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Epitáfios – Dá para rir (e muito) com a Coisa

Como ninguém é de ferro, com todo o respeito pelos que já se foram, vamos rir um pouco com a coisa.

Para continuar vendo aspectos curiosos/divertidos da morte,  lá vão os  Epitáfios, propriamente ditos –   as cerejas dos bolos   (túmulos). Alguns, infelizmente,  já imortalizados;   outros,  ainda à espera da partida de seus criadores e os terceiros, genéricos.

Dois   aguardando a híper distante (assim esperam seus autores)  inauguração: do amigo Vásqs, o bam bam bam das microcrônicas, e o meu:

Vasqs:

-Quem foi o filho da puta que pixou o meu túmulo?

(* vide observação ao Final)

Eu:

– Enfim, o silêncio.

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Epitáfios em uso, uma vez  que os autores, propriamente ditos , aqui na terra, pelo menos, já estão em desuso *

É uma honra para o gênero humano que tal homem tenha existido.”  – Na lápide de Isaac Newton, na Abadia de Westminster

“O tempo não pára…” Na lápide de Cazuza, no Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro, RJ

“Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino.”Epitáfio sugerido pelo próprio escritor mineiro (1923-2004)

“Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade sem esperar resposta.”Frase inscrita na lápide de Villa-Lobos, no cemitério de São joão Batista, no Rio de Janeiro

“Assassinado por imbecis de ambos os sexos.” Nelson Rodrigues, cronista brasileiro

“Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves.”Tancredo Neves, famoso político brasileiro que exprimiu seu desejo nesta inscrição mas sua família preferiu fazer outra em sua lápide

“Terra minha amada, tu terás os meus ossos o que será a última identificação do meu ser com este rincão abençoado.”Inscrição que foi realmente colocada na lápide de Tancredo Neves, político brasileiro

“Foi poeta, sonhou e amou na vida.”Álvares de Azevedo, escritor brasileiro
“De volta às cinzas.”Rubem Braga escritor brasileiro
Preferia estar vivo, nem que fosse na Filadélfia.”- W. C. Fields

“E agora, vão rir de quê?”- Chico Anysio, humorista brasileiro

“Aqui, ó.”- Ivan Lessa

“Absolutamente contra a vontade.”- Luís Carlos Miéle

Epitáfios Aguardando Inauguração – Espera-se que assim permaneçam por muitas décadas ainda.

Te espero lá!”  -Roger Moreira, músico brasileiro

*”Desculpe a poeira”.Dorothy Parker

* “Enfim, magro.”Jô Soares

*”Já me fui mas aqui estou.”- Antônio Carlos

*”Morri de tanto viver.”José Luiz Maranhão , autor do livro ‘O que é morte’.

*”Eu disse a vocês que um dia estaria aqui. Estão vendo como eu tinha razão ?” Marcelo Mendes de Oliveira

Hipotéticos/Genéricos, de acordo com a profissão ou caractérística marcante – Escolha o seu 1 *

Do bêbado: Enfim sóbrio.
Do rico: Enfim duro.
Do invocado: Tá olhando o quê?
Do maldoso: Chega aí!
Do funcionário público: Dirija-se ao túmulo ao lado.
Do judeu: Alugo vagas.
Do crente: Fui! … Pro Céu!
Do espírita: Volto já!
Do policial: Circulando! Circulando!
Do prevenido: Abrir de hora em hora.
Do comerciante: Fechado pra balanço.
Do sambista: Sambei!
Do bailarino: Dancei!
Do viciado: Do pó ao pó.
Do folgado: Não perturbe!
Do político: Procurem meu advogado!
Do paquerador: Você vêm sempre aqui?
Do bombeiro: Apaguei!
Do açougueiro: Desencarnei!
Do arquiteto: Fiz a passagem!
Do sapateiro: Bati as botas!
Do terrorista: A morte é uma bomba.
Do humorista: Não achei graça!
Do piadista: E agora, vão rir de quê?
Do inadimplente: Amanhã eu pago!
Do gordo: Enfim magro.
Do naturista: Preferia estar vivo, nem que fosse em São Paulo!
Da bichinha: Virei purpurina!
Do mano: Rapei fora!
Do cagão: Morri de medo!
Do ignorante: Si matei-me!
Do torcedor: Flamengo até morrer.
Do confeiteiro: Acabou-se o que era doce!
Do ginasta: Consegui! Dei um salto mortal!
Do jóquei: Cruzei o disco final.
Do maluco: Tô só fingindo!
Do crítico: Não gostei!
Do Elvis Presley: Não morri.
Do juiz: Caso encerrado.
Do eletricista: Foi um choque!
Do obstetra: Parto sem dor.
Do mineiro: Trem ruim sô!
Do sindicalista: Greve por tempo indeterminado!
Do hipocondríaco: Não falei que eu tava doente?

Mais hipotéticos, também de acordo com profissão ou característica marcante – Escolha o seu 2*
ARQUEÓLOGO – Enfim, fóssil.
ASSISTENTE SOCIAL – Alguém aí, me ajude!
BROTHER – Fui.
CARTUNISTA – Partiu sem deixar traços.
DELEGADO – Tá olhando o quê? Circulando, circulando…
ECOLOGISTA – Entrei em extinção.
ENÓLOGO – Cadáver envelhecido em caixão de carvalho, aroma formal e after tasting, que denota a presença de.microorganismos diversos.
ESPIRITUALISTA – Volto já.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO – É no túmulo ao lado.
GARANHÃO – Rígido, como sempre!
GAY – Virei purpurina.
HERÓI – Corri para o lado errado.
HIPOCONDRÍACO – Eu não disse que estava doente?
HUMORISTA – Isto não tem a menor graça.
JANGADEIRO DIABÉTICO – Foi doce morrer no mar.
JUDEU – O que vocês estão fazendo aqui? Quem está tomando conta do lojinha?
NINFOMANÍACA – Uau, esses vermes irão me comer todinha!
PESSIMISTA – Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
PSICANALISTA – A eternidade não passa de um complexo de inferioridade mal resolvido.
SANITARISTA – Sujou!
SEXY SYMBOL- Agora, só a terra vai me comer.
VICIADO – Enfim, pó.

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* Fontes – Sites na Internet (Todos que estão acima, exceto o do Vasqs e o meu, logo na abertura)

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Quem quiser mandar sugestões de Epitáfios para si próprio ou  para famosos/celebridades, só publicar nos comentários.  Quem sabe não dá novo post.
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* A propósito de morte,  não Morra antes  de Visitar a Página do Amigo Ferando Vasqs no Facebook, CALOROSA SALADA  ou ler o seu livro  OSTRAS AO VENTO.  Vasqs é amigo citado no início deste texto,    aquele  que já mostrou  indignação furiosa se lhe pixarem o túmulo   Clique aqui

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Mais uma coisa para fazer antes de morrer, leia aqui no Boca o texto do leitor amigo Sidney Barbosa, sobre temas correlatos.  Texto do Sidney, garantia de boas risadas, Clique aqui Em tempo, leia os outros comentários do Sidney que aparecem nesse último link.

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Para terminar, frase nova minha.  De certa forma, um consolo…

Tá pra nascer o nego que não vai morrer!!!

Flexibilização de Armas de Fogo

Todas as pessoas de bom senso são contra. Quando houve o Referendo, escrevi o texto abaixo. Acontece que a família Bolsonaro tem obsessão por Armas de fogo. Acabei de ouvir na Globo News, que Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente, tem um mosaico, ou sei lá como se chama aquilo, de revolveres na sala de Jantar. Imagine fazer refeições em tal ambiente.

Bem, lá vai o texto que postei mil anos atrás, com dois caso emblemáticos.

Se ficar curioso para saber o conselho do Assaltante, mencionado ao final, basta pedir nos comentários que mando para seu email.

Tudo isso posto, lá vai:

A RESPEITO DO  REFERENDO SOBRE O FIM DA COMERCIALIZAÇÃO DE ARMAS DE FOGO NO PAÍS
Escrito em maio de 2005 – Em outubro houve o Referendo

O referendo sobre o fim da comercialização de armas de fogo no país  deverá ser realizado no próximo dia 2 de outubro.  Não sei se já está aberto o período de “propaganda”; de qualquer forma, quero dar um pontapé inicial.

Sou visceralmente a favor do fim da comercialização de armas de fogo (e também de munição) no país.  E olha que não me lembro nos últimos tempos de ter tido  oportunidade/vontade de empregar o advérbio visceralmente em relação a qualquer crença ou opinião minha.  Sou  “muito” (não  fanático) corintiano , mas aí é outra conversa que pode até render um artiguinho divertido.

Retomando o assunto e já explicando o porquê do meu voto. Sempre fui contra armas de fogo.  Para arraigar mais ainda minha opinião,  relato   dois casos.  O primeiro, aliás emblemático,  com direito à  opinião de grande especialista no  assunto: um assaltante.  O segundo se passou comigo há muitos anos.

Um conhecido  me contou que seu irmão, médico dedicado/obstinado, recebeu um assaltante em estado deplorável alvejado com diversos tiros, praticamente morto.  A determinação, talento, boa vontade do irmão de meu conhecido salvaram o paciente.  Imensamente agradecido, ele disse:

– Doutor, o senhor salvou minha vida.  Eternamente serei grato ao senhor. Não tenho como pagar o que o senhor fez por mim, mas vou lhe ensinar uma coisa que  um dia  talvez também salve sua vida.

O assaltante continuou:

– Doutor, jamais tenha uma arma de fogo em  casa.  Se eu e o senhor nos encontrarmos cem vezes, os dois com uma arma, eu mato o senhor cem  vezes antes mesmo de o senhor pensar em encostar o dedo no gatilho!!!!!! –   disse sorrindo.

O assaltante ainda explicou que muitas vezes o assalto é feito exclusivamente para roubar a arma  que alguma empregada viu e comentou  na vizinhança.

Há mais de quinze anos, entro no consultório que meu dermatologista dividia com outros dois profissionais de saúde,  um deles dentista de crianças excepcionais.  Sou recebido por um assaltante com um revólver na cabeça.  Havia um outro assaltante e uns quinze assaltados, entre médicos, pacientes (incluindo  uma criança excepcional) e enfermeiras.  Nunca tive muita  paciência/vontade de liderar grupos, quaisquer que fossem.  Mas ali era diferente:  tava todo mundo apavorado, os ladrões eram inexperientes e um deles, além de tudo, um maluco que estava louco para dar tiro em alguém.  Eu, o único que ainda mantinha a calma e o bom senso e, contra a minha vontade, por uma questão de sobrevivência coletiva, tive que assumir a condução da coisa. Depois de várias intervenções minhas,  o assaltante sádico que tomava conta da gente (o outro havia saído para descontar o cheque que meu médico lhe entregou) fica brincando de tirar e colocar as balas no tambor de um dos revólveres. Ele coloca as balas, abandona a sala e deixa esse revólver ao alcance de qualquer um.  Obviamente, fiquei morrendo de vontade de pegar a arma, me esconder e, quando ele voltasse, eu apareceria pelas suas costas e o renderia. Obviamente, me contive.  Passam-se uns dois minutos,  ele volta e vê o revólver no mesmo lugar.  Ele pergunta olhando para mim:

– Ninguém pegou o revólver????

Eu disse que o revólver era dele e que, naturalmente, ninguém o pegaria.

Sempre olhando para mim, ele diz:

– Que sorte.  Estava sem bala.!!!!!!

E puxa seis vezes o gatilho.

Imagine se eu tivesse bancado o herói.  Provavelmente  ele iria me deixar “atirar” e, em seguida, com a consciência tranqüila, em “legítima defesa”,  me mataria e daria  início ao showzinho maluco/sádico dele.

O outro assaltante voltou com o dinheiro e tudo acabou bem, sem um único arranhão  sequer.
Finalmente, mas ainda em tempo,  o assaltante salvo pelo médico irmão do meu conhecido deu a saída para se proteger em caso de assalto.  Trata-se de  verdadeiro ovo de Colombo, chegando a ser até mesmo divertido.  Não vou ensinar aqui para que a saída continue desobstruída.  De qualquer maneira, quem tiver interesse basta me pedir no Facebook,   que terei imenso prazer em explicar.

E o melhor de tudo: essa saída também não vai contra a campanha do desarmamento.

Detalhes do apartamento de Heloísa e Eduardo Bolsonaro, em Brasília - Reprodução/Stories - Reprodução/Stories
Uma das paredes da casa de Eduardo Bolsonaro.

Pindura, você sabe o que é?

Pindura, como se sabe, ou melhor, como sempre se soube, é/era tradição dos Estudantes de Direito do Largo de São Francisco de no dia 11 de Agosto jantarem ou almoçarem em bons restaurantes e não pagarem a conta.

Escrevi como se “sabe/soube e é/era” , pois dando uma pesquisadinha rapidíssima pela Internet,  vi que ultimamente a coisa tem terminado em Delegacias e também não ouço  mais  relatos de Pinduras recentes.

Há muiiiitos  anos, meados da década de 70, fui convidado por dois casais de Estudantes de Direito do Largo  São Francisco para fazer reportagem do Pindura que iriam dar, e de fato deram, no Paddock Jardins.

A reportagem saiu no formidável Suplemento Dominical da Folha de São Paulo – FOLHETIM. Naquele tempo, escrevia-se à  máquina.  Pesquisei no Banco de Dados da Folha. Luis Carlos e Renan, que lá trabalham,  tiveram imensa boa vontade em me ajudar, mas constatamos que havia apenas o Arquivo salvo em programa que não me permitiria fazer qualquer acerto, coisa absolutamente impossível, passado tanto tempo.

Tive que copiar, letra por letra, tudo o que escrevi.

Curtam muito, já que me deu trabalho danado.   Coloquei outro texto aqui, sobre o Papel do Herói na História, publicado originalmente no Jornal da República, de curta existência do grande Mino Carta.  Também tive que digitar novamente o texto e os erros de digitação foram inúmeros. Se quiser ler o texto do Herói, clique aqui. Tenho certeza de  que novamente os erros  serão inúmeros, mas vale a pena ler porque é  divertido.  Em tempo, um jantar desses  para cinco pessoas, nos dias de hoje, em restaurante similar, não sairia por menos  de R$ 4.000,00.  As outras cifras que menciono, não tenho como calcular.

Repito, perdoem os erros de digitação.  Lá vão:  os textos e os erros.

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Aconteceu no fim de semana passada no Paddock Jardim, que, segundo os entendidos, é o melhor e mais caro restaurante de São Paulo.
Todos os jovens que estavam sentados à mesa do canto do salão que dava vista para sossegado jardim já haviam tomado café e esperavam apenas que Dimas desse fim daquele licor.  Mas ele não tinha pressa. Acendeu um cigarro e passou a fazer elogios ao Paddock.

– Esse sim é um restaurante digno da burguesia.  O Dinho´s, onde jantamos ontem,  eu consideraria apenas de classe média alta.

Quando finalmente chega a conta, Marcos Vinicius, Glória e Valderez estavam ansiosos para saber quanto tinham gasto e pedem que Dimas fale logo:

– Três mil e duzentos cruzeiros,  pessoal!!!

Mas ninguém ficou impresionado.  Dimas, que é o atual presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto, chamou o Maître e disse:

– Nós somos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e não vamos pagar a conta.  É um Pindura.

Um funcionário que trabalha na Faculdade de Direito há quarenta e quatro anos garante que quando ele chegou ali, o Pindura já era uma instituição antiga.  Há várias versões de como esse costume tenha se iniciado.

Segundo alguns ex-alunos, antigamente, no tempo em que todo mundo conhecia todo mundo em São Paulo, que os restaurantes eram poucos e sempre freqüentados pelo mesmo pessoal, a situação era completamente outra. No dia 11 de agosto, os próprios donos de restaurantes, em homenagem aos estudantes, concordavam que eles não pagassem suas contas.  Depois, conforme a cidade foi crescendo, esse clima de cordialidade foi desaparecendo.  Tanto assim  que no dia 11 de Agosto muitos restaurantes passaram a fechar suas portas.

Havia um, entretanto, que nunca deixou de funcionar no dia 11: o Ponto Chic.  Esse bar, depois de várias décadas de existência,  com seus famosos sanduíches, acabou  definitivamente em abril deste ano.

(A última noite foi em grande estilo.  O Ponto Chic, numa sexta-feira, dia 14, ofereceu bebida grátis a todos os presentes.  A despedida, na verdade,  deveria ter sido no sábado, nas para esse dia, segundo “Nélson Gonçalves”, gerente há vário anos, não havia mais nenhuma gota de chope ou uma fatia de rosbife)

Muitos ex-estudantes da São Francisco contam que quase todo mês faziam um empréstimo com seu Joaquim, que trabalhou como gerente da casa (antes do “Nélson”) por mais de 35 anos.  Era por essa e por outras que ninguém jamais  ousou, ou mesmo imaginou,   dar um Pindura ali.  E os proprietários sabiam disso, tanto é que não tinham receio de abrir a casa no dia  11 de agosto.*

Mas se havia estudantes que respeitavam o Ponto Chic e poupavam-no de Pinduras, tinha o oposto.  Era famoso um sujeito da São Francisco que, além de dar Pinduras toda hora em restaurantes, ainda aplicava o mesmo método em magazines, sapatarias, livrarias, etc.  Ele se servia e corria.  Um advogado, que preferiu não se identificar, contou ainda que um amigo seu de também um Pindura inédito:  num bordel.

Bom, mas antes do Ponto Chic, do inveterado pindurador e do mulherengo, estávamos naquele pedaço que os restaurante passaram a fechar suas portas no dia 11 de agosto para evitar prejuízos.  Mas é como diz a sabedoria popular, “o primeiro chaveiro apareceu logo depois que inventaram o cinto de castidade”.  Em relação ao Pindura, não foi diferente: se os restaurantes fecham  no dia 11, não há problema.  Dá-se Pindura uma semana toda.

Quer dizer, até 1976 estava sendo assim, do dia 4 a 11 era a Semana do Pindura.  No ano passado, quando foram comemorados os 150 anos de existência dos Cursos Jurídicos no Brasil, houve onze dias.  E esse ano, o período também será igual ao de 77, em homenagem aos 75 anos da Fundação do Centro Acadêmico 11 de Agosto.

– É algo que todo estudante do Largo preza.  É a única hora em que não aparece nenhuma divergência política – explicou Dimas.

Todos os estudantes realmente prezam, mas não são todos que o praticam.  O professor Gofredo da Silva Telles garante que em seu tempo de  Faculdade nunca deu um Pindura “porque esquecia” e também por ser muito tímido, mas que fez questão de dizer que não era crítica àqueles que cultivavam esse costume.   Outro político em evidência que também estudou no Largo de São Francisco garante nunca ter dado um Pindura:

– Vontade eu sempre tive, mas na hora faltava coragem.

Tanto Gofredo como esse outro político devem fazer parte da minoria absoluta, pois segundo contou Dimas, só esse ano o Centro Acadêmico rodou mais  2.500 “ofícios de agradecimento” que serão entregues nos restaurantes ao invés do dinheiro.  São três tipos de Pinduras:

•    O Primitivo, o mais simples de todos: come-se e corre.

•    O clássico: o pessoal depois de jantar faz um discurso, entrega o “ofício” e convida o proprietário do restaurante para jantar no Centro Acadêmico, para que se possa fazer uma “retribuição”.

•    O terceiro é o diplomático: um grupo vai antes, reserva alguns lugares, entrega o ofício e o restaurante recebe os alunos, após  a combinação prévia:

– Nós apoiamos o Clássico, que é aquele que realmente deve ser preservado.  O Diplomático é pouco praticado e o primitivo está em extinção. – contou Dimas.

Mas para que o Clássico dê resultado, uma coisa é indispensável: o restaurante estar cheio:

– Logo no começo da Semana do Pindura, um pessoal foi ao Golden Dragon, comeu e fez discurso.  Acontece que não havia outros freqüentadores no restaurante e os garçons fecharam as portas e partiram pra cima dos estudantes  na base do Karatê.  Foi um Deus nos acuda.  Depois eles chamaram a polícia, lembrou Glória.

O Pindurador pode, por lei, ser enquadrado como estelionatário, mas isso quase nunca acontece.  Quando o negócio acaba em Delegacia, é feito um Boletim de Ocorrência e eles são dispensados em seguida, sem maiores aborrecimentos.

Eu, que fora  convidado por Dimas para cobrir aquele Pindura para o Folhetim e que não queria aborrecimento algum, já fui  avisando aos estudantes  que pagaria a minha parte.  Mas entre eles havia a maior descontração.  Os quatro estavam muito bem vestidos e até se confundiam com “executivos” que andam tão em moda ultimamente.

Tanto é verdade que o porteiro, maître e o barman do Paddock atendiam o grupo com  a mesma atenção que dispensavam às outras mesas.  E os estudantes não se traíam.  Seguiram todo o ritual do bom grã-fino em restaurante: passaram pelo bar e experimentaram os coquetéis que o maître indicou; antes do prato principal, pediram entrada; depois,sobremesa, café e licor.

Ninguém estava nervoso. Muito pelo contrário, a situação na mesa dos estudantes estava até engraçada.  Uma das meninas, depois  do segundo coquetel, foi ao banheiro e  na volta comentou:
– Puxa!   Mas até o banheiro da burguesia  é outra coisa, hein?!

Marcos, que tinha apenas 75 Cruzeiros no bolso, estava escolhendo:

– Vamos comer lagosta?  Perguntou ao resto do  grupo.
(só a Lagosta custava 295 Cruzeiros)

Dimas respondeu com superioridade que  não gostava de lagosta e que comeria um “Filé à Paddock”. Uma das meninas escolheu camarão a Thermidor e a outra optou por um coelho regado ao vinho branco.  Os quatro juntos não tinham mais do que  310 Cruzeiros, que seriam destinados ao garçon.

Não fizeram questão de vinho francês e se contentaram com duas garrafas de chileno branco e outra de chileno tinto.  As entradas, todavia, não foram dispensadas: castigaram fundos de alcachofra e casquinhas de siri.

– Isso sim é que é vida, hein? Uma comida dessas, vinho bom e  musiquinha suave ao vivo.

Essa “musiquinha ao vivo”, segundo contou Luís Paduan, pai do proprietário do Paddock, custa mais de sessenta mil cruzeiros por mês.  As despesas gerais(luz, impostos, salários, etc), sem contar a matéria prima, custam ao Paddock mais de 35 mil cruzeiros por noite.

Bem, mas voltando aos Pinduradores.  Na passagem pelo bar, foram devorados uns três pratinhos de mandioca frita e bolinhos de bacalhau, mais um de amendoim e outro de azeitonas.  Quando vieram os pratos principais, nem sequer havia mais aquele entusiasmo da chegada.  Mas isso de maneira alguma perturbou o apetite dos acadêmicos, que em três tempos não deixaram uma migalha em seus pratos. Para acabar com a sensação de vazio,  pediu-se rápido a sobremesa: três mousses de chocolate.  A essa altura do campeonato, não havia mais aquele sossego do início, mas nem por isso deixou-se de tomar café e, Dimas, por seu lado, não dispensou o licor.  Finalmente,  a nota.

– Nós somos estudantes da São Francisco e não vamos pagar essa conta.  É um Pindura.

É agora, pensei. Mas qual nada, a resposta do maître deixou todos boquiabertos:

– Pois não. Vocês poderiam me dar suas carteirinhas, para que eu anote os nomes  e dê baixa na seção de perdas da contabilidade?

Eu expliquei que pagaria a minha parte, pois fora  convidado para cobrir o Pindura para a Imprensa, mas o maître aceitou de maneira alguma e disse     que era uma homenagem à imprensa.  A discrição dos funcionários foi tanta que nenhum dos outros fregueses percebeu coisa alguma.

O sr. Paduan não estava chateado e disse que preferiria ter combinado antes (referindo-se ao Pindura Diplomático).  Ele explicou que sua casa é bastante sólida e pode sofrer um prejuízo como aquele.  A superioridade com que recebeu o Pindura era,  sobretudo, uma atitude comercial.

– Amanhã esse pessoal volta aqui como freguês com os clientes dos seus escritórios e a gente recupera tudo e tem até lucro.  É um investimento a longo prazo.

Enquanto conversava comigo,  Paduan mandou oferecer água mineral. Ao fim da noite deu um abraço em cada um dos Pinduradores.

Depois do êxito desse Pindura foi que passei a entender melhor o verso do Poeta Domingos de Carvalho da Silva, que estudou na São Francisco e que, provavelmente, também deu alguns Pinduras:
“11 de agosto, eu te quero trezentas vezes por ano”
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* De fato, o Ponto Chic permaneceu fechado alguns poucos anos.  Reabriu,  abriu filiais, mas, pelo menos na minha opinião, não é a mesma coisa.  Hoje tem até televisão ligada, sorvete e mais  pequenos detalhes inconcebíveis em outros tempos.

Complexo de Vira-Lata – Formidável Exceção.

O Brasil/brasileiro sofre (m) avalanche de Complexo de Vira-Lata*.

Às vezes, veem-se raríssimas exceções.

Na Rua Turiassu, 1250 A, Perdizes, Zona Oeste de São Paulo, Loja com nome Papelaria e Presenteria.

É lindo e, sobretudo, surpreendente.

Parabéns aos Proprietários.

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Complexo de Vira-lata é o sentimento de inferioridade do Brasileiro em relação a Estados Unidos e Europa, “tradução”/definição livre minha do termo de Nélson Rodrigues. Quiser ler mais sobre Complexo de Vira-lata  em diversos setores,  clique aqui

Voar de Helicóptero…

A propósito da morte do jogador de basquete Kobe Bryant em desastre de helicóptero, sempre digo: se alguém me convidar para um lugar legal e for esse o meio de transporte, não penso duas vezes – aceito.

Agora, voar com frequência de helicóptero, não voaria, em hipótese alguma. É dar muita colher de chá para o azar.

Há alguns anos, helicóptero de uma Emissora Rádio teve uma pane, em S. Paulo, sobre o Rio Tietê. O piloto disse que o correto seria aterrizar no leito do Rio. Mas havia uma rapaz paralítico a bordo, que fatalmente, morreria. Assim, optou por por pousar na Marginal.

Aí, nem precisa falar sobre o congestionamento que deu no trânsito.

Há muitos acidentes fatais com helicópteros.

Cai – aliás, vai bem o provérbio: cautela e caldo de galinha não fazem mal pra ninguém. Digo, pra galinha fez mal definitivo.

Facebook Faz Milagres?

O Facebook é mesmo fabuloso.

Eu era capaz de jurar que conhecida minha de infância havia morrido.

Minutos atrás, vejo comentário dela em postagem de um amigo.

De duas, uma: ou o Facebook ressuscita pessoas ou já se instalou no céu.

Quando chegar a minha vez de partir para o andar de cima, tenho a esperança de que também seja ressuscitado, ou, não tão espetacular, vou ampliar muito minha rede de amigos.

Mark Zuckerberg, tu és Santo!

Linda Palavra!

Na Turiassu, n. 1.242 A,  Perdizes, Zona Oeste de São Paulo, Letreiro da Loja: “Papelaria e Presentaria”.

Presentaria – não é lindo, em país subjugado pelo Complexo de Vira-lata, pequeno empresário com tanta personalidade?

Pelo menos, eu acho.  Parabéns!

*Complexo de Vira-lata é o sentimento de inferioridade do Brasileiro em relação a Estados Unidos e Europa, “tradução”/definição livre minha do termo de Nélson Rodrigues.

Quiser ler mais sobre Complexo de Vira-Lata aqui no Trombone, clique

Constatação

Não é frase; menos ainda, microconto.  Trata-se de mera constatação.

Algum humorista, Juca Chaves, salvo imenso engano, disse “se você colocar uma mulher no armário, ela vai  “te” trair com o cabide.”

E eu conheço uma mulher tão ladra, mas tão ladra, que se você largá-la no deserto, ela vai levar  o máximo de areia que conseguir, inclusive naqueles dois buracos.

Você ri, né?  Ri porque nunca vai cruzar com ela.  Se soubesse a inveja que tenho de você!

Parabéns, Fátima Bernardes!

Notícias hoje dão conta de que Fatima Bernardes comemora o fato de ter aprendido a nadar.

Silvia Poppovic,  minha colega de classe durante toda a faculdade de jornalismo, tinha teoria bem interessante.  Ela dizia: bater à máquina, falar inglês e dirigir não são méritos, são obrigações.  Contei para o  meu pai e ele acrescentou mais uma atividade fundamental – nadar.

Comentários.

Naturalmente, Silvia, hoje, diria, ao invés de escrever à máquina, saber usar minimamente o computador.

Eu acho que nadar é  a mais fundamental das quatro atividades.  Não, ninguém precisa ser campeão olímpico.  Mas se um barco, ou balsa, afunda a 10 metros da margem,  saber nadar significa a diferença entre morrer e continuar vivo.

Nunca é tarde.  Parabéns, Fatima Bernardes!

FINADOS – Sensíveis Texto e Entrevista sobre Morte; Frases e Epitáfios Hilários

Há apenas dois textos que todos os anos posto aqui.  Um às vésperas da Parada Gay, história divertida e frase divertida, a propósito do Dia da Consciência Negra.  Esse ano, entretanto, vou abrir exceção.

Amanhã, Finados,   data triste  para nos lembrar dos que já se foram.  Saudades tomando conta da gente.

Homenageio todos os mortos postando sensível texto do amigo Fernando Pawwlow,  sobre o cemitério do Bonfim em Belo Horizonte.  Aliás, sou citado por Pawwlow.  Também deixo link para  excelente entrevista do Historiador Carlos Bacellar concedida ao simpaticíssimo e preparado Ronnie Von, abordando aspectos interessantes sobre Morte. Deixo o link mais abaixo, torcendo para que ainda esteja ativo.

Para amenizar, posto relação de engraçados epitáfios.  “Epitáfio significa “sobre o túmulo”, vem do grego epitáfios. Este termo se refere às frases que são escritas, geralmente em placas de mármore ou de metal e colocadas sobre o túmulo, ou mausoléus nos cemitérios, com o fim de homenagear seus mortos sepultados naquele local. Estas placas são chamadas de lápides.”

Aliás, os Epitáfios já foram postados aqui, por serem muito divertidos, vale a pena ler novamente.  Há apenas dois textos que repito todos os anos no Trombone: um episódio que ocorreu comigo na Parada Gay e  Frase de algumas pessoas, entre elas uma negra, sobre a função  do Dia da Consciência Negra.

Começo com o Texto de Fernando Pawwlow.

Dia dos Mortos no Bonfim

Embora não tenha parentes sepultados no Bonfim ( familiares  enterrados em cemitérios distantes de onde moro, sob placas indicativas, não ocupando túmulos inspiradores), lá homenageio os mortos em seu dia. Cemitério antigo, localizado em bairro berço de lendas urbanas de Belo Horizonte, ele próprio lenda, me parece o santuário indiscutível do feriado de Finados. O feriado me fornecendo pretexto para visitar, uma vez mais, o cemitério de predileção. Sinto-me como o Jânio Quadros prefeito de São Paulo nos anos ‘80 exigindo em bilhetes “um dia dos mortos impecável”, enquanto notava, por exemplo, o cemitério de Vila Alpina com  “rosas jogadas no chão, em desalinho deplorável”  (cito de memória, mas sob impressão favorável ao político atento ao abandono dos cemitérios que recebiam familiares de  mortos com indisfarçável desleixo, como se estes estivessem mortos também, ou cegos quanto ao tratamento dispensado aos seus).Uma vez mais, subi ao Bonfim, revi suas moradoras em shorts vigiando as ruas e quem, como eu,  parecia-lhes intruso, ou um boêmio retardatário, ou um comum curioso praticando turismo urbano no bairro que já teve cassinos e, dizem, visita de Orson Welles. Encruzilhadas com despachos saúdam visitantes.

Nenhum  travesti nas ruas, nenhuma prostituta identificável, o bairro parecia me receber como a um conviva tardio, que perdera os seus dias de esbórnia e fúria, chegando anos depois do fechamento do último de seus prostíbulos, colhendo quando muito algum resquício de murmúrio narrativo do que não pude, ou não quis, assistir enquanto acontecia,  recorrendo aos exageros de quem pegou restos de décadas menos domesticadas no bairro mítico da zona boêmia.

O Bonfim, bairro boêmio,  próximo ao centro da cidade, vizinho da  Av .Pedro II,  suporta estoico seu estigma de morada de prostitutas e travestis, sua qualificação de “decadente”, a vergonha da BH petista, que se refere ao bairro de oficinas de carros e fabriquetas, e demais ramos de comércio, como “deteriorado”. João Antônio escreveu seu “A Lapa acordada para morrer” sobre o desmantelamento do velho bairro carioca, pois o Bonfim é assassinado  dormindo mesmo, por autoridades que tramam sua “revitalização”, sua descaracterização higienizadora, sua eliminação como membro indesejável da família mineira. O Bonfim escandaliza os vendedores da “BH popular”, os marqueteiros da “capital de vanguarda”. O Bonfim queima o filme, sintetizando.

Jazigos de políticos (Olegário Maciel, Raul Soares, Afonso Pena, Magalhães Pinto, entre outros), verdadeiros monumentos,  dividem as alamedas com jazigos de famílias,  alguns destes contendo fotos  de décadas idas, rostos  em nítida  contemplação de dias menos velozes e corruptos. Não são poucas as imagens ali que parecem retiradas das capas de livros de Dalton Trevisan, de algum filme mudo, ou revista dos tempos da Republica Velha. Os escritos em latim dos jazigos de vultos da vida pública parecem  títulos de capítulos onde os lembretes de familiares em jazigos de gente da vida particular formam o texto (” Sua morte nos mergulhou em nuvem negra de recordações e lamentos”, “Em vida a ternura em pessoa, em morte um anjo”, ”Sempre em nossa memória, para sempre  presente em nossos dias”) de um mesmo livro. Alguns retratados bem jovens, indicando  breve seu calvário aqui entre os vivos. O sorriso de alguns vultos explica o pesar de quem teve de continuar o resto da navegação sem a companhia de remador que com seu entusiasmo transformava mar furioso em percurso de provas de vela. Clichê lembrar que as lágrimas cabem aos sobreviventes? Familiares tocando o peito com a mão ao se recusar à aproximação de certos túmulos aparentam não tomar conhecimento dos ditames do bom gosto e da concisão, e qualquer tentativa de descrevê-los  seria temerária,  pois a sub-literatura seria infalível, exceto se feita por algum escritor que justificasse as árvores derrubadas (como nota Mario Sergio Conti, poucos o justificam). Todos,  principalmente velhos com dificuldade em localizar lápides e quadras, têm suas velas a zelar, seu ritual de remover capins e ofertar flores e lágrimas aos que as cobram em sonhos -“Como tem cuidado de meu túmulo lá no Bonfim?” O feriado de  Dia de Finados  elimina qualquer desculpa no descuido das obrigações,  os vivos e os mortos na observação estrita do comparecimento ao encontro que pesa como condenação aos vivos e é agradável visita aos mortos.

Guardiões dos túmulos são os gatos alimentados com baldes de ração e bacias de água por funcionários que parecem afeiçoados ao local (um dos funcionários me  pareceu estar com lábios pintados com batom, fiel ao espírito do Bonfim) . Parecem, os gatos, ferozes e dispostos a hipnotizar os que,  como eu, visitam seus templos sem a devida justificativa.  Uma caixa com filhotes de gatos ocupava o antigo necrotério (palco de uma das lendas do bairro, do cemitério – moça que sofrera ataque de catalepsia, despertara  em pleno necrotério, morrendo de pavor agarrada às grades da janela), com água e ração postas para a ninhada.Um grupo de adolescentes “góticos “ e eu os observávamos, os ditos góticos jurando sentir que as mãos postas sob a porta pareciam atraídas por “alguma força”. Meus dedos experimentaram apenas  frio e sujeira e meninos (provavelmente oriundos da Pedreira Prado Lopes) zombavam dos ditos góticos : “ Ei , vocês  são espíritos”.

Paulo Mayr, no seu blog “Boca no Trombone”, antecipou em dias sua celebração de Finados em edição especial com piadas de velórios e possíveis epitáfios,  lembrando que morte e cemitério são inevitáveis e o único recurso frente ao encontro que teremos um dia com o coveiro é rir, mas não consigo, apesar de racionalmente concordar com o Mayr. O Finados a muitos serve de data para reflexões de cunho metafísico, ou filosófico, sobre a inutilidade das lamentações sobre a morte. Para mim, é data para me vestir (reiterar esta minha preferência, na verdade) de camisa preta e cismar sobre como seriam as vidas dos personagens dos retratos nas lápides, e chorar como se os tivesse conhecido.

Acompanhados por estes mortos pelo Bonfim até a Pedro II, sentindo o perfume de suas rosas,  prometo voltar no próximo Finados , sem ousar olhar para trás.
Sobre estes anúncios.

Quiser conhecer o Blog   Fernando Pawwlow – Cadernos clique aqui

Ainda a seriedade que o assunto exige.  Assista à Entrevista de Carlos Bacellar,  Professor e historiador da Universidade de S. Paulo,  no Programa de Ronnie Von. Logo no início, Bacellar observa que antigamente a morte era muito comentada e o sexo, grande tabu.  Bem, isso é apenas um dos diversos aspectos interessante que Bacellar aponta.  Vale muito a pena assistir.  Clique aqui  Espero que o Link ainda esteja ativo

Daqui para frente, só diversão:

Morte, Velório, Cemitério – Dá Até para se Divertir com Isso – 1- Postado há alguns anos

Morte e suas conseqüências em cascata (velório, caixão,cemitérios e epitáfios) são as únicas certezas que todos  temos.

Ao escrever  o que eu quero em meu muito distante  epitáfio, descobri que o assunto é vasto e, creiam, divertidíssimo  Há alguns sites de epitáfios verdadeiros –  já  em uso – e imaginários.   Como eles são a cereja do bolo, digo, túmulo,  obrigatoriamente, ganham um post próprio.

Para começar, três frases muito divertidas sobre velório.  A primeira, do meu amigo Mário Michel Cury; a segunda,  do grande mestre Samir Meserani que, infelizmente, já teve o seu velório.  A última é do meu saudoso  pai, Hiram Mayr Cerqueira,

“O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente.”
“O velório é a única solenidade em que o homenageado permanece ausente. Embora de corpo presente”
“O velório é a única solenidade em que o homenageado está impedido de se manifestar.”

Rita Cadillac, rainha do rebolado, teria declarado que queria ser velada de bruços para poder ser reconhecida.

Sobre cemitério, boa frase, dita por uma senhora ao meu lado em restaurante. Perguntei de quem era.  Ela não sabia.

A frase.

“O cemitério está lotado de pessoas imprescindíveis e insubstituíveis.”

Piadinha ótima.

Dois amigos  jogavam futebol muito bem, mas muito bem mesmo.  A preocupação deles era se havia futebol depois da morte.  Combinaram que o que morresse primeiro faria o possível e o impossível para avisar o outro.  Um morre muito jovem e cumpre a promessa.  Aparece para o outro e diz:

– Legal, meu; muito legal.  Lá em cima tem futebol, tem futebol.  E você  já está escalado para o jogo do mês que vem!!!

Como se sabe, em S. Paulo, só pessoas que já morreram podem dar nome às ruas, praças e avenidas.    Estávamos eu e meu pai de carro pelo  Morumbi.  Alguns dias antes, havia contado essa piada em casa.  Meu pai viu o nome de uma rua, repetiu alto e disse que aquele havia sido seu contemporâneo na Faculdade.  Mais uma rua e ele lembra  que esse segundo era Juiz no tempo em que começou a advogar. Ele falou o terceiro e eu disse:

– Pai, pára com isso.  Logo mais um desses seus conhecidos vai aparecer e dizer:  Hiram, já estamos polindo a placa da sua rua!!!

Meu tio Maurício Goulart, irmão da minha mãe,  escritor, usineiro,  deputado federal, fundador da cidade de Fronteira, entre S. Paulo e Minas, às margens do Rio Grande,  era das pessoas mais exóticas que já pisaram a terra.  Construiu no Pacaembu uma casa sob medida para ele e suas idiossincrasias.  Era uma casa grande mas com apenas  um ou dois quartos e uma suíte.  Nessa suíte, havia   imensa cama redonda de alvernaria (que ele dizia ser a primeira cama redonda do mundo).  A piscina tinha um desenho diferente, cheio de curvas e mil outras peculiaridades.

Lá pelas tantas, ele quis vender a casa.  Óbvio que nenhum comprador se interessou por coisa tão excêntrica.

Aparece um maestro argentino.  E todos os predicados malucos que ele via, exclamava entusiasmado:

– Oh, cama redonda, mui bueno  para mi chica.   Piscina Diferente, mui bueno para mi chica.

Meu tio, animadíssimo com a perspectiva de livrar-se do abacaxi.

Na saída, ao ver o muro alto e sem fim bem em frrente, o Maestro quis saber do que se tratava.  Meu tio disse que era o cemitério.  O maestro:

– Cemitério???!!!  Muy malo para mi chica!!!

E nunca mais apareceu!!!

Nos cemitérios, os epitáfios, capítulo muito especial.  A seguir.
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Epitáfios – Dá Até Para se Divertir (e Muito) Com Isso – 2 –

Para continuar vendo aspectos curiosos/divertidos da morte,  lá vão os  Epitáfios, propriamente ditos –   as cerejas dos bolos   (túmulos). Alguns, infelizmente,  já imortalizados;   outros,  ainda à espera da partida de seus criadores e os terceiros, genéricos.

Dois   aguardando a híper distante (assim esperam seus autores)  inauguração: do amigo Vásqs, o bam bam bam das microcrônicas, e o meu:

Vasqs:

-Quem foi o filho da puta que pixou o meu túmulo?

(* vide observação ao Final)

Eu:

– Enfim, o silêncio.

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Epitáfios em uso, uma vez  que os autores, propriamente ditos , aqui na terra, pelo menos, já estão em desuso *

É uma honra para o gênero humano que tal homem tenha existido.”  – Na lápide de Isaac Newton, na Abadia de Westminster

“O tempo não pára…” Na lápide de Cazuza, no Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro, RJ

“Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino.”Epitáfio sugerido pelo próprio escritor mineiro (1923-2004)

“Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade sem esperar resposta.”Frase inscrita na lápide de Villa-Lobos, no cemitério de São joão Batista, no Rio de Janeiro

“Assassinado por imbecis de ambos os sexos.” Nelson Rodrigues, cronista brasileiro

“Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves.”Tancredo Neves, famoso político brasileiro que exprimiu seu desejo nesta inscrição mas sua família preferiu fazer outra em sua lápide

“Terra minha amada, tu terás os meus ossos o que será a última identificação do meu ser com este rincão abençoado.”Inscrição que foi realmente colocada na lápide de Tancredo Neves, político brasileiro

“Foi poeta, sonhou e amou na vida.”Álvares de Azevedo, escritor brasileiro
“De volta às cinzas.”Rubem Braga escritor brasileiro
Preferia estar vivo, nem que fosse na Filadélfia.”- W. C. Fields

Epitáfios que aguardam Inauguração – Espera-se que assim permaneçam por muitas décadas ainda. Na verdade, alguns deles já foram “inaugurados”.   Mas, quando postei esse trabalho pela primeira vez, há alguns anos, seus autores ainda circulavam por esse planeta.

Te espero lá!”  –Roger Moreira, músico brasileiro

“E agora, vão rir de quê?”- Chico Anysio, humorista brasileiro

“Aqui, ó.”- Ivan Lessa

“Absolutamente contra a vontade.”- Luís Carlos Miéle

*”Desculpe a poeira”.Dorothy Parker

* “Enfim, magro.”Jô Soares

*”Já me fui mas aqui estou.”- Antônio Carlos

*”Morri de tanto viver.”José Luiz Maranhão , autor do livro ‘O que é morte’.

*”Eu disse a vocês que um dia estaria aqui. Estão vendo como eu tinha razão ?” Marcelo Mendes de Oliveira

Hipotéticos/Genéricos, de acordo com a profissão ou caractérística marcante – Escolha o seu 1 *

Do bêbado: Enfim sóbrio.
Do rico: Enfim duro.
Do invocado: Tá olhando o quê?
Do maldoso: Chega aí!
Do funcionário público: Dirija-se ao túmulo ao lado.
Do judeu: Alugo vagas.
Do crente: Fui! … Pro Céu!
Do espírita: Volto já!
Do policial: Circulando! Circulando!
Do prevenido: Abrir de hora em hora.
Do comerciante: Fechado pra balanço.
Do sambista: Sambei!
Do bailarino: Dancei!
Do viciado: Do pó ao pó.
Do folgado: Não perturbe!
Do político: Procurem meu advogado!
Do paquerador: Você vêm sempre aqui?
Do bombeiro: Apaguei!
Do açougueiro: Desencarnei!
Do arquiteto: Fiz a passagem!
Do sapateiro: Bati as botas!
Do terrorista: A morte é uma bomba.
Do humorista: Não achei graça!
Do piadista: E agora, vão rir de quê?
Do inadimplente: Amanhã eu pago!
Do gordo: Enfim magro.
Do naturista: Preferia estar vivo, nem que fosse em São Paulo!
Da bichinha: Virei purpurina!
Do mano: Rapei fora!
Do cagão: Morri de medo!
Do ignorante: Si matei-me!
Do torcedor: Flamengo até morrer.
Do confeiteiro: Acabou-se o que era doce!
Do ginasta: Consegui! Dei um salto mortal!
Do jóquei: Cruzei o disco final.
Do maluco: Tô só fingindo!
Do crítico: Não gostei!
Do Elvis Presley: Não morri.
Do juiz: Caso encerrado.
Do eletricista: Foi um choque!
Do obstetra: Parto sem dor.
Do mineiro: Trem ruim sô!
Do sindicalista: Greve por tempo indeterminado!
Do hipocondríaco: Não falei que eu tava doente?

Mais alguns  hipotéticos, também de acordo com profissão ou característica marcante – Escolha o seu 2*
ALCÓOLATRA – Enfim, sóbrio.Agora tem para tosdos os tipos:AGRÔNOMO – Favor regar o solo com Neguvon. Evita vermes.
ALCÓOLATRA – Enfim, sóbrio.
ARQUEÓLOGO – Enfim, fóssil.
ASSISTENTE SOCIAL – Alguém aí, me ajude!
BROTHER – Fui.
CARTUNISTA – Partiu sem deixar traços.
DELEGADO – Tá olhando o quê? Circulando, circulando…
ECOLOGISTA – Entrei em extinção.
ENÓLOGO – Cadáver envelhecido em caixão de carvalho, aroma formal e after tasting, que denota a presença de.microorganismos diversos.
ESPIRITUALISTA – Volto já.
FUNCIONÁRIO PÚBLICO – É no túmulo ao lado.
GARANHÃO – Rígido, como sempre!
GAY – Virei purpurina.
HERÓI – Corri para o lado errado.
HIPOCONDRÍACO – Eu não disse que estava doente?
HUMORISTA – Isto não tem a menor graça.
JANGADEIRO DIABÉTICO – Foi doce morrer no mar.
JUDEU – O que vocês estão fazendo aqui? Quem está tomando conta do lojinha?
NINFOMANÍACA – Uau, esses vermes irão me comer todinha!
PESSIMISTA – Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
PSICANALISTA – A eternidade não passa de um complexo de inferioridade mal resolvido.
SANITARISTA – Sujou!
SEXY SYMBOL- Agora, só a terra vai me comer.
VICIADO – Enfim, pó.

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* Fontes – Sites na Internet (Todos que estão acima, exceto o do Vasqs e o meu, logo na abertura)

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Quem quiser mandar sugestões de Epitáfios para si próprio ou  para famosos/celebridades, só publicar nos comentários.  Quem sabe não dá novo post.
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* A propósito de morte,  não Morra antes de Navegar pelo Site do Vasqs Ostras ao Vento  ou ler o seu livro de mesmo nome. Vasqs é amigo citado no início deste texto,    aquele  que já mostrou  indignação furiosa se lhe pixarem o túmulo  Clique aqui – O Blog dele está parado há algum tempo;  em compensação,  Vasqs começou novo trabalho intitulado Calorosa Salada – Também vale a pena Conhecer.  Veja e discorde de mim se for capaz – Divirta-se com a Calorosa e muito bem temperada Salada do Vasqs.  Clique aqui

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Um traquilo dia de Finados para nós aqui e para todos que já se foram!!!