É curiosa a tranqüilidade com que responsáveis por restaurantes, bares e casas de diversão respondem em jornais e revistas cartas de clientes insatisfeitos. O cidadão enfrenta transtorno quando procura (e paga caro) lazer. Depois de tudo isso, ainda tem paciência para escrever e encaminhar carta para imprensa especializada. E o que ele e os demais leitores recebem??? As respostas mais automáticas, inóspitas e insípidas possíveis, sempre isentando o estabelecimento de qualquer culpa.
A Guia da Folha de hoje traz caso típico na pág. 92. Consumidor relata que foi a determinado restaurante com a família comemorar seu aniversário. Diz ele que a comida chegou à mesa “totalmente gelada. Meu prato, que deveria conter lascas de bacalhau e brócolis, não possuía quase nenhum bacalhau. Havia somente a verdura fria e batata doce.” Ele conta ainda que gastou R$ 368,72 (não fala quantas pessoas eram), saiu com fome e o garçon sequer pediu desculpas. Na resposta publicada, o gerente geral da casa diz que lamenta ocorrido e que o fato não faz parte do padrão da casa e termina: “sabemos que os momentos são insubstituíveis e nos desculpamos.”
Pensar em convidar o cliente para novo jantar de cortesia nem deve passar pela cabeça do responsável. Certamente é por isso que ele já explica que o momento era insubstituível.
Há algum tempo, leitor da editoria de restaurantes de uma publicação comentava exatamente a mesma coisa que eu relato e se admirava que continuasse havendo público para restaurantes que davam respostas tão inadequadas para clientes insatisfeitos. Afirmava que ele nunca mais voltava ou ia a esses lugares que davam respostas evasivas, sempre se esquivando de qualquer responsabilidade. Muito antes de ler tal carta, também sempre tomei a mesma atitude.
Famoso e sofisticado jornalista da imprensa paulistana deu conselho sábio que igualmente sempre adotei, mesmo antes de ter lido seu artigo.Escreveu ele que se deve escolher cerca de cinco bons restaurantes (um para carne, outro para massas, outro para comida japonesa, um para pizzas e mais um ou dois outros) e freqüentar sempre esses mesmos lugares.
Quero distância dos restaurantes dos ditos Jardins, onde as mesas são minúsculas, as porções incapazes de matar a fome de uma criança ou de um bebê e os preços para milionários. Isso sem contar que muitas vezes garçons e maitres são temperamentais como se fossem gênios das artes. Esses funcionários temperamentais, entretanto, são só sorrisos e gentilezas para os freqüentadores assíduas do lugar ou então para o que hoje se convencionou chamar celebridade!!!
Por falta de inspiração, termino com gracinha da moda, um paradoxo para cara que como eu tanto detesta modismo: “dentro desses lugares, por favor, me incluam fora”