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BBB 13 – Na Visão de Psiquiatra – Por Armando de Oliveira Neto*

Mais uma vez, o Boca e eu recorremos ao amigo, psiquiatra, Armando de Oliveira Neto, para tratar de assunto que exige especialista de sua área.  A saber:  Big Brother e audiência de Big Brother.

Armando já havia me mandado o texto.  Comentei algo por email e ele me mandou esse primeiro parágrafo para funcionar como abertura.

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O texto procura dar uma leitura de raio-X nessa questão,  pois entendo que ela é gravíssima,  ultrapassando qualquer leitura estética ou moral.
Não se trata de entender que o programa seja uma afronta à educação, aos bons modos, à moral ou uma aula de erotismo vulgar e de mau gosto.
É um silencioso solapar do que o ser humano pode ter de mais sagrado e intocável: o seu mundo privado.
Outras atividade assim chamadas de modernas, relacionadas à informatização, também cumprem esse papel de instrumento de poder de um Estado Global Econômico, abusador e repressor, no mínimo, para economia de palavras..  Ultrapassa as fronteiras do horário dedicado ao programa e estende-se para o futuro, deixando-nos, certamente, uma herança maldita.
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Caro Paulo, agradeço, mais uma vez, sua gentileza em disponibilizar o “Boca” para apresentar algumas reflexões, agora, referentes ao programa televisivo BBB 13.

O termo Big Brother deve ter sido originado a partir do romance de George Orwell, “1984”, guardando uma “pequena” grande diferença, se assim for, com o mesmo, demonstrando um profundo desconhecimento da literatura ou, na melhor das hipóteses, uma postura sarcástica… e de mau gosto.

Explicando-me: a essência do “1984” é a perda da privacidade do cidadão em nome de uma presença do Estado totalitário, representado pelo que seria o Presidente mundial, o Grande Irmão, e exercido pela vigilância diuturna de cada um.

Assim,  não haveria mais espaço para a intimidade, a privacidade e a solidão tão necessárias, pelo menos, para o indivíduo estar consigo mesmo.

Outros romances denunciaram esse tema, como “Admirável Mundo Novo”, “A Fuga de Ryan”, “Fahrenheit 453 com o mesmo questionamento: o direito inalienável à privacidade.

O programa BBB 13 entra em rota de colisão, em absurda contramão, com a proposta desses autores: a inexistência da privacidade.

Voyeurismo à parte, espero, possivelmente de forma ingênua, que o mínimo que um veículo de comunicação possa ter é um compromisso social/político/econômico para com a sociedade.

Desta forma o programa transforma-se, não em um meio de diversão, de entretenimento, mas sim em um instrumento do poder de Estado.
A diferença, em minha opinião, é que o Estado de hoje não é de natureza Política, mas sim Econômica: o Grande Irmão de hoje é o perverso sistema econômico/financeiro capitalista globalizado, matéria que poderá ser desenvolvida em outra oportunidade.

A banalização da sexualidade, do erotismo e do grotesco parece-me secundária, à semelhança do pane et circus, se confrontado com o “ensinamento” dado aos telespectadores: o esgarçamento dos valores individuais que se reportam à noção da diferenciação do que é meu e do que é do Estado.

É a contribuição do BBB 13 ao Brasil para a construção do nosso “1984”, aqui e agora.

Mas ele não está só, pois é acompanhado pelos Orkut, Facebook, telefones com GPS… da mesma forma e em nome de explicações e justificativas que considero ofensivas à minha mínima capacidade de pensar.
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Mesmo com explicação de psiquiatra, eu não consigo entender como prospera esse tipo de coisa.  Como tem tanta gente que desperdiça  tempo com esse nada absoluto.

Querendo ler mais esclarecedores artigos do Armando aqui no Boca, clique

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*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama