Arquivo da categoria: Casos

Frase Ótima de Político

O caso/ frase abaixo  do Fólclore Político foi enviado por Fernando Pawlow, leitor assíduo do Boca, que prefere simplesmente ser chamado de Pawlow.  Ele diz que a citação já foi atribuída a Washington Luis e a Pinheiro Machado.   Mineiro, Fernando diz que nem sabe se um dos dois foi quem falou ou se  foi inventada por algum sujeito gozador.

A frase é muito boa.

Washington Luis, ou Machado,  estava no carro.  Do lado de fora, multidão aos gritos e protestos.  O Político ordena ao motorista:

“Nem tão depressa que pareça fuga,nem tão devagar que pareça provocação”.

+++++++++

Conheça o Blog do Pawlow.  Clique aqui

Casos de Tancredo Neves – Esse virou Metamitologia!!!

As histórias envolvendo Tancredo nem são mais do folclore.  Foram promovidas:  são da mitologia.  Essa então, que ninguém prova ser Tancredo o protagonisa, já  faria parte da metamitologia, mitologia em cima da mitologia.

Tancredo teria combinado com cinco amigos que  todos eles  levariam R$ 100,00 para pagar Caronte, barqueiro da  mitologia grega que leva “os mortos até o outro lado do Rio Estige, que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos.” Combinaram que nos velórios, cada um dos amigos  colocaria R$ 20,00 na mão do morto para ele pagar pela travessia.

Na morte do primeiro, todos os quatro cumprem  o combinado.  Tancredo recolhe as quatro notas de R$ 20,00 e preenche um cheque de R$ 100, 00 que põe na mão do morto.

Olha, se o Tancredo fez ou não fez isso, ninguém nunca vai saber!!! Mas eu acho que deveria ter feito, sim. Tem o mesmo charme que dizer para o espertinho:

– Exatamente, você diga que eu o convidei e você não aceitou.

Se quiser ler  a respeito do convite que nunca foi feito, clique aqui

++++++

Infelizmente, acabaram-se os casos que eu conhecia envolvendo o sagaz Tancredo Neves.  Quem conhecer outros, pode me mandar.  Pesquiso se não se trata de metamitologia e publico

Casos de Tancredo Neves – O primeiro. Convite!!!

A habilidade de   Tancredo Neves  com as palavras e na arte da política  fariam  Neymar parecer um principiante sofrível  com  a bola nos pés.

Um exemplo???

Desde que entrou na política, Maluf foi ladrilhando, por quase trinta anos,  pedrinha por pedrinha o caminho que o levaria à Presidência da República via colégio eleitoral em 1985.

Pois bem, em pouquíssimo tempo de campanha junto ao Colégio eleitoral,   Tancredo faz  implodir o trabalho de décadas de Maluf, sendo ele o escolhido para Presidente.  Não toma posse por motivos de saúde.  Sarney, seu vice, assume.

Com esse grau de habilidade no atacado, imagine a fera no varejinho do dia-a-dia da política.

Lendas   ou  verdades, há três episódios formidáveis.  Hoje, apenas um deles.  Talvez seja o mais engraçado, mas os outros dois também são razoáveis.

Tancredo havia sido eleito para governador,  ou outro cargo do executivo.

Chega para ele um político, com aquela conversinha típica de político  e lhe diz, tentando jogar verde para colher maduro.

– Governador, ouvi dizer que o senhor está pensando em mim para a chefia da Casa Civil.

Tancredo não teve dúvidas.

– Exatamente, meu filho.  Você diga que eu o convidei e que você não aceitou!!!

Consideração Pelo Prefeito

Meu pai, desde os tempos de Faculdade, sempre participou da política.  Era amigo do Presidente Jânio, do  prefeito Faria Lima,  do governador  Roberto Sodré, aliás, padrinho do meu pai de casamento, de deputados, enfim, de todo o mundo político.

Naquele tempo, não havia a obsessão por segurança que existe hoje.  Certamente que a prefeitura e o governo do estado  mantinham, ligada ao gabinete,  uma pequena estrutura militar/policial.  Mas com freqüência, ele e o prefeito Faria Lima saiam os dois sozinhos, sobretudo à noite, quando o Brigadeiro,  como era chamado pelos que conhecia há mais tempo, gostava de passar/fiscalizar  as  inúmeras obras que vieram remodelar a cidade (avenida 23 de Maio, Rubem Berta, o alargamento da Rua Iguatemi, depois rebatizada com o nome de Av. Brigadeiro Faria Lima, Praça Roosvelt, entre outras).

Um conhecido dele e do prefeito Faria Lima estava desconfiado de  que a mulher o traía. Sabendo dessa pequena estrutura de polícia/investigadores de que dispunham,  pediu   que eles colocassem alguém  para seguir a mulher.

O prefeito passou a bola para meu pai que conseguiu o sujeito para fazer o serviço.

Alguns dias depois, missão cumprida,  o investigador marca com meu pai para falar sobre o assunto.

Foi direto:

– Doutor, a mulher dá para todo mundo.  Só não comi em consideração ao senhor e ao prefeito!!!

CHATO

Conhecido meu é muiiiito chato, muito chato mesmo!!!

Você está achando que é   exagero meu???

Pois bem, lá pelos cinquenta e poucos  anos, depois de um divórcio, ele resolve  morar junto com a namorada.

Fazem uma festa para comunicar e  comemorar a decisão e vaijam  para a Europa na sexta-feira,  para a Lua de Mel.

Na segunda-feira, a mulher volta sozinha para o Brasil.

Aliás, uma vez falei para outra namorada dele.

– Joana,   lembre-se do que diz minha  amiga Alba Carvalho:   “Chato não é envelhecer sozinha, chato é envelhecer com um chato ao lado.”

A que embarcou na dele, e  embarcou de volta correndo   para o  Brasil,   que o diga!!!  Ou melhor, que não o diga, já que ela não suportou ficar nem três dias com a fera.

Saudades…

Eu e Denise, minha namorada, em uma cantina com decoração muito bem cuidada. Na parede, junto à nossa mesa, o retrato da Catherine Deneuve, belíssima . Comento qualquer coisa sobre o retrato e ela diz que não era a atriz. Pergunto ao garçon que nada responde e desaparece. Momentos depois, surge o dono, muito gentil, querendo saber se tínhamos algum problema. Eu explico que não havia problema algum. Apenas que Denise teimava em dizer que a fotografia não era da Catherine Deneuve. O dono do restaurante, sujeito muito bonito, olha morrendo de saudades para o retrato e diz:
– Ela foi minha mulher…

Frio e Fascínio na Groenlândia

Fim de tarde gelado. No farol da Groelândia, a menina descalça vem vender biju. “Um é dois e dois é quatro”, diz na janela do carro. Com lógica, e chatice inerente, argumento que se um custa dois, logo, dois custam quatro. E com carinho, apesar da lógica, peço dois e lhe entrego quatro cruzeiros. Ela me dá três saquinhos de biju. O sinal ainda vai demorar para mudar. Quero devolver um saquinho. Insisto. Ela abre um sorriso lindíssimo, diz que quer me dar um biju. Desaparece. Nunca mais a vi. Mas aquele momento de fascínio não sairá da minha mente nem do meu coração.

PARADOXOS MARAVILHOSOS

Casos paradoxais  hilários e maravilhosos.

Farael é  amigo inteligente, mas um pouco enrolado,  com quem desenvolvi  projeto de edição de um livro.

Lá pelas tantas, ele dá o seguinte título para o Arquivo do Word e também para aquele estágio do texto:

VERSÃO DEFINITIVA PROVISÓRIA.

O saudoso Ministro da Desburucratização, Hélio Beltrão,  contava que na Cruzada que emprendera no cargo, a coisa mais fabulosa que havia visto era um carimbo  com os Seguintes Dizeres:

PROIBIDO CARIMBAR

Categoria Casos – No Boca – Reaberta; O Primeiro com Sílvia Poppovic

Há algum tempo Fernando Pawlow, que prefere ser chamado simplesmente de Pawlow,  um dos leitores mais fiéis e atentos do Boca, vem insistindo para que eu publique  os  casos que conheço de jornalistas, políticos, artistas  e ainda passagens corriqueiras, porém curiosas, da minha vida, de amigos e conhecidos.

Na verdade, já tenho uma categoria (capítulo) no blog Intitulada Casos.  Ou seja, o que preciso mesmo é revigorar/reinaugurar essa área do blog.  Já citei esse fato, a sugestão do Pawlow; se  quiser ler, clique aqui

Para marcar essa nova etapa da Categoria Casos, descrevi recentemente   dois episódios dos tempos de Faculdade   que tiveram Silvia Poppovic como protagonista.  Ela leu a primeira versão, sugeriu mudanças ínfimas;  enviei-lhe  o novo texto que foi aprovado sem qualquer reparo.

Embora já tenham me ocorrido episódios novos para narrar, um inclusive a partir da troca de emails com o próprio Pawlow,  vou usar de pequeno artifício para alimentar a reinaugurada seção de casos.

Logo no primeiro mês de vida do Boca, publiquei uma meia dúzia de contos e ainda, em um único post,  para o qual dei o nome de Cenas, cerca de 20, 25 histórias rápidas e despretensiosas (aliás, tudo que escrevo aqui é despretensioso – essas historinhas, mais ainda).  Pois bem, vou subtrair esse post do Blog e voltar a colocar esses casos um a um.  Não para encher lingüiça, mas para valorizar cada episódio  o quanto  ele merece.

Se quiser, antes de começar a leitura, dê uma olhada no blog do Pawlow, clique aqui

Como foi dito, o primeiro episódio tem Silvia Poppovic como protagonista.  Lá vai.

A Sílvia Poppovic de Sempre

Sílvia Poppovic sempre foi a Sílvia Poppovic que você conhece.  Meu saudoso irmão Beto, Antônio Roberto Sampaio Dória, você não conheceu,  mas quase todos os profissionais do Direito das décadas de 60,70, 80 e comecinho de 90 o conheceram:  com 26 anos, era Professor do Largo São Francisco e com 32, salvo imenso engano meu, tornou-se o mais jovem catedrático da Universidade de São Paulo.

O Beto era muito inteligente, obstinado,  mas ia fazer uma brincadeira e a coisa virava  desastre.  Entretanto,  nas ocasiões  decisivas e até perigosas,  que já enfrentamos juntos, saía-se bem e, por incrível que pareça,  com muito  humor.

Eu era o irmão  homem caçula, o queridinho do Beto,   que também  era meu padrinho de batismo.  Talvez ele nos visse trabalhando juntos nos diversos poderosos escritórios de advocacia dos quais foi sócio a vida toda.

Mas eu decidi fazer jornalismo e, quem sabe,  isso o tenha frustrado um pouco.

Na ECA, Escola de Comunicações e Artes,  quiçá em toda a Cidade Universitária, e até mesmo na USP inteira,   Ramio  era o xodó.   Muito, mas muito culto mesmo com seus   apenas 20 anos de idade, também se destacava na liderança do  Movimento Estudantil que  estava ressurgindo.    Cabelos longos até os ombros e barba,   Ramio  tinha o visual  hippie, tão em moda na época.  Não só o visual, como razoável   aversão a banhos, faziam dele um semi-hippie, já que morava com a  família muito bem estruturada, pai médico,   e sempre chegava à Faculdade de Carro.

Sílvia Poppovic também estudou na minha turma e de Ramio.   Aliás, eu já havia sido colega de classe  da Sílvia no terceiro colegial,  no  Equipe.

Característica da Sílvia sempre foi a espontaneidade,  falar o que lhe desse vontade.

Outro parêntese, Sílvia tinha uma definição muito boa.  Dizia ela:

– Guiar, escrever à máquina (hj seria operar computador) e falar inglês não são méritos.  É obrigação.

Graças a Deus e ao meu esforço, sei todas as quatro, já que até  curso de datilografia eu fiz.  Meu pai acrescenta ainda nadar, como indispensável. Concordo.

Voltando, em 1975, no meu aniversário,  Sílvia e meu saudoso irmão Beto travaram uma boa polêmica, exatamente a respeito da profissão de jornalista.   Na hora do Bolo, um delicioso bolo de chocolate,   Beto  dá um prato para a Sílvia.  Divertindo-se, ela diz que não iria comer o bolo que ele havia cortado  e que tampouco  qualquer  colega de faculdade  aceitaria aquele pedaço.

Beto passou o bolo para outro amigo meu que ele já conhecia há muitos anos e sabia não ser da turma da Sílvia.

Comentei esses dias com a Sílvia e ela disse que deve ter sofrido, já que sempre adorou bolo de chocolate.  Aí, eu disse  que ela comeu outro pedaço de bolo, cortado por outra pessoa.

Voltando ao nosso líder  da USP.

Um dia Ramio aparece na faculdade, com seus longos cabelos molhados,   cara de quem havia saído do chuveiro momentos antes.

Sílvia fala:

–  Que bonitinho,  camisa branquinha, macacão passado…

E não pensa duas vezes.

Encosta a cabeça no ombro de Ramio, com o nariz virado para baixo e anuncia:

– Hum…!!! Está até cheirosinho!!!

+++++++

Quando mandei o texto para Sílvia aprovar, ela disse que eu devia ter colocado o nome inteiro do Râmio, ao invés de protegê-lo.

Eu acho melhor deixar desse jeito e tenho certeza de que ela também vai aprovar.  Assim, apenas eu, ela, o próprio Râmio e os outros poucos que presenciaram a cena vão saber de quem se trata.