Morte e suas conseqüências em cascata (velório, caixão,cemitérios e epitáfios) são as únicas certezas que todos temos.
Ao escrever o que eu quero em meu muito distante epitáfio, descobri que o assunto é vasto e, creiam, divertidíssimo Há alguns sites de epitáfios verdadeiros – já em uso – e imaginários. Como eles são a cereja do bolo, digo, túmulo, obrigatoriamente, ganham um post próprio.
Para começar, três frases muito divertidas sobre velório. A primeira, do meu amigo Mário Michel Cury; a segunda, do grande mestre Samir Meserani que, infelizmente, já teve o seu velório. A última é do meu pai, Hiram Mayr Cerqueira, que aos 91 anos, pelo que parece, e eu desejo, vai continuar por muito tempo passando ao largo desse tão desagradável episódio que marca o início da vida eterna.
- “O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente.”
- “O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente. Embora de corpo presente”
- “O velório é a única solenidade em que o homenageado está impedido de se manifestar.”
Rita Cadillac, rainha do rebolado, teria declarado que queria ser velada de bruços para poder ser reconhecida.
Sobre cemitério, boa frase, dita por uma senhora ao meu lado em restaurante. Perguntei de quem era. Ela não sabia.
A frase.
“O cemitério está lotado de pessoas imprescindíveis e insubstituíveis.”
Piadinha ótima.
Dois amigos jogavam futebol muito bem, mas muito bem mesmo. A preocupação deles era se havia futebol depois da morte. Combinaram que o que morresse primeiro faria o possível e o impossível para avisar o outro. Um morre muito jovem e cumpre a promessa. Aparece para o outro e diz:
– Legal, meu; muito legal. Lá em cima tem futebol, tem futebol. E você já está escalado para o jogo do mês que vem!!!
Como se sabe, em S. Paulo, só pessoas que já morreram podem dar nome às ruas, praças e avenidas. Estávamos eu e meu pai de carro pelo Morumbi. Alguns dias antes, havia contado essa piada em casa. Meu pai viu o nome de uma rua, repetiu alto e disse que aquele havia sido seu contemporâneo na Faculdade. Mais uma rua e ele lembra que esse segundo era Juiz no tempo em que começou a advogar. Ele falou o terceiro e eu disse:
-Pai, pára com isso. Logo mais um desses seus conhecidos vai aparecer e dizer: Hiram, já estamos polindo a placa da sua rua!!!
Meu tio Maurício Goulart, irmão da minha mãe, escritor, usineiro, deputado federal, fundador da cidade de Fronteira, entre S. Paulo e Minas, às margens do Rio Grande, era das pessoas mais exóticas que já pisaram a terra. Construiu no Pacaembu uma casa sob medida para ele e suas idiossincrasias. Era uma casa grande mas com apenas um ou dois quartos e uma suíte. Nessa suíte, havia imensa cama redonda de alvernaria (que ele dizia ser a primeira cama redonda do mundo). A piscina tinha um desenho diferente, cheio de curvas e mil outras peculiaridades.
Lá pelas tantas, ele quis vender a casa. Óbvio que nenhum comprador se interessou por coisa tão excêntrica.
Aparece um maestro argentino. E todos os predicados malucos que ele via, exclamava entusiasmado:
– Oh, cama redonda, mui bueno para mi chica. Piscina Diferente, mui bueno para mi chica.
Meu tio, animadíssimo com a perspectiva de livrar-se do abacaxi.
Na saída, ao ver o muro alto e sem fim bem em frrente, o Maestro quis saber do que se tratava. Meu tio disse que era o cemitério. O maestro:
– Cemitério???!!! Muy malo para mi chica!!!
E nunca mais apareceru!!!
Nos cemitérios, os epitáfios, capítulo muito especial. A seguir.