanha ou pela criação de uma agência reguladora para disciplinar o setor, com a participação dos partidos e nos moldes da ANATEL ou ANVISA.
Por enquanto é matar a curiosidade com as pesquisas, comemorando somente após das urnas.