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Chega de Paletó e Gravata!!!

Quinta-feira passada,  o Desembargador  Walter Guilherme, que conheço desde os tempos em que ele estudava no colegial junto com meu irmão,  tomou posse no importante cargo de  Presidente do Tribunal Eleitoral  de S. Paulo.   Com prazer, fui à solenidade.   Com imensa má vontade,  sufoquei-me com  gravata e, para aumentar o sofrimento, ainda coloquei paletó.

Calor de rachar;  salão nobre, onde aconteceu a posse,    repleto.  Entre um e outro discurso,  pela milésima vez na vida, pensei no absurdo que é a obrigatoriedade de paletó e gravata em países quentes como o nosso. 

No sábado, vejo que estou bem acompanhado na minha revolta.  Pequena nota na   Folha Ilustrada diz que o Ministro da Cultura,  Juca Ferreira, autoridade inteligente e de bom senso, em solenidade na Funarte no Rio , foi taxativo ao dizer que está na hora de se abolir definitivamente  a obrigatoriedade do paletó.  Completou:  “isso é resquício de quando nos espelhávamos na Europa.” 

Observação quase perfeita, não fosse o tempo verbal.  Espelhávamos??? Até hoje só fazemos imitar o hemisfério Norte.  A síntese perfeita disso é o verso popular: se mandioca fosse americana, farinhada era (seria) comida de bacana!!!.

Qualquer homem pode estar perfeitissimamente bem vestido com uma calça leve, uma camisa de manga curta  com o botão do colarinho aberto/ “desabotoado”.   Todo mundo trabalharia com muito mais conforto, mais boa vontade. 

Tá bom,  para satisfazer os  burocratas  do turno, loucos para  exercer   poder, a sociedade delegaria a eles o direito de determinar de que tom de cor a que tom poderiam ser tanto as camisas quanto as calças.  Notem bem: poderiam dar uma gama de cores, jamais  nos deixar com apenas uma ou duas opções.

Já escrevi sobre isso umas duas vezes:
http://bocanotrombone.ig.com.br/2009/11/25/ira-e-bolivia-dao-de-dez-a-zero-no-mundo-civilizado/

http://bocanotrombone.ig.com.br/2007/12/13/pensando-sobre-a-nao-gravata-de-evo-morales/

Só nos resta torcer para que outras autoridades, além do Ministro  Juca Ferreira, peguem o pião na unha e resolvam a coisa de uma vez por todas.

Assunto encerrado!!!

Burocratas não Inventem!!! Vocês não são Guimarães Rosa!!!

Pelo que pude perceber nos últimos 10 dias, começa a surgir um termo pseudo-chic que amanhã vai “poder estar ameaçando” a praga do gerúndio. Não comemore. É tão idiota quanto.  Trata-se do POSIÇÕES – que, tal qual o gerúndio, serve para tudo e não serve para nada.
A mensagem eletrônica do telefone  do Poupatempo, sempre desperdiçando tempo do contribuinte,  depois de dar boas vindas avisa ou avisava (o Poupatempo ficou de corrigir a coisa), “a mensagem está sendo gravada para o aprimoramento de nossos serviços.  No momento, todas as nossa posições estão em atendimento. Por favor, tente mais tarde” E a Linha caia.   Desperdiça tempo porque deveria informar de cara, (na língua que fosse) “que as posições estão em atendimento” ao invés de dizer que a mensagem (suponho que seja a conversa que o cidadão terá com o funcionário do Poupatempo) será gravada, quando não haverá mensagem/conversa alguma!!!
Imagina-se que Posições signifiquem  telefonistas, atendentes.  Criativo, não é mesmo???
Já o caixa de auto-atendimento da  Nossa Caixa Nosso Banco pede que o cliente digite o ano de Nascimento com duas posições.  Posições aqui significariam números, dígitos, algarismos.
De duas uma, ou essa palavra é a mais polivalente que existe ou a criatividade/imaginação- para não dizer o termo certo  que tb termina com dade – dos nossos burocratas não tem limite.  Observe-se que ambas instituições são governamentais, públicas – A Caixa, parece, foi ou está sendo comprada pelo Banco do Brasil. Ou seja, o português usado deveria ser correto e sóbrio, a léguas de modismos e/ou imbecilidades/invencionices!!!!
Mário, grande amigo meu, sujeito muito inteligente, disse uma vez que cada um deveria poder escrever como quisesse.  Argumentei que eu poderia escrever  casa com z; outro poderia escrever Kasa,  outro ksa, sem o primeiro a,  só com K;  não precisei nem continuar e ele imediatamente percebeu que era impossível o que propunha.

Guimarães Rosa podia inventar palavras; burocratas de plantão, não.

Meu amigo Zé Vaidergorn (o do post do Poupa tempo) foi definitivo:

– Posições em atendimento??? Deve ser puta trabalhando!!!