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Voar de Helicóptero…

A propósito da morte do jogador de basquete Kobe Bryant em desastre de helicóptero, sempre digo: se alguém me convidar para um lugar legal e for esse o meio de transporte, não penso duas vezes – aceito.

Agora, voar com frequência de helicóptero, não voaria, em hipótese alguma. É dar muita colher de chá para o azar.

Há alguns anos, helicóptero de uma Emissora Rádio teve uma pane, em S. Paulo, sobre o Rio Tietê. O piloto disse que o correto seria aterrizar no leito do Rio. Mas havia uma rapaz paralítico a bordo, que fatalmente, morreria. Assim, optou por por pousar na Marginal.

Aí, nem precisa falar sobre o congestionamento que deu no trânsito.

Há muitos acidentes fatais com helicópteros.

Cai – aliás, vai bem o provérbio: cautela e caldo de galinha não fazem mal pra ninguém. Digo, pra galinha fez mal definitivo.

Ficção e Realidade

No meio do congestionamento, há pouco, Helicóptero resgata e leva jovem que iria receber fígado, do outro lado da cidade, no Hospital Albert Einstein.

Maiores detalhes no noticiário da rádio e TV.

Aqui, posto  conto em que Renata,  heroína que concebi  em Curso de Criação Literária, participa de aventura no mesmo setor.  Minha heroína era uma Indiana Jones de saia.  Sem contar que era linda e andava de Jaguar.   Depois de ter escrito alguns episódios, criei slogan para ela: “Renata, como todas gostariam de ser e que todos gostariam de ter.”

Esse conto tinha o título:

“QUEM VÊ OLHOS, TAMBÉM VÊ CORAÇÃO”

Nessa época, graças a Deus, ainda não havia celular. Se houvesse, muitíssimo provavelmente, a Renata não teria. Medonho era personagem de colega de curso . Medonho, uma semana antes, havia feito um galanteio grosseiro para cima da Renata. Dei o troco.

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Lá vai o conto:

Quatro e meia da manhã. O telefone toca. Renata foi dormir às dez horas, mas fazia apenas quinze minutos que tinha conciliado o sono. Ouve atentamente e anota o endereço. Salta da cama. Uma hora depois, chega ao local.

Impossível. Tinha muita gente e o trânsito logo mais ficaria congestionado em toda região. Nem adiantava convocar os outros.

Era a quinta tentativa frustrada só nos últimos vinte dias. Já fazia três meses que a batalha de Renata começara e ela não via perspectiva a curto prazo. Mas jurou que não seria vencida pelo cansaço. Poderia até mesmo arruinar-se, porém estava obstinada. Nada iria detê-la.

Nove dias depois, numa segunda-feira, Renata acorda com um bom pressentimento. Afinal, era véspera do aniversário de Felipe, seu afilhado, filho de Silvia, amiga de muitos anos.

Às onze horas da noite seu bip dispara. Pega o recado.

“O dr. Reinaldo manda dizer para dona Renata que desta vez não tem erro. O endereço é Rua Rosa Amarela, 57, travessa da Av. Casa Verde, altura do nº 710″.

Antes de partir, liga para Ana que cuidaria de avisar todo o pessoal.

Na rua Rosa Amarela, as casas eram modestas e o movimento praticamente nulo, no dia seguinte todo mundo acordava cedo para trabalhar. Até o bar estava fechado quando Renata chegou.

Quase toda equipe já estava a postos:

O dr. Reinaldo e seus dois assistentes, Emílio – velho motorista da família e sua perua Chevrolet branca; os dois cabos fardados e Roberval, o tira malandro que o general Alípio havia prometido.

Faltava apenas Medonho, sempre irresponsável e atrasado. Mas como ele não participaria da primeira etapa, deram a partida.

Roberval entra na sala, chama os donos da casa. Impecavelmente vestido, com a lábia típica dos bons investigadores de polícia, apesar das circunstâncias embaraçosas, explica:
– Eu sinto muito mesmo. A situação é constrangedora. Sei que ele era o único filho de vocês. Mas tenho que levá-lo, pois existem sérias suspeitas e ele ainda será submetido a outros exames. Os senhores sabem, ordens são ordens. E no exército a gente prefere enfrentar o diabo a descumprir a ordem do nosso coronel, diz apresentando o falso requerimento assinado com o nome de um coronel fantasma, morto na Revolução de 32.

A situação era absurda, mesmo assim os outros poucos amigos e parentes, atônitos, convencem os pais do menino a concordar com o que o general tinha determinado.

Percebendo que o plano já estava em andamento, Medonho fica esperando na calçada, onde permaneceria até seu bip tocar novamente. Só deveria abandonar o posto para telefonar, caso surgisse algum imprevisto. Ele ainda ajudou acomodar tudo na parte traseira da perua de Emílio.

Do orelhão da esquina, Renata liga para Sílvia.

Três horas depois, Felipe, que havia sofrido um sério acidente em uma prova do campeonato mundial de skate na Califórnia, acorda da anestesia e diz:
– Tia Renata, acho que sou a única pessoa do mundo que ganhou de presente de aniversário uma córnea roubada. Eu adoro você!!!!!!!!!!!!!

Devolver o cadáver aos seus legítimos donos não foi difícil.

Renata dorme vinte quatro horas seguidas. Acorda com murros na porta do seu apartamento:

– Polícia!

Renata abre. Um delegado, quatro soldados e, com eles, toda equipe dela presa.

Na noite seguinte a do roubo do defunto, Medonho é apanhado pela polícia fumando maconha e cheirando cola em um show de metaleiro. No pulso, uma pulseira ordinária folheada a ouro com o nome completo do defunto. Medonho entrega todo mundo.

Renata liga para dr. Antonio Sampaio, um dos maiores criminalistas do Brasil.

Na delegacia, orgulhoso de ter desvendado aquele mistério e já sonhando com promoções e aumento de salário, entrevistas para rádio, jornais e televisão, o delegado Pinheiro fazia o B.O. quando chegam o dr. Sampaio e dois jornalistas:

– Delegado Pinheiro, o pobre defunto não entrou só com a misera córnea nessa história toda – diz o advogado.

– Como assim? – Pergunta, confuso, o delegado.

– Ora, seria um desperdício devolver pro caixão um defunto apenas sem uma córnea. O dr. Reinaldo mantém no congelador da clínica de um colega dele dois rins, o fígado, a medula, a outra córnea e também o coração. Caso o senhor insista em fazer o B.O. e mantê-los presos, tudo isso vai virar comida de cachorro. Sua imagem, que já não é muito boa, ficará arruinada.

– Nosso jornal até já está preparando uma matéria com o rapaz que vai receber a medula, com a freira que vai ficar com a outra córnea, com o poeta que está à beira da morte com cirrose que ficará com o fígado e com o garoto da mesma idade que precisa receber novo coração – intervém um dos jornalistas.

Inconformado, o delegado Pinheiro rasga o B.O.

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Quiser ler mais aventuras de Renata, minha Indiana Jones de Saia, clique –

No link há ainda alguns outros textos, mas os da Heroína tem o título: Fascínio, Parte 1 Renata, como como todas gostariam de ser….

Bem, agora, pensamento positivo para que tudo corra bem para os lados da jovem que vai receber o fígado!!!