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Robin Williams e o Professor Mendonça

Sr. Keatin, professor de Inglês  em rígida escola, personagem de Robin Williams, que morreu anteontem,  no filme Sociedade dos Poetas Mortos, lembrava-me muito o professor Mendonça, de português, do Primeiro Colegial no Santa Cruz, em São Paulo.

Primeiro sobre Keatin, de Williams; depois,  professor Mendonça.

“O personagem de Robin Williams, o Sr. Keatin, é um professor novo na Welton Academy, uma escola rígida que ensina os alunos a serem grandes médicos, advogados e engenheiros no futuro. A escola cria um padrão que deve ser seguido pelos estudantes, enquanto o Sr. Keating promove a individualidade dos mesmos. Nunca deixe seus alunos se esquecerem de que eles são donos do seu próprio destino e devem fazer suas próprias escolhas independente do que a sociedade espera deles”.

Na minha época de colegial, algumas escolas  transformaram os três anos em cursinho, com o objetivo (nem tinha percebido o trocadilho) único de aprovar montes e montes de alunos nos vestibulares mais disputados.  O Santa Cruz, por outro lado, queria que saíssemos bem formados para a vida.

Sabendo da preocupação que os jovens nessa faixa etária tinham com o Vestibular, lembro-me bem das primeiras palavras do Professor Mendonça.  Embora não tenham sido exatamente essas, ficam “entre aspas”

– “Vocês querem passar no Vestibular.  No Vestibular, tem Literatura e Gramática.  Garanto para vocês que no último semestre do colegial eu ensino toda a matéria de gramática.  Literatura só tem um jeito de aprender:  lendo.  Todas as semanas vocês lerão um livro e na 2. Feira farão uma prova sobre esse livro. Gastamos mais uma aula para comentar a prova.  Todas as outras aulas ( seis por semana) vamos bater papo”!!!

E assim foi.   Grandes obras da Literatura Brasileira lidas   e esmiuçadas nas provas.  E bota esmiuçada nisso.  Para se ter uma ideia, lembro-me bem de uma pergunta:

O que significa o triângulo dentro de um círculo   marcado por   ferro em brasa ardente nas nádegas de Vitorino Papa Rabo, personagem de Fogo Morto de José Lins do Rego?

Lá vai a resposta que seria certa, mas que  que ninguém acertou, e, de fato, é exatamente isso.  O Vitorino brigão do começo do livro é a linha descendente do triângulo; o Vitorino doente, tranquilo, seria a base do Triângulo; e a hora em que ele desafia o cangaceiro, salvo lapso de memória, para defender a virgindade de uma menina, seria a linha ascendente.  O circulo é a personalidade marcante de Vitorino, presente o tempo inteiro.

Resultado 1º –  Um ano de leituras maravilhosas, provas com questões profundas, comentários/correção de provas idem e quatro aulas por semana de bates papos interessantíssimos.

Resultado 2º – No Vestibular, varias perguntas sobre  os livros lidos no Santa Cruz e, magistralmente, discutidos com o Mestre Mendonça.  Acertei todas.

Espero que o Professor Mendonça esteja bem e que a alma de Robin Williams descanse em paz.

Megasena e Casamentos

Apostador da megasena ganhou sozinho R$ 111.000.000,00 na quarta-feira.  Ontem o prêmio acumulou.  Quando conferi meus cinco  joguinhos  na quinta e constatei que não acertara um único número, pensei em escrever um episódio divertido.  O tempo foi passando, achei que havia perdido a oportunidade.  Hoje o Fantástico abre  falando a respeito do assunto.  Conclui que  ainda tinha sentido contar o meu caso.   Lá vai.

Fiquei de recuperação em genética no primeiro ano do colegial  no Santa Cruz.  Não tinha noção do assunto e precisei de aulas particulares em casa.  Charmosa professora de seus vinte e sete, vinte oito anos,  desdobrava-se para me ensinar.  Aprendi, hoje entendo um pouco  e passei na recuperação, bem como passei de ano.

E o que relação tem isso com a megasena?

A empenhada professora,  para facilitar a compreensão da coisa diz:

– Vamos  pegar aqui a sua família, seu pai, sua mãe, seus irmãos e você vai ver que é não é tão complicado.

Expliquei:

– Não  dá para usar minha família.  Minha mãe (que ficara viúva do primeiro marido) casou-se duas vezes.

Automaticamente, a charmosa mestra diz:

– Que mundo injusto.  Sua mãe casou-se duas vezes e eu nenhuma!!!

O ganhador da megasena, provavelmente, com um mísero joguinho de seis números acerta todos os sorteados.  Eu apostei  30 números e não acertei um mísero que fosse.

Computador de 2 cm de espessura – bruxaria???

Leio na Internet que Steve Jobs, “fundador e guru da Apple, lançou hoje o Mac Book Air, computador de 4 mm de espessura na parte mais fina e menos de 2 cm na parte mais grossa. Feito em Alumínio, pesa 1,3 kg e vai custar US$ 1.800,00. A novidade foi apresentada na Mac World 2008, nos Estados Unidos. A máquina tem ainda um processador de 1,8 ghz Intel Core 2 Duo, 80 GB de Hd e 2 GB de memória Ram. Segundo a nota, Jobs tirou o laptop de um envelope comum de papel pardo.”

Não precisa entender muito de informática e nem ser um fã da modernidade para se dar conta de que se trata de coisa absolutamente fabulosa. Como diz um engenheiro competentíssimo e piloto de jato amigo meu, o estágio a que chegou tudo isso é inacreditável e não dá nem para entender. Com todo o seu ceticismo, ele resume bem a coisa:

– Parece bruxaria.

Tudo isso me faz lembrar episódio muito engraçado do primeiro Colegial no Santa Cruz. Zilda, professora de História, hoje dona do colégio Palmares, estava mostrando que na Antiguidade já havia razoável rede de esgoto, o Direito Romano estava bem estruturado, o sistema político funcionava com eficácia. Continuou enumerando coisas e fatos até hoje indispensáveis e mostrando que o homem já dispunha daquilo tudo havia mais de mil anos. De repente, ela pára a exposição e pergunta:

– João, você acha que o homem progrediu muito nesses dois mil anos de história???

Baseado na exposição que ela acabara de fazer, ele disse que não.

Foi o bastante para Zilda ficar fora de si:

– Hoje existe televisão, transplante de coração, telégrafo sem fio, avião a jato, submarinos e mais um monte de invenções fenomenais e você tem a coragem de dizer que a Humanidade evoluiu pouco.

E pensar que da antiguidade até 1971, quando ocorreu a cena, talvez tenha havido até menos progresso do que de 1971 até hoje. Termino lançando mão e dando mais abrangência ainda à explicação do meu amigo, o cético engenheiro.

– Parece bruxaria, não. É bruxaria!!!