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Policiais Legais – nos Dois Sentidos!!!

Nesse fim-de-semana na estrada, saindo de uma praia em Ubatuba,  um policial rodoviário  faz sinal para eu encostar. 

Ele me pede os documentos do carro e minha carta, naturalmente. 

Entrego-lhe  uma carteira contendo  xerox  do certificado de propriedade, do IPVA, ambos  autenticados pelo Detran,  e um xerox colorido de minha carteira profissional de identidade, sem qualquer carimbo de autenticação.  Explico que minha carta, recém renovada, havia deixado em casa.  Ele pede o número do meu CIC, anota  e vai até a cabine da corporação, onde, certamente, devia haver um computador.  
 
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Muitos anos atrás,  também na estrada, eu – que não sou nenhum  pouco de correr – estava “ligeirississimamente” acima da velocidade permitida.  Sou parado.  Naquele tempo,  a Carteira de Habilitação não tinha foto e era necessário apresentar documento de Identidade junto com a Carta.  Também havia entregue minha carteira de identidade profissional.  O guarda diz que vai me multar.  Nisso,  um caminhoneiro fala com o mesmo guarda que o mecânico havia resolvido  o problema na sua luz de freio – pelo qual fora parado ali no Posto.  O guarda diz que tudo bem, deseja-lhe boa viagem e o motorista parte.   Ele vira-se para mim e reitera que vai multar.

Argumento. 

– Seu guarda, o motorista de caminhão estava irregular/fora da lei.  O mecânico arrumou a luz de freio e ele seguiu viagem – regular, de acordo com a lei – sem ser multado.  É a mesma coisa comigo:  eu vinha irregular, um pouco acima da velocidade, o senhor me parou, me deu um susto e agora também vou seguir viagem dentro da velocidade permitida/ dentro da lei.

O guarda argumenta. 

– É o seguinte: eu não ensino jornalismo pra você e você não me ensina leis de trânsito, falou!!!

Defendo-me:

– Seu guarda, quem sou eu para lhe ensinar leis de trânsito??? Estou apenas lhe mostrando a lógica da coisa!!!

Ele me entrega os documentos e me diz sorrindo, fingindo estar muito bravo:

– Vai embora logo daqui antes que eu  prenda você.

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Concluindo a história desse fim de semana

O guarda volta da cabine, onde, certamente, verificou que eu tinha carta, que estava tudo em ordem, devolve os documentos e me informa que eu podia seguir viagem.

Não houve a mais ínfima possível insinuação de “criar dificuldades para vender facilidades”, tampouco qualquer lição de moral.

Achei o máximo!!!  Senti orgulho de uma autoridade/corporação do meu País.  Parabéns para nossa Polícia Rodoviária!!!

A moça tem muita sorte mesmo

Adriane Galisteu tá aí no noticiário porque teria ganho passagens de avião do namorado-deputado.

Mas a moça tem muita sorte e não é de hoje. 

Depois de ter sido namorada do Senna, ela posou nua para revista masculina. 

Como vou continuar ???

Nua e raspando a ….  (o leitor escolhe a palavra). 

Pois bem,  a voz do povo é a voz de Deus e o povo dizia:

– Ela é mesmo uma mulher de  sorte:  ganhou na Sena e na Raspadinha!!!

Danadinha!!!

O Argumento Pouco Sutil dos não Fumantes

Alguns comentários a respeito do meu texto de ontem (batalha fumantes x não fumantes – em síntese) falavam do direito  do cidadão  de fumar onde quer que esteja.  Tenho quase  certeza absoluta  de que a grande maioria dos fumantes   pensa/quer isso.  Como disse um leitor, certamente não fumante,  ” Vivemos no país em que se confunde liberdade com libertinagem. Se não fosse a lei, o fumante fumaria dentro da CTI/UTI do berçario”.  Concordando com o leitor, respondi: em relação à fumar do berçário a UTI, os fumantes terão cada vez menos tempo os separando do Berçário à UTI.  Desagradável mas verdadeiro.

O   texto de ontem  tava muito levinho e não cabia ali a argumentação pouco elegante, mas definitiva, do apreciador de cerveja para o fumante. 

Muitos já leram essa argumentação, em forma de aviso, em territórios anti-tabagistas (com ou sem hífen???, a dúvida permanece!!!).  Para os que não viram, lá vai.

Fumante, o seu prazer é o cigarro e o sub-produto (leia-se lixo) do seu prazer é a fumaça.  Meu caro fumante, o meu prazer é tomar cerveja.  A urina é o sub-produto do meu prazer.  Você não gostaria que eu urinasse na sua perna, gostaria???  Então não fume ao meu lado.

Pelo jeito, se a lei pegar,  não haverá lado para o fumante correr/fumar… 

Mas será que pega???  Quem quiser opinar, que opinte.  A lei pega ou não pega???  Bote a boca no trombone!!! É grátis!!!

Fumante Compulsivo – isso existe??? Eis a Solução!!!

Embora seja difícil falar  da Lei Anti-fumo (certamente não tem mais hífen -virou um inferno escrever!!!)  do Serra sem polemizar, lá vai.

Com alguma freqüência – “não tão freqüente ” para sorte dos meus amigos –   também gosto de fazer umas metáforas à moda do Presidente Lula (espero que as minhas sejam menos óbvias e primárias – gosto do Presidente, mas das metáforas…) .  Digo que não posso chegar em um bar/restaurante e reclamar porque o teto não é da cor que mais aprecio.  Entretanto, é mais do que justo que tenha direito a comer e/ou tomar cerveja, chopp,vinho, água, guaraná, caipirinha, uísque livre de fumaça de cigarros, cachimbos e charutos. 

Parece que esse direito meu e de inúmeros outros cidadãos paulistas (imensa maioria, aliás) vai virar lei (entrar em vigência).  Não comemoro porque, como diria minha professora de francês, aqui umas leis pegam e outras não.  Sem contar as exceções que ainda poderão  ser criadas.  Coisas do tipo:  é proibido fumar, mas se  o piso do estabelecimento for de madeira, aí tá liberado.  Conheço os políticos, a ânsia de querer fazer média. Não comemoro por antecipação.

Até onde eu sei, imagino que não existam  fumantes compulsivos que não possam permanecer sem fumar. 

Suponho que muitos atravessem o Atlântico de avião sem acender  um cigarro sequer nas 10/12 horas de vôo (não me lembro a duração da viagem).  

Suponho também que nenhum profissional entre numa sala para vender o seu peixe e tenha a audácia de ignorar o pedido do cliente para não se fumar naquele lugar. 

Resumindo, fumante que fala que não pode ficar sem fumar mente.  Porque quando o bicho pega (expressão de que não gosto) eles sabem se mancar muito bem. 

De qualquer forma, resta uma alternativa para o fumante compulsivo – que, como se viu, não existe. 

Há cerca de vinte anos,  havia diversas turmas que saíam à noite.  Um desses grupos  era composto pelos clubers, os que iam aos clubes noturnos para dançar a noite inteira.  Com muito senso de humor, a Folha de S. Paulo  descobriu um monte de gente que, não agüentando as pragas urbanas noturnas (lugares repletos, caros, atendimento abaixo da crítica, trombadões achacando para “cuidar” dos carros etc, etc) ,  se recusava sair à noite.  Eles equipavam suas casas com o que havia de melhor em termos de som, bebidas, cozinha e lá ficavam a salvo da barbárie externa urbana.  Os que saíam para dançar eram os clubers.  A Folha batizou  quem  ficava em casa de HOUSERS .

Talvez passe até a ser chique o surgimento de “NEW HOUSERS”, agora protestando contra o direito do cidadão de respirar. 

Tá muito levinho esse texto,  então vou terminar com a argumentação pouco elegante, mas perfeita  (todo mundo conhece)  do apreciador de cerveja  para o fumante.

O seu prazer é fumar e o sub-produto do seu prazer é a fumaça do seu cigarro.  Meu prazer é tomar cerveja e o sub-produto do meu prazer é a urina.  Você não quer que eu urine na sua perna, quer???  Então, vá fumar para lá!!!

Zona Autônoma da Palavra – Programa diferente para amanhã

Quem gosta de ouvir poesia e/ou recitar poemas próprios e for ficar por aqui na Semana Santa pode ter encontrado programa legal para amanhã.  Trata-se do ZAP – Zona Autônoma da Palavra.  A programação começa a partir das 19 hs no  Núcleo Bartolomeu de Depoimentos,  na R. Dr. Augusto de Miranda, 786 – Pompéia, Zona Oeste de Sampa.  A entrada é grátis; a capacidade do local é para 100 pessoas.  A exibição do filme “Urgência nas ruas”, de Luaa Gabanini é a primeira atração. 

Nunca fui, mas vou lá conferir amanhã.  Quem mais se habilita???

Abaixo, seguem mais detalhes e até as regras para os interessados  participar declamando seus poemas.

 “Primeira noite de “spoken word” e “Slam” de São Paulo traz encontros de poesia em segunda edição.
 
O “Slams” são encontros de poesia. Criado por Marc Smith em Chicago, nos anos 80, ele suscitou uma admiração da mídia que lhe permitiu propagar-se pelo mundo inteiro. O Slam  trouxe uma renovação para a poesia oral e valorizou a arte da performance poética.
 
 O Slam costuma acontecer em locais públicos como bares, cafés, salas de espetáculos, centros culturais e cinemas ou lugares  inabituais como agências de correio, livrarias, escolas, hospitais, prisões ou mercados ao ar livre.
 
Além dos poetas, a platéia também pode participar. A única condição é se inscrever com o apresentador e obedecer as regras dessa performance. O Slam dá a voz a todos, com uma liberdade total de estilo, de gênero e de assunto abordado.
 
REGRAS:
1) Um poema por vez, devendo ser de autoria do poeta (podem ser lidos)
2) Sem acessórios, sem figurino, sem acompanhamento musical.
3)Os poemas devem ter no máximo 3 minutos, mais dez segundos de bônus. Após esse tempo são descontados pontos.
4) Um júri  formado por cinco pessoas, sorteadas ou escolhidas pelo apresentador (host/mc) entre o público, atribui uma nota após cada poema numa escala de 0.0 a 10.0, podendo haver notas quebradas (por ex:7,8 ou 9,6….)
5) A nota mais alta e a mais baixa são retiradas. Um assistente faz as  “médias” e marca em um quadro onde todos possam ver.
6) O júri não pode se deixar influenciar nem pelo apresentador, nem pelo público, nem pelos poetas.
 
As regras podem variar de um torneio a outro mas devem sempre se apoiar sobre esses princípios de base para garantir a coesão do Slam.
Todos os poetas participam da primeira rodada. As melhores notas participam da segunda rodada e assim por diante até a terceira e  última rodada.
A premiação varia indo de prêmios simbólicos desde U$10 , a grandes quantias nos grandes campeonatos. No “Slam!Zona Autônoma da Palavra” a premiação será feita com livros.   
Em muitas cidades americanas, um torneio anual é organizado para selecionar os participantes para o Slam Nacional.
Na França, o movimento acontece desde 1998. As cenas nasceram em Paris e se multiplicaram por todo país.
 
Na união de poesia e espetáculo interativo, o Slam é o território/espaço da expressão ideal para todos os poetas e todas as formas de poesia.
Ele toca todos os públicos, muito além dos círculos literários tradicionais.
 
Uma zona autônoma onde o que mais importa não é a performance individual, mas a  “fresta no tempo” onde a poesia oral, a performance e a diversidade são celebradas.
 
 
PROGRAMAÇÃO DA NOITE
 
19:00Exibição de Filmes –
“Urgência nas ruas”, de Luaa Gabanini
                                          
20h- Microfone Aberto  -Para quem quiser falar sua poesia, sem necessariamente participar do Slam.
 
21h- Slam!
 A ” batalha”  de poesia em si. (Serão 3 rodadas, os participantes trazem seus poemas)
 
 
Serviço:
Evento: “ZAP! ZONA AUTÔNOMA DA PALAVRA- um SLAM brasileiro!
Data: 9 de abril.
Local: Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
Endereço: R. Dr. Augusto de Miranda, 786 – Pompéia.
Horário: a partir das 19:00
Preço: GRATUITO
Capacidade da sala: 100 pessoas
Classificação: Livre”
 
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Mais informações,

link do Metrópolis (que explica bem direitinho como e o que é)

ou com Roberta – Fones 011 9612 16 83/38148016 

Tom Jobim, os Não Banhos dos Ingleses e Viver no Brasil

A mera idéia de não poder desfrutar de ao menos um banho (de chuveiro, é lógico!!) por dia, como se viu, nos causa imenso desconforto.

Aqui no Brasil enfrentamos mazelas de tudo quanto é tipo – entre outras,  políticos e empresários, inclusive empresárias dondocas socialaites,  de caráter e comportamento (que adjetivo usar???- Você decide!!).

Mas quase sempre sob um sol e clima maravilhoso – e de banho tomado. Isso faz diferença fabulosa!!!

Tom Jobim definiu com sapiência a coisa.  Dizia ele:

Viver no exterior é bom, mas é uma merda.  Viver no Brasil é uma merda, mas é bom.”

A discussão continua aberta aqui no Boca no Trombone.  Manifeste-se. Faça uso do Trombone.  Vale falar de tudo: políticos, banho, falta de banho, dondocas socialaites na cadeia.

Quem quiser sugerir adjetivos para colocar ali onde eu deixei espaço também pode se manifestar.

Parodiando anúncio: Vem pro Boca Você também!!!

Não Banho e Mesquinhez Inglesa

Meu post de anteontem sobre barbas, barbudos, banhos de banheiras e não banhos de ingleses recebeu  vários – para os padrões do Boca,  naturalmente – comentários.

Costumo responder cada comentário individualmente.  Para facilitar a coisa e também por  ter percebido que o assunto ingleses ainda não se esgotou,  retomo o tema; conto mais detalhes da minha experiência vivendo  na casa de  uma família classe média típica. Foi bem legal.  Mas notei que diversas coisas curiosas na rotina dos ingleses que também foram lembradas por alguns leitores. http://bocanotrombone.ig.com.br/2009/03/24/barbudos-x-barbeados-banheira-x-chuveiro/ 

Durante os dois meses que passei lá em Bournemouth, cidade ao sul da Inglaterra, próxima a Londres, viajei todos os fins de semana. (saia  sexta à tarde e voltava domingo para dormir). Assim, a questão dos três banhos semanais a que tinha direito foi ligeiramente amenizada.

Ainda no setor higiene,  jamais vi algum dos donos da casa (um casal, mais a filha) com cara de quem tivesse tomado banho.  O único contato que presenciei deles com a água não foi dos mais agradáveis. 

Uma  Uma noite, entro na cozinha e o que vejo???  O dono da casa lavando a cabeça na pia da cozinha.  Na volta ao Brasil, contei isso para meu pai, que comentou com um amigo nosso inglês.  Ele  garantiu que era normal, na Inglaterra, as pessoas lavarem a cabeça na pia da cozinha. O porquê disso não fica claro.  Como disse Caetano, “eu não consigo entender sua lógica.”  Entender ou não entender não tem importância.  Grave é usar a louça e comer comida lavada na pia que também serve para lavar cabeça,  e sabe-se lá se não deixei de ver coisas piores…

Um leitor do Boca fala, até de maneira rude, do mal cheiro das inglesas (leia no comentário do post de ontem)  Ele  está muito bem acompanhado. Famoso e prestigiadíssimo  personagem da política,  tido como mulherengo,  diplomata em Londres, ao responder a uma amiga se havia gostado das Inglesas, foi taxativo:

– São bonitinhas, mas muito mal lavadinhas…
 
Voltando à minha experiência com a família inglesa,  passo aos pequenos  truques, golpinhos que me aplicaram. 

Paguei aqui no Brasil uma determinada quantia para a Escola que freqüentei e outra quantia que foi diretamente para a família que me hospedou.

Está mais do que implícito que um quarto alugado durante o inverno em uma casa na Inglaterra tenha calefação.  Pois não é que a dona de casa me disse que a calefação não estava incluída e que eu deveria pagar.   Não quis brigar e concordei. Ela me deu o valor semanal da calefação. Argumentei que pretendia viajar todos os finais de semana e que preferiria pagar por noite a calefação, quando eu, de fato, estivesse usando.  Ela não concordou.  Cobrava sempre por sete noites, embora só ligasse cinco vezes por semana.

Eu e o Javier, mexicano que também estava ali hospedado,  éramos apenas meios de a dona de casa, landlady, reforçar o orçamento.  Nada além disso.

Perguntou-me ainda se eu queria que ela lavasse minha roupa e já foi logo dando o preço.  Falei que era coisa relativa: como ela já podia dar o preço sem saber quanta roupa seria?  Ela foi clara: esse preço é para a quantidade de roupa  que pessoa normal usa por semana : duas camisas, duas meias e duas cuecas. Agradeci e disse que eu mesmo levaria para a lavanderia.

Curioso é que mesmo quando queria ser simpática e mostrar eficiência, ela era seca e até meio rude.  Elogiei bastante os ovos mexidos do café da manhã. (scramble eggs, certamente escrevi errado) de lá. Imediatamente, me responde:

– Às terças e quintas  (lembro-me que eram exatamente esses os dias) tem.

Sou cara extremamente justo, o que é certo é certo e, como já disse e repeti, detesto desperdício.  A dona da casa pediu que avisasse sempre com antecedência quando fosse viajar no fim de semana, para que ela não comprasse comida para mim.  Perfeito.  Nada de desperdício.

Meu pacote de hospedagem compreendia: quarto de domingo a domingo,  café da manhã e jantar de segunda a sexta e as três refeições do sábado e do domingo. 

Como já  disse,  todos os fins de semana, viajei.  Ou seja, deixei de consumir sete refeições a cada fim-de-semana.  Passei lá seis semanas, logo foram  exatamente 42 refeições que, embora tenham sido pagas, não foram consumidas.
 
Uma noite, durante o jantar, ela me pergunta em que dia eu iria embora.  Falei que seria dali a dois sábados.  Ela diz:

– Pois bem,  o café da manhã do sábado em que você vai embora, você vai ter que me pagar porque a escola só me paga até sexta-feira.

Eu falava legal  inglês e entendi perfeitamente.  Mas, por segurança, confirmei em Portunhol com o mexicano Javier.  Pedi que não comentasse nada, mas lhe disse que iria denunciá-la para a escola. E a escola, muito provavelmente  iria descredenciá-la na mesma hora.  Se eu tivesse consumido todas as refeições previstas, perfeito que ela cobrasse essa extra. 

Detalhe: alguns brasileiros levam lembrancinhas típicas daqui, um anelzinho de água marinha e outras besteiras baratinhas para a dona da casa..  Eu havia levado  três quilos de café da melhor qualidade,  panela própria para esquentar a água, bule, coador e xícaras de porcelana pintadas a mão.  Isso não vem ao caso.  O que conta é que eu deixei de consumir 42 refeições e ela quis me cobrar um ovo, uma torrada e uma xícara de café (aliás, que eu havia lhe dado).

A história acaba assim: fui-me embora na 6. Feira.  Deixei barato, não denunciei na escola e  não teve o quebra-pau anunciado. Nesse momento em que escrevo, acho que agi mal: devia ter denunciado.

Ingleses não são efusivos, abraços e beijos não jorram por lá com parte de cumprimentos.  Mas é lógico que depois de conviver um mês e meio, por mais frio que sejam todos os envolvidos,  na despedida, apertam-se as mãos e até um beijinho e abraço  fazem parte da coisa. 

Eduardo e Marina, brasileiros que iam comigo ao Aeroporto e passaram em casa para me apanhar de táxi, ficaram impressionados porque, já dentro do táxi, limitei-me a um aceno com a cabeça de despedida.

Quatro anos após, morei cerca de quinze dias em casa de família americana.  180º  opostos.  Conto logo mais. 

Para terminar legal, a receita do fabuloso scramble eggs.

Ovos mexidos da Markham Road 103 – endereço da casa  da família em Bournemouth

Fazer uma torrada de pão de forma com manteiga.  Mantê-la quente.
Reservar.

Em uma panelinha pequena, derreter manteiga, quebrar um ovo e, quando começar a fritar, colocar uma colher de leite, diminuir o fogo, por sal e pimenta do reino.  Mexer e quando estiver no ponto (eu gosto mole) colocar sobre a torrada quente.   Comer acompanhado de  café forte servido na xícara grande.  É muito bom!!! Gotinhas de Tabasco, um pouco redundante, já que vai pimenta do reino,  também são bem-vindas (acho que agora bemvindo é tudo junto)!!!

Barbudos x barbeados; banheira x chuveiro

Vejo na Internet que na Alemanha um sujeito esculpiu uma pequena Motocicleta na sua vasta (suponho pq a foto não é muito clara) barba e me lembro de fato curioso.  Passei, há muitos anos, temporada na Inglaterra vivendo em  casa de Ingleses, pagando pela hospedagem, naturalmente. 

Sou absolutamente contra o desperdício, mas também não suporto a mesquinhez.  Pos bem, eram permitidos três banhos por semana.  E banho de banheira.  É raríssimo o dia em que não tomo dois banhos.  Imaginem meu desconforto!!!

Elisa, inteligente jovem brasileira que estava comigo, para justificar quão extemporâneo é o banho de banheira dizia:  “é lógico que o primeiro banho que o homem tomou não foi parecido com um banho de chuveiro e sim com uma banheira – banho de rio, lagoa ou mar”.  Os chatos de plantão podem argumentar que foi um banho de chuva.  Vá lá!!!  Ou seja, é muito mais moderno/civilizado (para usar uma palavra de que gosto) o banho de chuveiro.  Quanto a ser mais higienênico, nem se fala!!!

Uso mais ou menos o mesmo raciocínio para defender os barbeados. É lógico (e aí, não dá pra discutir) que os primeiro homens eram barbudos e não barbeados!!!

Se isso tem alguma importância,  não sei.  Em princípio, não.  Mas se limitassem meus banhos a três por semana e ainda confiscassem meu aparelho de barbear de  três lâminas acho que preferiria a morte.

Cinema virou sinônimo de chateação

Carnaval aí, São Paulo vazia, bons filmes que concorrem ao Oscar em cartaz e…  perspectiva de inúmeros aborrecimentos. 

Conforme tenho lido em cartas de leitores e, pior, sentido na própria carne, a probabilidade  de você ir a um filme e desfrutar do sossego que a situação requer é a mesma de você jogar para o alto uma moeda e ela cair em pé. 

Ainda hoje, guia da Folha publica na pág 92 cinco cartas de leitores que foram ao cinema e só encontraram aborrecimentos:

Em uma sala, os aborrecimentos , segundo esses leitores, foram:

• Vizinhos de cadeira comendo pipoca fazendo barulho
• Flashes  de celular a todo instante sendo jogados em seus olhos,
• Cadeiras que dão sensação de que se vai cair para trás

Em outra sala:
• Ar condicionado com defeito
• Cadeiras fedidas e furadas ( parece até café 5 fs de padaria vagabunda: fraco, frio, fudido e tem formiga no fundo)
• Péssimo atendimento, e pipoca velha (para incomodar os vizinhos)
Na terceira sala:
• Cheiro de urina misturada com bolor
• Forrações soltas
• Cadeiras ensebadas
• Cadeiras furadas com cigarros

Na quarta e  última (graças a Deus, por hoje, pelo menos) sala:

Impossibilidade de ler letreiro pq (é isso mesmo) corrimão da escada fica no meio da tela
Esse problema, segundo o leitor, obrigou a sogra dele a assistir ao filme inteiro inclinada (transformaram a senhora em  uma pequena Torre de Pizza Humana. Como diria Billy Blanco, o que dá pra rir, dá pra chorar).

Sádicos que ainda não estejam satisfeitos podem ler outros posts do BOCA  NO TROMBONE sobre o mesmo assunto:
http://bocanotrombone.ig.com.br/2008/02/07/liberdade-e-uma-coisa-barbarie-e-outra/

http://bocanotrombone.ig.com.br/2009/01/13/sem-educacao-infernizando-no-cinema/

Como vai dar para a perceber,  um mesmo cinema, aliás bem  conceituado, foi alvo de carta de freqüentador insatisfeito na ocasião em que eu escrevi o post anterior e continua causando aborrecimento, segundo relata  uma das cartas citadas no começo deste texto.

Boca no Trombone deseja  Carnaval com o mínimo de aborrecimentos possível para todos nós;  muitos dos quais passamos  quase duas horas em filas de banco hoje, apesar de haver a lei de que a espera não pode ser superior a 30 (salvo engano) minutos.  Essa lei, como diria minha professora francesa, não pegou.