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Excitante Mundo Corporativo

Três anos atrás, em uma assembléia de condôminos de importante shopping center de S. Paulo, bela e competente executiva, em sua explanação sobre o setor do varejo, solta terminho em inglês, cujo significado não tinha a menor idéia do que fosse (continuo não tendo; e,  graças a Deus, não me lembro mais a palavra).  Absolutamente grudado ao terminho em inglês, comete um errão de português.

Nesta semana, voltei à essa mesma assembléia de condôminos.  A mesma competente executiva, já não tão bela,  se conteve e não soltou muitos terminhos em inglês, tampouco cometeu erros de português.  Mas achei uma graça saber que trimestre para ela, ou para o mundo corporativo,  virou TRI.   Dizia assim ” no segundo tri,   o faturamento … ” Não tinha informação de tal intimidade  da executiva com o calendário vigente e perguntei qual era o significado de tri. Ela  explicou.

Como é que eu pude viver toda a minha vida sem essa informação???   Mas se esse jargãozinho babaca tiver entrado na moda corporativa há alguns meses, talvez minha falha seja relevada!!!!

Nos meus tempos de jovem dizia-se assim: vou dormir na pia de preocupação.   Mas eu não vou dormir na pia.  Talvez a não tão bela executiva  esteja lançando  terminho e eu seja um imenso privelegiado de conhecê-lo em primeiríssima mão.  Que mundo excitante esse!!!

Smartphone – Esperto???(2)

A principal matéria do caderno de Tecnologia da Folha de Hoje tem título com pergunta:

O QUE VOCÊ QUER DE UM SMARTPHONE???

Quero uma coisa só: distância – dele e do dono dele.

Frase muito boa, já repetida aqui algumas vezes, disseram-me em um sarau mas não sabiam a autoria.  Lá vai:

– Smartphone, você não é tão esperto assim; aproxima quem está longe, mas afasta quem tá perto de mim.

Se Dá Para Complicar…

Na lista de compras, álcool.

Na prateleira do supermercado, seção de pordutos de limpeza,  escolho  o menos caro, duas embalagens.

Ao chegar em casa, vejo que comprei um tal de  HIDRALCOL.

Não muito explícito, na embalagem diz  que se trata de Álcool Etílico Diluído 46° INPM (não sei o que quer dizer).

Aliás, Hidralcol  não parece muito mais coisa que o encanador pediu para comprar do que produto de limpeza??

Mas em que Inferno burocratas e gente que gosta de inventar transformaram o Mundo!!!

Smartphone, Celular, Barbárie…

Portal na Internet informa que venda de smartphones superou a  de celulares simples, no primeiro trimestre de 2013.

Ao todo, no mundo inteiro,  entre celulares simples e smartphones, foram  vendiddos 418,6 milhões (isso em apenas três meses).  Há quase três anos, no Brasil tem mais aparelhos de celular do que habitantes.

Ou seja,  a possiblidade de um búfalos começar a gritar ao celular ao seu lado, onde quer que seja, é imensa, diria – absoluta.  Aliás, há pouco, fazendo um fezinha para a megasena, mulher simples ao meu lado ficou explicando para a amiga que estava pondo crédito no celular e, mais, que não tinha dinheiro para comprar o remédio que o médico receitara.  O mundo virou isso.  A opção é dela, não tenho nada com isso.  O problema é que  durante os cinco minutos que fiquei na fila foi obrigado a ficar ouvindo a mulher gritando para amiga sobre sua inteligente escolha.

Lá vai frase muito boa que me falaram, sem mencionar a autoria:

Smartphone, você não é tão esperto assim.  Aproxima quem tá longe, mas afasta quem tá perto de mim.

A frase é ótima, mas acrescento que não só afasta como agride.  Famoso jornalista, que também não tem celular,  disse que a senhora ao seu lado, no avião, salvo engano, ficou contando  para amiga,  pelo celular,  que sua neta não iria participar do campeonato de natação porque estava menstruada.  Tenha a Paciência!!!

É nisso que o celular transformou o mundo.  Inferno!!!

Bate Boca Pelé/Romário ou Bate-Bola Pessoal da Academia de Letras – O que Seria Mais Difícil de Aturar???

Vejo que Pelé e Romário protagonizam nova polêmica.  Se alguém quiser ler,  clique . Bati os olhos e não recomendo, talvez até pelo fato da notícia não estar redigida de forma clara.

Por tudo isso, me ficou uma dúvida na cabeça:  o que seria mais atestado de masoquismo – assistir a  uma discussão de Romário x Pelé ou a uma pelada de futebol de dois times compostos pelos  “craques” imortais da Academia Brasileira de Letras???

Como não sou sádico,  nem peço que pessoa alguma tente esclarecer minha dúvida???

Saber e Ouvir o Que é que a Baiana Tem é Legal – Já o Que é Que Moema Tem…

Publicidade no rádio usa “O que que a Baiana tem”  para anunciar  site de bairro da Zona Sul de São Paulo.  Ao invés de Baiana, a Letra pergunta/cantarolando:  O que é que Moema tem???  E enumera, na cadência  da famosa  música,  o rol do comércio do Bairro.

Por partes 1 – Jingle em rádio é coisa muito chata.  Na década de 60/70, toda a publicidade inserida em elegante emissora de S. Paulo era   narrada por locutores/locutoras de vozes  neutras, não voz  de caixas de mensagens dos infernais dias de hoje.  Muito repousante, muito agradável  – os anúncios dos locutores, bem entendido.

Por partes2 – De alguma forma, naturalmente sem prejudicar os autores,  canções emblemáticas (o ideal é que fossem todas)  da MPB deveriam ser “tombadas” – no caso interditadas para publicidade.  Como diria o Ministro – deveriam ser “imexíveis”!!!

Suponho não serem  frescura ou idiossincrasia  minhas, e olha que nem sou muito fã de Dorival Caymi,  mas chega a ser agressivo ouvir O que que a Baiana tem para falar das “virtudes” de um bairro.

Há muitos anos,  a atriz  que  vivera  na TV a personagem Narizinho de Monteiro Lobato, já bem  mais “crescida”, posou nua para  famosa revista masculina brasileira.  Parente minha não teve dúvidas: mandou carta para a redação protestando pelo fato de a artista que vivera papel tão importante no imaginário das crianças de determinada época ter sido transformada em objeto erótico.  Minha parente sentiu-se agredida, escreveu e a carta foi publicada na revista.

Como disse, nunca fui muito fã de Dorival Caymi. Sempre reconheci o talento dele e a beleza de suas músicas, mas me chateava um pouco a maneira como desprezava turistas que visitavam a Bahia.  Mesmo assim, tal qual minha parente, me senti agredido pelo “jinglezinho” em que se transformou o Que é que a Baiana tem.

Ouça e diga se estou certo ou se é idiossincrasia minha.  Clique aqui

Em tempo,  quem não conhece O que que a Baiana tem, ouça Daniela Mercury e Dori, filho de Dorival, cantando.   Clique aqui e fique indignado com o que a publicidade fez.

O Último Boteco Sem Televisão Já Era – Agora é Sarna Pra se Coçar

Havia um batequim, bar de esquina, típico bar de bebedores de cerveja e jogadores de conversa fora,  onde não tinha televisão

O simpático boteco Três Irmãos, no ponto em que  a  Pinto Gonçalves desagua na    Rua Homem de Mello, Perdizes.   Integração total entres os irmãos e fregueses.  O bar continua lá, tal e qual, mas, agora ,  dez dias para cá,  com uma televisão.

Ponto de passagem de minhas caminhadas pelas ladeirentas ruas da Perdizes, notei a maldita novidade, mas com atenuante:  permanecia sempre desligada.

Não tomo cerveja nesse bar, embora o considere bastante simpático.

Supondo-se que eu decidisse tomar uma cerveja ali.  Lógico que só  entraria e pediria a cerveja se a TV estivesse desligada.  Pois bem, estou sossegado tomando minha cerveja, batendo papo com os irmãos proprietários, chega novo freguês e manda ligar a Televisão.  Eu digo que não quero que ligue a televisão, o  outro diz que quer a tv ligada.  Resultado,  bela perspectiva de confusão armada.  Televisão em lugares públicos, mesmo desligada, é imenso potencial para produzir sarna para todo mundo se coçar….

O Inferno de Esperar não Basta… Chega a Ser Sadismo.

Não fosse suficiente o  inferno de esperar na linha para falar com alguém,  você ainda é metralhado por musiquinha e propaganda da empresa que o  está martirizando e tomando o seu tempo. É o que se pode chamar de “meta-inferno” (já estar em um inferno  – da espera –  e ser submetido a inferno adicional – do barulho -)

Se o mundo não tivesse virado essa obsessão por música e som, a linha deveria ficar muda e,  de vez em quando, a cada meia hora (risos), um aviso de que sua ligação não caiu.

Aí você teria paz para ler e até  digitar ao computador.  Digitar meio tortinho, é verdade,  já que o telefone seria mantido em um dos ouvidos  graças a um dos dois ombros levantados e uma das duas orelhas pressionando o aparelho.

Já escrevi algo praticamente idêntico, mas é a tal história:   a coisa não muda, eu não posso mudar; sendo  relativamente otimista,  tenho que insistir até que a coisa mude.  Cá entre nós, se mudar, é provável que seja   para outro  inferno mais eficiente na arte de meta-torturar.  Do jeito que está já é sadismo bravo, mas, tenho certeza, que esses infelizes, obcecados por barulho,  sempre  conseguem se superar!!!

Em tempo, exceto o  parágrafo acima, escrevi todo o resto deste texto  tortinho digitando, enquanto aguardava falar com uma mulher, com quem não consegui falar.  E o pior de tudo, sendo metralhado por musiquinha e propaganda.  Observo  que se trata de excelente empresa, com ótimo atendimento.  Para não ficar por fora da onda do barulho a todo custo e a todo momento,  essa bela empresa impinge  tal  afronta.

As Pragas que Exterminam Qualquer Possibilidade de Ambiente Civilizado

O Jornalista Lucas Mendes foi o entrevistado de ontem no Fim de Expediente,  Programa da Rádio CBN, a partir das 18 horas, todas as sextas-feiras.  Contou vários episódios interessantes, inclusive sobre Paulo Francis.

Legal como ele descreve o Rio de Janeiro do começo das anos 60.  Na sua opinião, será impossível reviver aquela época, quando as relações entre ele, que estava começando, e os grandes nomes do jornalismo eram absolutamente democráticas.  A vida era barata, os restaurantes idem, além de glamourosos, com muitas mulheres interessantes – interessantes, não necessariamente bonitas,  e homens brilhantes.

Eu acho que ele se esqueceu, ou falou em outro trecho do programa que eu não ouvi,  de alguns pontos importantes que impedem qualquer  glamour  nos bares dos dias de hoje.

É impssível fascínio e ambiente civilizado convivendo nos  bares em que as TVs estão permanentemente ligadas, as pessoas gritando ou mesmo conversando ao celular, sem contar as famigeradas lâmpadas do apagão.

Bota Mick Jagger, Heleno de Freitas, James Dean, Leila Diniz, Greta Garbo, John Mcenroe, Jim Morrisson  e mais todas as pessoas que você considera mágicas, lindas,  fascinantes   em atmosfera  submetida a  essas três pragas (ainda que haja iluminação decente e fiquem apenas celular e tv ligada) que todo o encantamento e magia  são simplesmente aniquilados.

Dá para imaginar   uma nova Semana de Arte Moderna, ou ainda movimento menos retumbante,   sendo concebida (o) em bares  onde as pessoas para serem ouvidas precisam gritar se quiserem  vencer  os diálogos da novela e gente tagarelando  ao celular???  Sinceramente, eu não consigo imaginar!!!

Triste, muito triste.  Ou melhor, pobre, muito pobre…