No Facebook, discussão sobre Halloween.
Aos que dizem que se trata de Transplante Cultural (entre eles, eu), traduzindo, Complexo de Vira-lata, pululam os argumentos mais absurdos. Dê uma pesquisadinha no seu Facebook que você também irá se deparar com eles.
No Halloween, crianças americanas saem fantasiadas pelas ruas, tocam campainhas das casas e, quando os donos abrem, dizem:
-Gostosura ou travessura.
Os americanos dão doce para a criançada.
Supondo-se que a coisa pegue aqui no Brasil e, ano que vem, dez, entre dez, portadores de CVL (Complexo de Vira-Lata) mandem seus filhinhos, lá pelas 21 horas, para as ruas para tocar campainhas pela vizinhança.
Já vejo as notícias nos Jornais, Rádios e TVs, no dia seguinte:
Cinquenta mil crianças sequestradas durante as brincadeiras de Halloween.
Cinco mil crianças são fritadas com óleo fervendo por donas de casa que precisaram largar a novela para atender à campainha.
Assim, se você é pai, pense bem antes de surfar nessa onda:
- Resgates em sequestros são altíssimos
- Ter o filho transformado em churrasquinho ambulante é ainda muito pior.
Em tempo, Complexo de Vira-lata é o sentimento de inferioridade do Brasileiro em relação a Estados Unidos e Europa, “tradução”/definição livre minha do termo de Nélson Rodrigues. Quiser ler mais sobre Complexo de Vira-lata, clique aqui
Dia das bruxas e CVL, irmãs, são filhas das escolas de inglês, depois adotada pelas escolas particulares e finalmente, desgraçadamente, encanta agora nossa educação pública. É uma festa americana, ótimo para os americanos; ruim para nós, latinos, que vamos perdendo nossa identidade na linha de pensamento “enfraquecer para dominar”. No mesmo dia, se não me engano, comemorou-se o “dia do Saci”, figura brasileira, arredia e difícil de capturar. Na minha infância chequei a ter três sacis presos em garrafas tapadas com rolas assinaladas em cruz. Os sacis eram úteis para procurar coisas perdidas, tipo negociar “eu solto você se encontrar o que estou procurando” – alguns cumpriam a promessa, outros escafediam-se zombando. Para pegar Saci, Mayr (e mais quem não conhece o método), basta esperar o mês de agosto (mês de vento e redemoinho). O Saci fica no redemoinho e a gente lança uma peneira ilustrada com uma cruz cristã. O Saci fica preso nela, depois basta colocar uma garrafa escura embaixo da peneira que o Saci corre para se abrigar dentro dela, então a gente mete a rolha, guarda em lugar fresco e escuro e espera a oportunidade para utilizar esse personagem real e brasileiro, que anda meio sumido. Um abraço
Caro Clerson:
Embora eu não seja criança, só posso perguntar-lhe uma coisa à soleira de sua porta:
– Travessura ou Gostosura?
Meu caro, é o fim da picada!
Com total falta de falsa modéstia, acho que eu coloquei muito bem a coisa nesse post.
Abraços
Paulo Mayr