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Dia dos Namorados – Jante em Casa e Fuja do Estresse

Ano Passado, às vésperas do dia dos Namorados, publiquei aqui – no Boca – Cardápio,  receitas e sugestão de bebidas para comemorar a data.  Repito o texto de abertura, mas mudo o cardápio.
Dessa vez será:
melão com presunto cru – essa entrada, grande coringa, permanece; 

Camarão com creme de leite e arroz com  damasco embebido no vinho branco; 

sorvete de iogurte e aveia ou
mini-doces comprados em  confeitarias ou até mesmo em qualquer boa padaria,

Lá vai o texto de abertura:
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Desfrutar de jantar sossegado em romântico restaurante no dia dos namorados é tão improvável quanto você jogar uma moeda para o alto e ela cair em pé.

Alguns restaurantes tentam equacionar o caos e programam dois turnos: o primeiro começando por volta das oito e meia e o segundo, dez e meia. Aí então é que vira filme de terror. Só lá pelas nove e meia, nove e quarenta, é que começa a chegar o pessoal do primeiro turno.

O que era para ser sossego  transforma-se em puro estresse. Garçons e maîtres, tentando apagar incêndios inevitáveis, dão desculpas absurdas ; os pontuais do segundo turno se irritam ao constatar que vão fazer papel de palhaços, já que a mesa que reservaram está ocupada por casal que ainda nem terminou o couvert, e por aí vai. Nesse contexto, as possibilidades de aborrecimentos são praticamente infinitas; o que deveria ser prazer, vira verdadeiro martírio.

Mas relaxe!!! Existe maneira civilizada para comemorar noite tão romântica: preparar em casa mesmo um jantar bem caprichado e prático para seu/sua namorado(a).

Dado estatístico: mais de um terço dos domicílios atuais urbanos são ocupados por uma só pessoa.
Assim, há uma considerável chance de cada casal de namorados dispor de cenário perfeito, quer na casa dele, quer na casa dela. Vantagem adicional importante: escapar também da fila no motel depois.

A felicidade existe mas requer planejamento simples. Basta sacrificar menos de uma hora  desses dois dias que antecedem a data  para as compras, pouquíssimos minutos da véspera e vinte minutos na própria noite do dia 12 . Pronto – o melhor dia dos Namorados está garantido.

Lembre-se: criatividade é também altamente afrodisíaca.

Boca no Trombone, que adora largar o trombone e meter a boca na botija, preparou cardápio perfeito, com sugestão de vinhos para fazer harmonização adequada durante todo o jantar, lista de compras, bem como as receitas simples e práticas.

Praticamente todas as compras, excetuando-se o camarão, podem ser feitas no supermercado Santa Luzia, o que facilita a vida de todo mundo.
Sta Luzia – Al. Lorena 1471- das 8 às 20,45 hs de 2.Feira  a sábado.
Atenção – Dia 11, quinta-feira, estará fechado. Fone 3897-5000 e 389750-33 bebidas. Marcelo, Roberval, Bruno, Cassiano Gabriel cuidam dos vinhos no Santa Luzia.
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A seguir, o cardápio, com sugestão de vinhos para cada prato (assim já vai dando água na boca); depois, as receitas e, finalmente, a lista de compras,
Não se esqueça do vasinho de flor baixo para colocar no centro da mesa.
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Daqui pra frente é o cardápio desse ano de 2009.
Entrada:
Melão com presunto cru
Bebida – JEREZ  Tio Pepe
Garrafa R$ 90,00
Prato Principal:
Camarão com Creme                                                                                                                
Acompanhamento
Arroz branco cozido (comprar pronto) com damasco embebido em vinho branco.
Bebida – Vinho Chardonais (Potente) Tarapacá Primeira Gran Reserva – R$ 57,00 (o chardonais da Tarapacá é sempre premiado). Ver  Relação custo benefício muito boa.
 Servir gelado.
Sobremesa
Sorvete de Iogurte e aveia
Vinho de sobremesa. Late Harvest Tarapacá – Corte de Sauvigno blanc com Gewurztraminer. Garrafa 500 ml . Preço R$ 29,40.  

2. Opção,  mais prática.
“Poupourri” de mini-doces, comprados em qualquer boa padaria.
Vinho do Porto Fonseca Pin 27 – Vai bem com doces a base de ovos e chocolate.  Foi dois anos campeão em revista de Gastronomia servir temperatura ambiente. Preço R$ 61,00

A Harmonização dos  pratos  com respectivos vinhos  foi sugerida pelo competentíssimo e Simpático Marcelo, responsável pelo setor de bebidas do Sta Luzia.
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Observação – Naturalmente, haverá sobra de bebidas. De qualquer forma, bebida nunca se perde. Devolver o Jerez para a geladeira. O vinho branco ainda poderá ser usado no dia seguinte, guardado na geladeira (mas não vai sobrar)  e o Porto também poderá ser usado ainda ao longo de vários dias. O ideal é que nunca sobre vinho.

MELÃO COM PRESUNTO CRU
Ingredientes
2 fatias médias de melão Maduro –
80 grs aproximadamente de presunto cru cortado em fatias finas..
Pré-preparo (uma hora antes do jantar)
Tire o presunto da geladeira.
Com uma faca bem afiada, corte as duas fatias do Melão no sentido longitudinal. Tire o melão da casca (fundamental questão de higiene)
Coloque cada fatia de melão em um prato de sobremesa. Faça pequenos cortes perpendiculares nas fatias previamente cortadas, separando-as em pedaços menores. Mantenha em pé esses pedaços cortados. Separe, sempre de pé e juntos, uma metade da outra desses pedaços. Em frente a cada metade, coloque duas fatias de presunto cru.
* Obs1: Pratos frios significam pratos servidos na temperatura ambiente e nunca tirados da geladeira e imediatamente consumidos
*Obs2: Acomode o pratinho de sobremesa sobre o prato grande. Para que o pratinho não fique dançando, coloque entre os dois um guardanapo de papel pequeno branco.
Prato Principal
Camarão com creme*
Acompanhamento:
Arroz com damasco embebido no vinho branco.

Ingredientes Camarão

-750 gramas de camarões médios limpos e sem casca e escorridos e “enxugados” em guardanapo de papel ou pano de prato limpo.
– 3,5 xícaras de creme de leite
–  1 colher de sopa  cheia de manteiga – temperatura ambiente –
– 1 colher de sopa de salsa, cebolinha fina
–  meia colher de sopa  de estragão seco
– 2 colheres de chá de páprica picante.
– Pimenta do reino
– Sal

Ingredientes para o Arroz com damasco.

–  Quatro xícaras de arroz previamente cozido.
–   Três colheres de sopa de damascos picados bem miudinhos embebidos em meio copo de vinho branco seco comum.

Preparo do Camarão – À tarde ou à noitinha, antes do jantar.

Polvilhe o camarão, limpo e seco,  com sal e pimenta.
Misture o creme de leite com a manteiga, as ervas(inclusive estragão) e os camarões e leve em uma panela pequena.  Coloque essa panela pequena em uma panela grande com água fervendo. Deixe cozinhar por cerca de vinte minutos no fogo brando – banho-maria.

No momento de servir, aqueça bem a panelinha do camarão direto no fogo brando.

Polvilhe com a páprica na hora de servir.
Preparo do Arroz – à tarde ou à noitinha, aquecer mais um pouco na hora de servir

Aquecer o arroz, misturar  com os damascos picados em um pouquinho de água e no próprio vinho. 
Aquecer bem.

Montagem do Prato

Colocar o arroz em uma forma.  Virar a forma em um canto do prato (como se prato redondo tivesse canto) e na frente colocar o camarão com creme.
Fonte Livro* 1001 Receitas – Ana Judith de Carvalho, Hilda Velasco de Carvalho e Marta Bebianno Costa. Editora Nova Fronteira

Sobremesa.
Repetindo, mini-doces das boas padarias,da Santa Luzia,  são bem mais práticos.

Sorvete de Iogurte e aveia.*

Ingredientes
– 30 gramas de amêndoas peladas e bem picadas.
– 30 g de aveia em flocos.
-15 gramas de açúcar mascavo
– Raspas de meio limão
– Suco de meio limão
120 grs de iogurte natural desnatado.
Pouco mais de meia chícara de creme de chantili
1 colher de sopa de amêndoas em tiras e tostadas.

Preparo – À tarde ou a noitinha antes do jantar.

Misture as amêndoas picadas e a aveia.  Ponha rapidamente no fogo brando para torrar, mexendo sempre. Deixe esfriar.

Misture o açúcar com as raspas e o suco de limão.  Junte o iogurte e a  e a mistura de amêndoas, mexa e junte o chantili. Misture.

Divida em duas taças e coloque na geladeira até o momento de servir. Decore com as amêndoas em tiras.
* Fonte – Livro Receitas de Alimentos Naturais. Editora Melhoramentos – 1982 – Carole Handslip
Desejo aos leitores e leitoras do Boca romântico e sensual dia dos Namorados

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LISTA DE COMPRAS
Imprima e leve ao supermercado
.

Melão
80  grs presunto cru.    

-750 gramas de camarões médios limpos e sem casca e escorridos e.
– creme de leite
–  manteiga –
– Salsa, ceboninha fina
–  Estragão seco
– Páprica picante.
– Pimenta do reino
– Sal

–  Meio quilo de arroz pronto. –  

70/80 grs de damasco.

Meia garrafa de vinho branco seco para cozinhar.
Bebida JEREZ  Tio Pepe – Garrafa R$ 90,00
Bebida –Vinho Chardonais (Potente) Tarapacá Primeira Gran Reserva – R$ 57,00 (o chardonais da Tarapacá é sempre premiado).

Vinho de sobremesa. Late Harvest Tarapacá – Corte de Sauvigno blanc com Gewurztraminer. Garrafa 500 ml . Preço R$ 29,40  

amêndoas peladas e bem picadas.
aveia em flocos.
açúcar mascavo
Limão
1 copinho de iogurte natural desnatado
120 gras de iogurte natural desnatado.
200 grs creme de chantili
1 colher de sopa de amêndoas em tiras e tostadas
Ou
Pequena seleção de Mini-doces
Não esquecer da florzinha baixa para a mesa

Boas compras – o esforço é pequeno  e a prazer  será imenso!!!!!!!!!!

MORUMBI: ESTÁDIO GRANDE OU ALEIJÃO???

 Independentemente de ser corintiano, sempre achei muito engraçado, e até bastante rídiculo, o orgulho que sãopaulinos têm do seu G I G A N T E – G R O T E S C O  estádio.   Ao que parece, agora, conto com o endosso da Fifa.  Aspectos políticos e técnicos da coisa podem ser lidos na reportagem da Folha On Line. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0306200906.htm,  

Não precisa ser arquiteto ou paisagista para, numa mera passada de olhos por fotos de Estádios Europeus, perceber que o Morumbi é uma I M E N S A  e  I N F A M E  piada de mau gosto.  Assistir a uma partida no Pacaembu é uma coisa; no Morumby, outra (ainda que os torcedores levem binóculos).  De resto, também o Pacaembu não dá nem para comparar com os estádios da Europa. 

Fui a um show do Michael Jackson no Morumbi.  Era uma manchinha (não vou dizer preta nem branca para não ser racista e nem retomar piada velha) dançante!!!

Tão logo começaram as vendas para o show dos Rolling Stones, mesmo conformado que veria cinco manchinhas dançando naquele fabuloso palco montado no faraônico Morumbi, comprei ingresso.  Deus foi generoso comigo: o show foi transferido para o Pacaembu e deu para desfrutar daquela maravilha de música e pirotecnia.   

Quanto ao argumento de ser grande, uma simples pergunta: se a Gisele Bündchen tivesse, não os seus considerávies 1,80 ms de altura, mas 2,50 ms, ela continuaria a ser o que é??? 

Especialistas em Futebol e Mulheres (leia-se: todos os homens do Brasil) manifestem, pois, suas opiniões!!!

O Sol e a Deusa nas Bancas de Revistas

Nas capas de revistas que forram as bancas de jornais, não há uma única mulher bonita.  São Todas Lindas.  Talvez  seja essa a  principal  razão de Caetano Veloso, há cerca de quarenta anos, ter cantado: “o sol nas bancas de revista me enche de alegria e preguiça” …

Gisele, entretanto,  tal qual gaivota,  ali,  na mesma banca,   plana vôo infinitos  pés acima,  depois das nuvens,  pertinho dos anjos, pertinho de Deus… 

Eles se entendem.  Eles se merecem!!!

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http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/43867/  – Alegria, Alegria -Música do Caetano Citada

Fico devendo uma foto, absolutamente dispensável – já que todos temos a imagem dela clara  alegrando nossas  retinas e corações

Ambulantes e Pedintes

Em um dos principais cruzamentos de Pinheiros,  há uns sete anos,  sujeito magro e alto perambulava entre os carros esperando o sinal abrir com uma plaquinha  no peito:  desempregado há dois meses, peço sua ajuda.  Hoje, ele continua no bairro com a plaquinha: dempregado há sete anos,  peço sua ajuda.  Dizem que ele mora na região, é aposentado, e sua filha tem um Corsa.  Se é verdade, não sei.

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No semáforo da República do Líbano em frente ao portão do Parque do Ibirapuera, sou abordado por um homem aleijado que pede dinheiro.  Dou-lhe uma moeda de um Real.  O sujeito comenta:

– Você sabia que tem muita moeda de um Real falsa???  Essa mesmo que você me deu é falsa!!!

Respondo que não tem problema.  Bastava que ele me devolvesse a moeda.  Ele diz que não e se afasta.
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Em frente ao supermercado, sujeito aborda  mulher,  comunica (porque eles comunicam e ponto final)  que vai tomar conta do carro e já dá o valor do serviço:

– A senhora me traz um pacote de fraldas descartáveis GG (gg é o tamanho – extra-grande).

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Dr. Breno, fabuloso psicanalista, tinha um exemplo perfeito   para ilustrar que muita gente (aliás, muito mais do que se imagina) não consegue aceitar o bom dos outros, ser alvo da bondade alheia. 

Ele contava que uma senhora iria receber uma amiga para  o almoço. A empregada havia preparado  frango assado, com arroz, farofa, batatas douradas e  verdura refogada.  Acontece que era um frango ligeiramente mais escuro e a convidada só gostava de carne branca.  A anfitriã decide fazer um macarrrão na manteiga.  Nisso, um  mendigo toca a campainha e a dona da casa prepara um belo prato com o frango,  todos os acompanhamentos e entrega para o mendigo.

Indignado, o mendigo grita:

– Tá pensando que sou o que para comer urubu???

E, sem titubear, atira o prato no muro da casa.

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Domingo à tarde, no Jardim Europa,  uma negra forte, esparramada no chão, chorava copiosamente.  Parei para ver o que acontecia.  Ela me diz algo assim:

– Preciso de três vezes R$ 30,00 para pagar uma conta senão eu estou perdida, nem sei o que vai me acontecer!!!

Dou para ela R$ 15,00 e, paternalmente, aconselho que continue tentando até completar a quantia e, sentindo-me ligeiramente culpado por ter dado apenas parte do dinheiro, vou-me embora.

Dois domingos depois, a algumas quadras dali, encontro a mesma mulher, de novo esparramada pelo chão e, mais uma vez, chorando copiosamente.

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Em Pinheiros,  homem de meia idade  maltrapilho está sempre sentado pelas calçadas e esculpindo pequenos violões em madeira rústica. Dizem que  ele é advogado.  Seu filho foi assassinado em um assalto, salvo engano meu,  e ele desistiu de tudo.

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Na Alameda Barros, perto da Angélica, há muitos anos, mulato simpático, Edson,  com dificuldade para andar, está sempre por ali. Havia uma comida muito boa, coisa bem produzida,  na geladeira de casa.  Coloquei em um descartável, o mesmo em que levo alguma comidinha para meu pai e para  amigos(as) (afinal, sou gastrônomo – Glutão com dicionário, nas palavras do L.F. Veríssimo), e ofereci para ele.  Expliquei que havia feito para mim, mas iria jantar na casa de um amigo.  Perguntei se ele queria.  Ele respondeu que sim e que levaria a comida para almoçar em casa.

Comentei com meu pai que eu achava imensamente fabuloso o cara ter uma casa ali nas redondezas. 

Pois bem, noutro dia à noitinha, vejo o Edson no seu ponto habitual se ajeitando para passar a noite por ali. 

O presidente Lula se jacta de as coisas estarem bem melhores  para as classes C e D.  Gosto do presidente, até acredito nisso.  Esse episódio, entretanto, põe pulga atrás de minha orelha.

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Mas também há histórias bonitas e que não são tristes.

Carmosina, simpaticíssima crioula de 50 anos de idade, vende balas de goma no cruzamento da Argentina com a Brasil.  Vai passando pelos carros parados que esperam o sinal abrir e cumprimentando um por um, com sorrisos luminosos,  todos os motoristas, independente de terem ou não comprado  suas balas.  Já foi passadeira e até pedinte quando os filhos eram pequenos.  Ela explica a razão de seu sorriso: “A alegria é coisa que Deus nos deu.  Se tiver tristeza, a tristeza leva a gente para o buraco.  Já a alegria dá amigos para a gente”.  Deve ser verdade, já que de todos os motoristas que ela saúda, muitos retribuem carinhosamente sua simpatia cumprimentando-a e se despedindo dela quando o sinal abre.

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Fim de tarde gelado. No farol da Groelândia, a menina descalça vem vender biju. “Um é dois e dois é quatro”, diz na janela do carro. Com lógica, e chatice inerente, argumento que se um custa dois, logo, dois custam quatro. E com carinho, apesar da lógica, peço dois e lhe dou quatro cruzeiros (é cruzeiro mesmo, a história se passou há muitos anos). Ela me dá três saquinhos de biju. O sinal ainda vai demorar  para mudar. Quero devolver um saquinho. Insisto. Ela abre um sorriso lindíssimo, diz que quer me dar um biju. Desaparece. Nunca mais a vi. Mas aquele momento de fascínio não sairá da minha mente nem do meu coração.

Não é Imbecilidade. É paixão!!!

Torcedores viajarem alguns dias de ônibus para assistir à final do seu time sem o ingresso no bolso, apenas confiando em cartolas, e se verem obrigados a acompanhar o jogo ao lado do Estádio, mas pela televisão, como aconteceu com centenas de corintianos ontem no Recife, pode parecer total imbecilidade. Mas isso tem outro nome: paixão.

Há mais de trinta anos, fui de São Paulo ao Maracanã para assistir às quartas de final do Corinthians contra o Fluminense, salvo engano. Programa de fanático de carteirinha: o ônibus nos deixou na porta do Estádio quarenta minutos antes do Jogo e voltou para S. Paulo, meia hora depois de o jogo terminado. Cerca de 15 horas de viagem para assistir a 90 minutos de futebol.

Pois bem, adivinhe quem estava na torcida bravamente enfrentando todo esse sofrimento!!!

Sempre que me recordo desse fato, me emociono. Escrevendo a respeito, então, nem se fale.

Pensou??? Pense mais um pouco…

Resposta: Um cego!!!

E, como ontem, o Corinthians, mais uma vez , acabou perdendo!!!

Mas, graças a Deus, no Brasil inteiro continua nascendo corintiano. Eu não conheço, em S. Paulo, pelo menos, santista com menos de trinta anos de idade; ou seja, que tenha se tornado santista depois que o Pelé parou de jogar. Aliás, na época do Pelé, eu tinha vários conhecidos que se rotulavam sãopaulinos, mas “pelesistas”. Todos os corinthianos, logicamente, reconheciam Pelé como grande jogador. Mas continuávamos/continuamos corinthianos!!! E a torcida só faz crescer, mesmo com tanta adversidade!!!

Carta para Mino Carta e sua Olivetti

São Paulo, 1ª Semana de Janeiro de 2008.

Prezado Mino:

Chego de curta viagem e sou informado na página do Último Segundo do Ig que você deu merecidas férias para a máquina de escrever, privando todos nós de seus sempre perspicazes e oportunos comentários.

Sem querer ensinar o Padre Nosso ao vigário, afinal sou apenas ousado, jamais atrevido, faço-lhe oportuna sugestão. Que tal transformar as férias de sua Olivetti em aposentadoria definitiva??? Logicamente com todos os direitos que a lei lhe garante – como, por exemplo, levá-la periodicamente ao técnico que cuidará de sua boa saúde e funcionamento perfeito para que sempre possa dar conta do recado nos momentos de nostalgia que talvez venham a acometer o seu dono.

A Olivetti ficaria apenas para as horas de lazer, textos rapidíssimos, trabalho leve, em síntese. É lógico que você guarda ótimas recordações de tudo que já escreveu com ela. Minha Remington, que meu pai comprou para ele quando eu tinha uns três anos de idade, da qual me apossei ainda na Faculdade e que também me rendeu bons textos por cerca de doze anos, até aproximadamente meados da década de 80, já goza de aposentadoria há um bom tempo. Jamais vou abandoná-la.

Mas, voltando a sua insubstituível Olivetti, que tal escalar para essa posição um computador Pentium 4 com o Programa de Texto Word For Windows???

Todo esse nomão arrogante Pentiun – que as pessoas pronunciam de forma errada com T – (gente, a palavra é Latin, Pentiun deu origem a pensar. Esse t, é lido com som de s!!!) na verdade esconde uma doce e amiga ferramenta da qual ninguém mais pode prescindir.

Garanto que em menos de cinco dias você estará dominando com razoável destreza o computador. Reviverá a sensação que teve ao passar a utilizar a máquina ao invés da caneta. Ou seja, você será simplesmente incapaz de voltar a escrever longos textos com a máquina.

Tenho certeza quase absoluta de que Machado de Assis, ou qualquer outro grande escritor da era pré-computador, teria escrito muito mais e com mais qualidade ainda (como se isso fosse possível, no caso do Machado de Assis) se usasse essa maravilha, acessível a praticamente todas as pessoas do século 21.

Querendo, conte comigo para algumas poucas e definitivas horas de bate-papo e instruções diante do meu computador. Por favor, diga para sua Olivetti que a minha Remington poderá fazer-lhe companhia sempre que ela for tomada pelo mais tênue complexo de rejeição que seja.

Grande abraço em Você e sua histórica Olivetti.

Paulo Mayr

Cafezinho com Gabriel

De 05.09.07

John era um garotão espanhol cabeludo, desses típicos cidadãos do mundo. Parece que o pai lhe dera esse nome exatamente para facilitar as coisas onde quer que ele resolvesse montar – ainda que por curtíssimo espaço de tempo – acampamento.

Ele era brilhante professor de Espanhol de um caótico curso organizado pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. O curso, reitero, era o caos, mas o John, reitero, era ótimo. Para se ter uma idéia, havia uma turma que pagava regularmente, havia um professor, mas não havia sala de aula. Era uma coisa itinerante. Um dos locais arranjados frequentemente estava fechado. Nessas ocasiões, nos instalávamos na casa de uma das alunas que morava na vizinhança.

O espaço mais duradouro que ocupamos devia ser em uma casa, certamente sem Habite-se

Voltando ao John. Além de competente, ele era veloz. Veloz nas transformações em sua vida. Ele contou que já havia pertencido a uma organização religiosa de ultra-extrema-direita. Representando essa organização, ele travara longo debate com D. Pedro Cassaldáliga – Bispo do Araguaia – Adepto da teologia da libertação.

Alguns anos mais tarde, já então cabeludo e com roupas meio “hiposas”, ele estava no Memorial da América Latina. Encontra-se novamente com Cassaldáliga que o saudou animadamente e congratulou-se com John pela radical mudança. A inteligência e preparo do John já haviam impressionado o religioso. Com o novo visual, John ficou ainda mais encantador.

Cassaldáliga diz que está esperando um amigo e convida John para tomar um cafezinho com eles.

O amigo que ele estava esperando e que, de fato, apareceu para o café era Gabriel García Márquez.

“FLORES PARA MIM EM PARIS”

De 30.07.07

O marido ocupou todos os cargos políticos importantes do Brasil, exceto a presidência da República.

Mas eram dela as grandes tacadas na política do varejo. Muito antes do surgimento dos marqueteiros e gurus da comunicação, que vêm a cada dia mais dominando a cena nas campanhas eleitorais e até mesmo nos governos, ela já era doutora no assunto.

Na elegante mansão do casal no Jardim Europa, sobre o piano, estava sempre o retrato das filhas. Eram dois esses retratos. Em um deles, as meninas estavam com Carlos Lacerda e no segundo, com Carvalho Pinto. Conforme a visita que iriam receber, ela colocava uma ou outra fotografia.

Mas na promoção pessoal é que ela era imbatível.

Ia com freqüência a Paris.

Assim que estava definido o dia em que chegaria ao Plaza Athénée, onde sempre se hospedava, ela mesma, para mostrar seu prestígio aos funcionários e demais hóspedes do Hotel, já enviava para si própria diversos buquês e arranjos de flores, com cartões de imaginários amigos parisienses. As flores sempre chegavam um pouco na frente.

As Terças-Feiras vão Ter Cara de Segundas

De 24.07.07

Na televisão há dois desafios absolutamente antagônicos. A publicidade precisa dizer o máximo em mínimo espaço de tempo. A programação tem todo o tempo do mundo e precisa arranjar o que dizer, o que mostrar. Apelo para o bordão de personagem humorístico da própria TV, “Vou no popular” : a programação precisa “encher lingüiça”.

Com imensa competência e talento, as equipes de produção e os elencos de A Grande Família, A Diarista e Sob Nova Direção simplesmente destroem de forma impiedosa esse dogma.

Em cerca de 30/35 minutos, conseguem apresentar duas ou até três histórias fabulosas. Aliás, não é novidade para ninguém que o Brasil tem a melhor teledramaturgia do mundo.

Pois bem, todo esse meu entusiasmo foi drasticamente reduzido a 33,33%. Ao que tudo indica, o Sob Nova Direção já era. A Folha Ilustrada de hoje informa que a TV Globo anunciou que na semana que vem apresenta um último episódio de A Diarista neste ano. Aliás, hoje também não tem.

A Diarista só volta em Abril de 2008. Do atual elenco, permanecem apenas Cláudia Rodrigues (Marinete) e Sérgio Loroza (Figueirinha).

A simpática Dalila (Cláudia Mello), a estabanada e pouco esperta Solineuza (Dira Paes) desaparecem. Como desaparece também Ipanema, Helena Fernandes, deslumbrante mulher, que fica devendo à Gisele Bündchen “um ínfimo quase nada”.

Conhecido meu dizia que para atenuar aquela sensação que toma conta de todo mundo no comecinho da noite de domingo, deve-se assistir a um filme leve no cinema e comer uma Pizza depois (no Camelo, aí já é por minha conta). Após a Pizza, se ainda houvesse resquícios do tal sentimento, o Sob Nova Direção era perfeito.

Fazer o que, né??? Comer a Pizza com mais tempo para saborear e tomar um choppinho extra para compensar.

COMO EMPATAR O JOGO COM UM ÚNICO CHUTE

De 23.07.07

Alba Carvalho, minha amiga, jornalista brilhante, se divertia com cada barbaridade que eu enumerava cometida por Regina, nova parente que haviam acabado de me arrumar.

Contei para Alba que nos primeiros três minutos de conversa com Regina já começaram os incidentes, na verdade desastres de relacionamentos. Quando ela me disse que seu filho havia se formado em prestigiada faculdade, onde estudaram alguns conhecidos meus, mostrando interesse e até para puxar assunto, perguntei em que ano.

Como se eu tivesse feito a maior das agressões, Regina me pediu, em tom muito severo, que nunca mais em minha vida eu lhe fizesse qualquer pergunta que ela pudesse achar que eu estava querendo descobrir sua idade. Complicadíssimo, né???

Alba se divertia, ria muito e disse:

– Um a Zero para a Regina.

Contei o segundo episódio.

Em uma festa, Regina, que estava sentada em uma poltrona a uns três metros da mesa de centro onde se encontravam antepastos, pega uma torradinha e pede que eu encha uma colher com champignon a provençal (preparado em um monte de azeite) e vá com a ínfima colher até a torrada. Argumentei que não podia fazer aquilo porque iria derramar azeite para todo lado. Brava, Regina se levanta, diz que fora insultada e anuncia que vai embora imediatamente. O pior é que não foi!!!

A Alba, rindo mais ainda:

– Dois a zero para a Regina.

E a cada insolência/ranhetice que eu contava, a Alba se divertia e ia anunciando o placar que só fazia aumentar para a “exótica” Regina.

-Bem, Alba, aí eu fiz uma frase em homenagem a ela – eu disse.

– Que frase???, pergunta a Alba:

Mandei a frase:

– “Minha atitude com mulher chata é muito simples: se não é o meu o pau que ela chupa, também não há de ser o meu o saco que ela vai encher.”

Alba rachou de tanto rir e decretou:
– Bem, com essa, você empatou o jogo. Parabéns!!!!