Atualmente todo mundo faz mais de cinco coisas ao mesmo tempo; eu sou exceção, faço só uma. Mesmo assim, ao discar um número de telefone às vezes eu me distraio e não tenho certeza absoluta de que liguei para o número certo. E o que acontece??? Atende uma secretária/caixa postal, sei lá que nome tem. Até aí, ótimo. Mas quem está dizendo a mensagem são aquelas mulheres que emprestam a voz para auto-falantes de aeroportos e shoppings centers. Pois é, eu deixo o recado, mas nunca tenho a certeza de que liguei para o telefone certo.
Eu não agüento mais essa cultura – ou essas pessoas – adeptas ao “Escondidinho Way of Life”. Como o próprio nome – que eu inventei – diz, são pessoas que se escondem o tempo todo, atrás do insulfilm no carro, dentro de condomínios de casas,atrás de muralhas com guaritas, que dispõe de ínfimas janelinhas de vidros blindados, obviamente também com insulfim.
A doideira é tanta que elas se recusam a deixar uma saudação na secretária eletrônica/caixa postal para o amigo (ou seja lá quem for) que se deu ao trabalho de telefonar.
Eu tenho um parente que, desconfio, foi o precursor dessa neurose. Há alguns anos, a coisa não estava tão obsessiva como hoje e ele já usava todas essas artimanhas para se esconder; eu me referia a ele como o escondidinho no escurinho. Sol radiante no mundo. Ele se trancava em uma sala, fechava as cortinas grossíssimas e acendinha um abatjourzinho com uma lampadinha de umas 20 velas, se tanto. Quem sabe ele não registrou esse “escondinho Way of Life” e hoje vive só de royalties do estilo que lançou. Espero que sim, pois a coisa se alastrou de forma incontrolável. Se tiver registrado, está milionário.