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Tragédia em Cusco – Momento “Impróprio” para Dica Fundamental

Cusco, Machu Pichu e Águas Calientes, fabulosos pontos turísticos do Peru, voltam ao noticiário.  Dessa vez por conta das catastróficas chuvas e deslizamentos que deixaram 2.000 turistas isolados (180 deles brasileiros), cinco mortos, cinqüenta feridos e milhares de desabrigados.

Cusco tem cerca de 300.000 habitantes e, como se vê, atualmente conta com quase 1% de sua população de turistas.  Alguma coisa deve ter para atrair tanta gente.

E tem mesmo!!!

Estive nos três lugares duas vezes: em julho de 74 e em 84. Embora o momento não seja próprio para falar  de turismo e dicas turísticas, lá vão.  Afinal de contas,  a vida continua e, pelo menos, minha primeira sugestão não tem preço:

Em hipótese alguma, mas em hipótese alguma mesmo,  deixe de dormir pelo menos uma noite ou em Águas Calientes ou em Machu Pichu.

A primeira vez, em 74, viagem de mochileiro, dormi em Águas Calientes.  Eu, alguns brasileiros e mais um monte de gringos, umas quinze pessoas ao todo  alugamos uns dois quartos com três camas cada e dormimos, pelo menos dois em cada cama de solteiro.

Na 2. vez,  quando programava viagem para o México, o agente de turismo, aqui no Brasil, informou que meu vôo de volta  faria escala em Lima.

Automaticamente falei:

– Se pára em Lima, volto para Cusco e Machu Pichu. 

Assim foi feito.

Com um pouco mais de dinheiro na guaiaca  (cinto de couro ou pano com duas pequenas  bolsas para guardar dinheiro dentro da roupa) do que na primeira vez,  hospedei-me em fabuloso hotel no Topo do Machu Pichu, uns trinta metros antes da entrada das ruínas.

Dormir lá, tanto em Águas Calientes quanto em Machu Pichu, faz toda a diferença.   É uma questão de matemátca.  O destino de todo mundo ao ir para a região é MACHU PICHU. Aí começa a falta de lógica.

O turista sai de Cusco de trem lá pelas seis da manhã.  Viaja cerca de quatro horas até Águas Calientes e mais uma meia hora até o topo de Machu Pichu.  Chegando lá em cima, dá uma andada de cerca de uma ou duas horas pelas ruínas, almoça e volta.

Veja o Paradoxo.  O destino é Machu Pichu.  Em Machu Pichu, propriamente dito, o turista comum fica mais ou menos  duas horas.Lá pelas  três da tarde, todo mundo volta para pegar o trem para Cusco.
Quando todo mundo volta, as ruínas ficam – até às 11 horas do dia seguinte – a inteira disposição de uma meia dúzia que sabe das coisas e se informou antes de embarcar.

Na primeira vez, ficamos até o anoitecer e descemos a pé até Águas Calientes.

E você sabe por que Águas Calientes se chama Águas Calientes???  Há um pequeno e rusticíssimo  balneários com umas duas ou três piscinas de águas medicinais e quentes. 

E o que acontece???

A noite, todos e todas (entenda-se belas gringas européias) banham-se sem roupas.  Os olhos e a alma ficam reconfortados.

O programa noturno da 2. vez foi mais conservador.  Bebendo conhaque ou uísque fiquei até altas horas no confortabilíssimo bar do  hotel batendo papo com idem gringos e gringas do mundo inteiro.  Todos com roupa, naturalmente.

Do momento em que se levanta até às 11 horas, quando chega nova leva de turistas desavisados,  as ruínas continuam às sua disposição.  Na segunda manhã da segunda  vez, junto com um espanhol,  escalei o  Huayna Picchu, aquela montanha  em frente ao Machu Pichu, que todo mundo conhece só por fotografia.

Em tempo, famoso escritor de guias de turismo que conhece todo o Planeta considera Machu Pichu um dos lugares mais espetaculares que existe.

Passar apenas  duas/três horas  é um pouco paradoxal, para dizer o mínimo.

Ir a Machu Pichu e não dormir lá é tão absurdo quanto ir à Roma e não ver o Papa.  Digo sempre, brincando, que sou como o Chacrinha:

– Ouça o que eu digo porque o que eu digo não tem nos livros!!!
Agora posso completar  que não tem nos livros, só no Boca no Trombone.

Que  a Natureza e Deus protejam gente tão boa e lugares tão maravilhosos!!!