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Automóvel – Do Céu ao Inferno!!!

Vai chegar o dia em que o carro será tão amaldiçoado quanto o cigarro é atualmente, salvo imenso engano meu, isso foi dito pelo famoso urbanista Jorge Wilheim, falecido em fevereiro de 2014.

E pensar que tanto o cigarro, quanto o automóvel já foram sinônimos de Glamour.

Outro dia em Audiência Pública com urbanistas e técnicos que discutiam a nova lei do zoneamento, citei a teoria de Wilheim.  Alguém da mesa contestou que, ao contrário do cigarro, o automóvel tem suas utilidades.  Sim, é óbvio que tem!!! Mas em muito pouco tempo, se você for em uma tarde bonita almoçar  na casa de um amigo que fica a um, dois quilômetros da sua e disser que foi de carro, vão olhar feio para você, como se olha hoje  para quem acende um cigarro durante a refeição.

Era comum no cinema galãs e atrizes  deslumbrantes fumando.  No Filme Eternamente Pagu, sobre Patrícia Rehder Galvão, musa do modernismo brasileiro, em uma cena o pai a chama e diz algo como:

– Pagu, você está na idade de aprender a fumar

Pois bem, o automóvel, esse inferno das metrópoles no século 21, já teve seus momentos de glória.  Leia trechos de 1910 do Escritor João do Rio:

E, subitamente, é a era do automóvel.  O monstro transformador irrompe, bufando por entre os escombros da cidade velha, e como nas mágicas e na natureza , aspérrima educadora, tudo transformou com aparências novas e novas aspirações (…)

Ah! O automóvel Ele não criou apenas uma profissão nova a de chauffeur (…). Ele precisou e acentuou uma época inteiramente sua (…), a nossa delirante e inebriante época da fúria de viver(…). Automóvel, Senhor da Era, Criador de uma nova vida, Ginete* Encantodo da Transformação Urbana.

Não tenho dúvida de que em pouco tempo, o exemplo do Brilhante Wilheim vai ser realidade.  Tão logo eu possa, quero mudar de casa, ficar  próximo aos lugares onde eu vou com mais frequência,  e deixar o carro na garagem 98% do tempo.

Se quiser ler sobre o Inferno em forma de Congestionamento,  descrita há mais de trinta anos  pelo escritor Júlio Cortazar,no conto Auto Estrada do Sul transformada em curioso espetáculo teatral, Estrada do Sul,   no meio da Rua, clique aqui e assista, inclusive, a trecho da encenação ao ar livre.

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*Ginete -“cavalo de boa raça, fino e adestrado”

Ficção e Realidade

Impressionante, a principal Foto da Folha de Hoje, congestionamento em túnel da Imigrantes, parece ter sido feita na Peça Auto  Estrada do Sul, em que atores e plateia são tuchados em engarrafamento sem fim, sobre a qual escrevi a propósito da saída para o Feriado do dia 15.  Na peça, público e atores são colocados em carros, ao invés de poltrona,  desesperados, muitos  também abandonam os automóveis  para ver o que se passa.  No teatro, boato de explosão;  ontem, incêndio. Leia sobre a Peça, e veja vídeo síntese

Na Peça é ao Ar livre.  Na realidade, mais monóxido de carbono
Na Peça é ao Ar livre. A realidade
é pior.

Congestionamento Gigantesco em Fabulosa Peça de Teatro + Passeio Imperdível

Quinta-feira, dia 14, 309 km de congestionamento em S. Paulo; por enquanto, muito por enquanto,  recorde absoluto. Ontem gastavam-se 13 horas para se chegar ao Litoral.

E está em cartaz em São Paulo a peça Estrada do Sul, baseada no conto de Júlio Cortázar, Auto Estrada do Sul, escrito há muitos anos. Personagens/ público se veem presos em  congestionamento que – literalmente – não tem fim.

Interessantíssima montagem, em que a plateia, de 54 espectadores,  é distribuída em 18 automóveis, “conduzidos” por 23 atores.  Em trecho de rua ao redor do teatro, o congestionamento é de tal forma gigantesco, os dias se passam e diversos tipos de personalidades vão aflorando:  o sujeito dominador autoritário, o político, com chavões de líder estudantil, uma freira, um militar, entre outros.  A plateia, efetivamente,  participa do espetáculo, ora dentro do carro, conversando entre si e com o artista condutor, ora  tentando achar uma solução para o o eterno problema do lado de fora  dos carros,  caminhando pelo congestionamento.

A montagem é parceria da Compagnia del Teatro dell´ Argine (Itália) e o Grupo XIX. O Espetáculo está em cartaz no Armazèm XIX na Rua Maria Costa, 13, Vila Maria Zélia, zona Leste. Em geral é apresentada às 19 horas  do Domingo.  É tão fundamental quanto difícil telefonar para reservar lugar e também para se informar sobre o horário com precisão.  O telefone 2081-4647

A Vila Maria Zélia, onde está o teatro,  é a primeira Vila Operária do Brasil.    Muito interessante, embora bem descaracterizada, já que a maioria das casas ganharam um segundo andar, não previsto no projeto inicial.  Vale a pena chegar bem antes e conhecer a vila, os arredores, tomar uma cerveja ou café nos simpáticos bares/padarias da vizinhança.  Quem gosta de andar, pode ir caminhando da Estação Belém do Metrô (linha leste-oeste).  Também há opção de ir de ônibus da Estação até o teatro.

Ir de metrô, verdadeiramente, é a melhor opção.  Caso contrário, corre-se o risco de se enfrentar congestionamento real e muito mais dolorido para se chegar ao congestionamento ficcional e poético da parceria Cortazar, Compagnia del Teatro dell´ Argine (Itália) e o Grupo XIX.

Programa legal para a criançada também.  Vá de metrô com bastante antecedência, pegue os ingressos na hora marcada e continue passeando pelo bairro, até cinco minutos antes do início do espetáculo.

Assista a um trecho do Peça, clique aqui

Veja fotos  da Vila Maria Zélia  Clique aqui

Trata-se de programa imperdível, não é mesmo????