Ninguém se espanta; e eu não quero acreditar.
Minutos atrás, lindo fim de tarde, Jennifer, de uns dez anos de idade, não estava brincando.
No semáforo do cruzamento da rua Argentina com a av. Brasil, jogava aquelas varetas e pedia trocados para os motoristas que aguardavam o sinal verde. Trazia consigo um celular bem sofisticado. Puxo conversa e ela me diz que era seu. Pergunto quanto lhe custava por mês.
– Barato, mais ou menos trinta reais.
E emenda:
– Me dá umas moedinhas; não, me dá uma nota para me ajudar a pagar a conta do celular.
Acho que isso se chama, ou se chamava antigamente, inversão de valores. Talvez não se chame mais; certamente eu que sou o invertido de me espantar e escrever sobre tal ” banalidade absolutamente comum” dos dias de hoje