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Frio Combina com Cozido e -Creia- Cozido nem Dá Tanto Trabalho!!! Mãos à Obra!!!

De 25.07.07

Boas notícias para esses tempos de aquecimento global e, melhor notícia ainda, para os gourmets.

Alexandre Pereira, gentilíssimo técnico da Clima Tempo, empresa especializada em previsão do tempo, informou por telefone que o frio deve continuar até o fim do domingo. Ele deu detalhes: amanhã – (quinta), sexta e sábado, tempo firme com frio. Na região da Capital, a temperatura vai de 7º a 20º, no máximo. No domingo, a variação de temperatura será a mesma, mas com chuvisco a qualquer hora.

A ótima notícia para os gourmets é que vou deixar a seguir fabulosa receita de Cozido, prato perfeito para dias e noites frias. E a receita é facílima de ser feita.

Como sou muito didático e detalhista – prefiro sempre errar por excesso de detalhes, mesmo passando por chato, a errar por omissão – já deixo hoje a receita e a lista de compras. Desse modo, quem tiver interesse em fazer, já pode ir providenciando as compras. Deixo ainda o vinho indicado para harmonizar (como dizem enófilos/enólogos) com o cozido e o vinho para acompanhar a sobremesa, bem como sugestão da própria sobremesa.

Cozido era prato tradicional aos domingos de Inverno na minha casa da Rua Jacarezinho. A mim me parecia que d. Hilda, cozinheira que permaneceu na família por mais de 17 anos, tinha imenso trabalho nesses almoços.

Uma vez, munido do fabuloso livro – MINHAS RECEITAS BRASILEIRAS – do Antônio Houaiss, meu saudoso guru, filólogo e gastrônomo, preparei espetacular cozido em Campos do Jordão. Deu trabalho, mas valeu a pena. Tava ótimo!!!!!!!!!!!!

Há cerca de dois anos, ao comprar caldo de costela Knorr, no verso da caixinha, havia facílima receita. Renata, do atendimento ao consumidor, me passou por email a receita.

O método da Knorr era ótimo, mas a receita do Houaiss, muito mais rica. Agora que a receita já estava no computador e não mais nas minúsculas letras do verso da caixinha, foi fácil acrescentar os ingredientes do Houaiss. Já preparei algumas vezes e ficou verdadeiramente fabuloso.

Para completar, ainda faço sugestões de molhos para serem levados à mesa onde cada um se serve na quantia desejada.

Também há sugestão do vinho, da sobremesa e do vinho para acompanhar sobremesa.

Os leitores do Boca no Trombone merecem esse trabalho.

Em tempo e para animar, o excelente restaurante Ca´d´Oro – R. Augusta, 129 também serve cozido muito bom. Preço por pessoa – R$68,00 – mais couvert R$ 15,00. Dando um chute, suponho que com esses R$ 83,00 mais R$ 8,00 de serviço, você faz em casa cozido para cerca de dez pessoas. Repetindo, trata-se de mero chute!!!

Cozido Rústico Antônio Houaiss/Knorr

Fazer o molho de pimenta na véspera

MOLHO DE PIMENTA

Ingredientes

2 colheres de sopa cheias de pimentas frescas variadas e bem picadas.

Meio copo de vinagre branco

2 colheres de sopa de azeite

Meia xícara de chá de água

1 cebola média cortada em rodelas muito finas

Sal

Preparo

Misturar as pimentas com o vinagre, a água e o azeite.

Bater bem.

Temperar com sal e juntar a cebola.

Deixar fora da geladeira uma hora antes de servir.

OBS – Esse molho tb é ótimo para comer com bolinhos de arroz. Guarde o que sobrar na geladeira.

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RECEITA

COZIDO RÚSTICO ANTÔNIO HOUAISS/KNORR

Oito Pessoas

Ingredientes

– 300 grs Patinho (em pedaços grandes)

– 200 grs Coxão duro ( em pedaços grandes)

-200 grs de Músculo (em pedaços grandes)

-200 grs de toucinho cru (um só pedaço)

– 150 grs de toucinho defumado cortado em pedaços pequenos

– 100 grs carne seca em pedaços pequenos (deixar de molho)

– 100 grs de paio

– Coxa e sobrecoxa frango cortada nas juntas

– 200 grs de Lingüiça Fresca cortada em pedaços pequenos

– 2 Espigas de milho cortadas em 3 pedaços cada

– 4 cebolas médias inteiras

– Cheiro verde

– 150 grs de abóbora

– 1 repolho pequeno separado em folhas

– Um maço de couve couve rasgada

– 3 bananas da terra com casca

– 8 batatas médias

– Uma mandioca

-Farinha pro pirão

– Oleo

Caldo de Costela Knorr – 5 tabletes

++++++++++++++++

Colocar na mesa:

Raiz forte

Mostarda clara

Mostarda Escura

Molho de pimenta

MODO DE FAZER

Dissolver 5 cubos de caldo de costela em 10 xícaras de água fervente.

Em uma panela grande, aquecer o óleo e refogar carnes (patinho, coxão duro, músculo, carne seca, paio, frango e lingüiça, toucinho cru e defumado por 5 minutos)

Por as carnes e o caldo fervente e Cheiro verde

na panela de pressão

Por bem pouco sal. Os tabletes de caldo já são bem salgados.

Por na panela de pressão junto com as carnes que permanecem lá. Caso não caiba tudo, fazer em duas etapas a parte da panela de pressão.

Milho verde

batata descascadas cortas em 4

mandioca descascada cortadas em pedaços médios

e cozinhar por 3 minutos depois da pressão.

Deixar a panela na água da torneira, abrir

Colocar na panela de pressão

4 cebolas médias inteiras

abóbora

banana da terra com casca cortada em 3

E cozinhar mais três minutos depois da pressão. Desligar e deixar a panela tampada por mais 5 minutos.

HORA DE SERVIR

Ligar o Forno.

Colocar as folhas de couve e de repolho crus rasgados em uma panela grande. Colocar nessa panela grande todo o conteúdo da panela de pressão. Aquecer em fogo bem brando até ficar bem quente.

Aquecer dois pirex e colocar as carnes em uma travessa e legumes e verduras em outra.

Deixar os dois pirex no forno baixo com caldo para não ressecar.

Aquecer os pratos de servir.

Servir um pouco de caldo (só caldo) na molheira

Fazer o pirão

Ferver o caldo e ir colocando a farinha de mandioca crua e mexendo.

SERVIR

Servir bem quente nos dois pirex aquecidos e o pirão separado.

O charme, de acordo com Houaiss, é que a tradição determina que o toucinho – não o defumando – seja mandado à mesa inteiro e então cada um corta a sua porção.

MOLHOS

Deixar o Molho de Pimenta em uma molheira na mesa.

Caldo do cozido em outra molheira.

Deixar também na mesa – em três pratinhos –

raiz forte,

mostarda clara e

mostarda escura.

Vinho para acompanhar o cozido –

Vinho Tinto do Alentejo Quinta da Terrugem – Safra 2004 – R$ 67,00 a garrafa. Uma garrafa para cada duas pessoas. Vinhos do Alentejo são vinhos de boa estrutura, ideais para acompanhar pratos robustos e, ao mesmo tempo, são vinhos fáceis de se beber.

SOBREMESA

Doces portugueses.

Vinho do Porto para acompanhar sobremesa

Porto Fonseca Pin 27 – Fine Reserva – R$ 57,00 a garrafa. Uma garrafa dá para mais de 10 pessoas.

Esse vinho do porto é um bom ruby com estrutura suficiente para resistir doces a base de ovos e também chocolate.

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Lista de compras:

Imprima a lista de compras abaixo e leve ao supermercado.

Provavelmente o supermercado Santa Luzia terá todos os ingrediente. Os vinhos sugeridos eles têm pois acabei de me informar.

Endereço Sta Luzia – – Al Lorena, 1471 – Cerqueira César – Fone 3897-5000 – 30835844 – De seg. a sábado das 8 as 20,45

Copie, imprima e leve ao supermercado

– 300 grs Patinho (em pedaços grandes)

– 200 grs Coxão duro ( em pedaços grandes)

-200 grs de Músculo (em pedaços grandes)

-200 grs de toucinho cru (um só pedaço)

– 150 grs de toucinho defumado cortado em pedaços pequenos

– 100 grs carne seca em pedaços pequenos (deixar de molho)

– 100 grs de paio

– Coxa e sobrecoxa frango cortada nas juntas

– 200 grs de Lingüiça Fresca cortada em pedaços pequenos

– 2 Espigas de milho cortadas em 3 pedaços cada

– 5 cebolas médias inteiras (uma é para o molho)

– Cheiro verde

– 150 grs de abóbora

– 1 repolho pequeno separado em folhas

– Um maço de couve couve rasgada

– 3 bananas da terra com casca

– 8 batatas médias

– Uma mandioca

-Farinha pro pirão

– Oleo

Caldo de Costela Knorr – 5 tabletes

++++++++++++++++

Raiz forte

Mostarda clara

Mostarda Escura

Compras para o de Molho de pimenta

pimentas frescas variadas

vinagre branco

azeite

Sal

Sobremesa

Doces portugueses

Eles são deliciosos nos Sta Luzia.

Vinho para acompanhar o cozido –

Vinho Tinto do Alentejo Quinta da Terrugem – Safra 2004 – R$ 67,00 a garrafa. Uma garrafa para cada duas pessoas.

Vinho do Porto para acompanhar sobremesa

Porto Fonseca Pin 27 – Fine Reserva – R$ 57,00 a garrafa. Uma garrafa dá para mais de 10 pessoas.

SÔNAMBULAS E ESPAGUETE ALHO E ÓLEO

De 27.06.07

Todo mundo tem seus quinze minutos de glória, não é o que dizia o Andy Waroll??? Ele teve muito mais do que isso, praticamente uma vida brilhando. Não passo a vida brilhando, mas também não tive apenas quinze minutos de glória, graças a Deus!!! Sem contar que ainda não morri e vou ter inúmeros momentos fabulosos.

Já deu para perceber que gosto muito de duas coisas: frases, gastronomia/comer bem.

Há cerca de quatro meses, outros caiubistas e eu passamos fim de semana agradabilíssimo em um sítio em Joanópolis, terra do Lobisomem. Caiubi é o clube de compositores/escritores/poetas em Pinheiros, S. Paulo, do qual sou sócio. – http://clubecaiubi.com.br .(Em tempo, sexta-feira- 29/12 – depois de amanhã – tem Sopa de Letrinhas, grande Noite tropicalista a partir das 21 hs – vejam no site e apareçam). Voltando ao sítio; no sabadão, churrasco. Tava bom, faltou o Juka do Rossa Nova, dos caras mais talentosos que já vi comandando um churrasqueira, mas o churrasco tava realmente bom.

No domingo, continuou o churrasco. Embora seja contra minha religião comer qualquer outra coisa – além de saladas de folhas, farinha ou farofas – com churrasco, pediram que eu fizesse macarrão Alho e óleo. Eu havia levado os ingredientes, mas tive que usar uma panelinha perdida na cozinha do sítio de menos de quinze centímetros de diâmetro para cozinhar o macarrão para umas oito pessoas. Cozinhei sem quebrar os fios, já que não sou herege. Ficou bem legal. Comentei brincando, a propósito de ter conseguido cozinhar tudo aquilo na minúscula panelinha:

– Fiz o milagre da multiplicação do macarrão!!!!!!!!!!!!!

Pois bem, domingo à noite permanecemos no sítio apenas o Vlado Lima – músico, poeta e escritor talentosíssimo, o rei da irreverência, mentor/apresentador do Sopa de Letrinhas, sua mulher – Selma, Pedro e Lucas, os filhos deles e eu. Lá pelas tantas, Vlado propõe:

– Paulinho, cê não quer fazer outro macarrão igual ao do almoço????

Há mais de vinte anos, um conhecido estava revoltado narrando a última perversidade que uma chefete sapatona havia praticado, aí um colega de trabalho emendou com outra arbitrariedade de outra chefete, também sapatona.
Um deles concluiu:
– Ih, ali são duas sonâmbulas que devem se encontrar todas as noites sonambulando pela cidade!!!!!!!!!!!!!

Fazer frases a partir de frases que já existem, a partir de provérbios, é das coisas que me divertem muito (aliás, como digo, é até meio covardia – é muito fácil).

Automaticamente emendei:

– Não é a noite que é pequena, as sonâmbulas é que são poucas.

Uma boa e, infelizmente, ultra verdadeira frase minha diz – Não é o mundo que é pequeno, os ricos é que são poucos.

Alguém comer duas vezes o mesmo prato que eu fiz no mesmo dia e fazer uma frase nova em cima de outra frase minha foram dois momentos legais meus de frasista e de pseudo chef amador. Xeroquei a receita, dei uma cópia pro Vlado e outra para o Ricardo Soares, cantor compositor do Caiubi que ganhou o primeiro prêmio do Festival de Música da TV Globo de 2000 com Tudo bem, meu bem!!!!!!!!!!. Ricardo também estava no sítio e elogiara muito o macarrão. Encontro-me com ele todas as semanas e ele me diz que freqüentemente repete o espaguete alho e óleo.

Espero que o espaguete alho e óleo feito a partir da receita abaixo agrade tanto você quanto agrada o Ricardo e o Vlado e que minhas duas frases não fiquem devendo muito ao macarrão.

Espaguete Alho e Óleo para duas Pessoas
Revista Gula, Antônio Houaiss e Eu.

Observação Inicial 1– A Receita da Gula manda usar pimenta Peperoncino a gosto. A do Antônio Houaiss fala em pimenta calabresa. Peperoncino encontrei há algum tempo no Santa Luzia. Há três meses, voltei lá e não havia mais. A Pimenta Calabresa, entretanto, dá bem conta do recado e se encontra em todo lugar.

Observação Inicial 2 – Acender o forno, deixar quente. No meio do cozimento da massa, desligar o forno e colocar dois pratos fundos para aquecer. Quando for pegar o prato fundo, cuidado se ele estiver muito quente. Pegar com pano de pratos ou luva própria.

Observação Inicial 3 – Deixe a mesa colocada com o prato raso de refeição e – em cima, um guardanapo pequeno de papel. O prato fundo com a massa fica em cima desse prato. O guardanapo vai impedir que o prato fundo fique dançando. Esse truque pode ser usado sempre.

Como eu digo, Tio Paulinho é cultura, todo tipo de cultura, principalmente “frasísitica e gastronômica” !!!!!!!!!!!!!!!!!

Passando à receita, propriamente dita.
Ingredientes para duas pessoas

– 250 grs de espaguete
– Sete colheres de sopa de azeite (extra-virgem, se possível)
– 12 dentes de alho cortados em lâminas.
– Pimenta Peperoncino ou Pimenta Calabresa (umas quatro pitadas)
– Sal a gosto
– Quatro colheres de sopa de salsinha – Muito bem lavada, muito bem seca e muito bem picadinha.(dividida em 2 porções). –

Queijo parmesão ralado a gosto.

Modo de Preparar

Fazer Primeiro o molho.

Colocar o azeite e o alho em uma pequena frigideira – fogo médio – e dourar o alho.
Quando o alho começar a mudar de cor, coloque uma das porções de salsinha, a pimenta escolhida e duas pitadas de sal. Misture bem, desligue o fogo.

Cozinhar a massa

Colocar cerca de quatro litros de água para ferver em panela grande/compatível. Colocar cinco pitadas de sal na água.
Colocar a massa toda, fazendo que todos os fios afundem – sem sem quebrarem – Cozinhar a massa al dente.
Enquanto isso, dar uma aquecida no molho.
Escorrer a massa.
Voltar a panela grande para o fogo.
Despejar um pouco do molho na panela, colocar o macarrão, despejar o resto do molho.

Retirar os pratos do forno com cuidado. Colocar a massa e para enfeitar salpicar a Salsinha

Parmesão ralado na mesa para cada um se servir conforme a preferência.

Palavras do Ministro Gastrônomo Houaiss: “Em cada prato pessoal, salpicar o parmesão ralado a gosto. Vinho tinto seco é ótimo, mas cerveja geladinha também vai muito bem. E vai bem – sim, senhor(a) – pão branco crocante”.

Alface bem lavada e bem seca mesmo, poucas rodelas finas de cebola.
Tempero: azeite, vinagre e sal. (se for beber vinho, substitua o vinagre por limão)
Fica excelente para se comer junto em um pratinho ao lado ou, mais prático, para se comer depois.

Postado por Paulo Mayr às 3:43 PM 3 comentários

Comentário da Gastrônoma Célia Svevo e Fórmulas mágicas para tomar Vodca

Célia, jornalista, gastrônoma talentosa, minha colega da ECA, tentou colocar elucidativo comentário que só faz reiterar o que Danuza e o outro expert dizem sobre a quantidade de Martini no Dry Martini. Ela me mandou um email com seu comentário e disse não ter conseguido postar. Seria injusto privar o leitor do Boca do texto da Célia. Lá vai:

Não consegui colocar no seu blog. Mas lá vai:

Reza a lenda que a Rainha Mãe (legendária e mais simpática figura da monarquia britânica, mãe de Elizabeth II) procedia da seguinte forma: gelava o copo com gelo e descartava. Na seqüência pingava algumas gotas de vermute e as descartava igualmente, sacudindo a taça vigorosamente em movimento de centrifugação. Para garantir, é claro, que TODO o excesso sumisse de sua vista. Só então juntava o gim. Então sorvia.
Devia ter suas razões. E viveu alegremente, semi-ébria, até os 101 anos.
Valeu, Célia. Obrigado!!!!!!!!!!!!!!!

Vodca

Não sou grande fã de vodca, entretanto, há duas fórmulas mágicas.
Fórmula 1 ( esta fórmula 1 é mto mais estimulante do que ficar vendo carro passar na TV e ouvir jargões do tipo voando baixo)
Ter sempre no congelador uma vodca de ótima qualidade. Ter os copinhos fininhos próprios. Sexta-feira à noite ou sabadão à noite. Banho tomado, barba feita, porta da frente da casa aberta. Pegar no congelador a vodca. Encher o copinho. Colocar
a Vodca de novo no congelador. Tomar a vodca em dois goles. Sair e trancar a porta.Você não vai bater o carro, nem nada, mas vai se sentir o dono da Noite.

Fórmula 2 (essa eu li em uma entrevista do Thomaz (acho que é assim) Souto Correa.
Diz ele algo como: se você tomar ( eu sugiro o mesmo copinho) às vezes uma vodca com duas gotas de Tabasco, talvez vc viva menos, mas vai viver muito mais feliz!!!!

Não sou grande tomador de vodca, mas super endosso ambas as fórmulas.

Omelete do Santoro e do Ministro; Dry Martini do Juca de Oliveira

De 22.06.07

No filme NÃO POR ACASO, em dois momentos são feitas omeletes (acabei de descobrir no meu Aurélio eletrônico que é feminino – desconfiava, mas achava pedante falar uma omelete). Na peça ÀS FAVAS COM OS ESCRÚPULOS, Bernardo, senador super-ultra corrupto, vivido por Juca de Oliveira, prepara um dry Martini. Tanto a peça quanto o filme são legais.

Do ponto de vista da gastronomia e coquetelaria,entretanto, a produção do filme mostra-se muito mais cuidadosa. Sei que ninguém vai ao cinema ou teatro prestar atenção ao que os atores/personagens comem ou bebem. Também não fui para isso; de qualquer forma, é divertido escrever (espero que ler também seja) sobre o tema. Aliás, pode ser até didático, já que no final deixo receita de omelete e dry Martini fabulosos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Não vejam aí falta de modéstia, pois não sou eu o autor/idealizador de qualquer das duas fórmulas mágicas – nem da omelete, muito menos do dry Martini.

Logo no começo do filme, a personagem da mulher de Pedro, vivido por Rodrigo Santoro, prepara uma omelete e dá, de mão beijada, o grande segredo, em geral sempre boicotado por ciumentas cozinheiras quando passam a diante suas receitas. O segredo, nesse caso, é um mero detalhe que fará toda a diferença no resultado final. Didaticamente, a personagem explica que é fundamental bater as claras sem as gemas (estas serão apenas misturadas no final muito suavemente), o que garantirá uma leveza especial como se fosse um suflê, faz questão de frisar a simpática e bonita atriz. Ainda para garantir mais leveza, quando as beiradas já estiverem cozidas devem ser levantadas para que o ar penetre embaixo da omelete.

O primeiro detalhe (bater as claras separadas das gemas) eu aprendi com Maria Alice Neves, zelosa quituteira amadora, amante da boa cozinha, amiga da mulher do meu pai. Mas também paguei legal o truque. Xeroquei e enviei para Maria Alice uma receita de Rabanadas que não existe igual no Universo. Fazer rabanadas, não faço. Aí já deixaria de ser gastrônomo amador para me transformar em quituteiro. Nada contra, mas do jeito que sou desajeitado, não teria o menor sucesso. De qualquer forma, quem tiver interesse, deixo aqui o endereço da receita http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2112200637.htm

Quem não conseguir acessar, pode procurar na Folha de S. Paulo do dia 21/12/06 pag E6 – Ilustrada. Reiterando: não existe Rabanada igual no Universo.

O segundo detalhe da omelete, levantar as bordas, foi a Genoefa, amiga e personagem já conhecida dos leitores do Boca no Trombone, que me ensinou. No final do texto, conforme o prometido, a receita de omelete com finas ervas do meu grande e saudoso mestre da culinária, Antônio Houaiss, em quem sempre vou me apoiar aqui nessa coluna que pretende misturar de receitas de comadres com crônicas. Na próxima vez em que for usar receitas do nosso filólogo Houaiss, conto as passagens que tive a honra de ter com ele.

Passemos ao Dry Martini; afinal, nem só de omelete vive o homem, parodiando a gracinha dos anos 60 que, salvo engano, era nem só de caviar vive o homem. Aliás, dry Martini com canapés de caviar deve ficar fabuloso!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Coquetéis que levam bebidas de mesma densidade, como é o caso do Dry Martini, – gim e vermute (Martini) – são preparados em copo misturador – um copão alto (uns vinte centímetros de altura) com boca larga, misturados com uma elegantíssima collher de metal longa, chamada bailarina, jamais em coqueteleira, como erradamente acontece em As Favas com os Escrúpulos. Na peça, o que aconteceu, de fato, foi ÀS FAVAS COM O DRY MARTINI. Dry Martini, conforme diz o nome, é Seco, muito seco. Gelos chacoalhados na coqueteleira transformarão Dry Martini em Dilúvio Martini (com o perdão da gracinha).

E é exatamente aí que entram casos fabulosos de Dry Martini. Conforme se verá, essa bebida se compõe basicamente de gim, todo o resto/excessos é (são) heresias. Juca de Oliveira metralhou o dry Martini em sua coqueteleira.

O médico Flávio Generoso, amante dos coquetéis, disse que um conhecido tinha descoberto a quantidade exata que se coloca de vermute no Dry Martini. Explicava o amigo do Generoso:

– Pega-se uma garrafa de sifão, Noilly Prats, o melhor Martini que existe. Tem que ser sifão e tem que ser Noilly Prat. Coloca-se na garrafa de sifão um pouco de Martini. Vira-se para trás e espirra vermute na parede. É exatamente essa a quantidade de Martini que leva um bom dry Martini.

Danuza Leão é igualmente radical e precisa. Diz ela que a quantidade certa de Martini no coquetel é a seguinte:

– Pega-se o copo misturador com gelo e gim, aproxima-se da boca e sussurra-se: Martini. É o suficiente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Realmente trata-se de bebida fabulosa. Tenho duas frases que falam desse néctar. Coloco só uma:

– O mundo não é uma grande taça de Dry Martini. Infelizmente.

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Lá vão as receitas. Talvez haja excesso de detalhes, mas prefiro errar por excesso, até comprometendo meu texto, a errar por omissão. Um dia conto omissões absolutamente incríveis que encontrei em livros de gastronomia de renomadíssimos autores, inclusive, meu querido mestre Houaiss.

Omelete para uma pessoa

Ingredientes

– 2 ovos crus

– Uma colher de sopa de Salsinha, lavada, bem seca, bem picada

-Meia colher de sopa (até um pouco menos) de cebolinha, idem, idem, idem

– uma pitada de tomilho seco

– uma pitada de pimenta do reino branca em pó (ideal seria moída na hora)

– sal a gosto – uma pitada, uma pitada e meia (gosto de comida com pouco sal; minha saúde agradece)

– uma colher de café de manteiga derretida (para misturar na omelete)

– uma colher e meia de sopa de manteiga para Fazer a omelete

Utensílios

Frigideira antiaderente. com aproximados 15 cm de diâmetro

Duas espátulas ou escumadeiras de plástico (para não arranhar a frigideira)

Travessa de louça ou pirex médio,

Garfo

Preparo

Derreter na mesma frigideira a porção menor de manteiga (a colher de café)

Separar as claras das Gemas.

Colocar só as claras na travessa. Bater com garfo bastante, mas não para virar clara em neve.  Aí colar as gemas e misturar, sem bater mais.

Colocar sobre as claras e gemas  misturadas a manteiga derretida, o sal, a salsinha, a cebolinha, a pimenta do reino, o tomilho e as gemas. Misturar levemente o todo.

Derreter a manteiga na frigideira no fogo alto.

Colocar na frigideira tudo o que foi misturado na travessa.

Quando as beiradas da omelete começarem a ficar duras, vá levantado por toda a extensão para que o ar penetre e dê mais leveza ao prato.

Em seguida, quando perceber que o centro também já está consistente, abaixe o fogo e, com as duas espátulas/escumadeiras vá enrolando a omelete.

Dessa maneira, tem-se uma “omelete bem molhadinha, isto é, internamente baveuse. Se se quiser que ela fique mais sequinha, é só virá-la e fritá-la também na segunda face, para depois então dobrá-la pouco a pouco”, nas bem cuidadas e precisas palavras do Ministro Houaiss.

Pão francês em rodelas, manteiga e uma saladinha simples para acompanhar.

Comer essa omelete sem uma saladinha é heresia. Assim, lá vai a receita.

Saladinha simples para uma pessoa

Ingredientes

– Duas folhas de alface americana rasgadas e muito bem lavadas e muito secas – no secador de folhas.

– Meio tomate pequeno, muito bem lavado, seco com um pano de louça ,cortado em rodelas finas. Essas rodelas finas obrigatoriamente tem que ser secas novamente em guardanapo ou toalha de papel. Obrigatoriamente!!!!!!!! Esse truque aprendi com a belíssima chef, ex top model, minha conhecida, Rita Lobo.

– Uma rodela nem grossa nem fina de cebola separada em anéis.

Duas colheres de sopa Azeite extra-virgem.

Meia colher de sobremesa de vinagre de ótima qualidade – se possível, o que eu produzo (um dia conto detalhes)

Duas pitadas de sal.

Duas pitadas de orégano – só sobre as rodelas de tomate.

Montagem do Prato

Colocar as folhas de alface, as rodelas de tomate, os anéis de cebola, temperar com azeite, o vinagre, o sal, e o orégano – orégano só sobre o tomate.

Ao lado, colocar a omelete.

Pão, manteiga e cerveja para acompanhar.

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DRY MARTINI – para outro dia, para iniciar outros jantares ou outras manhãs delirantes… Não bebo durante o dia, mas para quem bebe….

Utensílios para preparar o Dry Martini

– Copo misturador

– Bailarina (a elegante e longa colher de metal)

– Passador (espécie de coador para tirar a água do misturador e para servir a bebida)

-Taça própria para dry Martini, evidentemente

– Pegador de gelo (dispensável, sempre presumindo-se que a mão esteja lavada e sem mto cheiro de sabonete)

Bebidas e ingredientes em geral – Para uma pessoa

– Gim Tranquerei

– Vermute Noilly Prat

– Gelo (cerca de uns doze cubos de gelo

– uma lasquinha de casca de limão

Explicações Necessárias

Aquele medidor de dose de uísque de bares pessoas físicas só devem ter como curiosidade. O medidor é apenas para quem vai cobrar pelo que está oferecendo. Bebidas se servem a olho. No preparo de coquetéis, fala-se em partes. No começo, talvez haja algum desperdício; a partir do terceiro, a precisão começa a aparecer.

Dry Martini bebe-se muito gelado e, paradoxalmente, sempre sem gelo. Para tanto, lá vai o começo da receita, colocar uma ou duas pedras de gelo na taça e girar para que a taça fique gelada.

Colocar umas oito pedras de gelo no Copo misturador (copão alto) e mexer com a bailarina para que o copo fique gelado.

Preparo do Dry Martini

Jogar fora a água que se formou no copo misturador. Coloca-se o passador e deseja-se essa água no balde de gelo.

Jogar fora o gelo – e água que se formou – na taça.

Despejar o gim sobre os cubos de gelo. Colocar o Vermute Noilly Prat – a olho – 1/7 da quantidade que usou de gim – . Misturar suavemente com a bailarina para gelar bem. Colocar o passador e despejar o dry Martini na Taça.

Torcer a casquinha de limão e por na taça.

Beber e usufruir muito!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!